Demorei a escrever sobre o debate porque queria arrumar bem as idéias e não me deixar levar pelo entusiasmo de quem viu Dilma Rousseff reagir como só as pessoas de bem podem reagir à indignidade.
Não quis tomar os outros por mim e deixar que minha satisfação política com a combatividade de minha candidata contaminasse o raciocínio que, embora frio, todos temos de ter sobre a relação custo x benefício de cada atitude, neste trecho decisivo da disputa eleitoral.
Hoje, porém, pude refletir mais friamente.
O debate de ontem, embora numa televisão aberta, foi voltado para um público que “já tinha candidato”. Mais ainda, para os que se consideram simpatizantes de uma candidatura e assumem uma posição ativa na disputa eleitoral.
Não é possível pensar algo diferente de um debate com audiência restrita a 4% dos telespectadores.
Mas que audiência! Uma audiência capaz de ser ativa, de assumir uma bandeira, uma causa, um combate.
Do nosso lado – e vocês podem ver nos comentários postados ao longo da semana – havia certo nervosismo, uma ansiedade e até um inconformismo de ficarmos na posição de presas de uma campanha de calúnias e de baixarias.
Do lado adversário, a empolgação de quem contava – e, aliás, com farta propaganda disso nos jornais “amigos” – com uma adversária abatida, desanimada, na defensiva diante de tantos e tão baixos ataques.
O que se viu, porém, foi uma Dilma cheia de energia e coragem. Que não se intimidou e, a cada agressão, devolvia o golpe sem sorrisinhos falsos, mas com a dureza que corresponde àquilo que está em jogo.
Lembrei-me de um trecho bíblico, no livro de Mateus, quando Cristo expulsa do templo os fariseus.
Ai de vocês, mestres da Lei e
fariseus, hipócritas! Pois vocês dão a Deus a décima parte até mesmo da
hortelã, da erva-doce e do cominho, mas não obedecem aos mandamentos
mais importantes da Lei, que são: o de serem justos com os outros, o de
serem bondosos e o de serem honestos. Mas são justamente essas coisas
que vocês devem fazer, sem deixar de lado as outras.
Guias cegos! Coam um mosquito, mas engolem um camelo!
Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância.
Guias cegos! Coam um mosquito, mas engolem um camelo!
Ai de vocês, mestres da Lei e fariseus, hipócritas! Pois vocês lavam o copo e o prato por fora, mas por dentro estes estão cheios de coisas que vocês conseguiram pela violência e pela ganância.
Sim, porque este país é sagrado e sagrados são os direitos do seu
povo, e é isso que está foi mercadejado e se pretende mercadejar outra
vez.
É preciso que cada um de nós tenha esta convicção, que cada um de nós
se absorva deste entendimento, que tenha orgulho da causa pela qual
lutamos, que vai muito além de um Governo ou de cargos nele.
Eleição não é concurso de miss e de boas maneiras. Política envolve
paixão e indignação. Dilma bateu forte em Serra e o colou o tempo todo
ao governo de Fernando Henrique Cardoso, que é a antítese do governo
Lula.
O povo brasileiro sabe o que significaram os oitos anos de FHC e é
importante que seja lembrado do papel relevante de Serra naquele
governo, principalmente na venda do patrimônio público brasileiro. A
insistência de Dilma incomodou Serra, que chegou a pensar sobre o que
perguntaria a ela em determinado momento, pois sentia que estava nas
cordas.
Dilma deixou claro que o interesse deles é o de vender o nosso petróleo, entregar o pré-sal.
Faltou apenas uma palavra: entreguista. Esta é a marca, o estigma de Caim que a traição lhe estampou à testa.
De qualquer forma, publico aí em cima os trechos editados pela
campanha e peço que todos revejam – ou assistam, os que não puderam ver
- e se abeberem do valor de nossa causa, do orgulho de lutarmos pelo
que lutamos, do sentido que há em amar e defender esta país e, com isso,
amar e defender nossos irmãos, não apenas da mentira e da mistificação,
mas do que elas encobrem: a escravização e a miséria para o nosso povo.
Agora, espero que Lula, o comendante deste combate, desembainhe a
espada e lidere o povo brasileiro. Vimos, ontem, que ele escolheu bem,
muito bem, a energia de quem, em nome desta nação, liderará a luta de
que ele se tornou um símbolo diante dos olhos da população.
Mas ainda volto ainda ao debate, para outros comentários.
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