sexta-feira, 20 de maio de 2011

Base militar tornou “sem ilha” o povo chagassiano


Brizola neto no TIJOLACO

Um drama ocupa hoje espaço de destaque na edição de hoje do jornal inglês The Guardian.
É o sofrimento do chagassianos, antigos habitantes do Arquipélago de Chagos, a leste da costa africana, a meio caminho da Ásia.
Mais de duas mil pessoas foram “removidas” das ilhas, entre 1967 e 1973 para as ilhas Maurício. A finalidade foi usar a maior de suas ilhas, Diego Garcia, como base aérea e naval  dos EUA , com estruturas de apoio inglesas nas demais ilhas. Quem não aceitou a “remoção” foi embarcado à força e aprisionado nas Ilhas Seychelles, hoje um famoso paraíso fiscal.
A desocupação das ilhas incluiu até um sui generis “fuzilamento de cachorros”, matando os animais de estimação dos moradores para intimidá-los
De lá, partiram bombardeiros para a guerra do Iraque.
Os tribunais ingleses reconheceram a posse indevida das ilhas, mas recusaram a devolução de Diego Garcia, sob o argumento que o arrendamento da ilha aos EUA era válido.
A base é estratégica e, para mantê-la, vale até uma aliança com os ambientalistas.
Um telegrama vazado pela Wikileaks mostra que a  transformação das  ilhas em “área marinha protegida”, que encantou os ambientalistas,  revelou que um alto funcionário do Ministério dos Negócios Estrangeiros britânicos tinha dito a seus colegas americanos a criação da reserva “poria fim aos pedidos de reinstalação dos antigos moradores do arquipélago”.
O funcionário, identificado como Colin Roberts, diretor de territórios ultramarinos, observou que o  “lobby ambiental   é muito mais poderoso do que o dos defenores dos chagossianos “, e acrescentou que o governo britânico não queria “nenhum Sexta-Feira (o personagem de Robinson Crusoé) nas ilhas.
Alguns dos chagassianos voltaram, de visita, às suas ilhas, e encontraram ruínas de suas antigas casas.
Em pleno século 21, as chagas do colonialismo, por vezes, aparecem de forma impressionante.

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