sábado, 11 de outubro de 2008

Muito boa essa resposta...

Carta aberta ao Wianey Carlet!

O jornalista Wianey Carlet, em uma de suas crônicas esportivas, pediu cadeia para os torcedores colorados que fizerem foguetório no hotel em que se hospedará o Boca Jrs, por ocasião do jogo da Sul-americana contra o INTER.
O colorado Ronald Miorin dirigiu essa carta a ele:

"Prezado Jornalista,
Tenho acompanhado, com atenção, tuas publicações a respeito da iniciativa de alguns torcedores colorados de arrecadar dinheiro para adquirir fogos de artifício que serão usados para perturbar o sono dos jogadores do Boca Juniors na véspera da partida contra o Internacional. Sou obrigado a confessar: fico triste ao ler sobre a tua pretensa indignação e mais triste ainda ao ver teu ridículo pedido de providências às autoridades policiais. Sim... fico triste... porque a hipocrisia me entristece, e a ignorância me entristece muito mais...Mas vamos ao que interessa:
Em primeiro lugar (e te digo como advogado que sou), perturbar o sossego alheio com fogos de artifício não é crime, nem contravenção. A contravenção só existe (e esse É o texto da lei de 1940) se a perturbação é feita no exercício de atividade profissional, com gritos e algazarra ou com emprego de aparelhos sonoros ou instrumentos musicais. Goste tu, ou não, atirar foguetes não é proibido pelas leis brasileiras.
Em segundo lugar (e agora te falo como torcedor), essas práticas fazem parte da cultura do futebol. Acordar o adversário na véspera do jogo, atrasar a entrada do time em campo, vaiar o toque de bola do time visitante, demorar a reposição da bola quando o time da casa está ganhando e todas as outras pequenas falcatruas futebolísticas fazem parte da cultura do futebol. Desde que não sejam violentas (e me parece que o barulho incomoda, mas não agride, nem machuca), essas condutas são socialmente aceitas.Te digo mais. É tudo isso que transforma o futebol (de simples esporte que é) nessa imensa emoção mundial. Emoção, aliás, que paga o teu salário.
"É verdade! Não é o Inter, o Grêmio, o Clemer, o Vítor, o Ronaldinho Gaúcho, o Fernandão ou o Dunga que te sustentam, mas os milhares de torcedores do Inter e do Grêmio que, todos os dias, compram o jornal em que tu escreves besteiras e escutam a rádio onde tu destilas tuas fracas opiniões. E só fazem isso porque o futebol emociona, alegra e perturba. É claro que tu sabes disso. O jornal em que tu escreves reserva uma página para as notícias mundiais. Uma página diária para tratar da fome, das guerras, das eleições, das melhores e das piores coisas que acontecem no mundo inteiro. Para o futebol, esse teu mesmo jornal dedica cinco ou seis páginas. Há um analista de economia e dez "comentaristas de futebol" como tu... pessoas que ganham salários para opinar se o Vítor saiu mal do gol, se o D'Alessandro é melhor que o Fernandão ou porque o Dunga deve cair ou ser mantido no comando da seleção. Acho que vais concordar comigo que precisa muito pouca inteligência para opinar sobre um assunto desses. Mas apesar de saberes tão pouco, tu ganhas bem, és reconhecido e, eventualmente, até respeitado. E tudo porque tratas do futebol.
Vamos ser sinceros: no dia em que o futebol perder o encanto, ninguém mais vai comprar Zero Hora, e tu vais ter que trabalhar. Então, aceite o conselho do Gordo: arrume outro assunto para preencher tua coluna... deixe o futebol ser como sempre foi... estás velho demais para carregar sacos no porto ou catar latas para reciclagem.
Do seu leitor e ouvinte, Ronald "Gordo" Miorin.
PS: Se tiveres oportunidade, peça ao Coronel Mendes explicar porque há tão pouco policialmento ostensivo em Porto Alegre, porque furtam e roubam tantos carros e porque faltaram brigadianos para policiar as eleições de São Francisco de Assis, se ele tem tempo e recursos para se preocupar com torcedores e foguetes. "

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