domingo, 26 de julho de 2009

Ainda sobre o Golpe em Honduras....

O ENVOLVIMENTO DOS EUA
NO GOLPE DAS HONDURAS


ZELAYA CUMPRIMENTA O CORONEL COMANDANTE DAS FORÇAS HONDURENHAS EM LAS MANOS ANTES DE REGRESSAR À NICARÁGUA













Editores de odiario.info

Transcorrido um mês do golpe de estado nas Honduras, tornou-se transparente – as provas acumuladas são irrefutáveis – que o Departamento de Estado dos Estados Unidos teve conhecimento prévio do gorilazo e que a secretária Hillary Clinton aprovou o papel decisivo desempenhado pelo embaixador norte-americano na sua preparação.

• Nos dias que precederam a prisão e deportação para a Costa Rica do Presidente Manuel Zelaya, os generais golpistas e assessores de Micheletti realizaram reuniões na Embaixada dos Estados Unidos, com a presença do chefe da missão diplomática. Este interveio na discussão e somente discordou da data escolhida, sugerindo que o golpe deveria ser desfechado após as eleições previstas para Janeiro.

• O embaixador Hugo Llorens é um cubano de Miami, naturalizado, e conspirou contra Zelaya em ligação com o subsecretario de Estado Thomas Shanon e o embaixador John Negroponte, destacado elemento da CIA, actualmente assessor de Hillary Clinton.

• O embaixador teve conhecimento e apoiou a formação, nas semanas anteriores ao golpe, de uma coligação de partidos políticos da direita, empresários, membros da hierarquia católica e directores de órgãos de comunicação social, cujo objectivo era o derrubamento do presidente Zelaya. Cinco dias antes do golpe um porta-voz dessa coligação, a União Cívica Democrática, dirigiu um apelo às forças armadas para assumirem o seu papel «na defesa da constituição, da paz e do estado de direito». Logo após o gorilazo, a referida União Cívica declarou que a «Democracia tinha sido resgatada».

• Washington, contrariamente aos países da União Europeia, não retirou o seu embaixador de Tegucigalpa, não definiu como «golpe» o cuartelazo, não suspendeu a ajuda económica às Honduras.

• O governo de Obama, se condenou formalmente o golpe, manteve contactos telefónicos com o presidente fantoche Micheletti através de Hillary Clinton e, desde o inicio da crise, utilizou a expressão «as duas partes» colocando no mesmo plano os golpistas e o governo legítimo.

• Partiu do Departamento de Estado a ideia da mediação de Oscar Arias. O objectivo foi ganhar tempo e impedir o regresso imediato de Zelaya. O presidente da Costa Rica, que é um aliado submisso de Washington, colocou no mesmo plano o governo legítimo das Honduras e os golpistas.

• O ex-candidato à Presidência senador McCain coordenou a visita a Washington de golpistas com o conhecimento e aprovação do Departamento de Estado e promoveu os seus contactos com lobbys favoráveis a Micheletti.

• O estado-maior da Força Aérea Hondurenha continua instalado na base militar norte-americana de Palmerola, situada perto de Tegucigalpa.

• Os generais golpistas são diplomados pela Escola de Las Américas dos EUA, especializada em cursos «anti-insurreccionais» e de «combate ao socialismo». O chefe do gorilazo, general Romeo Vasquez, cumpriu pena de prisão em 1993 por ser o chefe de uma organização criminosa que roubava automóveis. Continua ser recebido cordialmente na base militar estadunidense.

Hillary Clinton teima em insistir na fracassada mediação de Oscar Arias, defende «o diálogo» com os golpistas e criticou a decisão do presidente Zelaya de regressar ao seu pais.

***

A cumplicidade dos EUA no golpe é tão evidente que tanto as cadeias de televisão como os grandes diários dos EUA reconhecem que uma atitude de Washington de apoio firme ao regresso de Manuel Zelaya teria há muito posto fim à crise.

O Presidente atravessou na sexta-feira a fronteira e pisou solo hondurenho por alguns minutos, num regresso simbólico.

Mas são do domínio da especulação quaisquer previsões sobre a evolução da crise e a reinstalação na Presidência de Zelaya.

O apoio inconfessado dos EUA aos golpistas é hoje inocultável. Obama está consciente de que o regresso do presidente constitucional a Tegucigalpa reforçaria em toda a América Latina as forças progressistas e anti-imperialistas.

O povo hondurenho, apoiado por um largo movimento de solidariedade internacional, com destaque para os povos da América Latina – que sabem que este golpe se dirige também contra todos e cada um deles – prossegue e organiza a resistência cívica e democrática.



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