domingo, 1 de julho de 2007

Pablo Neruda



Neftalí Ricardo Reyes Basoalto nasceu a 12 de julho de 1904, em Parral, no Chile. Porém é mundialmente conhecido pelo pseudônimo que adotou, Pablo Neruda.
Ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1971.
Marxista e revolucionário, cantou as angústias da Espanha de 1936 e a condição dos povos latino-americanos e seus movimentos libertários.
Diplomata desde cedo, foi cônsul na Espanha de 1934 a 1938 e no México.
Quando do golpe do general Franco, Neruda, ainda diplomata, esqueceu-se de manter-se neutro e engajou-se na guerra ao lado do governo republicano acossado, usando como arma palavras e estrofes, compondo o impressionante “Espanha no Coração (“olhem para a minha casa morta/ olhem para a Espanha rota/ mas de cada casa morta sai metal ardendo em vez de flores”).
Fugindo para Marselha, Neruda conseguiu fretar um navio, o “Winnipeg”. Embarcou com ele os refugiados que quisessem ir para o Chile. Homens, mulheres e crianças, num total de 2.500 passageiros, uma autêntica nau de desesperados esperançosos, zarpando do porto francês de Trompeloup-Pauillac, no dia 4 de agosto de 1939, partiu então para Valparaiso, lá do outro lado do mundo. Um mês depois, no cais do porto chileno, quando desembarcaram em 3 de setembro de 1939, em meio ao regozijo geral, esperava-os um jovem médico de nome Salvador Allende. Neruda, que sempre foi discreto a respeito da sua atuação nesse episódio, confessou que aquilo, ter salvo aquela gente, fora o seu "mais belo poema".
Indicado à Presidência da República do Chile, em 1969, renunciou à honra em favor de Salvador Allende. Participou da campanha e, eleito Allende, foi nomeado embaixador do Chile na França. Em 23 de setembro de 1973, sucumbe à doença e, certamente, à amargura do golpe de estado vitorioso de Pinochet contra o governo de Salvador Allende. De uma forma geral, pode-se dizer que a poesia de Pablo Neruda tem quatro vertentes. A primeira refere-se aos seus poemas de amor, como em "Veinte Poemas de Amor y una Cancion Desesperada". A Segunda vertente é representada pela poesia voltada para a solidão e a depressão, como em "Residencia en la Tierra". A poesia épica, política, como por exemplo, em "Canto General" representa a terceira vertente e a poesia do dia a dia, como em "Odas Elementales", a Quarta. Allende e Neruda iriam encerrar suas vidas quase que juntos. Gravemente doente, refugiado na sua morada da Ilha Negra, Neruda não resistiu à notícia do golpe de 11 de setembro de 1973. Seu amigo Allende se suicidara e os tanques governavam o país.
Dois golpes militares violentos, o de Franco, em 1936, e o de Pinochet, em 1973, foram demais para o poeta. Em 23 de setembro de 1973 removeram-no para um clínica, mas de nada adiantou. As geladas mãos da morte fizeram-no parar de viver. Morreu a 23 de setembro de 1973 em Santiago do Chile, oito dias após a queda do Governo da Unidade Popular e da morte de Salvador Allende. A notícia do falecimento dele correu de boca em boca por Santiago. Quando o modesto caixão foi levado para o cemitério, uma enorme multidão acompanhou o esquife. Murmurando versos dele, as ruas foram se enchendo de gente, recitando trechos da “Canção Desesperada” , ou ainda a estrofe “Abandonado como um cais ao amanhecer/ É a hora de partir, oh abandonado! ”
Durante os quinze anos seguintes nenhum chileno ousou sair á ruas em protesto.
Em nome daqueles espanhóis, deserdados de tudo, que entraram na providencial lista de Neruda - cujos descendentes se tornaram “os filhos de Neruda” - , foi que o juiz espanhol Baltasar Garson entrou em ação.
Em outubro de 1998, quando o ex-ditador estava em Londres para um tratamento de saúde, o juiz enviou um requerimento solicitando ao governo britânico que detivesse e, em seguida, extraditasse o general Augusto Pinochet para a Espanha.
Não conseguiu o intento, mas expôs Pinochet frente ao mundo. Foi a maneira dos espanhóis poderem manifestar, ainda que tardiamente, a sua solidariedade a Neruda.

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