sábado, 12 de setembro de 2009

DIONISIA DÍAZ, A AVÓ DA RESISTENCIA E DA DEMOCRACIA DE HONDURAS

“Derecha, izquierda; golpistas a la mierda”, exclama com um alto-falante uma mulher de 75 anos, vestida de azul, que marcha com os partidários do deposto presidente Manuel Zelaya: é Dionisia Díaz, veterana das lutas operárias em Honduras.

“Estive na greve de 54 e agora contra estes malditos golpistas que roubaram, seqüestraram a democracia”, disse a mulher à AFP, colocando o alto-falante embaixo do braço, antes que inicie a mobilização.

Nas marchas da Frente de Resistência contra o Golpe de Estado de 28 de junho de Honduras se vê com freqüência a mesma gente: não só os dirigentes, mas também entre a grande massa que está a meses nas ruas da capital. Uma que não falta é Dionisia Díaz.

“Na greve de 54 perdi meu esposo. Para fugir da repressão, a gente se refugiava nas montanhas e ele se foi à montanha e nunca mais regressou”, relata a mulher que nessa época tinha 20 anos.

A greve de 1954 é reconhecida como a maior proeza da luta popular em Honduras. Foi um movimento ocorrido na costa norte do país contra as transnacionais bananeiras que colocavam e tiravam presidentes e que acabou como uma das maiores conquistas dos trabalhadores.

“Não vamos parar esta luta até que este golpista Roberto Micheletti deixe a presidência ao verdadeiro presidente que elegemos nós os hondurenhos, que é Jo-sé Ma-nuel-Ze-la-ya-Ro-sa-les”, disse com ênfase em cada sílaba.

“Conheço bem a Micheletti. É de origem italiana. Era motorista de ônibus, depois teve uma empresa de ônibus e agora é um grande empresário, que fez o pior: participar em um golpe de Estado”, se queixa a mulher, natural da mesma cidade do presidente de fato.

“Desde 28 (de junho) andamos aqui e não vamos parar, não vamos parar”, sentencia a mulher, que ganha a vida com a venda de sapatos e roupa como comerciante informal.

E 55 anos depois, esta mulher originaria de El Progreso, departamento de Yoro, uma cidade rodeada ainda pelas plantações de bananeiras e situada a 240 km ao norte de Tegucigalpa, levanta novamente a bandeira da luta dos trabalhadores.

Todos os dias, Díaz, que tem 5 filhos, 18 netos e 7 bisnetos, é das primeiras a chegar à Universidade Pedagógica Nacional, a leste de Tegucigalpa, onde começa a motivar com seu alto-falante aos outros manifestantes para a mobilização.

Traduzido por Rosalvo Maciel

Original em Habla Honduras

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