sexta-feira, 13 de julho de 2007

Líbano – as dores do parto


José Reinaldo Carvalho




Há precisamente um ano, teve início a segunda guerra israelense contra o Líbano. Pretextando punir o Hezbolá pelo “seqüestro” de dois dos seus soldados, e agir preventivamente em face de uma suposta intervenção da Síria e do Irã, Israel iniciou uma verdadeira razia no território libanês que só terminaria quatro semanas depois, em 11 de agosto.

População civil massacrada, mais de 1.500 mortos, 1 milhão de desalojados, destruição da infra-estrutura viária entre a capital Beirute e as vilas do sul do país e prejuízos financeiros da ordem de 2 bilhões de dólares – é este o saldo da agressão israelense.

O massacre de Canaã, onde segundo a tradição cristã, Jesus operou o seu primeiro milagre – o da transformação da água em vinho – ficará para sempre na história como uma severa ata de acusação aos sionistas, que se comportaram como autênticos sucessores dos fascistas.

Aquela ação de desmedida violência dá mostras do grau de banditismo a que chegaram os sionistas israelenses para consumar seus apetites expansionistas na região, em nome dos seus próprios interesses e os do imperialismo estadunidense. Israel cometeu naquela guerra crimes de lesa-humanidade. Um dia, inapelavelmente, ainda que tardio, seus fautores terão de pagar, como ato de justiça e de defesa dos direitos humanos e dos valores democráticos.

A guerra contra o Líbano em julho-agosto do ano passado se inscreveu nos marcos das guerras preventivas da era Bush. Ela fez parte de uma estratégia conscientemente elaborada pelos estados maiores imperialista e sionista.

Israel é peça-chave na execução do plano de “reestruturação” do Oriente Médio elaborado pela Administração Bush, uma cabeça de ponte para as ações estadunidenses na região contra os países e as forças políticas que se opõem a esses planos – a Síria, o Irã e as forças da resistência árabe e palestina.

A guerra de julho e agosto de 2006 era parte de um conjunto de ações que abrangem a negação da verdadeira autonomia palestina - que só existirá com a criação de um Estado soberano sobre um território íntegro e contínuo - , o desmantelamento no Líbano, com a instalação aí de um enclave militar e a confrontação com a Síria e o Irã, que Estados Unidos e Israel consideram parte do “eixo do mal”.

A guerra de julho-agosto de 2006 pôs a nu a natureza militarista da Administração Bush e seu desprezo para com a diplomacia e o direito internacional. Enquanto as bombas assassinas de Israel destruíam a periferia sul de Beirute e as vilas do sul do Líbano, onde se concentram as populações xiitas seguidoras do Hezbolá, e a opinião pública mundial clamava pelo fim dos bombardeios, a secretária de Estado da Administração Bush dizia não ver qualquer interesse na diplomacia se for para restabelecer o status-quo anterior entre Israel e Líbano.

Ela comparou a tragédia que se abateu sobre o País do Cedro às “dores do parto”, do qual nascerá “o novo Oriente Médio”.Ao fim de um mês de combate desigual, as guerrilhas populares e a Resistência nacional conseguiram infligir uma contundente derrota aos agressores.

Pela primeira vez a Resistência árabe vencia uma confrontação militar com Israel, o que dá alguma razão à srta. Condoleeza, porquanto efetivamente começa a nascer dos escombros do Líbano um novo Oriente Médio, o do desenvolvimento da Resistência nacional e da luta antiimperialista dos povos árabes.

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