terça-feira, 13 de março de 2007

Etanol e Biocombustível são a nova onda do neoliberalismo



A era Bush 2, com a sua escancarada brutalidade na condução da geopolítica mundial, desertificou profundamente o sonho dourado com as “maravilhas da América”, historicamente alimentado por enorme parte da população ao redor dos cinco continentes. Não seria, ainda assim, nada oportuno desfazer-se de uma postura, no mínimo, precavida mediante a “inédita” visita do presidente ao Brasil e a outros países latino-americanos, amplamente divulgada como indutora de oportunidades ímpares para o desenvolvimento dos comércios nacionais.

Após a crise mundial dos anos, já remoto o debate sobre a crise da dívida externa e uma vez já desmontados os Estados nacionais e praticamente concluídas as privatizações mais importantes do continente latino-americano, o neoliberalismo viu-se diante da contingência de reciclagem das estratégias de acumulação de capital. Ao mesmo tempo, às grandes potências mundiais, especialmente aos EUA, impôs-se a necessidade de diversificar sua matriz energética, diminuindo a dependência do petróleo em função das incertezas no Oriente Médio, das tensas relações com a Venezuela e também em face do apelo que fontes limpas e renováveis exercem no atual contexto de aquecimento global.

Obviamente, os EUA não podem satisfazer seu apetite energético por biocombustíveis. Os cultivos deverão ser alocados em países em desenvolvimento, com plantações em grande escala de cana-de-açúcar, soja etc., com todas as implicações negativas que esses tipos de cultivo trazem para o meio ambiente – avançando sobre os bosques tropicais e a biodiversidade - para a estrutura fundiária e para as economias nacionais. Não é, portanto, mera coincidência que se vem observando o crescimento a passos largos dos “investimentos na mineração, na expansão do cultivo de soja e, mais recentemente, vemos alguns países líderes como o Brasil se oferecerem para ser grandes exportadores de biocombustíveis. Trata-se de uma reprimarização das exportações após uma crise que deixou o aparato industrial da região desmoronado e vulnerável. A região, em seu conjunto, tende a converter-se em provedora de commodities ao mundo desenvolvido”.

Alerte-se, ademais, para os obscuros motivos industriais por trás dos biocombustíveis, que têm na Monsanto e similares seus atores chave: “a oportunidade de transformar irreversivelmente a agricultura em plantações geneticamente modificadas”.

Fonte: correio da cidadania

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