quinta-feira, 16 de julho de 2009

No amor e na guerra

Eduardo Guimarães

O Brasil vive hoje uma guerra política e uma disputa entre dois projetos de país. É isso que está em jogo neste momento, ou seja, se mudaremos ou não de projeto no ano que vem. É uma guerra na qual um dos lados decidiu apelar até para a sabotagem para retomar o controle do Estado.

Um desses projetos considera que o Bolsa Família é “esmola”, que em um país com mais da metade da população negra ou descendente de negros estava correto essa população não ter nem um por cento de universitários, que numa crise como esta deve-se cortar gastos públicos em vez de investir dinheiro público para fazer a economia funcionar, que deveríamos continuar fazendo negócios exclusivamente com os EUA e com a Europa etc. E o outro projeto prevê exatamente o oposto.

Nessa guerra política em curso, o projeto que o país rejeitou em 2002 e em 2006 usa seus jornais, tevês, rádios e alguns paus-mandados na internet para tentar pregar no presidente Lula, em seu partido e em seu governo a pecha de corruptos.

Para esse fim, o projeto derrotado nas duas últimas eleições presidenciais cria, através dos seus meios de comunicação, crises políticas e escândalos forjados, alarma a população com epidemias inexistentes que seriam culpa do governo, acusa o projeto de país vigente de se aliar a políticos e a partidos acusados de corrupção enquanto esconde suas alianças com políticos acusados da mesma coisa, diz que tudo que acontece de bom no país é mérito dele pelo que fez no passado e tudo que está ruim é culpa do projeto a que se opõe, tem histórico em seu período de vigência de ter sido favorável a privatizações e a supressão de direitos trabalhistas etc.

O projeto derrotado tenta sabotar o projeto vigente diuturnamente, via imprensa. Com um discurso moralista, acusa o projeto vigente de abrigar políticos e partidos acusados de corrupção. Neste momento, usa essa estratégia para tentar controlar o Senado derrubando o presidente da Casa, que é aliado do governo, visando pôr no lugar dele o segundo senador na linha de comando da Casa, um político contra o qual pesam acusações tão ou mais graves do que as que pesam contra aquele que se pretende derrubar.

Ao cair nas mãos da oposição, a Presidência do Senado permitiria aos oposicionistas dificultarem a vida do governo e impor obstáculos a um projeto de país apoiado por 80% dos brasileiros.

É isso o que está em jogo neste momento, o projeto de país vencedor que manteve o Brasil acima da crise mundial, que está fazendo deste país um player global e que melhorou a vida dos brasileiros como jamais vi em meus 49 anos de vida.

Não contém comigo para sabotar o projeto de país que aprovo. Até porque, hoje vemos gente que votou em Collor em 1989 e meios de comunicação que o apoiaram durante sua disputa com Lula naquele ano cobrando que este não poderia se aliar a um partido que abriga o ex-presidente. Vemos meios de comunicação e pessoas que se calam sobre a aliança de José Serra com Oréstes Quércia cobrar de Lula sua aliança com José Sarney...

É óbvio que, para entoar tal discurso, esses meios de comunicação e essas pessoas têm que se apresentar como apartidários, e dizendo que não é porque o projeto de país derrotado tem um Quércia em suas fileiras que o projeto vigente pode ter um Collor, e que não é porque o senador oposicionista que querem colocar no lugar do atual presidente do Senado sofre tantas acusações quanto este que não se deve fazer a troca.

Bem, se for para falar de quem é mais corrupto, os que acusam o governo de se aliar a corruptos não têm moral para abrir suas bocas. E, para comprovar o que estou dizendo, basta analisarmos o gráfico lá em cima, que mostra o ranking dos 623 políticos cassados em 339 processos julgados pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) entre 2000 e 2006. Nesse gráfico, fica claro que os moralistas não têm moral para dizerem um A quando o assunto é ética na política.

O projeto de país que apóio é responsável por êxitos enormes na economia. E nem vou falar dos avanços sociais, na redução da pobreza, da miséria e da desigualdade. Vou me ater ao que interessa de fato hoje à esmagadora maioria dos brasileiros e que os neo moralistas querem destruir, e que faz com que essa maioria ignore as campanhas difamatórias do projeto derrotado e de seus jornais, rádios, tevês, revistas semanais e paus-mandados na internet, entre outros.

Retirei os dados que vocês lerão abaixo do site do jornalista Luiz Carlos Azenha. Eles mostram por que o Brasil deve travar uma guerra contra aqueles que tentam substituir projeto de país tão exitoso e por que todos devem se lembrar de que no amor e na guerra vale tudo, e por que, estando cercado pelo inimigo, o combatente deve aceitar apoios que, em situações normais, dispensaria.

Números do 2º Trimestre mostram PIB em expansão

Até os especialistas mais pessimistas calculam que haverá um crescimento no PIB de 0,5% no segundo trimestre, e os menos pessimistas falam em mais de 2%.

Com forte impulso do consumo, PIB deixa recessão para trás

Os números de vendas no varejo de maio reforçaram a avaliação de que o consumo das famílias - o principal motor da demanda - avança a um ritmo razoável, impulsionado pela massa salarial que nos 12 meses até maio cresceu 6,6%, descontada a inflação.

Consumidor retoma confiança, quita dívidas e a inadimplência cai

O consumidor começa a recuperar a confiança na economia, decidiu quitar dívidas e planeja comprar mais, embora recorrendo menos ao crediário. Como resultado, a inadimplência no comércio registrou queda de 22,67% no mês de junho em comparação com maio.

PIS injeta R$ 5,2 bi na economia

O pagamento do abono de um salário mínimo (R$ 465) do PIS 2008/2009 alcançou R$ 5,2 bilhões, atendeu o número recorde de 12,7 milhões de trabalhadores e ajudou a movimentar a economia. De acordo com a Caixa Econômica Federal, responsável pelo pagamento, 1,3 milhão de pessoas a mais receberam o benefício em relação ao exercício anterior.

Juros do cheque especial caem para a menor taxa desde 1995

A taxa de juros do cheque especial chegou a 7,54% ao mês em junho, a menor identificada desde 1995, quando se iniciou a apuração das taxas pela Anefac (Associação Nacional de Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade).

Brasil é a bola da vez

O eminente investidor Whitney Tilson está impressionado com a qualidade das empresas brasileiras. Gestor de um fundo hedge americano, Tilson veio ao Brasil para lançar seu livro sobre o problema do mercado de hipotecas de alto risco nos EUA ("subprime") e para conhecer de perto algumas de nossas companhias. Para ele, entre os países emergentes o Brasil é de longe o melhor para investir hoje.

GM anuncia investimento de R$ 2 bi no Brasil e expansão de fábrica no RS

A General Motors do Brasil anunciou investimento de R$ 2 bilhões no país, o que inclui a expansão da sua fábrica em Gravataí (RS) para produção de uma nova família de veículos. Cerca de R$ 1 bi, 50% do investimento, será feito com recursos próprios da GM do Brasil. O restante virá de empréstimos contraídos juntos as bancos estatais. Já estão no projeto o Banrisul e o BRDE (Banco Regional de Desenvolvimento Econômico) e há negociações com o BNDES.

O projeto de país derrotado pelos brasileiros em 2002 e em 2006, bem como seus entusiastas e formuladores, julga-se muito esperto ao usar a sabotagem e o moralismo para recuperar o poder e mudar a rota do Brasil a partir de 2011. Hoje, aproveita-se do controle de impérios de comunicação para acobertar acusações contra si e inflar as que pesam contra o projeto vigente, mas os dados acima explicam por que esse projeto nefasto e seu formulador principal, José Serra, darão com os burros n’água. De novo.

Um comentário:

lapanagio disse...

Olha, acho que ultimamente se dá muita importância sobre julgar ou demonstrar quem é mais ou menos corrupto, quem faz mais alianças espúrias ou é mais ou menos careca, mais ou menos feio. Os governos anteriores foram cheios de mazelas, que são perpetuadas pelo governo atual em nome da governabilidade. Tenta-se legitimar alianças grotescas, favorecimentos e fisiologismo com base no "quando cheguei já estava assim". Isso não serve mais, o atual governo está quase no final do segundo mandato e mantém a política suja de sempre. Sim, temos avanços fora da esfera política, são fatos. Mas na população fica incutida a idéia do vale-tudo, de que o jogo sujo vale a pena para se conseguir vantagens. É preciso parar com essa lenga-lenga de que temos a briga do bem contra o mal e fazer o que deve ser feito: limpeza, degola em gente corrupta. Quem critica o governo nem sempre é reacionário ou moralista, são também brasileiros que querem esse país livre de corruptos (não interessando o partido) e que proporcione uma boa vida a todos. Obviamente, a faxina política deve ser acompanhada de educação básica de qualidade.