OEA DIZ QUE COLÔMBIA VIOLOU ARTIGO 21; EQUADOR DIZ QUE BOMBAS AMERICANAS FORAM USADAS NO ATAQUE ÀS FARC
De acordo com o jornal colombiano El Tiempo, o relatório da Organização dos Estados Americanos (OEA) sobre o ataque da Colômbia ao acampamento das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) no Equador apresenta pontos de divergência.
O presidente do Equador, Rafael Correa, disse que considera o incidente político "superado", porém disse ser difícil "ter confiança novamente em meu interlocutor", numa referência ao presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.
Os equatorianos alegam que alguns dos mortos receberam tiros pelas costas a curta distância. Colocam em dúvida a afirmação da Colômbia de que teria localizado o número dois das FARC, Raúl Reyes, através de uma "fonte humana". Alegam que a Colômbia lançou seis bombas GBU12 de aviões que voavam do sul para o norte e outras quatro de aviões que voavam do norte para o sul.
As bombas lançadas do sul para o norte implicariam em violação do espaço aéreo do Equador.
É que o acampamento ficava na fronteira entre os dois países, em área demarcada pelo rio Putumayo. Ou seja, se algum avião lançou uma bomba voando do sul para o norte significa que voava do Equador para a Colômbia, ou seja, teria violado o espaço aéreo equatoriano.
Os peritos do Equador determinaram a trajetória das bombas pela forma como caíram as árvores que cercavam o acampamento.
De acordo com o relatório da OEA, o Equador alega que o lançamento das bombas requer tecnologia que a Colômbia não tem.
Já a versão da Colômbia é de que as bombas foram disparadas a partir de espaço aéreo colombiano, que eram bombas convencionais, algumas guiadas por GPS, e que foram utilizados os aviões SuperTucano e A37, da Força Aérea Colombiana.
A Colômbia diz que cruzou a fronteira apenas para recuperar o corpo do líder das FARC, Raúl Reyes - e que soldados colombianos foram atacados por guerrilheiros e revidaram, o que seria a explicação para os mortos por tiros disparados à curta distância.
A OEA conclui que a Colômbia violou o artigo 21 da Carta da organização.
O artigo diz: "O território de um estado é inviolável; não pode ser objeto, mesmo que temporariamente, de ocupação militar ou quaisquer outras medidas de força de outro estado, direta ou indiretamente, qualquer que seja a situação. Nenhuma aquisição territorial ou vantagem especial obtida pela força ou outras medidas coercitivas deverá ser reconhecida."
Segundo Sergio Maseri, correspondente do El Tiempo em Washington, o relatório conclui:
As versões dos fatos são contraditórias;
As relações bilaterais foram afetadas gravemente pelo incidente;
A situação na área fronteiriça é complexa.
Eu, Azenha, teria chegado a essas mesmas conclusões sem nem sair de casa. Ou seja, o que a Organização dos Estados Americanos (OEA) fez foi produzir um documento para agradar a todos. A principal recomendação é que Colômbia e Equador restabeleçam as relações diplomáticas imediatamente.
Há três probleminhas básicos a resolver:
- Se a Colômbia usou mesmo as bombas americanas a coisa vai ficar feia entre os militares da região;
- O Equador alega que um Hércules dos Estados Unidos decolou da base aérea de Eloy Alfaro, em Manta, na costa do Equador, às 19 horas locais na noite que precedeu o ataque, retornando no dia seguinte. Os americanos dizem que o Hércules estava em missão de rotina no monitoramento do narcotráfico; a base de Manta é a que o presidente Rafael Correa quer tirar dos americanos em 2009, quando vencer o arrendamento;
- Os pais de um equatoriano dizem que, além de levar o corpo de Raúl Reyes para a Colômbia, os colombianos também levaram o corpo do filho deles. O presidente do Equador afirmou que, se isso se confirmar, o caso será muito mais grave, já que envolveria a morte de um cidadão equatoriano causada pelo bombardeio de um vizinho.
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