terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Entrevista com Jose Clovis de Azevedo, Secretário de Educação


O Secretário da Educação, José Clóvis de Azevedo, propõe uma educação continuada e de inclusão. Diversas são as prioridades da secretaria, que inicia o ano com projetos de inclusão digital, contratos temporários, resgate de bibliotecas e a possibilidade de oferecer aos estudantes e educadores melhor qualidade estrutural e de ensino. Confira a entrevista:




- Quando ocorre a volta as aulas da rede estadual?



José Clóvis: Depende de cada região, porque há um acordo entre estado e município, para que cada localidade, conforme suas características e necessidades defina dentro do período de 21 a 28 de fevereiro, que é o oficial de inicio das aulas.



- Qual a situação do quadro de professores nas escolas? Faltarão professores para este inicio de ano letivo? Quais são as disciplinas com mais evasão de professores?



José Clóvis: Em principio nós temos professores para atender as cidades da rede, tivemos a renovação dos contratos emergenciais que já existiam, e ainda temos uma possibilidade de mais quatro mil contratos para necessidades novas. Poderemos ter problemas em algumas áreas onde há falta de profissionais habilitados, no caso de matemática, química, física, biologia e talvez geografia.



- Uma das prioridades da Secretaria é a política de formação para todos os educadores. De que forma isso vai acontecer?



José Clóvis: Estamos elaborando uma política pra todo estado, uma política de formação permanente do professor, e nós vamos efetivar essa política com as universidades, as públicas e as comunitárias, será uma política que deve atingir todos os professores, pelo menos serão abertas oportunidades a todos para que se mantenham estudando, atualizados, com cursos de curta duração, especialização, inclusive mestrado profissional e também licenciaturas para aqueles que têm bacharelado nessas áreas de falta de professores que queiram fazer a formação pedagógica.



- Em relação aos contratos temporários, quanto tempo eles duram e onde os profissionais podem se informar sobre as vagas oferecidas?




José Clóvis: As vagas estão dimensionadas nas coordenadorias regionais, que poderão dar todas as informações. São contratos feitos por um ano e dependendo da necessidade, poderão ser renovados para o ano seguinte. Já estamos pensando em concurso público para este ano, para que no próximo ano possamos nomear novos professores e diminuir o número de contratados. O contrato é uma relação de precariedade do estado e do profissional de educação, não é uma situação confortável para nenhum dos dois.



- O que significa o resgate das bibliotecas?




José Clóvis: Nós temos uma precariedade muito grande nas nossas bibliotecas. Estamos desatualizados, com um acervo muito modesto, sem pessoal, inclusive muitas delas com condições físicas precárias, infiltração de umidade em locais inadequados, sem estímulo à consulta, à leitura. Assim, essas bibliotecas acabam não cumprindo a sua função, de ser uma fonte de cultura, formação e informação para alunos e professores. Nós queremos transformar as bibliotecas num ambiente adequado ao estudo, a formação, ao desenvolvimento intelectual dos nossos alunos e professores.



- Quais são as prioridades da secretaria de educação na atual gestão?



José Clóvis: Nós temos um objetivo que é a educação de qualidade social, uma educação que tenha qualidade e dialogue com a cidadania, com a formação de um sujeito com consciência social, identidade aos conceitos da democracia e com competência técnica, para se colocar no mercado de trabalho e buscar a sua sobrevivência. A partir deste objetivo, temos três eixos, que é a valorização profissional dos educadores, com a busca gradativa da melhoria salarial, a realização de concurso público e a normalização da situação funcional dos professores que tem promoções e mudanças de níveis atrasados. O segundo ponto é a recuperação física das escolas e a modernização tecnológica. E o terceiro eixo é a formação permanente de professores, que vamos fazer em cooperação com as Universidades.



- O governador recentemente conheceu um projeto de inclusão digital, em que cada aluno possui um computador, isso está sendo estudado para o estado?




José Clóvis: Sim, estamos na expectativa de uma conversa que já está marcada para que possamos ajustar o que pensa o governador, com as nossas possibilidades, e verificar as fontes de financiamento que teremos para programar esta política, que é o nosso desejo e está no eixo da inclusão tecnológica. A nossa expectativa é que possamos avançar neste projeto de inclusão digital com um computador por aluno começando por algumas regiões. Como há a possibilidade de um convênio com os países vizinhos, principalmente o Uruguai, nós poderíamos começar, segundo o próprio governador, pela região de fronteira, e pelas regiões do Pronaf e quem sabe a região metropolitana. A partir daí, a cada ano, iremos ampliando este projeto, que pode ser um incremento do projeto Um Computador por Aluno (UCA) do Governo Federal, que ainda é um projeto modesto, experimental, que tem em apenas 22 escolas do Rio Grande do Sul. Nós podemos fazer uma transversalidade com esse programa Federal e colocar o RS na ponta da inclusão digital, tendo a escola como centro neste processo de inclusão.



- De que forma avalia a situação da educação no Rio Grande do Sul?



José Clóvis: A educação do Estado tem muitas coisas boas, nós temos escolas, mesmo em situação de precariedade, com a produção pedagógica excelente, com inovação e dedicação dos professores. Mas também dentro deste contexto, onde nós encontramos muitos pontos positivos, temos muitos problemas. Vários professores dedicados e animados, mas também temos professores com a autoestima muito rebaixada, desanimados, sem atualização e que em função disso não conseguem ter uma produção que dialogue com a necessidade da qualidade de ensino. E por que os professores estão assim? Por um quadro que se agrava nas últimas décadas, que é a degradação física nas escolas, a falta e precariedade dos insumos pedagógicos e a questão salarial quem tem colocado muitas dificuldades na própria sobrevivência dos professores. Precisamos recuperar a saúde do ambiente escolar, que passa pela recuperação física, melhoria material e recuperação psicológica dos nossos educadores, para que melhore sua autoestima, para que eles se envolvam de forma motivada com o nosso projeto educacional.

2 comentários:

Naty Furiosa disse...

eu acho que o ensino da escola pública deveria ser menos precário, as escolas deveriam disponibilizar de todas as matérias, ter cursos, e bibliotecas mensalmente renovada, há muitos livros bons e que nunca estão disponíveis, sem falar na quantidade de alunos em uma sala, impossibilitando o ensino e claro enchendo o saco do professor que por consequência fica com baixo auto estima e não tem um encorajamento na hora de entrar na sala, com essa entrevista eu vi alguns pontos positivos contrastando com vários negativos, ainda há muito o que melhorar meu senhor. :D beijos.

Unknown disse...

Acredito em uma educação transformadora, que aposte na valorização do ser humano, uma escola cidadã e fraterna, que resgate a autoestima dos educadores e também dos educandos. É preciso que o aluno veja no educador um exemplo de cidadão comprometido com o social. Não há mudanças que possam ser efetivadas sem a passagem pela educação. Meu coração se alegra ao ver na figura do Zé Clóvis, homem atuante na educação do estado, uma esperança concreta de revitalizar as escola e o sistema educacional público. Parabéns ao Partido dos Trabalhadores pela escolha excelente!

Hilda Elizabete A.Silva