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terça-feira, 6 de dezembro de 2011

Blogosfera pode reviver jornalismo "heroico"

Franklin Martins no PORTAL VERMELHO


O jornalista e ex-ministro-chefe da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom), Franklin Martins, defende a necessidade de a blogosfera avançar na produção de reportagens. Ele acredita na retomada do que ele chama de "período heroico do jornalismo" com a ampliação do papel da internet como fonte de informação pela sociedade

Franklin, que ocupou o cargo no segundo mandato do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, fez um discurso assumidamente otimista sobre o horizonte da comunicação no país. Ele participou do seminário "Mercado Futuro de Comunicação", organizado pela Associação Brasileira de Empresas e Empreendedores da Comunicação (Altercom) em São Paulo, nesta segunda-feira (5). O evento é voltado a discutir as oportunidades do setor nos próximos anos, especialmente para pequenas e microempresas.

Falando a um público de editores de publicações alternativas, produzidas fora de conglomerados de mídia, o jornalista defendeu a necessidade de se evitar o estigma da segmentação. "Ser alternativa não é segmento, é fazer jornalismo alternativo, de grande qualidade onde o espaço público prevaleça sobre o privado", definiu.

A blogosfera, avaliou, embora cumpra uma importante função de "grilo falante" da imprensa, como Martins se acostumou a defender, "não conseguiu avançar na reportagem". A maior parte da produção vai no sentido de qualificar ou desqualificar o conteúdo publicado pela velha mídia, o que foi importante para revelar a verdade em episódios como o plágio de um artigo do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ) em maio de 2010, e o que ficou conhecido como o "caso da bolinha de papel" atirada em José Serra (PSDB) durante a campanha eleitoral do ano passado.

O jornalista avalia ainda que a redução de custos para produção de conteúdo permite uma democratização importante, que precisa ser aprofundada com a criação de alguma forma de central de reportagem autônoma. O modelo seria o de uma central de uma rede de veículos que captaria recursos, absorveria e remuneraria a produção. O conjunto de publicações na internet, seja de portais de notícia, seja de blogues, reproduziria as reportagens, permitindo ampliar a visibilidade da produção. "Sozinho, ninguém tem 'bala na agulha' para isso", avalia.

O ministro citou reportagens importantes já produzidas por blogueiros autônomos como sinal de que é possível avançar nesse sentido. O primeiro exemplo foram matérias escritas por Conceição Oliveira (do blogue Maria Frô), sobre as enchentes em São Paulo no início de 2011. O segundo, mais recente, foram informações apuradas pelo deputado federal Brizola Neto (PDT-RJ) e pelo jornalista Fernando Brito sobre o acidente da Chevron na Bacia de Campos, no Rio de Janeiro.

"Isso mostra que a blogosfera pode fazer isso, pode ir atrás de assuntos que a velha mídia não dá, seja porque não tem interesse em apurar, seja porque está cansada", sugere. "A blogosfera vai ter bala na agulha para isso? Será que pode ter uma central de reportagem, que capte recursos para isso, bancada politicamente por todo mundo?"

Ele avalia que o desafio é superar a opinião e entrar na seara da informação. "Mas o jornalismo heróico (do século 19) começou igualzinho, com muita opinião e pouca informação", disse. A necessidade de mudar deveu-se a demandas do público e da necessidade de se preservar a relevância.

O papel que cabe aos conglomerados de comunicação no Brasil depende da forma como essas empresas se comportarem. "Se a imprensa ficar de mal com o país, não vai a lugar nenhum, não manda em nada. Se pensar que Bolsa Família é 'bolsa-esmola', se for contra o Plano Nacional de Banda Larga, não chega a lugar nenhum", disse.

Mas ele descarta a possibilidade de a internet eliminar os jornais e revistas – embora possa eliminar a necessidade de impressos em papel. A questão é a necessidade de forjar um espaço público onde temas são trabalhados com mais profundidade e menos parcialidade. "Mas os jornais no Brasil são muito ruinzinhos, não se pautam pelo imponderável da notícia, mas pelos seus próprios preconceitos", sustenta.

domingo, 4 de dezembro de 2011

O homem que dá tapas na cara dos liberais

  Juremir Machado no CORREIO DO POVO

Paul Krugman é Prêmio Nobel de Economia.
Parece que esse prêmio tem outro nome.
Mas é assim que o mundo, inclusive o econômico, o vê.
Krugman escreve no pouco importante New York Times.
A poderosa Folha de S. Paulo o reproduz.
Outros no Brasil fazem o mesmo.
Toda semana Krugman dá uma bofetada na cara dos perfeitos idiotas neoliberais latino-americanos.
Na verdade, dá uma bofetada na cara dos perfeitos idiotas liberais do mundo inteiro.
Um exemplo sobre a crise europeia:
“Como as coisas deram tão errado? A resposta que você ouve o tempo todo é que a crise do euro foi causada por irresponsabilidade fiscal. Ligue sua TV e você provavelmente encontrará algum especialista declarando que se os Estados Unidos não cortarem gastos, nós acabaremos como a Grécia”.
A bofetada: “Mas a verdade é quase o oposto. Apesar dos líderes europeus continuarem insistindo que o problema é o gasto excessivo nos países devedores, o problema real é gastos insuficientes na Europa como um todo. E seus esforços para consertar as coisas, exigindo austeridade cada vez mais dura, têm exercido um grande papel no agravamento da situação”.
Uau!
Toda vez que ouvir um especialista na televisão dizendo que ar arrogante que o problema é o excesso de gastos, pense em Krugman e tenha a certeza de que está vendo um ideólogo cego pela sua ignorância falar.
Não se sinta intimidado.
Toda vez que ouvir a propaganda daquela campanha de gasolina com imposto zero, saiba que é demagogia.
Não existe nem pode existir (nem deve) imposto zero.
Mais uma porrada de Krugman do seu artigo mais recente:
“A propósito, grande parte dos empréstimos foi concedida ao setor privado, não para governos. Apenas a Grécia apresentava grandes déficits orçamentários durante os anos bons; a Espanha na verdade apresentava superávit às vésperas da crise. Então a bolha estourou. Os gastos privados nos países devedores caíram acentuadamente. E a pergunta que os líderes europeus deveriam ter feito era como impedir que esses cortes de gastos causassem uma recessão por toda a Europa. Em vez disso, eles responderam aos inevitáveis aumentos de déficit, causados pela recessão, exigindo que todos os governos –e não apenas os dos países devedores– cortassem gastos e aumentassem impostos. Os alertas de que isso aprofundaria a recessão foram rebatidos. “
A Europa, diz Krugman, precisa aceitar um pouco mais de inflação para sair do buraco.
Como é que deram um Nobel de economia para um ignorante desses?
Como é que não deram o Nobel para os articulas da Veja, que só falam em cortar gastos?
Krugman bate no fígado: “A combinação de austeridade para todos e uma obsessão mórbida do banco central com a inflação impossibilita que os países devedores escapem da armadilha da dívida, o que é uma receita para vários calotes de dívida, corridas aos bancos e colapso financeiro geral. Eu espero, para nosso bem assim como para o deles, que os europeus mudem de curso antes que seja tarde demais. Mas, para ser honesto, eu não acredito que mudarão. Na verdade, é muito mais provável nós os seguirmos na trilha para a ruína”.
Esse sujeito é um perigo.
Ousa contestar tudo o que nossos pseudo-especialistas afirmam todos os dias com ares de responsáveis, sérios, ponderados, equilibrados, conhecedores, engravatados e o escambau.
O soco do nocaute:
“Assim, da próxima vez que você ouvir alguém dizendo que se não cortarmos gastos nós nos transformaremos na Grécia, sua resposta deve ser a de que se cortarmos gastos enquanto a economia ainda está em depressão, nós nos transformaremos na Europa. De fato, nós já estamos a caminho”.
Nada como uma boa credencial.

sábado, 26 de novembro de 2011

PT assume a luta pelo marco legal das comunicações

Renato Rovai em seu blog

Ontem fiquei o dia inteiro no Hotel Braston participando do seminário do PT que reuniu aproximadamente 20 entidades para discutir o marco legal das comunicações. Segundo meu amigo Altamiro Borges, presidente do Barão de Itararé, foi um dia histórico. Na avaliação a dele, entrada do PT com sua força social e parlamentar na construção de uma proposta para regulamentar o setor modifica a correlação de forças e dá novo gás ao movimento pela ampliação da democratização na área. Aliás, destaque necessário, Miro e Renata Mielle, que são do PCdoB acompanharam o seminário do seu primeiro ao último minuto. Como também o fez o presidente do PT, Rui Falcão. Ele não arredou pé do plenário, anotou trechos de falas, interveio quando achou conveniente e disse que considera importante que se construa uma campanha para debater o tema no ano que vem.
A ausência de representantes do ministério das Comunicações no evento, em especial do ministro Paulo Bernardo, foi o fato a lamentar. Bernardo tem assumido uma posição de distanciamento estranha e desnecessária com o campo que defende o debate do marco legal e um PNBL mais amplo e menos teles. Enquanto tem se reúnido constantemente com o mercado, desmarcou o último encontro agendado com o movimento social do setor e nunca mais tratou de remarcá-lo.
No evento de ontem, apresentei pela Altercom, em conjunto com João Brant, do Intervozes, um estudo sobre a legislação de comunicação de quatro países: EUA, França, Reino Unido e Portugal.
Levantamos os seguintes aspectos dessas legislações: 1) Arquitetura institucional; 2) Princípios e objetivos; 3) Concentração; 4) Sistema público e mídias comunitárias; 5) Pluralismo e 6) Diversidade; 7) Proteção de Direitos. Esse estudo teve por objetivo mostrar que a legislação brasileira é não só atrasada, como também pontuar que o que estamos debatendo no Brasil não tem nada de revolucionário ou muito menos tem qualquer intenção de controlar ou censurar a mídia. É algo que outros países de legislação de inspiração liberal já adotam. Segue o estudo que foi baseado num documento anteriormente preparado pelo Intervozes e nos depoimentos de representantes desses países no seminário de Convergência de Mídias que aconteceu, em dezembro de 2010, em Brasília.
Antes, porém, como fui um dos que contribuiu na organização deste seminário, queria agradecer a todos que foram ao evento, em especial aos palestrantes, e destacar o importante papel que teve o meu amigo Glauber Piva para que o evento acontecesse.
EUA, Reino Unido, França, Portugal e suas legislações de comunicação
1) Arquitetura institucional
Estados Unidos – FCC – agência única para radiodifusão e telecomunicações.
Reino Unido – Ofcom – agência única para radiodifusão e telecomunicações e vários mecanismos de participação social. Tem uma comissão só para tratar de conteúdo.
França – Tem duas agências. ARCEP (telecomunicações) que faz a regulação concorrencial e distribuição de frequências. E a CSA, que trata de missões sociais e culturais sobre os conteúdos audiovisuais (no caso de um conjunto organizado de imagens e sons acessíveis ao conjunto do público a um mesmo momento – excluindo sempre conteúdo gerado pelo usuário) e competência econômica de regulação.
Portugal – Também tem duas agências. Anacom (telecomunicações) e ERC (comunicação social – incluindo qualquer plataforma).

2) Princípios e objetivos
Estados Unidos
  • Regular comunicações interestaduais e internacionais do país, seja por rádio, televisão, cabo, satélite e redes telemáticas.
  • Assegurar o fornecimento universal de serviços básicos de comunicação tornando-os acessíveis a todas as pessoas.
  • Fazer cumprir as leis, emitindo normas infralegais e aplicando sanções nas empresas concessionárias.
Reino Unido
  • Disponibilizar em todo o Reino Unido de serviços de rádio e televisão que primem pela qualidade e variedade de gostos e interesses.
  • Manutenção de uma pluralidade suficiente de fornecedores de diferentes serviços de televisão e rádio.
  • Aplicação, no caso de todos os serviços de rádio e televisão, de normas que assegurem uma proteção adequada aos cidadãos quanto à veiculação de conteúdo ofensivo e prejudicial.
  • Aplicação, no caso de todos os serviços de rádio e televisão, de normas que assegurem uma proteção adequada ao público, seja no que se refere ao tratamento injusto em programas e também no que diz respeito à violação injustificada da privacidade.
França
  • Monitora o respeito ao pluralismo político e sindical sobre as antenas.
  • Deve assegurar a proteção dos espectadores e ouvintes jovens.

3) Concentração
Estados Unidos – Uma pessoa não pode possuir uma estação de radiodifusão (rádio ou TV) e um jornal diário quando o serviço da estação de TV cobre a cidade de publicação do jornal.
Reino Unido – Nenhuma pessoa pode manter, ao mesmo tempo:
  • Uma licença de rádio analógico local;
  • Uma licença de um dos principais canais privados de TV cuja audiência potencial inclua 50% da audiência do serviço de rádio analógico; e
  • O maior jornal local.
França – Uma série de regras cruzando audiência, alcance e propriedade.
Propriedade cruzada – Ninguém pode deter mais que duas das seguintes posições:
  • Ter licenças de TV que alcancem mais de 4 milhões de pessoas
  • Ter licenças de rádio com audiência potencial maior que 30 milhões
  • Ser editor ou proprietário de jornais diários com participação de mercado de mais de 20%
Portugal – Forte controle de aquisição de direitos exclusivos. Estabelece tipos de licença: internacional, nacional, regional ou local.

4) Sistema público e mídias comunitárias
Estados Unidos – Reserva 25% do espectro para mídia pública e permite que emissoras comunitárias ocupem espaços vazios no espectro.
Reino Unido – Dá espaço considerável para rádios comunitárias, com alcance de até 5 km, pode ter até 50% de verbas oriundas de publicidade.
França e Portugal – Regras específicas para o sistema público, forte financiamento, conselhos de programação, pluralidade.
5) Pluralismo
Estados Unidos – Manteve por décadas a ‘fairness doctrine’, que impunha equilíbrio na cobertura de temas de interesse público. Esta lei caiu durante o Governo Reagan.
Portugal – Rigor e existência de contraditório, direito de resposta, direito de antena e direito de réplica política.
Reino Unido – Exige a devida imparcialidade e a devida precisão no jornalismo praticado em meios sob concessão pública. Impede indevida proeminência de pontos de vista e opiniões.
França – Busca honestidade e equilíbrio de pontos de vista e opinião. Conta tempo dedicado às falas da oposição e define equilíbrio de cobertura de acordo com representatividade. Televisões e rádios devem respeitar a expressão pluralista de correntes de pensamento e opinião. A oposição não pode ter menos da metade das falas dedicadas à base do governo nas mídias. E prevê direito de antena para organizações sociais.

6) Diversidade
Estados Unidos – Praticamente não há. Isso também se explica porque os EUA não tem problema com a invasão de produções culturais estrangeiras.
França – Tem cotas de programas para filmes franceses e europeus. Leva em consideração para o que vai ao ar a diversidade de origens e de culturas da comunidade nacional.
Reino Unido – Cotas para produções europeias. Promove equidade de oportunidades nas áreas de deficiência, gênero e raça. Promove diversidade, inclusive linguística, entre Inglaterra, Escócia, Gales e Irlanda do Norte.
Portugal – Cotas de produção europeia e de produção independente. Estabelece uma série de obrigações e estímulos nos cadernos de encargos das licenças.

7) Proteção de direitos
Estados Unidos – Restringe-se ao controle de transmissão de material impróprio (indecente, obsceno, etc.).
Portugal – A proteção de crianças e adolescentes, de direitos de personalidade (reserva da vida privada e da intimidade, direito à honra, etc.) e de grupos minoritários. Não permite incitação ao ódio racial, religioso, político ou gerado pela cor, origem étnica ou nacional, pelo sexo ou pela orientação sexual.
Reino Unido – Proteção de menores de 18 anos; danos e ofensa; crime; justiça e equidade; privacidade; patrocínio; temas comerciais. Proteção aos indivíduos e organizações afetados por um programa (entrevista, participação etc.). Proteção de raça, gênero e nacionalidade.
França – Protege a infância e a adolescência e também contra discriminação de raça, gênero, religião ou nacionalidade.

terça-feira, 15 de novembro de 2011

Êta midia podre!!

Camaradas, tirei uma "folga" do trabalho e fiz um retiro longe da internet. Mas como chovia muito e acabei ficando em casa, numa praia, com meus filhos, companheira e amigos, não resisti e acabei ouvindo alguns programas das rádios de Porto Alegre. Gente, é de arrepiar...os "donos" dos programas batiam o tempo todo no Governo da Dilma, e do Tarso, aqui no RS.escutei um pouco de cada e somente apreciei mesmo foi o programa da beatriz Fagundes da Radio Pampa. Ela se mostra isenta, faz críticas contundentes ao governo municipal e estadual, embora se apresente como tendenciosa, pois diz que votou no Tarso e na Dilma, mas mantém a dignidade e leva muito "pau" dos ouvintes. Outro que  admiro muito pelos seus posicionamentos, tanto politicos quanto socias é o Juremir Machado da radio guaiba. O sujeito faz um programa junto a um "bando" de papagaios do PIG e consegue ser respeitado e manter suas opiniões...mas enfim, é isso que temos como instrumento de dominação cultural.
Portanto temos que fortalecer nossa midia alternativa, nossos blogs, serão nossas ferramentas de subversão, de contraponto e de gerador de consciência crítica.

segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Como identificar e tratar trolls e seus “parentes”


Como parar de se importar com os trolls e seguir a vida

por Whitson Gordon, em Gizmodo Brasil

Você os vê em todo lugar que vai na internet: usuários anônimos que nunca têm nada a dizer além de comentários grosseiros, mal-educados e fora do assunto, cujo único propósito é te deixar com raiva. A única cura é parar de se importar, mas isso nem sempre é fácil na prática. Vejamos algumas dicas.
A palavra “troll” enquanto verbo da língua inglesa, deriva de uma técnica de pesca que consiste em jogar uma isca na esperança de fisgar um peixe – que é exatamente o que os trolls de internet fazem. Eles usam frases grosseiras e outras técnicas para tentar “fisgar” alguém, o que acontece quando a pessoa fica irritada e responde. O único objetivo deles é te irritar, assim como o seu irmão fazia quando te cutucava sem parar ou repetia tudo o que você dizia. Eles frequentemente se associam a pessoas poderosas para sentirem-se também mais poderosos.
A atividade de trollar na internet começou nos newsgroups da Usenet há muito tempo, mas hoje eles estão por todos os lugares. Fóruns, YouTube,  blogs, Twitter, Facebook. O problema é que atualmente todos nós estamos sujeitos aos trolls. Isso significa que ignorá-los se torna cada vez mais difícil, já que você tende a estar mais emocionalmente investido nas coisas que diz, e também que eles têm muito mais mídias por onde atacar. Estas são algumas das coisas que podem te ajudar a criar uma resistência aos trolls e parar de se preocupar com o que os malditinhos estão dizendo na internet.

A regra de ouro: não alimente os trolls

Você provavelmente já ouviu essa frase diversas vezes. Ela é a regra fundamental de participação em qualquer comunidade on-line, e não sem razão. Ignorar é e sempre foi, definitivamente, a melhor estratégia. A maioria dos trolls se alimenta do confronto – afinal, seu objetivo único é chamar atenção –, por isso, quanto menos atenção você der a eles, melhor. Se você estiver em um ambiente que tenha estas funções, dê uma avaliação negativa ao comentário, denuncie e/ou bloqueie, depois siga com a sua vida.
É extremamente tentador, mas resista à vontade de responder. Não responda nem mesmo para desmascará-lo como um troll. Mesmo um comentário simples como “favor, pare” ou “vá embora, troll”, chama mais atenção para os comentários dele, engordando a “conversação”, ou mesmo, no caso dos fóruns, mover o tópico para o topo. Se um troll olha para o seu computador um pouco depois e não vê nenhuma resposta, ele vai procurar chamar atenção em outra freguesias. Demonstrar para ele que você pode ser fisgado, mesmo de leve, é pedir para sofrer mais.

Eles não estão atacando você, mas sim o tédio

Uma das maneiras mais fáceis de identificar um troll é pela sua completa falta de razão. Eles são ofensivos de propósito e sem motivo, apenas para causar uma reação em você, em vez de defenderem um ponto de vista genuíno com argumentos relevantes. Nas suas frases, você perceberá uma atitude forte de “eu estou certo e todo o resto do mundo está errado”. Chris Shiflett, do Swiss Miss, explica melhor do que eu:
“A lição que eu aprendi é estar atento com aqueles que se orgulham de não gostar de algo. Os que pensam que criticar é igual a ter bom gosto. Estas pessoas raramente têm bom gosto, então as opiniões delas não importam.
Então, lembre-se: mesmo que o que você tenha feito não seja a melhor coisa do mundo, quem não conseguir falar isso sem um mínimo de simpatia, quem parecer se orgulhar de criticar você, essas pessoas têm opiniões que não importam. Pode muito bem ser o caso de você ter criado uma obra de arte, e eles serem apenas moleques”.
Ele diz que não é necessária nenhuma sofisticação para ser um crítico escroto, e está completamente certo – se não há nada de valor em uma frase, você não deveria dar a esta frase valor nenhum. Não deixe os “haters” te afetar; eles estão raivosos porque estão entediados e sem o que fazer, não porque você tenha feito algo mal feito.

Eles não valem a energia gasta brigando contra eles

No fim das contas, você realmente precisa gastar a sua energia se preocupando com o que meia dúzia de desocupados estão falando sobre você? Não. O blogueiro Scott Stratten explica o conceito de “moeda emocional” e como ele se relaciona com o trato com os trolls:
“Em resumo, você tem uma quantidade limitada de emoção. Ela deve ser gasta com pessoas que a valorizam, que valorizam você, não com um moleque qualquer que está revoltado por qualquer outro motivo e desconta em estranhos na internet. Há muitas pessoas que valorizam muito mais o investimento do seu tempo”.
Só porque a internet está cheia dessas pestes, não significa que ela não esteja cheia de pessoas incríveis também. O tempo que você passa alimentando trolls com as suas respostas é um tempo que você poderia estar gastando tendo discussões importantes com pessoas melhores, ou mesmo fora da internet. Você quer mesmo gastar a sua energia em algo que não traz absolutamente nada de bom?

Aprenda a rir da situação

Uma atitude positiva pode te fazer suportar quase tudo. Apesar de ser possível aprender a se segurar para não responder aos trolls, é quase impossível ignorá-los completamente — mesmo que você tome atitudes para destrollizar a sua internet. A melhor estratégia para manter a sua sanidade intacta é aprender a ter um senso de humor a respeito disso. Pode ser um pouco insensível te aconselhar a simplesmente ficar mais casca grossa, mas o fato é que funciona. Susannah Breslin, uma colaboradora da Forbes, disse uma vez: “se te baterem com frequência na cabeça, você para de sentir”. É bem verdade. Lembre-se que se você é trollado com uma frequência maior, isso significa que as pessoas estão te percebendo em uma posição de poder maior também. Alguma coisa certo você está fazendo.

Como responder, quando você responder

Eu recomendo que você não responda trolls nunca, em hipótese alguma, mas se você acabar fazendo isso, pode tentar evitar a discussão em si. Se você usar a bondade contra eles, vai confundi-los com maior facilidade. O desenvolvedor de software Shlomi Fish explica como, usando o exemplo de um troll que critica uma linguagem de programação em um fórum:
É bem simples:
1. Pergunte a ele o que ele quer dizer:
2. Concorde com ele (usando linguagem mais suave):
Isso fará o troll perder um pouco do gás e quem sabe até se identificar com você.
Alguns podem discordar deste método – eu pessoalmente acho que é melhor ignorar e pronto –, mas se você já estiver preso em um argumento com um deles, pode tentar essa estratégia de ser legal com ele, tal qual um Ursinho Carinhoso, para escapar.

Aprenda a diferenciar críticas construtivas de trollagens

Por último, é importante mencionar que, como eu disse antes, há alguns casos em que alguém pode ser grosseiro e te criticar fortemente, mas fazer isso não por maldade, apenas por falta de tato. Se você conseguir extrair algo de construtivo, ou argumentos válidos, daquele comentário pode valer a pena responder. Ser desagradável não é exatamente a mesma coisa que ser um troll (apesar de todo troll ser desagradável), então às vezes pode ser o caso de dar um voto de confiança para alguém antes de decidir ignorá-lo completamente. Ele pode estar apenas escolhendo as palavras erradas para te criticar construtivamente.
Isso exige um tanto de prática e condicionamento, mas o objetivo principal é simplesmente parar de se importar tanto com o que os outros pensam, especialmente aqueles que não têm nada de útil para oferecer. Se você tiver mais dicas para lidar com trolls, seja na internet ou na vida real, compartilhe com a gente nos comentários.

sábado, 5 de novembro de 2011

Entidades da sociedade civil apresentam plataforma para marco regulatório da mídia



Na mesma linha da deputada Erundina, a jornalista Bia Barbosa, integrante do Conselho de Administração do Intervozes, manifestou pessimismo, no seminário realizado na Ajuris, quanto à possibilidade desse debate avançar no Congresso Nacional. Ela lembrou o caso da Argentina, onde a “Ley de Medios” saiu com muita pressão popular. “Aqui tem que ocorrer o mesmo”, resumiu. Bia Barbosa defendeu a necessidade de discutir inclusive questões relativas a conteúdos, lembrando o caso recente de uma TV na Paraíba que exibiu, ao meio dia, cenas de um estupro de uma criança. “Não defendemos censura prévia para evitar casos como este, mas tem que haver responsabilização para esse tipo de prática. Achei lamentável a declaração da presidente Dilma de que o único controle que interessa é o controle remoto”, disse ainda a jornalista.
O principal temor das entidades da sociedade civil interessadas neste debate, assinalou a representante do Intervozes, é que o processo do marco regulatório seja prorrogado ad infinitum. Bia Barbosa divulgou o endereço www.comunicacaodemocratica.org.br que traz a plataforma da sociedade civil para o marco regulatório da comunicação. O texto é fruto de debates acumulados ao longo das últimas décadas, em especial na primeira Conferência Nacional de Comunicação (Confecom), realizada no final do ano passado, em Brasília. Esses debates foram sistematizados no seminário Marco Regulatório – Propostas para uma Comunicação Democrática, realizado pelo Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), com a participação de outras entidades regionais e nacionais, em maio deste ano, no Rio de Janeiro. A primeira versão do documento foi colocada em consulta pública aberta, recebendo mais de 200 contribuições, que foram analisadas e parcialmente incorporadas no texto.
A Plataforma da Sociedade Civil apresenta quatro razões em defesa de um novo marco regulatório para as comunicações no Brasil: (i) a ausência de pluralidade e diversidade na mídia atual, que estaria esvaziando a dimensão pública dos meios de comunicação; (ii) a legislação brasileira no setor é arcaica e defasada, não estando adequada aos padrões internacionais de liberdade de expressão e não contemplando questões atuais, como as inovações tecnológicas e a convergência de mídias; (iii) a fragmentação da legislação atual, composta por várias leis que não dialogam umas com as outras nem guardam coerência entre si; e (iv) a Constituição Federal de 1988 continua carecendo da regulamentação da maioria dos artigos relacionados à comunicação (220, 221 e 223), deixando temas importantes como a restrição aos monopólios sem nenhuma referência legal, mesmo após 23 anos de aprovação.
O Código Brasileiro de Telecomunicações é de 1962, quando a televisão estava engatinhando no Brasil, lembrou Venício Lima, sociólogo, jornalista e professor da Universidade de Brasília (UnB). As mudanças tecnológicas, observou, são uma das razões para justificar um novo marco regulatório da mídia. Outra muito importante, disse Venício Lima, é dar voz a quem hoje não tem direito a ela. “Só há liberdade de imprensa com muitas vozes, sem monopólio e com a máxima dispersão de propriedade”, defendeu. O professor da UnB também criticou a confusão deliberada feita entre os conceitos de liberdade de imprensa e liberdade de expressão. “Uma coisa é a liberdade individual de expressão, outra é a transformação da imprensa em grandes corporações”.
E a liberdade de expressão, acrescentou Venício Lima, é incompatível com o monopólio no setor. “A propriedade cruzada dos meios de comunicação consolidou grupos empresariais que são proibidos pela Constituição. O mercado de comunicação precisa ter regulação, entre outras razões, para que haja competição entre as empresas e não monopólio”. Paradoxo aparente, a defesa da regulação anda de mãos dadas com um princípio que, em tese, é fundador do capitalismo: a competição. Pela resistência que vem opondo ao debate sobre a regulação, as grandes empresas de mídia parecem ter rompido definitivamente com esse princípio.

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Franklin Martins: Constituição está do lado de quem quer democratizar a comunicação


Franklin Martins recordou a omissão do Congresso em regulamentar o que a Constituição diz sobre comunicação | Foto: Ramiro Furquim/Sul21

Felipe Prestes no SUL21

Cumprir uma série de aspectos previstos pela Constituição de 1988, até hoje negligenciados, seria um enorme passo rumo à democratização dos meios de comunicação. Este foi o entendimento unânime entre os seis palestrantes do painel “Regulação e Liberdade de Expressão”, realizado na tarde desta quinta-feira (3), na Escola Superior da Magistratura (ESM), parte da programação do seminário Democratização da Mídia. Entendimento resumido no gesto do ex-ministro da Secretaria de Comunicação Social Franklin Martins, que brandiu a Constituição ao final de sua fala, ressaltando que para democratizar a comunicação não é preciso defender nada que não esteja previsto pela Carta Magna.
O ex-ministro contou que o jurista Fabio Konder Comparato tem uma ação no STF contra o Congresso, pela omissão dos parlamentares que até hoje não regulamentaram a maior parte dos trechos da Constituição que dizem respeito à comunicação. Já se vão mais de 20 anos. Franklin Martins também jogou duro com os grandes veículos que tentam “interditar o debate” sobre a regulação da mídia.
“Como as leis não são cumpridas, existe um ambiente de vale-tudo. Não querem que haja um debate aberto, público, transparente sobre comunicação”, disse. Esta interdição do debate, feita geralmente com a imprensa acusando quem luta pela regulação de tentativa de censura, também foi fortemente criticada por ele. “Dizer que regulação é censura é conversa mole, para boi dormir. Sou visceralmente contra a censura, lutei contra a ditadura do início ao fim e me orgulho muito disto. Enquanto alguns aceitaram a ditadura, aceitaram até mesmo a autocensura. E quando o povo pediu democracia, se insurgiram contra o povo”.
Interdição do debate
Franklin Martins ilustrou dois momentos em que seu trabalho como ministro foi descontextualizado por meios de comunicação, para que não houvesse um debate claro sobre a regulação da mídia. Um deles foi durante a 1ª Conferência Nacional de Comunicação (Confecom). Naquela ocasião, o ministro deixou muito claro que o governo não adotaria medidas que usassem a expressão “controle social” por considerá-la ambígua. Ao final dos trabalhos, apenas uma das mais de 600 resoluções da conferência tinha esta expressão. “A cobertura acabou sendo toda em cima desta expressão”, contou.
Outro episódio ocorreu quando um seminário trouxe integrantes de órgãos reguladores de mídia de várias partes do mundo para explicar como funciona a regulação em seus países. Segundo Franklin, normas de conteúdo em países como Inglaterra e França tratam apenas de assuntos “extremamente óbvios”, como o respeito à criança e ao adolescente. Ainda assim, novamente grandes veículos da imprensa brasileira falaram em tentativa de cercear sua liberdade.
O ex-ministro ressaltou que grandes empresas de comunicação erram ao não querer debater o tema – algo que fizeram, por exemplo, quando se recusaram a participar da Confecom. Franklin Martins alertou que, com a convergência de mídias, as teles irão engolir as empresas de comunicação caso não haja uma regulação sobre sua atuação.
Pinóquio mente, o grilo falante é sua consciência | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
“Blogosfera é o grilo falante da imprensa”
Martins ressaltou ainda que já vê em curso uma democratização dos meios de comunicação, graças às tecnologias digitais e em especial à internet. Nos últimos anos, os custos de produção baratearam para qualquer mídia, desde a gravação de discos até a produção de filmes. Eliminando barreiras inerentes à mídia impressa, como as de distribuição e impressão, a internet barateou e facilitou muito a disseminação do conteúdo.
Além disto, Martins defendeu que há uma revolução promovida pela blogosfera, que está em comentar e até desmentir rapidamente um conteúdo veiculado pela imprensa. Ele exemplificou isto com dois casos recentes: uma coluna de Roberto Jeferson para a Folha de São Paulo que foi detectada como plágio, e o caso célebre da bolinha de papel durante as eleições presidenciais no ano passado. “Costumo dizer que a blogosfera é o grilo falante da imprensa. Pinóquio pode mentir muito, mas tem o grilo falante lhe dizendo que errou”, disse.
“Se consolidam grupos proibidos pela Constituição”, diz pesquisador
Venício: Constituição proíbe formação de oligopólios de comunicação | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
Como Franklin Martins, os demais painelistas ressaltaram que uma série de leis, ou de trechos da Constituição não regulamentados, se cumpridos, já contribuiriam muito para a democratização dos meios de comunicação. O jornalista e sociólogo Venício Lima ressaltou que é preciso regulamentar vários pontos que estão previstos pela Constituição, como a criação de conselhos estaduais de comunicação. De 1988 para cá, apenas a Bahia já criou seu conselho. Mesmo assim, o fez apenas em abril de 2011, e ainda nem conseguiu instaurá-lo de fato. Agora, o Rio Grande do Sul pode ser o segundo estado a cumprir o que determina a Constituição.
Venício lembrou que a Carta Magna também impede a criação de oligopólios de comunicação. Mas para que isto se dê na prática é preciso regulamentar, por exemplo, a propriedade cruzada. “Se consolidam grupos proibidos pela Constituição e que contrariam uma norma fundamental para a democracia”, afirmou.
A jornalista Bia Barbosa, integrante do Conselho Diretor do coletivo Intervozes, que luta pela democratização da comunicação, saudou o fato de o debate ser promovido pela magistratura gaúcha, tendo em vista que o STF tem sido um ator da desregulamentação da mídia. Em decisões recentes, o Supremo determinou o fim da Lei de Imprensa, que definia o direito de resposta, entre outras questões, e a desregulamentação da profissão de jornalista. “Estou contente porque o debate está chegando a um ambiente em que antes não chegava”, também ressaltou a deputada federal Luiza Erundina (PSB-SP).
Ambas também ressaltaram que o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), está barrando a atuação do Conselho de Comunicação Social do Senado. Órgão previsto em lei regulamentada em 1991, só teve sua criação efetiva em 2004. O conselho é formado por treze integrantes da sociedade civil, com dois anos de mandato cada. Após o final do segundo mandato do Conselho, em 2007, o Senado não nomeou mais ninguém e o órgão está parado desde então. Erundina revelou que já acionou o Ministério Público para que o Senado cumpra a lei.
Bia Barbosa, por sua vez, também ressaltou outros descumprimentos flagrantes da legislação do país. Um deles é o das emissoras que apresentam venda de produtos 24 horas por dia – só é permitida a publicidade em 25% da programação de um canal. O Intervozes tem uma ação na Justiça contra estas emissoras que tramita há quatro anos, sem previsão de final. Além disto, falou sobre as concessões irregulares. Segundo ela, 36 das 39 FMs da Grande São Paulo operam com concessões irregulares. “Algumas operam em uma cidade, mas têm concessão para atuar em outra. Muitas têm concessões vencidas há anos”. Venício Lima também citou uma pesquisa em que 50% de uma amostra de emissoras estavam em nome de laranjas.
Erundina: "Sou uma voz isolada no Congresso" | Foto: Ramiro Furquim/Sul21
O próprio Congresso desrespeita a lei
Vários dos painelistas também citaram uma das maiores afrontas à legislação: o descumprimento dos próprios congressistas da lei que veda a eles serem concessionários de serviços públicos. Não à toa, a deputada Luiza Erundina disse que se sente isolada no Congresso na luta pela democratização da comunicação. Ela revelou que nem seu próprio partido, o PSB, nem seus aliados de primeira hora como o PT e o PC do B apoiaram uma Ação de Inconstitucionalidade contra as concessões de radiodifusão de deputados e senadores – apenas o PSOL assinou a ação.
Erundina contou também que os deputados da Comissão de Ciência e Tecnologia, Comunicação e Informação da Câmara (CCTCI) dão pareceres favoráveis a outorgas de concessão de radiodifusão sem o menor subsídio para analisá-las. Ela revelou que já tentou diversas vezes aprovar requerimento para audiência pública em que as emissoras sejam inquiridas pelos deputados antes de terem sua concessão renovada por 15 anos. “Os meus colegas não deixam nem que haja quórum para votação dos requerimentos, para que não fique sequer evidente quem é contra e quem é a favor”, disse. “Eu tenho tentado só chatear, porque sou uma voz isolada”, completou.
O desembargador do TJ-RS, Eugênio Facchini Neto, alertou que este comportamento dos congressistas pode levar o debate da comunicação a um círculo vicioso, uma vez que um marco regulatório precisaria ser aprovado pelo Congresso. “Vimos aqui neste seminário a dificuldade que há no Congresso, devido a interesses nem tão ocultos de seus membros”.
“Brasil está muito atrasado”, defende jornalista
O chefe-de-redação do jornal O Sul, Elton Primaz cobrou que o governo federal apresente um projeto de marco regulatório. Segundo o jornalista, esta seria a melhor maneira de colocar na mesa um debate claro, de mostrar para a sociedade que não há intento de impor censura aos meios de comunicação como insistem os grandes veículos de comunicação. “Sou pessimista devido à demora do governo em apresentar proposta. No momento em que tiver uma proposta, a sociedade poderá ser informada sobre o que é de fato o marco regulatório”.
“Há uma tentativa de causar confusão entre marco regulatório e censura. O que há hoje é uma censura por parte dos veículos sobre a democratização da comunicação”, completou. Primaz também traçou um breve histórico da regulação dos meios de comunicação em outros países. Os Estados Unidos, apontou, já têm regulação de mídia desde 1930. A Argentina avançou com a Ley de Medios aprovada há dois anos. “O Brasil está muito atrasado”, resumiu.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

O rei está nu


Wikileaks e a comunicação proporcionada pela nova mídia contribuem para a criação de uma democracia de fato
  
Pedro Carrano, 
de Foz do Iguaçu (PR)


A página criada por Julian Assange, em 2006, na Suécia, ao expor mais de 250 mil documentos de vários Estados e embaixadas, revelou que vivemos em sociedades mal informadas, o que aumenta a demanda por uma democracia real e por mais transparência – dentro do raciocínio do jornalista Ignacio Ramonet.
Hoje, o grupo suspendeu suas atividades em busca de recursos, após o bloqueio feito pelas operadoras de cartões de crédito Visa, Mastercard, Paypal e Bank of America, em clara retaliação por parte de empresas e governos ao projeto. “Esse é provavelmente o mais forte ataque que Wikileaks sofreu (...) isso nunca aconteceu antes. Nós abrimos um sistema que esperamos nos traga nova informação para expor a corrupção”, disse o jornalista islandês Kristinn Hrafnsson durante o encontro.
Os idealizadores do Wikileaks se revelaram desapontados com a mídia corporativa dos países centrais, caso dos periódicos Der Spiegel (Alemanha), The Guardian (Inglaterra), El País (Espanha) e Le Monde (França), uma vez que nenhum deles mostrou interesse em estabelecer uma parceria na divulgação das informações. “A grande mídia não está acostumada a trabalhar junto, estão muito próximas aos governos, trabalhamos com organizações independentes, mais críticas, com bloggers”, narra, quem particularmente se revelou desapontado com o jornal New York Times (EUA), tido como um periódico de esquerda nos EUA.
As resoluções finais do I Encontro Mundial de Blogueiros se posicionaram contrárias a perseguições no espaço digital. “Os participantes condenam o processo de judicialização da censura e se solidarizam com os atingidos. Na atualidade, o WikiLeaks é um caso exemplar da perseguição imposta pelo governo dos EUA e pelas corporações financeiras e empresariais”, diz o documento final do encontro.

Desenvolvimento tecnológico e mudanças sociais

Numa conjuntura mundial pós-11 de setembro de 2001, marcada pelas invasões dos EUA e o bloco de países aliados contra o Afeganistão, Iraque e, recentemente, Líbia, o monopólio daqueles governos não foi apenas o de decidir sobre a guerra, mas também dominaram tudo o que se registrou sobre os conflitos. “Até poucos anos atrás, a CNN dominava a informação e hoje em dia está em crise e pode ser que desapareça. Perderam o monopólio da informação”, defende o jornalista Ignacio Ramonet, fundador do jornal Le Monde Diplomatique, em sua conferência durante o Primeiro Encontro Mundial de Blogueiros.
Hoje, com novos atores presentes nos blogs, redes sociais e páginas web, esse monopólio se acabou, o que provoca um stress nos meios tradicionais, de acordo com Ramonet. O jornalista espanhol faz a distinção entre o que seriam os “novos meios” frente à crise dos “meios tradicionais”. Nesse contexto, os Estados autoritários apresentam maiores dificuldades para controlar a informação.
Ramonet defende que os próprios profissionais jornalistas, frente a esses novos atores, enfrentam uma crise de função. “Os novos meios já não funcionam com a lógica dos meios tradicionais, do jornalista que busca só a informação. Estamos avançando para uma democratização da comunicação, não cabe dúvida de que temos avançado. A inteligência coletiva é superior à proeza individual, que é a lógica dos meios tradicionais”, polemiza.
Esse cenário gera um impacto sobre todo o ramo e a produção de informações, uma vez que observa-se hoje a “Produção de notícias com milhões de voluntários. O preço da informação abaixou enormemente, substituiu-se os jornalistas pelos blogueiros gratuitos (…) há um proletariado – e um mercenariado – do saber e da notícia, graças aos meios super abundantes”, afirma Ramonet, reconhecendo que esse quadro não é necessariamente sinônimo de liberdade de expressão. “São empresas (caso do Facebook) cotizadas na bolsa, se nutrem da nossa energia comunicadora, assim como as empresas telefônicas. Quanto mais nos comunicamos, mais enriquecemos os grandes conglomerados”, analisa Ramonet.
Na medida histórica, Ramonet defende que a atual revolução nos meios de comunicação em décadas recentes é algo só comparado ao que significou a invenção da imprensa por Gutemberg (1453). “Os câmbios estruturais na comunicação sempre repercutem nos câmbios na sociedade”, diz.

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Ativistas digitais da Primavera Árabe

http://www.clickfozdoiguacu.com.br/foz-iguacu-noticias/
blogmundo-reune-blogueiros-ativistas-da-primavera-arabe
Do sítio do 1º Encontro Mundial de Blogueiros:

O 1º Encontro Mundial de Blogueiros fez um debate inédito no Brasil sobre as Revoltas do mundo Árabe. Mediada pelo editor da revista Fórum e presidente da Altercon Renato Rovai, e pelo blogueiro Sérgio Telles, a mesa levantou o debate sobre a democracia e a importância das redes sociais para mobilizar a sociedade em grandes protestos como os que aconteceram no Oriente Médio nos últimos meses.



Pra abrir o debate o ativista egípsio Ahmed Bahgat contou sua experiência no Egito e como foi organizar a população em grandes manifestações. De acordo com ele a censura no país chegou a derrubar a inernet por alguns dias para impedir as articulações. Neste período “offline” os ativistas aprenderam a se mobilizar sem internet e ganharam ainda mais força quando o sistema voltou a funcionar.

Bahgat admitiu não ser blogueiro, ele é um ativista no Facebook, onde criou um grupo de protesto. “Eu fui postar algo de protesto no Facebook e percebi que não tinha nem um grupo relacionado ao assunto, por isso criei um, ganhou uma proporção enorme entre os meus amigos e depois atingiu outros círculos de pessoas”.

Em seguida o blogueiro saudita Ahmed Al Omran contou a experiência da Arábia Saudita com as manifestações populares. “As manifestações que vem acontecendo no mundo árabe tem ajudado as pessoas a ultrapassar a barreira do medo, mas ela é diferente de um país para o outro. É improvavé que algo aconteca logo na Arábia”, avaliou.

Omran explicou que no país dele as pessoas ainda são pouco politizadas e não tem muito acesso à informação alternativa, por isso organizar manifestações pela internet ainda é uma tarefa difícil de realizar. “As revoluções tem dado certo na Tunísia e no Egito, mas não em outros lugares, nós na Arábia estamos vendo tudo isso acontecer on-line”.

O blogueiro paquistanês Farhan Janjua participa de uma grande organização responsável por disseminar informação alternativa nas redes sociais. Ele mostrou vídeos com dados sobre os usuários de inernet e o crescimento nas redes durante os últimos meses no país dele. Mostrou ainda um vídeo que foi censurado do Youtube, onde o presidente do Paquistão mandava as pessoas “carem a boca” durante um pronunciamento.

Para fechar a mesa, o jornalista brasileiro, Pepe Escobar, que é também colunista no site Ásia Times do Japão, fez uma explanação sobre a conjuntura política, ecnômica e social no Oriente Médio.
 
Do sitio do MIRO

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Repúdio ao tribunal midiático no Brasil


Moção apresentada no Encontro Mundial de Blogueiros:

Do sitio do Miro
 
Nas últimas semanas, a mídia hegemônica mostrou mais uma vez suas garras. De forma inescrupulosa, se aproveitou de denúncias vazias para governar o país no grito.

Inconformados com o fato de terem perdido nas urnas a eleição presidencial, tentam impor uma agenda negativa para a nova presidente, tendo como foco a desmoralização dos quadros políticos que ocupam seu primeiro escalão. Com muito orgulho, os barões da mídia se vangloriam de ter derrubado o 6º ministro de estado em 10 meses de governo.

O alvo da vez foi o ex-ministro do Esporte Orlando Silva. Baseados em afirmações feitas por um homem com extensa ficha corrida na justiça, acionado por ter desviado milhões dos cofres públicos e que não apresentou nenhuma prova contra o ex-ministro, a mídia criou um tribunal de exceção para julgar e condenar publicamente Orlando Silva. Num primeiro momento, a presidente Dilma Rousseff resistiu à investida da mídia, mas não suportou a pressão e cedeu à chantagem midiática.

Ao se curvar, mais uma vez, aos interesses dos grandes conglomerados de comunicação e se pautar pela efemeridade das pesquisas de opinião, a presidente Dilma cria um perigoso precedente para a democracia brasileira e uma arapuca para o seu governo.

No primeiro caso, porque qualquer pessoa pública passa a ter o ônus da prova de sua inocência, violando um princípio Constitucional, e pode ser fuzilada no paredão da sanha reacionária. No segundo, porque a mídia e a elite conservadora que ela representa se sentem fortes para continuar a investida contra o seu governo. Já há, inclusive, os que apontam os próximos alvos. Engana-se a presidente se ela acredita que adotando uma postura subserviente à mídia ela estará fora do alcance dos seus fuzis.

Nessa guerra midiática, a estratégia da mídia e das elites é desmoralizar os partidos que compõe a base do governo e seu primeiro escalão com o objetivo de enfraquecer a presidente, que pode ser o próximo alvo.

Este episódio só fortalece a necessidade de o Brasil discutir urgentemente um marco regulatório para as comunicações. A mídia ataca os que defendem a regulação porque tem o monopólio da capacidade de gerar escândalos – mesmo que a partir de fatos que não os justifiquem – ou de abafá-los, quando lhes interessa. O país não pode mais ser refém das vontades políticas das poucas famílias que controlam 80% do conteúdo dos meios de comunicação. Só por meio da regulação é possível garantir a liberdade de expressão para todos, ampliar o pluralismo e a diversidade da comunicação brasileira.

sábado, 29 de outubro de 2011

Jornalistas de Rebelión e Democracy Now! divergem sobre potencial das novas mídias

O espanhol Pascual Serrano, um dos criadores do site Rebelión, diz que movimentos que derrubaram ditadores em países árabes e seriam baseados em grupos online mudaram pouco a realidade desses países. Já Andrés Thomas Conteris, fundador do serviço em espanhol do site Democracy Now!, defende a força de movimentos como o Occupy Wall Street.


Foz do Iguaçu - É comum ouvir análises sobre a importância da internet e das redes sociais no sucesso de eventos políticos recentes, como a eleição do primeiro presidente negro dos Estados Unidos, Barack Obama, e as revoltas da primavera árabe que derrubaram ditadores na Tunísia e no Egito.

Ainda que reconheça o papel democratizador da rede global, o jornalista espanhol Pascual Serrano, um dos criadores do site Rebelión, contém seu entusiasmo. "As revoluções das redes sociais não mudaram nada nos Estados Unidos e nem nos países árabes", disse ele, com certa ironia, ao participar do 1º Encontro Mundial de Blogueiros, nesta sexta-feira (28). "É aquela história de mudar um pouco para não mudar nada no final", criticou.

O argumento de Serrano é que as novas mídias não são capazes de tratar de assuntos relevantes com profundidade e sem fragmentá-los. Seria o caso do twiter, com seus textos telegráficos, e do youtube, cujos vídeos têm entre três e quatro minutos, os quais perigosamente cruzariam a fronteira entre a informação e o entretenimento. "Há um caráter primário de política em tudo isso", afirmou.

O jornalista espanhol lembrou ainda que as redes sociais estão sob controle de grandes empresas, em geral norte-americanas, que podem fazer uso - e o fazem - da censura para retirar conteúdos políticos que julguem inapropriados. "A possiblidade de intoxicação e manipulação nas redes sociais é muito grande", apontou Serrano, que, no entanto, disse que é possível mudar o rumo dessa história.

Para isso, ele defendeu que as novas mídias adotem "rigor e verdade" como seus valores, denunciem o modelo de oligopólio que predomina no setor da comunicação mundial e invistam em uma nova geração de jornalistas com valores humanísticos. "Precisamos incorporar algumas coisas mesmo que não gostemos delas, porque os novos cenários de comunicação não estarão livres de controle", concluiu.

Contraponto
 
O jornalista Andrés Thomas Conteris, fundador do serviço em espanhol do site Democracy Now!, faz uma avaliação mais positiva sobre o potencial transformador das novas mídias. Segundo ele, que nasceu nos Estados Unidos e possui ascendência uruguaia, veículos alternativos como o Democracy Now! têm colaborado diretamente com movimentos alternativos anti-sistêmicos, do Cairo a Washington.

O exemplo mais recente seria o Occupy Wall Street, através do qual norte-americanos têm ocupado as ruas de várias cidades norte-americanas para protestar contra o sistema financeiro. Através da cobertura alternativa e das mídias sociais, esse movimento, que tem seu DNA nos jovens que tomaram a praça Tahir, no Egito, vem sendo copiado em diversos países do mundo, como Brasil e Alemanha.

Conteris destaca algumas qualidades que têm garantido o sucesso do Occupy Wall Street e suas variantes: há transparência nas ações; há independência de partidos, governos, empresas e corporações; a democracia participativa é exercida através de assembléias gerais; as ocupações são intensas e sem prazo para terminar; há horizontalidade, ou seja, não há chefes e hierarquia; e a visão política possui um caráter global.

"O povo está desempregado e perdeu sua casa, após as fraudes nos bancos. O que o movimento diz é que somos 99% e eles são só 1%, mas, ainda assim, estão no comando do sistema financeiro e são cúmplices dos crimes cometidos. Nós precisamos mudar isso", afirmou o jornalista.

domingo, 23 de outubro de 2011

Tarso rechaça editorial da RBS e diz que empresa manipulou conteúdo de conferência


Governador do RS rechaça editorial publicado pelo jornal Zero Hora que o acusa de querer "censurar o jornalismo investigativo" e "restringir a liberdade de imprensa. Em conferência realizada no MP gaúcho, Tarso criticou jornalismo que quer julgar e condenar, substituindo trabalho das instituições que têm essas atribuições. Governador acusa empresa de manipular conteúdo de sua conferência e de omitir o que ele disse sobre liberdade de imprensa.


O jornal Zero Hora publicou um editorial neste sábado (22) manifestando “estarrecimento” pelo que chama de “ataque desfechado pelo governador Tarso Genro ao jornalismo investigativo”. O editorial acusa o governador de sustentar uma posição que “tende a interessar mais aos corruptos do que aos cidadãos”. ZH acusa Tarso também de querer “restringir preventivamente a liberdade de imprensa” e o trabalho da “imprensa livre e independente”, no momento em que “o país passa por uma limpeza ética”.

Na quinta-feira (20), em meio a uma conferência proferida no Congresso do Ministério Público do Rio Grande do Sul, Tarso Genro criticou as práticas jornalísticas que denunciam, julgam e condenam, pretendendo substituir as instituições republicanas que têm essas atribuições. A RBS reagiu no mesmo dia, acusando o governador gaúcho de querer "censurar o jornalismo investigativo". (A íntegra da conferência de Tarso Genro está disponível aqui. A íntegra do editorial de ZH só está disponível para assinantes)

“A reação violenta da RBS”, declarou o governador Tarso Genro à Carta Maior, “parece querer interditar o debate e o faz através da manipulação da informação sobre a conferência que proferi no Congresso do Ministério Público”. “Essa conferência versa sobre um tema que vem sendo debatido em todo o mundo há mais de vinte anos e que aqui no Brasil ocorre no âmbito da academia e em setores da intelectualidade fora da academia: a superposição das instituições “de fato”, oriundas da força econômica do capital financeiro - agora em crise - sobre as instituições do Estado”. “Ela sequer versava”, acrescentou, “sobre alguma empresa de comunicação em particular ou sobre alguma investigação jornalística, ou, ainda, sobre a liberdade de informar. Tanto é que eu digo claramente na minha exposição:

(...) Não proponho, em absoluto, qualquer controle da informação por parte do Estado. Nem a sonegação de informações relevantes, para que os processos e as investigações tenham ampla publicidade pela mídia que, de resto, pode cumprir o papel político que quiser dentro da democracia. Nem se trata, também, de alegar a existência de uma “conspiração” dos meios de comunicação contra a democracia e o devido processo legal. Trata-se de compreender que já vivemos um período da sociedade da informação em que os poderes de fato, no capitalismo tardio, estão se sobrepondo aceleradamente ao poder das instituições formais do Estado. Isso não ocorre somente em relação à mídia, mas também em relação a outros poderes fáticos oriundos da força econômica dos grupos privados.

O governador acusou a RBS de querer interditar o debate manipulando o conteúdo de sua conferência ao “não publicar nem mencionar o trecho acima que dá sentido à toda a exposição”. “O que proponho - e isto está escrito também no texto da conferência - é uma união das instituições do Estado com os políticos sérios e honestos (que são a maioria em todos os partidos) para combater a corrupção, com mais condições técnicas para os inquéritos, reformas legais que acelerem os processos e os cumprimentos de pena”, afirmou Tarso. E acrescentou:

“O que faz reduzir a corrupção é a punição pelo Estado e não o justiçamento paralelo da mídia, nem as investigações dos repórteres, que obviamente podem ser feitos e devem ser feitos. Mas o produto destas investigações é matéria jornalística e é, portanto, mercadoria-notícia, não prova de crime”.

"Esta atitude da RBS, pretendendo interditar o debate com ameaças de campanhas difamatórias que estão subjacentes no mesmo editorial, marca o ápice da petulância e da arrogância que poucas empresas de comunicação têm a coragem de expor publicamente. Mentem, quando dizem que sou contra o jornalismo investigativo, quando o que sou contra é julgamento sumário de pessoas, independentemente de que sejam culpadas ou não. Mentem quando contrastam dois textos meus sobre assuntos diferentes, mesmo tendo, na Conferência, manifestação explícita da minha parte que confirma a minha posição de princípio a favor da total liberdade da imprensa e de respeito irrestrito ao trabalho dos jornalistas," disse ainda o governador gaúcho.

Ainda segundo a avaliação do governador, “o sentido da avalanche de críticas que recebi está muito bem exposto no editorial de ZH desta manhã”. Mais precisamente, explicou, “está contido na expressão “limpeza ética”, de origem e marca bem conhecidos na história”. Recentemente na Europa Oriental se falava em “limpeza étnica”. Limpeza se faz num lugar sujo (a política e o país) e quem faz a “limpeza” é o virtuoso (a mídia), nós, humanos sujamos, por isso nem temos o direito de dizer que o processo judicial, o inquérito do Ministério Público e dos órgãos de controle, não podem ser superpostos por justiçamentos e linchamentos públicos, que transformam crimes comuns em crimes políticos e consequentes condenações políticas, sem direito de defesa com a mesma exposição e intensidade das acusações”.

“O editorial”, prosseguiu o governador, “chega a sugerir que estou tentando me proteger de futuras denúncias”. “É jogo sujo: eu poderia dizer, se fizesse o mesmo raciocínio, que quando eles atacam quem quer fortalecer o MP e o Judiciário, para evitar linchamentos públicos, eles estão protegendo corruptos que eles apoiam ou apoiaram. Mas, sinceramente não penso assim. Acho que eles não leram a integralidade da minha conferência e pensaram que ela era dedicada a eles”.

Por fim, Tarso Genro afirmou que não mudará um milímetro a relação que mantém com a RBS e nem com a imprensa em geral. “Essas controvérsias são boas para a democracia. Todos fulminaram sistematicamente Lula e o PT e a esquerda em geral, às vezes até com razão, e nós continuamos vivos e crescendo. Enfrentei seguidas manipulações da imprensa sobre as minhas posições quando Ministro da Justiça: caso da punição dos torturadores, caso Daniel Dantas, caso Battisti, caso Cacciola e nunca perdi a serenidade”. E concluiu:

“Na verdade o que temos com a grande mídia é uma divergência histórica de fundo: no ocaso do modelo neoliberal eles têm que substituir o alvo dos seus ataques, que era o “gigantismo” do Estado, agora é a corrupção e a política em abstrato, sem avaliar as suas origens e fundamentos, que, na verdade estão contidos na fraqueza das leis e das instituições, geradas pelo modelo econômico neoliberal, para combater o crime, a corrupção e o aparelhamento do Estado pelos grandes grupos econômico-financeiros, em detrimento da ampla maioria dos próprios empresários e sociedade em geral”.


Fotos: Governador Tarso Genro, durante conferência proferida no Ministério Público do RS (Caco Argemi/Palácio Piratini)

terça-feira, 18 de outubro de 2011

Ir às ruas contra a ditadura da mídia


Por Altamiro Borges

Hoje, 18, em várias partes do mundo será comemorado o “Dia Mundial pela Democratização da Mídia”. Segundo relata Naira Rosana, no boletim eletrônico do Núcleo Piratininga de Comunicação (NPC), a data foi instituída em 2000, em Toronto (Canadá), “como forma de protesto contra a concentração dos meios de comunicação nas mãos de poucas pessoas”.

No Brasil, a data passou a ser comemorada a partir de 2003, como base numa proposta da Executiva Nacional dos Estudantes de Comunicação Social (Enecos). Na sequência, as entidades da sociedade civil optaram por realizar a “Semana pela Democratização da Comunicação”, com várias atividades de formação e mobilização – seminários, debates e protestos de rua.

Ato em SP e “faxina na TV Globo” no RJ

Neste ano estão previstas ações em diversas cidades para marcar a data. Em São Paulo, às 12 horas, haverá um ato na escadaria da TV Gazeta, na Avenida Paulista, organizado pela Frente Paulista pelo Direito à Comunicação e a Liberdade de Expressão (Frentex).

No Rio de Janeiro, ocorrerão dois atos. Amanhã, às 16 horas, no Buraco do Lume, com atividades culturais e políticas em defesa da regulação da mídia. E na quarta-feira, às 13 horas, ocorrerá a “faxina na TV Globo”, em frente a sua sede no Jardim Botânico.

Recrudescimento nos crimes

A realização destes protestos ganha maior relevância num momento em que a mídia hegemônica recrudesce em seus crimes. É só lembrar as três últimas atrocidades da revista Veja: a tentativa de invasão do apartamento do ex-ministro José Dirceu num hotel de Brasília; a propaganda de remédio como milagroso emagrecedor, fato já criticado pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa); e o ataque à honra do ministro Orlando Silva, do Esporte, com o uso de um “bandido”, investigado e preso, como fonte.

No caso das emissoras de TV, que são concessões públicas, os crimes são ainda mais descarados. É só lembrar recente editorial da Band destilando ódio contra os grevistas dos Correios; ou a exibição de cenas de estupro numa afiliada da Record na Paraíba; ou o merchandising em programas infantis da SBT; e até a sabotagem na TV Globo na transmissão dos jogos Pan Americanos.

Não dá mais para aceitar estas ações criminosas. A exemplo de outros países do mundo, inclusive dos EUA, é urgente a discussão e aprovação de um novo marco regulatório das comunicações no Brasil, que enfrente a crescente monopolização no setor e coíba a manipulação da informação e a deformação de valores. Do contrário, o país ficará à mercê da ditadura da mídia.

domingo, 18 de setembro de 2011

Redes sociais e mobilizações


Frei Betto


 A 7 de setembro, data da independência do Brasil, ocorreu algo novo: as ruas foram ocupadas por mobilizações populares convocadas através da internet.

 As pessoas saíram em passeatas para protestar contra a corrupção, o sucateamento da educação, e por reforma agrária e auditoria da dívida pública, entre outros temas. E fizeram questão de imprimir às manifestações caráter apartidário. Quem se atrevesse a desfilar com sigla de partido político era imediatamente rechaçado. Ali, no 7 de setembro, uniram-se o Grito dos Excluídos e o grito dos indignados.

 As ruas do Brasil, até então acostumadas a ver, nos últimos tempos, apenas manifestações de evangélicos, gays e defensores da liberação da maconha, voltaram a ser palco de pressão política e reivindicação popular.

 O poder convocatório das redes sociais é inegável. Elas possuem uma capilaridade que supera qualquer outro meio de comunicação. E carecem de censura ou editoração falaciosa.

 Há, contudo, duas limitações que podem afetar seriamente os efeitos da mobilização internáutica. A primeira, a falta de proposta. Não basta gritar contra a corrupção ou aprovar a faxina operada pela presidente Dilma Rousseff. É preciso exigir reforma política, e propor critérios e métodos.

 Reforma política com o atual Congresso – composto, em sua maioria, por parlamentares capazes de absolver uma deputada federal flagrada e filmada recebendo propina – é acreditar que Ali Babá é capaz de punir os 40 ladrões...

 É preciso, primeiro, reformar, ou melhor, renovar o Congresso para, em seguida, obter reforma política minimamente decente. De modo que sejam instituídos mecanismos que ponham fim às duas irmãs gêmeas madrinhas da corrupção: a imunidade e a impunidade.

 Essa renovação deve se iniciar, ano que vem, pela eleição de prefeitos e vereadores, todos submetidos ao crivo da Ficha Limpa, e pressionados a apresentar metas e objetivos, como propõe o Movimento Nossa São Paulo.

 A segunda limitação é o caráter apartidário das manifestações. Em si, é positivo, pois impede que algo nascido da mobilização cidadã venha a se converter em palanque eleitoral deste ou daquele partido político.

 Porém, na democracia não se inventou algo melhor para representar os anseios da população que partidos políticos. Eles fazem a mediação entre a sociedade e o Estado. O perigo é as manifestações não resultarem na eleição de candidatos eticamente confiáveis e ideologicamente comprometidos com as reformas de estruturas, como a política e a agrária. Ou desaguar no pior: o voto nulo.

 Quem tem nojo de política é governado por quem não tem. E os maus políticos torcem para que tenhamos todos bastante nojo de política. Assim, eles ficam em paz, entretidos com suas maracutaias, embolsando o nosso dinheiro e ampliando suas mordomias e seus patrimônios.

 As redes sociais são, hoje, o que a ágora era para os gregos antigos e a praça para os nossos avós – local de congraçamento, informação e mobilização. Foram elas que levaram tunisianos e egípcios às ruas para derrubar governos despóticos. São elas que divulgam, em tempo real, as atrocidades praticadas pelas tropas usamericanas no Iraque e no Afeganistão.

 As redes sociais têm, entretanto, seu lado obscuro e perverso: a prostituição virtual de adolescentes que exibem sua nudez; o estímulo à pedofilia; a difusão de material pornográfico; o incitamento à violência; a propaganda de armas; o roubo virtual de senhas de cartões de crédito e contas bancárias.

 Espero não tardar o dia em que as escolas introduzirão em seus currículos a disciplina Redes Sociais. Crianças e jovens serão educados no uso dessa importante ferramenta, aprimorando o olhar crítico, o senso ético e, em especial, a síntese cognitiva, de modo a extrair sentidos ou significações do incessante fluxo de informações e dados.

 Graças à internet, qualquer usuário pode se arvorar, agora, em sujeito político e protagonista social, abandonando a passivo papel de mero espectador. Resta vencer o individualismo e o comodismo e sair à rua para congregar-se em força política.

- Frei Betto é escritor, autor do romance “Minas do Ouro” (Rocco), entre outros livros. http://www.freibetto.org/> twitter:@freibetto.


Copyright 2011 – FREI BETTO – Não é permitida a reprodução deste artigo em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização do autor. Assine todos os artigos do escritor e os receberá diretamente em seu e-mail. Contato – MHPAL – Agência Literária (mhpal@terra.com.br)

 

domingo, 4 de setembro de 2011

Para Gilberto Carvalho, “mídia séria” não tem por que temer regulação



Para Gilberto Carvalho, “mídia séria” não tem por que temer regulação
Gilberto Carvalho não vê motivos para que o Brasil não enfrente o debate sobre regulação e democratização da comunicação (Foto: Renato Araújo. Agência Brasil)

São Paulo – O ministro da Secretaria Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, defendeu neste sábado (3) ao chegar ao Congresso do PT, em Brasília, o projeto de regulação da mídia, e afirmou que os veículos de comunicação que trabalham com seriedade não têm motivos para temer o assunto.
“O projeto de regulamentação da mídia é um debate que o Brasil tem que enfrentar. Não acho pertinente confundir regulamentação com censura. Acho muito estranho, porque isso pode fazer bem para a mídia séria”, afirmou Carvalho, segundo informações do jornal O Globo.
Ele indicou ainda que não há motivos para que se taxe de autoritário qualquer momento dos governos Lula e Dilma. Alguns colunistas de veículos da velha mídia consideram se tratar de censura o projeto que tenta impor limites à concentração dos veículos de comunicação, debatendo o destino das frequências de rádio e de TV. Como são concessões públicas, o projeto poderia impor o cumprimento de certos critérios educativos e sociais para as programações apresentadas pelos concessionários, o que está previsto na Constituição, mas ainda não foi objeto de regulação do Congresso. “Poucos governos foram tão execrados como os nossos. O projeto que está no Ministério das Comunicações não vai nessa linha. Acho um certo oportunismo isso.”
No ano passado, o então ministro da Secretaria de Comunicação Social, Franklin Martins, iniciou um amplo debate sobre a regulação da comunicação, e deixou pronto um projeto que foi encaminhado a Dilma Rousseff. A presidenta decidiu transferir o debate para o Ministério das Comunicações, e a expectativa inicial era de que uma posição definitiva seria apresentada até o final do primeiro ano de mandato.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Vem aí o “Blogoosfero”, a 1ª plataforma livre para autonomia da blogosfera brasileira

esmael no  BLOGUEIROSDOMUNDO

* Liberdade de hospedagem e administração de blogs e redes sociais próprias

O que é a plataforma?

É um serviço integrado que possibilita criar e administrar blogs, redes sociais, assim como definir metapáginas agregadoras de páginas e links tipo paper.li / blogs / instant mensager / redes sociais / murais / atividades / blogs clonados.
Baseado no conceito de gerenciador de conteúdo para sites com redes sociais, tudo é integrado na mesma plataforma. Logo, se o administrador/autor mudar algum protocolo, por exemplo, no sistema mensageiro (mensager) a alteração irá ocorrer em todos os serviços que estiveram agregados à plataforma (Blog, Site, twitter, facebook, etc).
A plataforma permite criar clones dos blogues que são hospedados em lugar seguro, distinto daquele de origem do blog e substituí-lo automaticamente sempre que censurado ou bloqueado, seja por questões técnico-empresariais ou por decisões políticas ou juridicas.
A plataforma será mantida pelo próprio movimento dos blogueiros em parceria com o movimento de software livre, o que aumenta tanto a liberdade de ação e expressão como a segurança do sistema. Afinal, quem está dentro destes movimentos sabe quem invade e como invade, logo sabe muito bem como se defender, diminuindo a vulnerabilidade do serviço e aumentando a segurança dos dados e dos usuários.
A plataforma pode ter 3 perfis funcionando simultaneamente de forma sincronizada: usuário / comunidade / empreendimentos. No quesito empreendimentos estamos falando de uma associação entre rede social e  economia solidária que permitiria prover serviços na internet e obter ingressos financeiros que ajudariam a autossustentar o projeto.
Usando a ferramenta livre noosfero é possível criar e manter sites distintos em uma só instalação, permitindo também a cobrança pelo serviço de hospedagem. Em outras palavras, em lugar de pagar para que empresas privadas, muitas delas ligadas a velha mídia e a grandes grupos econômicos, hospedem nossos blogs e sites, a blogosfera faria este serviço para si mesma e se autofinanciaria, reduzindo custos e estimulando formas alternativas de economia e empreendimento solidário.  Em  lugar de pagar a hospedagem para um UOL, uma Locaweb e outros, a blogosfera pagaria para si própria, para seu próprio sistema.
Também é possível criar um usuário único para todos os sistemas e redes sociais já existentes, facilitando ainda mais vida do usuário final deixando-o com mais tempo para blogar e se comunicar.
Por ser aberta e colaborativa, a plataforma possibilita que sejam integradas as demais iniciativas já em curso, tais como: a #teialivre, a #redeliberdade, o agregador de blogs do Barão de Itararé, a proposta de Paulo Henrique Amorim de criação de um pool de advogados para defender os blogueiros “sujos” e a de Luiz Carlos Azenha de criação de uma cooperativa/pool para venda de publicidade, etc.
 Objetivos:
Criar e desenvolver uma plataforma (servidor, software, ferramentas de administração de blogs e redes sociais) autônoma e autogestionada que garanta a liberdade de expressão da blogosfera brasileira e forneça serviços e soluções seguros de publicação de conteúdo com proteção à informação e combate à censura e ao AI-5 digital.
Conceitos básicos (tags): Liberdade, Combate à Censura, Autonomia, Autogestão, Segurança, Agilidade nos Processos de Inovações e de Tomada de Decisões, Desenvolvimento Colaborativo e Comunitário, Construção Coletiva de Conhecimento, Fortalecimento da Cultura Digital, Desenvolvimento e Apropriação de Tecnologias Nacionais, Emancipação Tecnológica.
Curto Prazo:
–    Preparar uma proposta de serviço próprio usando a ferramenta noosfero (colivre.coop)
–    Fazer uma atividade autogestionada/oficina no ENBP sobre a plataforma (Consultar outros BlogProgs no sentido de organizar a atividade coletivamente)
–     submeter a proposta à discussão e aprovação no ENBP
–     montar estratégia de captação de recursos
a) criar projetos de microfinanciamento colaborativo (tipo crowd-funding)
b) contatar entidades parceiras e amigos da blogosfera
c) venda de serviços de costumização de blogs, sites pessoais e comunidades (a exemplo dos serviços pagos no wordpress)
d) captação de doações (projetos, pay-pal, etc)
e) criação de cooperativa/associação para auxiliar na venda coletiva de espaços publicitários (pacotes de acessos totais, divisão da renda de acordo com acesso individual)
–     implantar infraestrutura Beta (para uso e avaliação da comunidade)
Médio prazo
–     avaliar todo o processo anterior definir futuras ações
–    implantar as novas estratégias resultantes do processo de teste e avaliação
Longo prazo
–      implantar servidor próprio e mirrors (espelhos) em pelo menos 4 países
–     manter estabilidade e segurança do serviço
–    venda de hospedagem e suporte aos blogs
criação de assessoria jurídica para todos os envolvidos no projeto