sábado, 27 de novembro de 2010

O genocídio colombiano



Além da melhoria das relações com a Venezuela e com o Equador, o que constitui um fator positivo, o governo de Juan Manuel Santos (iniciado em 7 de agosto) prossegue a política repressiva que caracterizou o governo de Álvaro Uribe (foto).

Por Niko Schvarz, no La República (Uruguai)
 


Política essa expressa em assassinatos e execução dos membros do Polo Democrático Alternativo (PDA) e dos defensores dos Direitos Humanos, das organizações sindicais e camponesas, que são vítimas de deslocamentos forçados que afetam milhões de pessoas, sem falar da infâmia que é a expulsão do Senado de Piedad Córdoba, esforçada lutadora pela paz e pelo acordo humanitário.

Ao mesmo tempo, agentes caracterizados da repressão do governo Uribe, particularmente dos serviços de espionagem governamental do DAS, fogem do país por terem sido chamados à justiça e encontram um injsutificado asilo político do governo panamenho de Ricardo Martinelli.

O próprio Uribe foi condecorado na terça-feira (23) pelo Parlamento de fato de Honduras, por ter sido um dos primeiros presidentes a reconhecer o mandato de Porfírio Lobo, que assumiu o cargo de presidente do país em 27 de janeiro, dando continuidade ao golpe de Estado de 28 de junho de 2009 que derrubou o governo constitucional de Manuel Zelaya.

A Frente Nacional de Resistência Popular de Honduras (FNRP) expressou nas ruas seu repúdio à presença de Uribe, enquanto uma espúria Comissão da Verdade justificava a ação do usurpador Roberto Micheletti. Ali estavam todos presentes.

Há alguns dias, em 16 de novembro, foi assassinado Miler Avendaño Peñaranda, coordenador do PDA no município de El Tarra, em Santander Norte, fronteiriço com a Venezuela, um líder social e comunitário de 28 anos. Com este crime se eleva a nada menos que a 12 membros dirigentes do Polo Democratico assassinados nos últimos seis meses, que compreendem o final do governo de Uribe e o início do de Santos.

Nestes crimes participaram grupos irregulares e bandos de paramilitares, que estão muito longe de terem sido desmantelados.

Em 30 de outubro, defensores dos Direitos Humanos de Bogotá e dos departamentos do Valle del Cauca, Cauca e Nariño, no sudoeste, entre elas organizações indígenas e de afro-descententes, assim como sindicatos, receberam mensagens de têxto idênticas, com ameças de morte por parte do grupo paramilitar Águilas Negras, que diziam a eles que fugissem da Venezuela, sublinhando que "vão ou morram".

Entre os destinatários, umas 25 pessoas e organizações, se encontravam o Processo de Comunidades Negras (PCN), o Conselho Regional Indígena de Cauca (CRIC) e a Central Unitária dos Trabalhadores (CUT).

Outros fatos recentes. Protestos camponeses em Cúcuta foram selvagemente reprimidos por Esquadrões Antidistúrbios da Polícia, com saldo de 20 feridos e outro tanto detidos. Em Bajo Ariari, departamento do Meta, denunciam fuimigações arbitrárias e indiscriminadas.

Em 18 de novembro é detido por unidades do exército Wilson José Escamilla, líder camponês e presidente da Comissão de Direitos Humanos do distrito La Catalina, no município de La Macarena (onde foram descobertas fossas com mais de 200 cadáveres)

Por outro lado, a ex-diretora do DAS (desde 23 de agosto de 2007 a 23 de outubro de 2008) María del Pilar Hurtado, procurada pela justiça por suas atividades nesse orgão de espionagem dependente da presidência, que fugiu do país para o Panamá e o governo de Martinelli lhe outorgou o asilo político sem mais trâmites.

Outros seis altos funcionários do DAS estão procurando asilo para fugir da ação da justiça. Uribe, inclusive, foi citado a comparecer perante a justiça americana, pelo assassinato de sindicalistas sob seu governo, mas faltou à audiência.

O secretário-geral do Partido Comunista Colombiano e deputado por Bogotá, Jaime Caycedo, realizou uma síntese da situação de seu país em uma apresentação durante uma Conferência Nacional sobre Genocídio e Democracia.

Em seu parágrafo inicial, expressa que o tema crucial é "como colocar fim ao estado de guerra contra a insurgência e contra a população civil, que se expressa no desconhecimento do Direito Internacional Humanitário, nos contínuos bombardeios às zonas povoadas, na criminalização dos opositores, nos desaparecementos e assassinatos de dirigentes do campo, sindicais, nas ameaças, no refúgio interno massivo e na pretendida limpeza social, no aplacar da voz de líderes políticos populares por meio da Procuradoria, enfim, na ação do poder econômico-midiático para fragmentar a oposição democrática ao sistema"

Caycedo traça um grande plano de ação das forças democráticas e populares, e o precede de uma análise reduzida do estado de guerra permanente que atravessa o país. Veremos isso em breve.
Fonte: Vermelho

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