O governo Lula firmou um acordo com a administração de Evo Morales. A coisa foi explicada na manha desta quinta-feira (15), em Brasília. Em meio a muito blábláblá, coube ao ministro boliviano dos Hidrocarbonetos, Carlos Villegas, fazer o melhor resumo: o Brasil vai pagar anualmente US$ 100 milhões a mais pelo gás que compra da Bolívia.
A conta refere-se ao reajuste dos contratos que asseguram o abastecimento da região Sudeste, que tem em São Paulo o seu maior consumidor. Na véspera, já se havia anunciado que o Brasil topara aumentar também o preço do gás comprado por Mato Grosso. O que, pelas contas do mesmo ministro Villegas, renderá à Bolívia um adicional de US$ 44,86 milhões por ano.
Tudo somado, Evo viu em Brasília uma mega-uva de US$ 144,86 anuais. As autoridades brasileiras esforçam-se para demonstrar que o acordo-companheiro é justo. Difícil concordar integralmente com o raciocínio sem torturar o significado do vocábulo.
Vá lá que Lula queira rasgar contratos legitimamente firmados para ajudar um vizinho pobre. Trata-se de uma graciosidade imposta à Petrobras. Mas o reajuste não é dos mais expressivos. O que incomoda é a impressão de que o governo está alisando a cabeça de uma serpente.
O morubixaba Evo invadiu militarmente instalações da Petrobras. Depois, pôs-se a destratar o Brasil. Disse que o Acre foi anexado ao território brasileiro em troca de um cavalo. Chamou a Petrobras de chantagista. Acusou a e empresa de prática de contrabando.
A diplomacia-companheira ficou devendo aos nacionais que pagam os seus contra-cheques uma resposta à altura das provocações. Agora vem o Evo a Brasília e Lula mostra-lhe suas melhores uvas. Quem garante que, amanhã, depois de fartar-se, Evo não vai virar a cara para o Brasil de novo? Se proceder assim, não poderemos culpá-lo. Lula deixou-o mal acostumado.
Escrito por Josias de Souza
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