terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Gandaia nacional


<br /><b>Crédito: </b> ARTE PEDRO LOBO

Crédito: ARTE PEDRO LOBO

Juremir Machado no Correio do Povo

Volto ao assunto. Estou obcecado. Quanto mais ouço os defensores de pensões vitalícias para ex-governadores, mais me convenço que se trata de conversa fiada, "enrolation", privilégio e teta. Ninguém pode receber aposentadoria por quatro anos de trabalho. Muito menos por noves meses ou míseros dez dias de interinidade. Pedro Simon justificou-se: não consegue sustentar a família só com seu salário de senador. Uau! Barbada é sustentar a família com o salário mínimo. Ou com salário de professor da rede estadual. Santa Catarina está na linha de frente da farra dos ex-governadores. Depois da farra do boi, a farra dos donos dos bois. Até a filha de um governador do século XIX, Hercílio Luz, recebe. O pobrezinho do Jorge Bornhausen também ganha sua bolsa-ex-governador. Ainda bem. Ou não conseguiria sobreviver.

Os políticos catarinenses são generosos. Com eles mesmos. Aumentaram em 300% o valor da bolsa-mamata de ex-governador e garantiram o benefício para herdeiros. Leonel Pavan ficou menos de um ano no governo de Santa Catarina. Embolsa R$ 22 mil mensais. Santa Catarina gasta R$ 3,1 milhões por ano sustentando nababos. Não seria a hora de o povo catarinense perder a compostura e gritar "vai trabalhar, vagabundo!"? Ninguém é obrigado a ser governador. As pessoas candidatam-se por vaidade, vontade de poder ou pura ambição, tudo isso embalado como desejo de trabalhar pelo bem comum. Durante o mandato, não há gasto. Comem, bebem e viajam por conta dos cofres públicos. Terminada a tarefa, só há uma coisa a fazer: procurar trabalho. Ir para o batente como todo mundo.

Não interessa a importância da função. O Estado não existe para distribuir honrarias com o dinheiro público. Também não interessa que o número de beneficiados seja limitado e que o impacto nas contas públicas seja reduzido. Só interessa isto: não está correto. A mídia precisa repetir isso diariamente. É a única maneira de pressionar essa turma que aprendeu a pensar assim para manter seus mimos: daqui a pouco passa. Que gandaia! Tem gente se fazendo de desentendido para mamar deitado. Em certos países europeus, vereador não recebe salário durante o mandato. Continua a trabalhar normalmente. Imaginem pensão vitalícia para quem deixou o cargo. Estou numa fase direta: os políticos não nos levam a sério, riem da nossa cara, debocham dos eleitores, fazem o que bem entendem e seguem em frente. Para a plebe, correção salarial pela inflação. Para eles, mais de dez vezes acima das perdas inflacionárias. No popular, pois somos amigos, eles estão de sacanagem com a gente, não é mesmo?

A prova de que isso é rapacidade está no fato de que vários acumulam ganhos, inclusive polpudas aposentadorias. Proponho um adesivo para uso em carros: xô, carrapato! Pensando bem, dá para entender. O sujeito passar quatro anos sem sequer estender a mão para abrir a porta. Quando termina, não sabe fazer mais coisa alguma no mundo real. Ainda bem que há exceções. Ou haverá. Infelizmente, não me ocorre um nome agora para citar. Vou sair no Carnaval fantasiado de vaca leiteira. Buuuuuu!

Juremir Machado da Silva | juremir@correiodopovo.com.br

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