Do blog jornalisticamente falando
Peço o favor de fazer circular esta mensagem, que é fruto da indignação de uma cidadã boliviana que assistiu ao debate da Rede TV! de domingo passado, quando o candidato José Serra ofendeu acintosa e deliberadamente o povo boliviano, sem ter demonstrado qualquer gesto de respeito ou gratidão pelo país que o acolheu em julho de 1964 e graças ao governo democrático da época, que lhe concedeu um documento de viagem nacional (negado pela embaixada brasileira de La Paz a todos os exilados, por orientação da ditadura) lhe foi possível o seu asilo político na França.
Peço o favor de fazer circular esta mensagem, que é fruto da indignação de uma cidadã boliviana que assistiu ao debate da Rede TV! de domingo passado, quando o candidato José Serra ofendeu acintosa e deliberadamente o povo boliviano, sem ter demonstrado qualquer gesto de respeito ou gratidão pelo país que o acolheu em julho de 1964 e graças ao governo democrático da época, que lhe concedeu um documento de viagem nacional (negado pela embaixada brasileira de La Paz a todos os exilados, por orientação da ditadura) lhe foi possível o seu asilo político na França.
Quero
manifestar meu protesto veemente pela falta de postura de uma pessoa
que, depois de ter se beneficiado da solidariedade de um país, o
condena, ainda mais conhecendo (ou, pior, deveria conhecer) a verdadeira
história da expansão da produção das drogas em escala industrial,
durante a ditadura sanguinária de Hugo Banzer Suárez, com dinheiro do
BID (mais de meio milhão de dólares) que deveria ter sido destinado à
cultura de algodão, em 1976, para atender à demanda do mercado dos
Estados Unidos (“La veta blanca”, de René Bascopé Aspiazu, 1983; “Com a
pólvora na boca”, de Julio José Chiavenatto, 1984), mas acabou desviado
para atender aos interesses dos comparsas do ditador, ávidos de virar
milionários, da noite para o dia, com a conivência dos governos aliados
(inclusive dos Estados Unidos).
Uma
pessoa dessas, aliás, jamais reconhecerá qualquer tipo de débito
pessoal ou político, portanto, não merece credibilidade alguma, seja
qual for a sua formação ideológica ou sua posição política, já que serve
aos interesses de quem lhe convier na ocasião.
Sou
filha de um ex-exilado político boliviano, o sindicalista Juan Colombo
Vargas, que peregrinou contra a sua vontade por diversos países
latinoamericanos nas décadas de 1960 e 1970 enquanto sua família passava
dificuldades e corria riscos de vida em La Paz. Quando o saudoso
presidente Hernán Siles Zuazo (da Unidad Democrática Popular – UDP)
assumiu democraticamente o mandato constitucional conquistado nas urnas
(outubro de 1982), depois de uma sucessão de generais assassinos e
vinculados ao narcotráfico, todos patrocinados pelo governo dos Estados
Unidos e pelas ditaduras que na época executavam o Plan Cóndor
(Argentina, Bolívia, Brasil, Chile e Uruguai), graças a isso pude voltar
a conviver, mesmo que por poucos anos, com meu saudoso pai, falecido em
1989, por problemas cardíacos.
Foi
ele que me ensinou que, independentemente de gostarmos ou não do
presidente eleito democraticamente do país que por ventura nos
acolhesse, devêssemos guardar sempre gratidão a essa nação, ao seu povo e
sobretudo à sua história. Nunca morei no Brasil, mas leio e escrevo o
português por ser casada há duas décadas com um professor brasileiro que
escolheu a Bolívia para formar sua família. E assim estamos educando
nossos três filhos, com profundo amor pela Bolívia, pelo Brasil e pelo
povo latinoamericano, que tem a mesma história de lutas e tragédias, e
os mesmos sonhos de liberdade, justiça social e solidariedade.
Ivana Colombo
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