LUÍS FELIPE DOS SANTOS
Nos tempos atuais, as eras não são mais que minutos no longo relógio do homem.
Houve uma era Pelé, que durou toda uma década. Uma era Falcão, na década seguinte. Houve uma era Zico, que teve uma breve interrupção, quase não sentida nos dez anos de auge no Flamengo.
Aí, o futebol virou mercado. Quando Zico e Falcão foram para a Itália, o sinal estava dado. Acabava a época dos grandes times.
O São Paulo de Telê, bicampeão do mundo, não durou mais que quatro anos. Três anos depois de assumir o Grêmio, Felipão disse que o ciclo acabara. O mesmo aconteceu com o Cruzeiro, o Palmeiras, o Corinthians, o Santos. Grandes times. Curto tempo.
No dia 14 de junho de 2004, Fernandão assinou contrato com o Internacional. Uma Libertadores, um Mundial, uma Recopa e exatamente quatro anos depois, ele se despede. Vai para o milionário e obscuro futebol do Catar.
Tudo muito rápido. De manhã, o anúncio. De tarde, a despedida no vestiário. De noite, o embarque.
Para mim, a era Fernandão não começou quando ele veio. Começou quando dois garotos chamados Daniel Carvalho e Cleiton Xavier promoveram uma virada histórica no Olímpico, em fevereiro de 2003. Dali em diante, alguns percalços, muitas glórias, e inclusive a chegada de um grande jogador, que daria nome a esse novo tempo do Inter.
Um tempo glorioso. Um tempo em que se alcançaram feitos relevantes, jamais alcançados. Um tempo em que se derrubaram tabus, gigantes, e se construíram mitos.
Quatro anos, no longo relógio do homem, não são nada.
No centenário relógio do Inter, esses quatro anos foram muito.
Acabou a era Fernandão.
O Inter permanece. Nesse sábado, mais uma vitória, menos uma lenda.
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