segunda-feira, 18 de maio de 2009

Luto nacional no Uruguai e no Mexico por morte de Benedetti





Em dia de luto nacional, os restos do poeta e escritor uruguaio Mario Benedetti estão sendo velados com honras pátrias na sede do Palácio Legislativo, confirmaram fontes oficiais.
O prestigioso intelectual faleceu neste domingo nesta capital aos 88 anos de idade, vítima de uma insuficiência renal e depois de sofrer desde inícios de 2008 severos quebrantos de saúde devido a problemas intestinais e a uma doença respiratória crônica de longa evolução.
Seus restos serão velados no Salão dos Passos Perdidos do Parlamento, a partir de 09:00 hora local (12:00 GMT), informou o diretor de Cultura da Intendência de Montevidéu e amigo pessoal de Benedetti, Mauricio Rosencof.
Se Mario não deixou instruções em contrário, na terça-feira 19, seus restos serão depositados no Panteón Nacional do Cemitério Central, disse Rosencof. Se respeitarão cabalmente as disposições que tenha deixado para seu velório e enterro, acrescentou.
Está previsto que no enterro participem o presidente Tabaré Vázquez e o vice-presidente Rodolfo Nin Novoa.
Autor mais de 80 livros de poemas, novelas, relatos, ensaios e teatro, bem como de guias de cinema e crônicas de humor, Benedetti mereceu lauros tão preciosos como a Rainha Sofía de Poesia Ibero-americana, o Méndez Pelayo ou o Ibero-americano José Martí.
Figura ilustre das letras de seu país e um dos grandes da literatura hispano-americana, a última de suas obras que viu a luz foi o poemario "Testemunha de um mesmo", em agosto do passado ano. Benedetti deixou inconcluso um novo livro de poesia de título provisório "Biografia para encontrar-me".


México também lamenta a morte de Benedetti

Gabriela Guerra Rey

Um ícone da literatura iberoamericana faleceu em Montevidéu, Mario Benedetti, sua perda é sentida hoje na imprensa mexicana e no sentimento de que cresceu com sua prosa e adoraram sua poesia.
"Tenho uma manhã que é minha e uma manhã que é de todos, a minha acaba amanhã, mas sobrevive a outra", com essa frase apareceu na segunda-feira o poeta em primeira página do La Jornada.
Os meios em geral fizeram-se eco de uma notícia que pela primeira vez em vários dias obriga a se tomar uns minutos de dor pelo desaparecimento físico do autor, sem pensar em crise, violência, eleições, ou a influenza A(H1N1), epidemia que afeta o país dos astecas há mais de um mês.
O próprio rotativo recordou uma entrevista de 1997 com o autor, na que afirmou: "não tenho uma atitude subversiva, mas crítica, digo o que me parece mau".
O ururguaio, quiçá o mais emblemático de seu tempo, teve que abandonar seu país depois do golpe militar de 1973, a ditadura o buscou para o prender e cumprir a sentença de morte já ordenada.
Mas só agora, mais de 35 anos depois, é que se deixa prender, não por seus perseguidores, mas pela velhice e a doença.
Em 1983 foi que começou seu desexílio, como o mesmo o denominou, tema que abordou em muitas de suas obras, refletiram as páginas dos jornais nesta nação. Sua morte levou ao governo uruguaio a decretar luto nacional e realizar sua velório com honras pátrias no Salão dos Passos Perdidos do Palácio Legislativo, sede do Congresso.
O México no meio da difícil situação que enfrenta por estes dias, também estará sentindo por sua perda.
Segundo refletiu o matutino Milênio, os problemas recentes de saúde do escritor de Obrigado pelo fogo, estavam relacionados com um mau funcionamento intestinal. Já no ano anterior várias vezes se temeu por seu frágil estado.
Esta publicação começou sua homenagem recordando que ao redor de Benedetti não tinha só leitores apaixonados, tinha quem venerava sua palavra, sua forma de ver o mundo, a realidade social e política, mas também sua maneira de contar o amor e o desamor.
Também, Milenio relembra as façanhas do humanista e do literato.
"Um escritor que cantou à vida como poucos e respeitou sua consciência como ninguém", "fez da ética uma arma para se abrir passo na vida", indicou o rotativo.
Para Mario Benedetti, a poesia era um sótão de almas, uma janela para a utopia e uma drenagem da vida, que ensina a não temer à morte, assim se recordou nesta nação da América Latina, comovida também por sua morte.
A página digital yucateca PorEsto, titula Adeus a um grande, a despedida para o homem nascido em 14 de setembro de 1920 em Paso de los Toros.
Benedetti foi distinguido ao longo de sua vida com o doutorado Honoris Causa por várias universidades latinoamericanas e europeias.
Autor de dezenas de livros de poemas, prosa, contos, novelas e ensaios, bem como de teatro.
Recebeu numerosos prêmios, entre os quais figura o Internacional Menéndez Pelayo em 2005, a Rainha Sofía de Poesia Iberoamericana em 1999 e o Iberoamericano José Martí em 2001.
Sem estridências de nenhum tipo, a prodigiosa pluma fez da discrição e da humildade rasgos genuínos que o acompanharam até o dia do adeus, para deixar um legado que ultrapassa as fronteiras do literário, concluiu PorEsto.
Texto: Prensa Latina /PatriaLatina

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