Pelo menos mil estudantes de origem tibetana fizeram um protesto
na última terça-feira no oeste da China contra as restrições ao uso da
sua língua nativa, segundo moradores e entidades de direitos humanos.
A manifestação ocorreu na cidade de Tongren (também conhecida como
Rebkong), sem interferência policial, de acordo com moradores ouvidos
por telefone e com o relato da entidade londrina Free Tibet.
Tongren fica na província chinesa de Qinghai, e tem forte presença
tibetana. O Dalai Lama, líder espiritual tibetano no exílio, nasceu
nessa região.
Três moradores disseram que pelo menos mil estudantes participaram da passeata, gritando slogans pela proteção da sua cultura.
– A polícia não se envolveu.(Os manifestantes) foram para casa no começo da tarde, depois que funcionários do governo vieram conversar com eles. Disse um morador, pedindo anonimato.
– A polícia não se envolveu.(Os manifestantes) foram para casa no começo da tarde, depois que funcionários do governo vieram conversar com eles. Disse um morador, pedindo anonimato.
Esse morador acrescentou que não há uma presença policial mais ostensiva na cidade depois do incidente. Procurados pela Reuters, os governos municipal e provincial não se manifestaram.
O Free Tibet afirmou, com base no relato de testemunhas, que a
passeata reuniu de 5 mil a 9 mil jovens, motivados por uma nova regra
que limita o uso do idioma tibetano nas escolas, e impõe o chinês
mandarim como língua a ser usada no ensino da maioria das disciplinas.
– Os chineses estão impondo reformas que me lembram a Revolução
Cultural –, disse, segundo relato do grupo, um ex-professor de Tongren,
não-identificado, aludindo ao período mais radical do regime comunista
chinês, entre 1966 e 76.
– Esta reforma é não só uma ameaça à nossa língua materna, mas também uma violação direta da Constituição chinesa, que deveria proteger nossos direitos. Concluiu.
– Esta reforma é não só uma ameaça à nossa língua materna, mas também uma violação direta da Constituição chinesa, que deveria proteger nossos direitos. Concluiu.
A China governa o Tibete com mão de ferro desde que o Exército de
Libertação Popular (comunista) ocupou a região, em 1950. Mas em geral o
regime dá uma liberdade muito maior a tibetanos em outras regiões, como
Qinghai.
O tibetano é idioma oficial no Tibete e em partes da China onde os
tibetanos são tradicionalmente o principal grupo étnico. O governo
chinês há décadas promove o mandarim como uma forma de unificar este
país tão diversificado, e muitos tibetanos dizem não ter opção senão
aprender o mandarim se quiserem progredir na China moderna.
Em março de 2008, pelo menos 19 pessoas morreram em protestos contra o
domínio chinês em áreas tibetanas. Grupos tibetanos no exílio dizem que
mais de 200 pessoas morreram na repressão subsequente, e protestos
esporádicos continuam ocorrendo desde então.
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