domingo, 22 de maio de 2011

TV COMUNITÁRIA (DF), RESISTÊNCIA REVOLUCIONÁRIA


Cesar Fonseca/www.independenciasulamericana.com.br
Extraido do sitio PATRIA LATINA

cESAR fONSECA
O espaço da liberdade de expressão conquistado pela TV Cidade Livre é uma vitória expressiva dos movimentos sociais pela construção da cidadania comprometida com os valores nacionalistas expressos na cultura, na política, na economia, mobilizando o espírito de participação e defesa do patrimônio público, indo além do indiividualisomo e o do egoísmo característicos do modelo de comunicação vigente nas tevês abertas, compromissado tão somente com o lucro e não com a verdadeira qualidade de vida que implica em consciência de si dos valores sociais que se impregnam no indivíduo para a sua construção verdadeiramente coletiva. É essa ação revolucionária da TV Comunitária que incomoda os conservadores do pensamento neoliberal, consumidores da cultura e valores importados na tentativa de eternizar colonialismo cultural no Brasil. A resistência contra esse estado de coisas completa agora 13 anos de lutas e promete seguir adiante com força renovada. Saravá.

TV Cidade Livre, TV Comunitária DF: 17 de maio, 13 anos de existência, de luta, de resistência, de insistência contínua capazes de fazer valer um outro olhar para a comunicação brasileira, comprometido, substancialmente, com os movimentos sociais em toda a sua variedade cultural, autêntica. Uma África! Trata-se de um dos empreendimentos mais gigantescos verificados no Brasil no campo da comunicação popular, esse espaço que ganha, com o tempo, uma soberania espetacular, mas que, também, enfrenta grandes ataques, até mesmo de onde não se imaginaria, como é o caso do Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Distrito Federal, para afirmar o pensamento livre, comprometido com a liberdade total de expressão, colocada a serviço dos interesses populares, totalmente, excluídos das programações das tevês abertas, privadas, comprometidas, essencialmente, com o lucro e não com a educação verdadeira, voltada para a formação da consciência relativamente à afirmações dos valores humanos. O que se pode considerar espírito revolucionário? Certamente, é aquele que cultiva os interesses do povo brasileiro para além dos interesses particulares e se articula, do ponto de vista da comunicação, com essa missão maior, organizando, debatendo, abrindo-se à participação, à polêmica, à promoção de oportunidade para as vozes que não têm acesso na grande mídia nacional a fim de expor sua verdadeira consciência, de modo a colaborar na formação da cidadania autêntica. Durante o período de existência da TV Comunitária, pode-se, tranquilamente, dizer, que se praticou, levando em consideração os valores nacionais, uma resistência revolucionária. Tanto é verdade que forças poderosas em diversas ocasiões se mobilizaram para calar sua voz. Inventaram, inicialmente, desculpas fajutas, relacionadas à questão institucional do veículo, no contexto legal, porém, tais investidas não ocultaram e continuam não ocultando a verdadeira causa, que é o incômodo provocado pela tevê popular de insistir em abrir seu espaço com as opiniões daqueles que são excluídos por um modelo de desenvolvimento econômico e social concentrador de renda e poupador de mão de obra, empenhado, com a ajuda da grande mídia conservadora e reacionária, em dificultar a democratização da informação. O que se verifica como predominante, com o apelido de informação democrática, anunciada pelos grandes proprietários, é uma ação informativa oligopolizada, um pensamento único, em essência, no plano político e econômico, que veicula as razões dos grandes anunciantes, que, no caso brasileiro, são os principais bancos, cuja ação nefasta se expressa na vigência de uma taxa de juro mais alta do mundo, escravizando a nação.

Espaço do trabalhador


Para o deputado Wasny de Roure, que organizou solenidade para homenagear a TV Cidade Livre, totalizando mais de 400 pessoas, entre as quais sindicalistas, diplomatas, políticos, integrantes dos movimentos sociais, empresários etc, o espírito combatente das tevês comunitárias germina a verdadeira mudança social à qual todos devem se submeter por estar ali o recado essencial da evolução cultural, econõmica e política da sociedade. Nesse sentido, disse, a TV Comunitária cumpre papel relevante que as tevês comerciais desdenham por estarem comprometidas com a lucratividade acima do bem e do mal e não com a formação da verdadeira cidadania que unifica o sentimento popular para a ação transformadora.
Se pinta uma tevê capaz de debater abertamente essa questão pela voz da comunidade, que se organiza conforme as lutas de classes no ambiente capitalista, evidentemente, todas as forças do mundo se unem contra tal propósito. Esse é o verdadeiro motivo que mobiliza os inimigos da TV Cidade Livre, o espaço que se amplia da cidadania para se organizar em favor dos seus direitos, nos bairros, no trabalho, nos sindicatos, nos partidos, como movimento de criação da verdadeira democratização. Os feitos desse novo veículo que se articula com grande dificuldade, mas com extraordinário vigor, com a alegria da infância e a serenidade dos velhos experientes, de forma tenaz e emocionante, são enormes, abrangendo uma gama diversificada de ações. Contudo, acreditamos que o valor substancial, supremo da TV Comunitária é o de abrir seu espaço para os trabalhadores. Os sindicatos estão ali presentes, levando suas lutas, no dia a dia, espraindo-se pela cidade, pelos bairros, pelas ruas, pelas comunidades, com total liberdade. Grande incômodo para a grande mídia, que trata o movimento social como algo abstratamente estético, como um ideal construído no exterior da realidade, sem sangue, sem vibração. No canal comunitário, não. Vibram as consciências, que se forjam no processo de construção do empreendimento de comunicação popular, organizado em assembléias representativas dos segmentos sociais variados, dispostos à luta, à participação, à construção coletiva etc. A cultura popular está presente de maneira intensa, o sentimento integracionista latino-americano é amplo, os movimentos nacionalistas, alí,  se constroem nas propostas que brotam dos debates, como a defesa da energia brasileira para os brasileiros, a proteção das matérias primas estratégicas, como o nióbio, alvo da cobiça internacional, dada sua utilização fundamental na industrialização estratégica dos componentes da comunicação e da automação, etc. Sobretudo, a tevê popular se bate pela integração econômica sul-americana, pela criação de uma consciência continental que se expresse no parlamento sul-americano, no tribunal de justiça sul-americano, no banco central sul-americano, nas forças armadas sul-americanas, capazes de coordenar interesses integracionistas, na moeda sul-americana, a fim de que se possa fugir da ditadura do dólar furado que se encontra em crise total na bancarrota financeira capitalista. Enfim, o debate desabrido de todas essas questões tem ido ao ar com os recursos modestos, muito inferiores aos que estão ao alcance dos veículos comprometidos com o interesse do capital, mas faz um barulho forte e assustador para as consciências infelizes, preocupadas e comprometidas, tão somente, com a expansão do egoísmo, do individualismo, do espírito diversionista, empenhado em atacar os que se põem contra investidas anti-nacionalistas racistas e promotoras da exclusão social.

A construção da revolução


Abnegado defensor da tevê pública por entender que somente por meio dela o interesse público se realiza com verdadeira liberdade e participação popular, sobrepujando o interesse econômico e a gama de iniciativas interesseiras que ele carrega, dada sua natureza intrínseca individualista e egoísta, Beto Almeida, desde o primeiro momento, em 1986, engajou-se de corpo e alma no projeto da tevê comunitária com a dedicação total, buscando sempre a articulação com os movimentos sociais, a fim de dar ao empreendimento o verdadeiro sentido que ele carrega, o de ser o veículo de expressão do trabalhador brasileiro.

Tremendo carregador de piano, entusiasta, vibrante, engajado, articulador dos grupos sociais e mobilizador das principais lideranças das classes sindicais, para que seu pensamento se expresse genuinamente no canal comunitário, configurando espírito de classe do trabalhador ao veículo de comunicação, fazendo a diferença em relação à mídia nacional, Paulo Miranda, pode se dizer, é a verdadeira alma da TV Cidade Livre. Por ela, sacrifica tudo, a fim de formar em torno de si uma conjugação de fatores que acabou transformando a TV Cidade Livre, no verdadeiro espaço da liberdade radical.
























Um grupo de abnegados tem se postado, bravamente, heroicamente, no comando das operações da TV Comunitária, para dar sequências decisões democráticas tiradas das assembléias amplamente representativas. Como sempre acontece nos empreendimentos humanos, existem aqueles gigantes que não deixam a peteca cair e em torno dos quais os resistentes se unem para levar adiante a grande luta. Nesse sentido, deve-se fazer justiça aos jornalistas Beto Almeida e Paulo Miranda, verdadeiros apóstolos do espírito comunitário que anima a  TV Cidade Livre, coordenando as ações, distribuindo bolas, arregimentando outros abnegados como eles para levar adiante a tarefa hercúlea, de manter no ar, 24 horas por dia, a comunicação a serviço do trabalhador. As novas etapas que estão por vir, certamente, serão coroadas de sucesso, mas de muito combate por parte dos resistentes ao espírito libertário. A iniciativa, anunciada por Beto, na solenidade de comemoração do aniversário da tevê popular, na Assembléia Distrital, convocada pelo deputado Wasny de Roure(PT-DF), de abrir-se mais amplamente a tevê para a comunidade, para a ampla mobilidade dela em organizar-se para produzir o seu próprio conteúdo comunicacional, é algo absolutamente revolucionário. Ao mesmo tempo, cuidar de preservar a memória popular da capital é outra jogada de comunicação genial, porque as gerações mais velhas, como acontece nas comunidades indígenas, dispõem do DNA comunitário que deve ser passado adiante, às gerações presentes e futuras, com seus ensinamentos, suas lutas, vitórias e derrotas, de modo a servir de lição para novas etapas de luta. O aprofundamento da visão comunitária sintonizada com a herança cultural intensa que carrega as gerações que lançaram as sementes do próprio saber comunitário significam um plano de trabalho que finca raízes profundas no campo social e político, configurando o modo de ser de uma sociedade que se constroi por si mesma, conscientemente, manejando seus próprios instrumentos de libertação, visto que comunicar é libertar, desde que essa comunicação, como a empreendida pela TV Comunitária, não tenha  seu compromisso com o lucro, mas , fundamentalmente, com a libertação da consciência popular. O canal de comunicação verdadeiro dos trabalhadores em que se transformou a TV Comunitária, agora, reproduzindo o noticiário da TV do Trabalhador, diariamente, representa uma lição da verdadeira lei do valor-trabalho, ancorada na consciência de que o trabalho é valor que se valoriza em favor do próprio trabalhador. Há algo mais revolucionário do que isso no ambiente televisivo nacional totalmente descomprometido com a ética do trabalhador? Salve a TV Comunitária!

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