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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 31 de agosto de 2007
Jethro Tull . Aqualung (25th Anniversary Edition)
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Arthur Conceição *Adital -
Espanto! O trabalhador brasileiro não fez e não fará um minuto de silêncio e nem baterá panelas. Muitas campanhas vindo da própria elite brasileira, mais especificamente a paulista com campanha "da paz" e campanha "contra o governo" nunca tiveram um resultado avassalador ao longo prazo. O cidadão excluído cansou dos berros que nunca favoreceu a minoria oprimida.
Cansamos da sociedade abastada e hipócrita que é incapaz de se ver refletida no espelho para se identificar com a política atual, sem a dignidade de assumir que a corrupção, que tanto critica, sem mudar sua própria postura. Em sua origem são os mesmos que não reivindicam o direito do trabalhador para um bom atendimento no hospital público e a melhora dos salários dos médicos dos SUS, que recebem R$ 2,04 por consulta. Aqueles mesmos que não fazem frente para moralizar o ensino público de qualidade e o salário do professor. São sempre os mesmos que contratam guardas particulares e não fazem manifestação para melhorar as condições dos policiais.
O povo brasileiro, principalmente um terço que está na linha da pobreza, está cansado da elite econômica que só enxerga a corrupção dos políticos. E ao mesmo tempo é cega e complacente com empresários corruptores e sonegadores de impostos, que financiam a campanha desses mesmos corruptos. Agora, um grupo minoritário de classe abastada vem disparando e-mails ideológicos e confundindo isso com consciência política. O trabalhador rural urbano está cansado dessa elite que menospreza a luta da gente do campo e daqueles que vivem nos guetos dos aglomerados urbanos desse País. Estamos cansados de uma classe média que odeia a política pelo erro primário e de cristão que confunde seres humanos com anjos, o que é uma receita para a decepção, pois é óbvio que homens não são anjos e, portanto, precisamos de político e de partidos sérios que sejam fiscalizados pelo Poder Público e pela sociedade. Hoje as instituições políticas partidárias não atraem mais jovens compromissados com um futuro digno para o Brasil. O que vemos nos partidos é uma minoria que lá está por serem filhos de políticos ou estão atrás de cargos no governo. Portanto, as agremiações partidárias não são mais espaço para as reivindicações políticas. Não temos mais espaços públicos para escoar os pedidos da sociedade civil organizada.
O Brasil tem suas contradições (como qualquer país) e uma delas é ser uma força econômica com uma péssima distribuição de renda. Aqui, a noção de poder legal, dentro da concepção do teórico alemão Weber, é subversiva em relação ao desenvolvimento humano. Está na hora mesmo é de fazer um movimento para a mudança político-partidária e abrir espaços legais e constituídos para os cidadãos bem intencionados fazerem suas lutas e reivindicações. Hoje, o único movimento legítimo com espaço público amplo e organizado são as associações de homossexuais e suas passeatas, que aglomeram milhões de pessoas pelo direito dessas pessoas descriminadas.
Agora agüenta essa elite blindada e herdeira de nossa tradição autoritária; a má distribuição de renda que é um problema coletivo; a indústria dos carros blindados e dos condomínios murados, que é reflexão de uma solução individual (e individualista). Mas essa equação não fecha: não há soluções individuais para problemas coletivos. A Ordem dos Advogados do Brasil, Subsecção São Paulo, que tanto já lutou pelos Direitos Humanos e fez belíssimas campanhas contra Ditadura Militar e sempre foi a favor das populações minoritárias, se perde. Há anos não vemos a bandeira da OAB ser hasteada, com as cores vermelhas predominantes, em favor dos direitos.
Qualquer movimento é justo. Respeitamos a indignação dos "Cansei", porém não é possível ver nada de "cívico" nesse movimento. Se perguntarem qual é, afinal, a solução para todos os problemas de nosso País, a resposta é não sei. Sei apenas que não existe mágica. Só sei que fazer política em todos os níveis é preciso ter responsabilidade, ética e moralidade. Uma coisa é certa: sempre haverá pedras no meio do caminho. É difícil, no dia de hoje, bater panelas e fazer um minuto de silêncio. E lembrando que há exatos 20 anos morria Carlos Drummond. Em homenagem ao poeta, chutarei as pedras ao meio do caminho para achar uma trilha e, ao anoitecer, na calada da noite refletirei as palavras do poeta: "é a hora dos corvos, bicando em mim meu passado, meu futuro, meu degredo: desta hora, sim, tenho medo".
* Cientista Político e articulista da Revista Bem Público
quinta-feira, 30 de agosto de 2007
A banda desse amigo meu, iria se apresentar na mesma noite, algumas horas mais tarde. Isso mesmo, nós estávamos viajando de noite, e esse amigo me entregou uma fita cassete que tinha escrito apenas Nigera’s Fela. Tanto que eu achei que esse era o nome do artista, até que finalmente eu me rendi ao som fenomenal de Fela Ransome Kuti.
Neste agosto, fizeram 10 anos da morte de Fela Kuti, em decorrência a complicações com a AIDS, em três de agosto de 1997. Muito antes, no dia 15 de outubro de 1938, Fela nascia em Abeokuta, cidade do sul da Nigéria, mais conhecida como a capital do Estado de Ogum.
Fela nasceu em berço político, seu pai era professor e sua mãe tinha atividades feministas, e como bem definiu Alexandre Matias, num texto publicado na ‘Radiola Urbana’ e no ‘Trabalho Sujo’, “ele era o equivalente africano a Che Guevara e Bob Marley”. Praticamente em todos os sentidos.
Na juventude, Fela mudou-se para Londres a fim de estudar medicina, mas foi a música que capturou sua essência. Na Inglaterra mesmo, ele formou a banda ‘Koola Lobitos’, e iniciou os primeiros passos no estilo afrobeat, uma mistura de jazz, funk, e música tradicional africana.
No final dos anos 60, Fela foi para os Estados Unidos e gravou o disco, ‘The Los Angeles sessions’, e conheceu um grupo intitulado ‘Panteras Negras’ que lhe mostrou o movimento blackpower, que acabou definindo sua luta política em prol de movimentos sociais na sua terra natal, tanto que ele renomeou a banda para ‘Nigéria 70’.
Ao retornar para Nigéria, Fela rebatizou a banda mais uma vez para ‘África 70’, e lançou o selo musical, que também tinha função de comunidade, estúdio e lar para todos aqueles que se consideravam independentes do Estado da Nigéria, o ‘Kalakuta Republic’.
Fela cada vez mais lutava pela libertação da Nigéria e pelos direitos humanos na África. E também espelhando-se nas ações que ecoavam do movimento negro norte-americano, com expoentes como Martin Luther King e Malcom X, Fela adotou o nome Anikulapo, que significava ‘aquele que carrega a morte no bolso’, e repudiou o nome Ransome por ser o nome de escravo da família.
Em 77 Fela lançou o disco ‘Zombie’, que criticava as ações dos militares nigerianos, fazendo uma alusão a mortos-vivos. O disco fez muito sucesso, mas desagradou o governo nigeriano, que lançou um ataque contra a ‘Kalakuta Republic’, num incidente que causou a morte da mãe do artista e destruiu as instalações do estúdio do artista.
Em 1978 Fela se casou com vinte e sete mulheres, que faziam parte de sua banda, como dançarinas ou backing vocals, para relembrar a massiva destruição do ‘Kalatula Republic’. Logo após, Fela lançou em campanha para presidente na Nigéria, mas sua candidatura foi recusada.
Fela remontou sua banda com novo nome de ‘Egypt 80’, e continuou a lançar discos no estilo afrobeat. Ele tentou mais uma vez se candidatar à presidência da Nigéria, mas foi preso sob a acusação de envolvimento com a máfia.
Após quase dois anos, Fela foi liberado da prisão e voltou a gravar com a ‘Egypt 80’, com quem se apresentou no Concerto ‘Conspiracy of hope’ em beneficio da Anistia Internacional em 1990.
Fela lutou até o fim da vida contra a ditadura na Nigéria, mas o que ficou mesmo foi sua música.
1966 Fela Ransome Kuti and His Koola Lobitos
1. Highlife time
2. Omuti tide
3. Ololufe mi
4. Wadele wa Robin
5. Laise Lairo
6. Wayo
http://www.badongo.com/file/4134556
1. My lady frustation
2. Viva Nigeria
3. Obe
4. Ako
5. Witchcraft
6. Wayo
7. Lover
8. Funky horn
9. Eko
10. This is sad
http://www.badongo.com/file/4134788
1971 Fela Kuti & África 70 (& Ginger Baker)
1. Let’s start
2. Black man’s cry
3. Ye ye de smell
4. Egbe mi o (Carry me I want to die)
5. Drum solo (Ginger Baker & Tony Allen)
http://www.mediafire.com/download.php?2kxg4ncrjzj
1972 Na Poi (& África 70)
1. Na poi
2. You no go die
http://www.4shared.com/file/22682723/6610d1cb/1971_Na_Poi.html
1972 Open & Close (& África 70)
1. Open and close
2. Swegbe and pako
3. Gbagada gbagada gbogodo gbogodo
http://www.4shared.com/file/22685903/c36fa6fa/1971_Open__Close.html
1972 Roforofo Fight (& África 70)
1. Roforofo fight
2. Go show
3. Question jam answer
4. Trouble sleep yanga wake am
5. shenshema
6. Ariya
Parte 1: http://www.mediafire.com/?cmetndotu4x
1972 Shakara (& África 70)
1. Shakara
2. Lady
http://www.4shared.com/file/22686324/701f7be3/1972_Shakara.html
1973 Afrodisiac (& África 70)
1. Alu jon jonki jon
2. Jeun ko ku (Chop'n quench)
3. Eko lle
4. Je'nwi temi (Don't gag me)
http://www.4shared.com/file/22687410/e1ac9dd9/1973_Afrodisiac.html
1975 Kalatula Show (& África 70)
1. Kalatula show
2. Don't make garan garan
http://www.badongo.com/file/4135261
1976 Before I Jump Like Monkey Give Me Banana (& África 70)
1. Monkey banana
2. Sense wiseness
http://www.badongo.com/file/4135122
http://www.4shared.com/file/22695794/bb378caa/1976_Ikoy_Blindness.html
1976 No Buredi (& África 70)
1. No buredi (No bread)
2. Unnecessary begging
http://www.badongo.com/file/4135436
1976 Zombie (& África 70)
1. Zombie
2. Mr. follow follow
3. Observation is no crime
http://www.badongo.com/file/4135557
1977 J.J.D. (& África 70)
1. J.J.D. (Johnny just drop)
http://www.4shared.com/file/22697169/ec9a58e1/1977_JJD.html
Copiado de:LagrimaPsicodelica
Não cansei, enchi o saco! | | | |
Max Luiz Gimenes | |
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Após anos de corrupção e de uma política aeroportuária desleixada, não foi sem surpresa que o Brasil recebeu, na última semana de julho, o lançamento do “Movimento Cívico pelo Direito dos Brasileiros” – o famigerado “Cansei”. O movimento pretende-se “apartidário”, mas as circunstâncias acabam impedindo que essa inverdade se prolifere e a pergunta que não quer calar é: onde estavam os “cansados” em tempos de crise do governo FHC? Mas, ainda que esta pergunta quisesse ser calada, não encontraria resposta plausível. Dizem que a população está deixando o comodismo ou que é melhor revoltar-se tarde do que nunca o fazer. Lorota. As verdadeiras razões estão muito bem guardadas, talvez em cofres de bancos na Suíça.
Dirigido pela OAB-SP e com o apoio de vários setores a serviço da elite – como FIESP, FEBRABAN e outros –, o movimento ganhou força ao se aproveitar, de maneira oportunista, do caos aéreo que tem assolado o país. Até o mensalão foi tirado do baú conservador. (Hoje, certamente, o lulo-petismo se arrepende profundamente por não ter inventado um nome criativo para a sistemática corrupção tucana, pois “corrupção” e “roubalheira” são palavras muito genéricas.) Sem respeitar o sentimento dos envolvidos na tragédia, a direita “rebelde” aproveitou o acidente da TAM para realizar o marketing de seu movimento. Muitos, de maneira inocente, caíram nessa ladainha como se cai no golpe do bilhete premiado, e engrossaram as fileiras do “Cansei”.
Como era de se esperar, a reação do PT não demorou a acontecer. A Central Única dos Trabalhadores (CUT), que por muitos anos foi exemplo de luta e independência dos trabalhadores, transformou-se em guarda particular do presidente Lula e foi quem assumiu a missão de se contrapor ao “Cansei”, a fim de preservar a imagem do presidente e de seu governo. Para tanto, lançaram o “Cansamos”, que, sem dúvida, soa melhor devido ao companheirismo sugerido pelo verbo no plural. Mas esta melhora não vai além do marketing político.
Aliás, a “qualidade” da propaganda petista tem evoluído à medida que sua identidade política se perde; já a direita, que parece não aprender, peca também pelo individualismo do nome-fantasia de sua articulação. As bandeiras do “Cansamos”, é verdade também, possuem um rótulo mais humanitário. Evocam, por exemplo, o “cansaço” em relação aos trabalhos escravo e infantil. Mas, contra isso, palavras não bastam e o governo Lula já mostrou de que lado da trincheira está ao dar aos usineiros – que praticam o trabalho, no mínimo, semi-escravo – o status de “heróis”. O pior cego é aquele que não quer ver e, contra fatos, não há argumentos.
Para romper esta falsa polarização que tem ocorrido desde as últimas eleições é que surgiu a idéia de um movimento independente, o “Enchi o saco”. Não há eufemismo que atenue as injustiças que permeiam o Brasil. A intenção é mostrar que estamos cansados, sim, e faz tempo. Um dos nossos objetivos é desmascarar o debate vazio que tomou conta da pauta de discussões políticas na sociedade. Este é um chamado para que aqueles que, há anos, resistem bravamente não sejam ludibriados por nenhum dos lados desse debate inócuo.
Enchemos o saco da corrupção do governo Lula, assim como já estávamos cheios da improbidade tucana. Enchemos o saco da política neoliberal – iniciada por Collor, aprofundada por FHC e continuada por Lula –, que há anos tenta diminuir o papel social de um Estado que deveria controlar efetivamente o setor aéreo, sem deixar que empresas privadas arriscassem vidas a fim de garantir lucros cada vez maiores. Enchemos o saco da elite e da classe média aspirante à elite, que ignoram a miséria que está presente na vida de grande parte da população.
Estamos cansados, é verdade, mas não a ponto de deixar de ocupar universidades, realizar greves e paralisações, ir às ruas em passeatas ou manifestações por um mundo mais justo. Continuar na luta em CAs, DCEs, partidos políticos de luta, sindicatos combativos, entre outros movimentos sociais, é o que é preciso ser feito. O resto é conversa mole.
Max Luiz Gimenes participa do núcleo Vila Prudente de militância do Psol.
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Corações em greve | | | |
Maria Clara Lucchetti Bingemer | |
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Neta de médico, cansei de ver meu avô ser chamado no meio da noite e sair com maletinha e estetoscópio para atender doentes, às vezes em lugares afastados e considerados não muito seguros. Paraibano de temperamento impetuoso, seu rosto e sua voz se transformavam quando em contato com os pacientes. Brincava, sorria, animava. Mais: seus sentidos entravam em contato direto com a corporeidade adoecida do outro.
Examinava com as mãos, os ouvidos, os olhos. Não havia para ele outra prioridade naquele momento do que a necessidade daquele doente específico que apelava à sua ciência. A vida passou, meu avô morreu quando eu ainda era jovem e a vida me fez cruzar com vários médicos em meu caminho. Em quase todos encontrei a mesma disponibilidade, a mesma entrega, o mesmo amor pela profissão e pelos pacientes daquele paraibano que viera estudar medicina no Rio e se casara com uma carioca. E eu acreditei e dei fé que o juramento de Hipócrates que os médicos fazem quando se formam é mesmo para valer.
Ou melhor, acreditava nisso até tomar ciência, no último domingo, da morte de Elizangela Ferraz, jovem paraibana cardíaca, que necessitava de uma cirurgia urgente para ter esperança de viver. Acontece que os corações dos médicos paraibanos, todos conterrâneos de meu querido avô, não se encontravam disponíveis naquele momento. A categoria estava em greve, à espera de uma revisão da tabela do SUS.
A mãe e a irmã de Elizangela, desesperadas, tentavam de tudo e mais um pouco. Ofereceram-se, inclusive, para pagar o anestesista. A resposta era sempre implacável. “Estamos em greve. Há que ter paciência”. O coração combalido de Elizangela fazia esforços sobre-humanos para continuar batendo. E a greve seguia.
Domingo, o coração de Elizangela parou. Era uma morte anunciada. A lucidez dessa moça de 28 anos, que pressentia o que estava para lhe acontecer, a fez comentar poucos dias antes de morrer, em entrevista: “Não sei se estarei aqui amanhã. Estou dependendo dessa greve”. Com uma arritmia cardíaca, Elizangela morreu antes de chegar ao hospital. Não digo que a greve não seja justa. A tabela do SUS está defasada há dez anos. A categoria tem razão em protestar e usar o único instrumento de que dispõe para pressionar o governo. Tomara que a greve ajude a reflexão sobre o que sucede no Brasil com as profissões mais nobres e importantes: a de professor e a de médico. Com seus salários aviltados a um ponto insuportável, esses profissionais acabam deixando a profissão ou acumulando um sem número de empregos e prejudicando a qualidade de sua inestimável contribuição para o bem comum.
No entanto, para tudo há limites. Não há reivindicação justa que valha mais do que uma vida humana. Um doente não tem paciência. Tem urgência. E o coração de Elizangela tinha urgência de ser reconstruído e reparado por uma cirurgia que a medicina podia lhe dar. Se assim tivesse sido, ainda bateria até agora. Desatendido, extinguiu-se. Que a fragilidade do coração de Elizangela, vencido pela arritmia, possa comover os corações dos médicos do serviço público e ajudá-los a nunca mais fazer greve quando se trata de salvar uma vida. |
O livro dos mortos e desaparecidos | | | |
Frei Betto | |
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A obra resulta de cuidadoso trabalho da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos, presidida pelo advogado Marco Antonio Rodrigues Barbosa. Editada pela Secretaria Especial dos Direitos Humanos da presidência da República, nesta gestão do ministro Paulo Vannuchi, é, com certeza, o mais importante documento histórico sobre os anos de chumbo, desde a publicação de “Brasil, Nunca Mais”, assinado por dom Paulo Evaristo Arns, hoje cardeal emérito de São Paulo, e o reverendo Jaime Wright. O que faz a diferença é que “Direito à Memória e à Verdade” é um documento oficial do governo e, portanto, sinaliza importante passo no reconhecimento do arbítrio prevalecente no regime militar e na abertura dos arquivos daquele período. Quis a sorte, resultante das oscilações conjunturais de nossa política, que o processo que culmina na publicação do livro tenha sido iniciado, em 1995, por Nelson Jobim, então ministro da Justiça do governo FHC. Hoje, Jobim é ministro da Defesa, autoridade máxima, à exceção do presidente da República, sobre as Forças Armadas que insistem em não abrir seus arquivos sobre a repressão. Há que sublinhar o mérito do governo FHC, bem como do ex-ministro José Gregori, ao reconhecer a responsabilidade do governo brasileiro frente à questão dos mortos e desaparecidos, bem como o empenho na indenização às vítimas e suas famílias. Nenhuma vítima da ditadura, por questão de bom senso humanitário, encara esta iniciativa do governo Lula pela ótica da vingança. Não se trata de vingança, e sim de justiça. Aprendi no cárcere que o ódio destrói primeiro quem odeia e não quem é odiado. A nação, entretanto, tem o direito de resgatar a sua memória e corrigir aberrações jurídicas como a “anistia recíproca” do governo Figueiredo. Inútil querer impedir que as famílias pranteiem seus mortos e clamem por seus entes queridos desaparecidos. E, a exemplo do Chile e da Argentina, o princípio elementar do Direito exige que crimes, sobretudo aqueles cometidos em nome do Estado, sejam investigados e seus responsáveis punidos, para que a impunidade não prevaleça sobre a lei nem se perpetue como tributo histórico. A memória brasileira tem sofrido tentativas de “apagão” quando os conjurados mineiros são qualificados de inconfidentes (que significa aqueles que não merecem confiança ou não são capazes de guardar confidências, leia-se dedos-duros) e em episódios históricos como a Guerra do Paraguai, o massacre de Canudos e tantas outras rebeliões que semearam a nossa independência e forjaram a nossa identidade. Não se pode admitir agora que um período trágico de nossa história como foi a ditadura militar fique relegado ao olvido com seus documentos tão desaparecidos quanto muitas de suas vítimas. É meritório que o governo Lula tenha revogado o caráter de “sigilo eterno” de documentos oficiais, conforme havia sido determinado pelo governo FHC, ao estabelecer prazo de trinta anos, prorrogáveis por mais 30, para que a sociedade tenha acesso a eles. Espera-se que também esse longo período venha a ser revogado, para que interpretações falseadas e/ou equivocadas de nossa história não adquiram nos livros didáticos e na opinião pública status de verdade. “Direito à Memória e à Verdade” soma-se ao crescente esforço de trazer à luz a realidade dos anos de chumbo. Aplausos para o cinema nacional que exibe nas telas o caráter deletério do regime militar em produções recentes: “Zuzu Angel”, “Hércules 51”, “Quando nossos pais saíram de férias”, “ Batismo de Sangue”, “Ato de Fé”, “Conspiração do Silêncio – Araguaia”, “Serra do Caparaó”, “Quase Dois Irmãos”, “Barra 68”, “Cabra-Cega” etc. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos - cujo empenho no combate à exploração sexual de crianças e na defesa dos direitos de indocumentados e portadores de deficiência física mereceria amplo espaço na publicidade oficial - ostenta agora o mérito de fazer jus à memória nacional. Frei Betto é escritor, autor de “Batismo de Sangue” (Rocco), entre outros livros.
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quarta-feira, 29 de agosto de 2007
Os 3 Malandros In Concert - Bezerra da Silva, Dicró e Moreira da Silva [1995]
Extraia o sumo: Os 3 Malandros In Concert - Bezerra da Silva, Dicró e Moreira da Silva [1995]
Faixas:
1. O Recital
2. Os Três Pagodeiros Do Rio
3. Ópera Do Morro
4. 3 Malandros In Concert
5. Ressuscita Ele
6. Chave De Cadeia
7. Malandro Não Vacila
8. O Político
9. Na Subida Do Morro
10. Dava Dois
11. Lugar Macabro
12. Jogando Com A Capeta
13. Rua Da Amargura
vertendo prantos aos molhos,
fiz uma seca nascer
na cacimba dos meus olhos.
(Ademar Macedo - Natal/RN)
Copiado de: SomBarato
Trans: onde ela se esconde?
Não à toa, portanto, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária ordenou que todas as empresas alimentícias indiquem, no rótulo de cada produto, a quantidade presente desse tipo de gordura.
A mudança aconteceu em julho de 2006, transformando uma simples ida ao supermercado numa epopéia em busca do prato saudável. O problema é que, além da trans, há muitas outras variações desse nutriente. E haja cabeça para diferenciar um do outro e incluir cada um deles no cardápio, sem comprometer a saúde.
Para acabar com essa confusão de uma vez por todas, convocamos a responsável pela equipe nutricional do Minha Vida, Roberta Stella. Superdidática, ela montou um guia completo sobre todos os tipos de gordura consumidos por você do café-da-manhã ao jantar, passando ainda pelo lanchinho da tarde. Tome nota!
Colesterol: até 300mg diários
O problema dessa gordura está relacionado ao seu excesso. "A quantidade de ingestão diária não deve ultrapassar 300mg", ressalta Roberta.
A razão disso é que, para ser transportado pelo corpo, o colesterol conta com a ajuda de uma proteína chamada LDL. No vai-e-vem, a proteína acaba deixando rastros da gordura pelo caminho, formando as placas prejudiciais à saúde.
Para ajudar a recolher os restos deixados pela LDL, o organismo conta com a participação da proteína HDL. Também ajudante no transporte do colesterol pelo corpo, ela entra em ação como uma espécie de faxineira varrendo todos os rastros nocivos. Por isso, é importante que as taxas de HDL sempre estejam acima das de LDL.
O segredo para manter essa proporção em equilíbrio e ficar longe das doenças cardiovasculares é controlar os alimentos de origem animal, como carne, leite, derivados e embutidos, apresentam esse tipo de gordura
Derrames e alguns tipos de câncer, como o de próstata e o de mama, também têm a origem associada aos excessos dessas gorduras no organismo sem falar que a gordura saturada é inimiga número um do emagrecimento. Para prevenir tudo isso, restrinja o consumo diário desse nutriente a, no máximo, 7% das calorias totais da sua dieta.
"Esse tipo de gordura está presente em maior quantidade nos alimentos de origem animal, como carnes, leite e derivados, ovos", alerta a nutricionista.
Na prática, a gordura que era líquida e insaturada passa a ser sólida e saturada, sendo conhecida também como gordura vegetal hidrogenada.
Portanto, assim como a gordura saturada, a trans aumenta os níveis do mau colesterol no sangue e ainda diminui as taxas do colesterol benéfico ao organismo, o HDL.
Entre os alimentos que contêm gordura trans, encontramos bolos e tortas industrializadas, biscoitos salgados e recheados, pratos congelados, sorvetes cremosos e margarinas.
De acordo com Roberta, ainda não existe uma recomendação de quantidade ideal para o consumo de gordura trans. "Mas alguns especialistas dizem que ela não deve passar de 2 gramas por dia", afirma.
Azeite em ação: combate ao LDL
Além de fornecer energia ao corpo, esse tipo de gordura conta com mais uma vantagem: ajuda a diminuir o LDL, conhecido como colesterol ruim.
Para aproveitar os benefícios das gorduras monoinsaturadas, recorra ao óleo de canola e de soja, azeite de oliva, abacate, castanhas e amêndoas. Mas não exagere na dose. Se comparados a outros tipos de gordura, eles realmente não causam tantos malefícios ao coração. Mas, em contrapartida, são bastante calóricos e podem pôr o seu regime a perder
Conte com elas também para ficar longe dos coágulos nas artérias. A ajuda acontece porque a gordura diminui a agregação das plaquetas.
As gorduras poliinsaturadas são encontradas nos peixes de água fria e nos óleos de soja, milho e girassol. Somando sua ingestão com as monoinsaturadas, as gorduras não devem ultrapassar os 20% do total de calorias diárias.
Fonte: Minha Vida
A psicanalista búlgara, professora da Sorbonne, constata que o homem moderno está perdendo a sua alma, mas não se dá conta disso.
A princípio, quem estiver lendo pode achar que essa perda é um desencontro com Deus, um abandono do espírito e horrorizar-se....
Não, nada a ver.
Não dizem que tal cantor fez o show com a alma?
Que a atriz interpretou colocando sua alma no palco?
Na nossa alma estão as emoções mais puras, a intuição, os sonhos, o Sentido (além dos sentidos), o talento virgem, a pujança dos sentimentos.
A habilidade de amar, por exemplo, é um grande sinal anímico.
Ou alguém é capaz de amar, de amar mesmo, sem que seja através da alma?
Pode-se ter simpatia, carinho, atenção, atração física, até um certo envolvimento gostoso, mas amor é alma e fim de papo.
Mas por que essa fabulosa mulher clama que estamos perdendo a nossa alma ?
O faz através desta instigante questão: ‘‘Confrontada aos antidepressivos e ansiolíticos, à aeróbica, ao utilitarismo social, à Sociedade do Espetáculo, ao poderio econômico, ao massacre da mídia e à absoluta futilidade, a alma ainda existe ? ’’
Justamente na medida em que banalizamos essa vida a um ponto inacreditável, tornando-a um instrumento, um objeto, quase um eletrodoméstico que trabalha ininterruptamente em favor de um resultado ou daquilo que se espera dele por parte de quem o manuseia constantemente.
Banalizar é colocar-se por inteiro no padrão externo, nada deixando resguardado.
Gostaria muito que vocês se lembrassem deste apelo:
não podemos passar a existência no desperdício único da prestação de serviços!
Como isso é sério gente!
Fundamental para o resguardo da nossa alma é a consciência de que uma parte de nós não entra no mundo.
Ou seja, há uma parte sua que não é casada com ninguém, que nunca teve filhos, que não é profissional de nada, brasileiro, paulista , membro desta ou daquela entidade.
Uma parte saudavelmente intacta.... Aí vive a nossa alma.
Fica então um pedido :
Dê 80% de você para o mundo e para os outros, mas guarde 20%, por favor.
É por esse percentual que circulam os seus sonhos,
a chance de renovação, a transformação, a criatividade, a possibilidade de mudar, renovar, resignificar.
Mesmo que isso custe o chamado de ‘‘egoísta’’ por parte dos outros, ainda que todos os elogios que lhe façam estejam apenas nos 80%.
Tenha a certeza de que os 20% guardados não farão a menor falta para os outros, mas, para você, são fundamentais.
Para que não descubra tarde demais que nada fez por si mesmo,
para o derramar-se no inédito e não cair na massificação total, no desconstruir-se em nome do nada, para ter o que entregar ao espírito, o correspondente da alma num outro plano, quando surgir a pergunta...
" O que fizeste por ti ? "
Copiado de:AmigosDoFreud
Mas estes mentem, mesmo os mais sinceros. Os menos hábeis, por falta de palavras e de frases onde possam abrangê-la, traçam da vida uma imagem trivial e pobre; alguns, como Lucano, tornam-na mais pesada e obstruída com uma solenidade que ela não tem. Outros, pelo contrário, como Petrónio, aligeiram-na, fazem dela uma bola saltitante e vazia, fácil de receber e de atirar num universo sem peso. Os poetas transportam-nos a um mundo mais vasto ou mais belo, mais ardente ou mais doce que este que nos é dado, por isso mesmo diferente e praticamente quase inabitável. Os filósofos, para poderem estudar a realidade pura, submetem-na quase às mesmas transformações a que o fogo ou o pilão submetem os corpos: coisa alguma de um ser ou de um facto, tal como nós o conhecemos, parece subsistir nesses cristais ou nessas cinzas. Os historiadores apresentam-nos, do passado, sistemas excessivamente completos, séries de causas e efeitos exactos e claros de mais para terem sido alguma vez inteiramente verdadeiros; dispõem de novo esta dócil matéria morta, e eu sei que Alexandre escapará sempre mesmo a Plutarco. Os narradores, os autores de fábulas milésias, não fazem mais, como os carniceiros, que pendurar no açougue pequenos bocados de carne apreciados pelas moscas. Adaptar-me-ia muito mal a um mundo sem livros; mas a realidade não está lá, porque eles a não contêm inteira.
Copiado de:AmigosDoFreud
terça-feira, 28 de agosto de 2007
Naara Vale * Adital -
No Brasil, a ONG está instalada desde 1975, quando começou a concentrar suas ações em crianças do Nordeste, Tocantins, Norte de Minas Gerais, Amazonas e de grandes centros urbanos, como São Paulo, Rio de Janeiro e Belo Horizonte. A atenção foi estendida à família da criança quando foi percebido que, ao chegarem em casa, meninos e meninas atendidos pelo projeto se deparavam com uma realidade muito diferente daquela vivida enquanto estavam dentro do projeto.
Foi assim que há seis anos foi dado início ao Programa de Comércio Solidário da Visão Mundial. O programa tem como missão promover esforços para que pequenos produtores e produtoras tenham um acesso justo aos mercados consumidores, o que possibilita a estas pessoas um meio de vida auto-sustentável. Para isso, o Comércio Solidário trabalha apoiando os pequenos produtores no desenvolvimento de produtos, comercialização, organização e articulação política na defesa dos direitos de pequenos produtores e produtoras.
Atualmente, cerca de 5 mil pessoas de 12 estados do Brasil recebem o apoio do projeto, desde a elaboração do produto até a sua comercialização. Os produtores são atendidos através de cinco linhas programáticas que estão divididas entre: "Arte Solidária", "Agricultura Sustentável", "Etiqueta Solidária", "Empresa Solidária" e "Promoção da Justiça".
Através da "Empresa Solidária", que leva o nome de Ética Comércio Solidário, a Visão Mundial, em parceria com mais outras quatro ONG’s, consegue comercializar os produtos de 100 grupos de pequenos produtores ligados ao programa. De acordo com a assessora técnica do programa, Juliane Montenegro, a criação da empresa abriu portas para que os produtores conseguissem chegar ao consumidor com mais facilidade e escoar seus produtos tanto para o mercado nacional como internacional.
Segundo ela, com o intermédio da empresa, os compradores ficam mais confiantes e adquirem produtos que não comprariam diretamente dos produtores pela dificuldade de emissão de notas e garantias formais, já que muitos grupos do programa não estão formalizados.
Essa é também uma das bandeiras de luta do programa, praticada através da linha "Promoção da Justiça", na qual a Visão Mundial realiza ações no campo da política com o objetivo de promover a consciência dos participantes quanto aos seus direitos, deveres e para a construção de um sistema de comércio mais justo.
Nas outras três linhas praticadas pelo programa ("Arte Solidária", "Agricultura Sustentável" e "Etiqueta Solidária"), que trabalham com artesanato, agricultura e confecção respectivamente, os produtores recebem o apoio nas seguintes etapas: diagnóstico produtivo-comercial; desenvolvimento de produtos, embalagens, marca, catálogo, etiqueta e logística; disseminação de informações sobre mercados; elaboração de preço e custo de produtos; capacitações; seminários e eventos.
Em seis anos de atuação, a rede de Comércio Solidário criado pela organização tem funcionado como um grande suporte ao foco maior da ONG que são as crianças, já que tem dado a pais e mães de famílias a possibilidade de se inserir no mercado de trabalho pautados no comércio justo e na ética. Além disso, segundo Juliane, hoje, 98% dos produtores atendidos pelo projeto ganham mais de um salário mínimo por mês com a comercialização dos seus produtos.
As matérias de Economia Solidária são produzidas com o apoio do Banco do Nordeste do Brasil (BNB).
* Jornalista da Adital
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segunda-feira, 27 de agosto de 2007
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Alejandro Nadal
Hoje uma estrutura parecida rege o destino da economia mundial. Os Estados Unidos e a China estão atados por um dilema semelhante ao equilíbrio do terror nuclear, mas desta vez aplicado às finanças internacionais: o primeiro é o maior devedor do mundo, ao passo que o segundo é o seu credor mais importante.
O défice estado-unidense em conta corrente aumenta a cada mês em velocidade vertiginosa. Isso faz com que cresçam os temores quanto ao valor do dólar ou, para sermos mais precisos, sobre a duração da calma antes da tormenta. Com efeito, um cenário no qual se produza a fuga frente ao dólar e todo o mundo queira trocá-los por outro tipo de activos ou divisas não é impensável. Nesse contexto, surge a grande pergunta: estaria a China interessada em detonar esse processo?
A China tem reservas de 1,2 mil milhões de dólares. Desse montante, aproximadamente 900 mi milhões encontram-se numa mistura de títulos e bónus do Tesouro dos EUA. Qualquer movimento no sentido de se desfazer desta massa de recursos denominados em dólares provocaria a derrubada da divisa verde, uma alta nas taxas de juros no Estados Unidos e provocaria uma recessão severa nesse país. A própria estabilidade da economia mundial estaria em jogo.
Na semana passada funcionários do governo chinês utilizaram a metáfora da "opção nuclear" ao insinuar que o seu país poderia utilizar suas reservas em bónus do Tesouro estado-unidense como arma de negociação, em resposta à imposição de sanções comerciais por parte de Washington.
A ameaça foi recebida com mal estar nos Estados Unidos. Mas também com incredulidade por se considerar que se a China provocasse a derrubada do dólar sofreria perdas enormes uma vez que 70 por cento das suas reservas estão em activos denominados em dólares. Pior ainda, afectaria negativamente a economia estado-unidense e isso não lhe convém porque esse país está entre os seus principais clientes.
Mas os EUA continuam obcecados com a ideia de que o incremento do seu défice comercial com a China é devido à sub-avaliação do renminbi (que embaratece mais as exportações chinesas). Todos os políticos da Casa Branca, desde Bush até Obama e Hillary, repetem esta ideia: haverá que impor sanções comerciais aos chineses se não tratarem de reavaliar o renminbi a fim de eliminar esta fonte desleal de competitividade. Esta colocação ignora que nos últimos dois anos o renminbi valorizou-se uns 10 por cento contra o dólar, mas isso não travou o incremento no superávite comercial chinês, que em Junho último atingiu os 27 mil milhões de dólares.
Nesta era de volatilidade, reestruturação de mercados de crédito e intervenções da autoridades monetárias para acalmar borbulhas especulativas, ressurge o medo de uma crise financeira global. O equilíbrio do terror que liga a China e os Estados Unidos é a peça chave do tecido económico internacional e o nervosismo dos credores (detentores de dólares) aumenta.
Na economia planetária os seus agentes sabem que estão contados (se é que já não se acabaram) os dias em que o dólar estado-unidense era a moeda de reserva internacional por excelência. Mas ainda se mantém uma situação na qual a maior parte das reservas dos bancos centrais está denominada nessa divisa.
Paradoxalmente, na medida em que a China conserva uma parte significativa das suas reservas em dólares, contribui para manter o papel dessa divisa como moeda de referência à escala mundial. Mas se o equilíbrio do terror repousa num paradoxo, isso torna-o especialmente instável. A presença do euro vem complicar as coisas, porque o jogo entre três aumenta a probabilidade de desestabilização do balanço do terror e nos aproxima de um cenário de conflito aberto.
A China poderia iniciar uma mudança gradual na composição das suas reservas, digamos com 40 por cento em dólares, outros 40 por cento em euros, e uns 20 por cento em yenes. Isto levaria a uma apreciação do renminbi, que é o que Washington diz procurar. Também estaria mais de acordo com a diversificação geográfica do comércio chinês. Mas, ainda que isso pudesse permitir escapar ao dilema da destruição mútua assegurada, a ironia é que Washington não vê com bons olhos esta solução porque contribui para minar o papel do dólar a nível mundial. Os Estados Unidos insistem em jogar o tudo ou nada. Não é boa estratégia.
O original encontra-se em LaJornada
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .
Campanha da Vale se espalha pelo Brasil
Pedro Carrano
de Curitiba (PR)
Nos sindicatos, nos locais de trabalho, nas associações de moradores de bairro, nos salões paroquiais, a campanha A Vale é Nossa, pela nulidade do leilão da Companhia Vale do Rio Doce (CVRD), está se espalhando e construindo o plebiscito popular programado para os dias 1º a 7 de setembro.
O objetivo do plebiscito popular parte de um fato concreto: a possibilidade de reverter na justiça o leilão da Vale do Rio Doce - datado de 1997, em uma venda marcada por irregularidades - para então fazer um trabalho pedagógico com os trabalhadores, a partir das quatro questões do plebiscito (ver quadro), que inclui a retomada da Vale, dívida pública, tarifa de energia e reforma da Previdência.
Os meses de junho e julho foram marcados pela consolidação dos comitês da campanha em cada Estado, compostos por diferentes organizações. A tarefa dos comitês estaduais é a de formar lideranças para a criação de comitês locais, em bairros, sindicatos, em cada comunidade.
Rio de Janeiro
O comitê da cidade de Volta Redonda (RJ), por exemplo, tem como objetivo instalar urnas em quatro centros comerciais da cidade, também em praças e na prefeitura, durante a semana do plebiscito. Conta ainda com duas “urnas volantes”, uma outra possibilidade de votação, quando os militantes devem percorrer a cidade de carro para incentivar a participação popular.
Cidade marcada pela história da luta dos trabalhadores da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a fábrica é um dos alvos para discutir com a população a retomada da Vale.
“Panfletamos na porta da usina a partir das quatro perguntas do plebiscito”, relata Maria das Dores Pereira, do comitê estadual. As organizações em Volta Redonda ainda guardam 400 modelos de urnas que tinham sido elaborados na época do plebiscito sobre a Alca (2002), para eles uma referência para a organização do plebiscito em 2007.
Paraná
No Paraná, o comitê estadual incentivou a criação de comitês em 17 cidades, que a partir daí organizam suas atividades, com a tarefa de multiplicar a campanha nos municípios vizinhos. Na região de Maringá, a multiplicação de lideranças tem sido feita a partir das paróquias, assentamentos e acampamentos dos movimentos do campo e demais movimentos sociais.
Para João Aparecido da Silva, da cidade de Sarandi, o objetivo é que a campanha ganhe capilaridade entre as associações de moradores da região. Silva reclama da falta de mobilização das massas atualmente. Pensa, porém, que a formação de espaços e a articulação de diferentes organizações é uma contribuição da atual campanha.
“Não conseguimos espaço na mídia, mas o que vai ficar de articulação para depois do plebiscito é algo inédito, qualquer outra atividade vai colher o resultado positivo dessa articulação. As perguntas do plebiscito são um bom tema para aglutinar a militância”, antecipa. Informes de atividades chegam de Norte a Sul do país. No Mato Grosso, o plebiscito foi divulgado durante atividade da jornada nacional em defesa da educação pública.
Objetivos
A campanha A Vale é Nossa continua após o plebiscito popular. Será feita uma apuração dos votos, realizada primeiro pelo comitê de cada Estado, coletando os resultados fornecidos pelos comitês locais e enviando para a secretaria nacional da Campanha. Os resultados das quatro perguntas do plebiscito serão entregues para o poder Executivo, Legislativo e Judiciário, como mecanismo de pressão pela nulidade do leilão da Vale.
A entrega será feita por uma representação ampla das organizações que construíram o plebiscito. Atos de rua nos Estados devem marcar a entrega. “A entrega, no dia 24 e 25 de setembro, será seguida de atos de rua para dar mais força na entrega do resultado do plebiscito. Enquanto uma comissão se mobiliza para entregar os resultados, as pessoas se mobilizam nos seus Estados”, comenta Carlos Renato Monteiro, da secretaria nacional da Campanha. Na mesma data, as organizações irão se reunir para uma avaliação do plebiscito e para definir os próximos passos da campanha.
“A volta da luta”
Os comitês organizam atos de rua e panfletagem junto à população, nesta reta final antes do plebiscito. Na cidade de Volta Redonda, por exemplo, onde se encontra a Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), a crítica às privatizações é forte, afinal a CSN foi a primeira companhia a ser privatizada (1993), além de, quatro anos mais tarde, formar o consórcio comprador da Vale na época do leilão.
O trabalho de conscientização parte do fato de que as organizações locais começaram a se organizar a partir da greve dos trabalhadores da CSN ocorrida neste ano, depois de 14 anos de silêncio. A partir de então, criou-se então um fórum que envolve de metalúrgicos ao movimento estudantil. “Com a greve da CSN rearticulamos as entidades e criamos o fórum ‘A volta da luta’, e a campanha está dentro deste fórum”, comenta Maria das Dores Pereira.
Europeus descobrem sistema cerebral que leva à reflexão
O estudo, publicado na revista "Journal of Neuroscience" e divulgado pela Comissão Européia em um de seus sites, concentra-se em uma zona da região frontomedial do cérebro que se ativa quando os seres humanos começam a pensar: "Não farei isso".
Segundo os autores da descoberta, cientistas da University College de Londres (Reino Unido) e da Universidade de Gante (Bélgica), esta parte do cérebro controla e limita as ações que os humanos desejam.
"Muitas pessoas reconhecem esta 'voz interior' que impede que alguém faça algo, como apertar a tecla de 'enviar' após escrever um e-mail se está chateado", afirma o professor Patrick Haggard, um dos responsáveis pelo estudo.
"Nosso estudo identifica os processos do cérebro envolvidos nesta última reconsideração que fazemos", explica.
Segundo ele, estas funções cerebrais são de especial importância para a sociedade, pois a capacidade de adiar uma ação "evita" que as pessoas sejam "egoístas" e atuem "estimuladas por desejos imediatos".
Os pesquisadores observaram através de ressonâncias magnéticas a atividade cerebral de vários voluntários, que deviam se preparar para realizar uma ação e decidir na última hora se seguiriam adiante ou parariam.
Os cientistas descobriram que uma pequena área da região frontomedial anterior do cérebro era ativada somente quando as pessoas refletiam sobre uma ação que tinham preparado previamente.
No entanto, quando as pessoas se preparavam para realizar uma ação e a realizavam, esta região estava muito menos ativa.
Os pesquisadores demonstraram que as pessoas com maior atividade na região frontomedial são mais propensas a refletir sobre suas ações, enquanto aquelas com uma atividade mais fraca tendem a seguir adiante, até mesmo em algumas ocasiões nas quais outros pedem a elas que não o façam.
"Este pode ser um fator que indique por que alguns indivíduos são impulsivos, enquanto outros são reticentes a agir", sustenta Haggard, que assegura que a capacidade de frear um impulso "é essencial, dado o complexo entorno social" em que se vive.
Fonte:Vermelho
Evo Morales denuncia conspiração dos EUA
Segundo revelou hoje o jornal La Prensa, Morales garantiu que os prefeitos (governadores) de seis dos nove departamentos (províncias) do país, que são opositores a seu governo, estão "trabalhando em uma conspiração" que "conta com a participação da embaixada dos Estados Unidos".
Morales fez a acusação durante uma reunião reservada com organizações sociais, a maioria de camponeses, ocorrida na sexta-feira na sede da vice-presidência da República, informou o jornal boliviano.
La Prensa afirmou que Morales garantiu durante a reunião que "assessores do Podemos (principal partido de oposição) e outros dirigentes opositores do governo são pagos pelos Estados Unidos".
Segundo Morales, a embaixada dos Estados Unidos também "está oferecendo dinheiro a alguns dirigentes do governo para tentar frear o atual processo de transformação" em avanço na Bolívia.
Nesta mesma reunião, o vice-presidente Alvaro Garcia Linera convocou uma mobilização de 100 mil camponeses em Sucre para "reconduzir" a Assembléia Constituinte que suspendeu suas deliberações na semana passada devido a protestos de empresários na capital oficial, La Paz.
Os empresários de Sucre, capital de Chuquisaca, a 720 quilômetros ao sudeste de La Paz, estão liderando protestos há dez dias contra a Assembléia Constituinte, que retirou de sua agenda o pedido de que a cidade se transforme na futura capital real do país.
O presidente denunciou para as organizações camponesas que o pedido de Sucre para que retornem a essa cidade as sedes do governo e do congresso "faz parte de uma estratégia dos setores conservadores para frear e destruir a Assembléia Constituinte".
Em apoio ao pedido dos habitantes de Sucre e com o pretexto de "defesa da democracia", as organizações conservadoras de Santa Cruz, Tarija, Beni, Pando e Cochabamba convocaram uma "greve cívica para terça-feira", na verdade um locaute, apesar dessas organizações terem antecipado que não participarão.
O pedido dos conservadores de Sucre é rejeitado pelos habitantes de La Paz, para onde foram transferidos estes dois poderes após uma sangrenta guerra civil que terminou em 1899.
O jornal La Prensa publicou hoje com exclusividade a versão sobre a denúncia de Morales e a convocação da mobilização camponesa de García Linera, citando fontes do partido do governo, o MAS (Movimento ao Socialismo).
Morales recordou durante o encontro declarações recentes do embaixador norte-americano, Philip Goldber, quando se pronunciou a favor da "independência" do poder judicial na Bolívia.
Também mencionou um incidente com uma cidadã norte-americana que chegou ao país com 500 balas de munição dentro da sua bagagem, dizendo que eram destinadas a um funcionário diplomático norte-americano.
Em concordância com a denúncia presidencial, o vice-presidente García Linera alertou que "a direita está se mobilizando violentamente" com os protestos em Sucre e com a greve convocada pelas organizações cívicas.
Segundo o vice-presidente, "o objetivo da direita é destruir o governo e voltar ao poder", de acordo com a versão publicada pelo jornal.
García Linera também denunciou "discriminação" dos moradores de Sucre contra a presença de representantes indígenas na Constituinte.
A mobilização camponesa na cidade de Sucre já tinha sido anunciada por dirigentes de várias organizações, com o pedido de que "sejam dadas garantias à Assembléia Constituinte" para que termine de redigir a nova Constituição da Bolívia.