Katarina Peixoto
Marco Aurélio Weissheimer
Elas não são finalistas de prêmios categoria Mulher de Negócios. Nem são lembradas quando o que está em jogo é o registro das superações da mulher num espaço “essencialmente masculino”. Não usam gravatas quando é moda, nem dão testemunho nas magazines de consultório da dureza que é parir, eventualmente sem pré-natal, e educar filhos, sem-terra. Faz alguns anos aparecem com a imagem de uma espécie exótica de terroristas de lenços lilás nos rostos. No mundo invertido da sociedade espetacular mercantil, a verdade é um momento do falso, disse Guy Debord.
No caso das mulheres da Via Campesina talvez se possa dizer que a verdade é um momento do exótico. Um momento não de fabricações imagéticas do terrorismo escondido sob lenços, mas de combate a uma das mais bem sucedidas pragas do agronegócio no Brasil, os desertos verdes de eucaliptos, pinus e variantes. A verdade como um momento da dialética destrutiva que assola a sociedade e o campo brasileiros, afirmando todas as formas de opressão e de mentira, passando pelo pensamento mágico do delírio da dependência às commodities e deslizando perversamente para a criminalização de todas as vozes e forças que se lhes opõem.
As mulheres da Via Campesina não têm terra, nem financiamentos para plantar árvores exóticas a serem usadas em banheiros e livrarias que não utilizarão. Nem são lembradas quando o que está em jogo é a Balança Comercial. Raramente usam as cadeiras de direção, inclusive do próprio movimento de que fazem parte. No mundo invertido da sociedade espetacular, as mulheres da Via Campesina são apresentadas como terroristas que aparecem uma vez por ano, em média, para destruir tudo, instar o ódio e semear a discórdia que ameaça a ciência das multinacionais avessas ao pagamento de impostos.
As mulheres da Via Campesina são exóticas, então. Onde há desertos verdes, onde há seus cúmplices, onde há seus beneficiários financeiros imediatos, onde há gravatas fora e dentro da moda, usadas para enfeitar a mentira triunfante do respeito à natureza, é só o que elas podem ser. Tão exóticas como os desertos verdes são para a natureza e a soberania alimentar dos países.
É assim que, quando se comemora o Dia Mundial das Mulheres, este momento verdadeiro se impõe. Não em magazines semanais a vender conselhos, nem em cerimônias de prêmios “Mulher”, regadas a espumantes e brindes ratificantes do caráter exótico que assola os juízos de gênero, quer dizer o sexismo. Exóticos são os desertos verdes. É por isso que, neste tempo de criminalização das diferenças, somos todas campesinas.
Elas não são finalistas de prêmios categoria Mulher de Negócios. Nem são lembradas quando o que está em jogo é o registro das superações da mulher num espaço “essencialmente masculino”. Não usam gravatas quando é moda, nem dão testemunho nas magazines de consultório da dureza que é parir, eventualmente sem pré-natal, e educar filhos, sem-terra. Faz alguns anos aparecem com a imagem de uma espécie exótica de terroristas de lenços lilás nos rostos. No mundo invertido da sociedade espetacular mercantil, a verdade é um momento do falso, disse Guy Debord.
No caso das mulheres da Via Campesina talvez se possa dizer que a verdade é um momento do exótico. Um momento não de fabricações imagéticas do terrorismo escondido sob lenços, mas de combate a uma das mais bem sucedidas pragas do agronegócio no Brasil, os desertos verdes de eucaliptos, pinus e variantes. A verdade como um momento da dialética destrutiva que assola a sociedade e o campo brasileiros, afirmando todas as formas de opressão e de mentira, passando pelo pensamento mágico do delírio da dependência às commodities e deslizando perversamente para a criminalização de todas as vozes e forças que se lhes opõem.
As mulheres da Via Campesina não têm terra, nem financiamentos para plantar árvores exóticas a serem usadas em banheiros e livrarias que não utilizarão. Nem são lembradas quando o que está em jogo é a Balança Comercial. Raramente usam as cadeiras de direção, inclusive do próprio movimento de que fazem parte. No mundo invertido da sociedade espetacular, as mulheres da Via Campesina são apresentadas como terroristas que aparecem uma vez por ano, em média, para destruir tudo, instar o ódio e semear a discórdia que ameaça a ciência das multinacionais avessas ao pagamento de impostos.
As mulheres da Via Campesina são exóticas, então. Onde há desertos verdes, onde há seus cúmplices, onde há seus beneficiários financeiros imediatos, onde há gravatas fora e dentro da moda, usadas para enfeitar a mentira triunfante do respeito à natureza, é só o que elas podem ser. Tão exóticas como os desertos verdes são para a natureza e a soberania alimentar dos países.
É assim que, quando se comemora o Dia Mundial das Mulheres, este momento verdadeiro se impõe. Não em magazines semanais a vender conselhos, nem em cerimônias de prêmios “Mulher”, regadas a espumantes e brindes ratificantes do caráter exótico que assola os juízos de gênero, quer dizer o sexismo. Exóticos são os desertos verdes. É por isso que, neste tempo de criminalização das diferenças, somos todas campesinas.
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