|
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012
Alain Badiou: ''O comunismo é a ideia da emancipação de toda humanidade''
Eduardo Guimarães: Brasil precisa de um Hugo Chávez
Eduardo Guimarães, em Blog da Cidadania
Para quem se envolveu emocionalmente com o martírio de milhares de famílias atacadas violentamente pelo Estado brasileiro foi duro ser esbofeteado daquele jeito pela Globo e por seu despachante Geraldo Alckmin no dia 1º de fevereiro à noite.
Dá para imaginar como aquelas famílias massacradas pelo carrasco que dirige São Paulo a serviço de alguns poucos bilionários se sentiram ao vê-lo expor novamente seu conceito de democracia.
Torna-se imperativa, assim, a reflexão de que se há uma coisa que não existe no Brasil é democracia. Como pode ser democrático que milhares de homens, mulheres, crianças e idosos sejam expulsos de suas casas a toque de bombas em benefício exclusivo de uma empresa privada?
O governador de São Paulo poderia ter tido a decência de dizer que o capitalismo é assim mesmo, um sistema econômico em que, como diz o nome, prevalece o capital em detrimento do homem, e que não tem culpa por o Brasil ter escolhido viver sob tal sistema.
Alckmin confunde regime político com sistema econômico. Na democracia, prevalece a vontade da maioria e no capitalismo, da minoria. Na democracia, quem decide é muita gente e no capitalismo são poucos os que tomam decisões que todos têm que acatar.
O Estado usar tropas para tirar milhares de pessoas de suas casas usando violência e depois jogá-las na rua ou em abrigos imundos a fim de beneficiar um grupo de ricaços que não lota um elevador é mero resultado do capitalismo, não da democracia.
Ah, mas foi apenas cumprimento da lei. Nem isso é verdade: havia conflito entre instâncias do Judiciário (estadual e federal). E se esse Judiciário não é capaz de observar que na democracia não pode atender ao interesse de poucos massacrando a muitos, tampouco é democrático.
É a segunda vez, em curto período, que Alckmin associa democracia a ações violentas da Polícia Militar, mesmo que o principal paradigma do regime democrático seja o de substituir a violência pelo diálogo.
Foi uma bofetada na democracia o Jornal Nacional levar ao ar a invenção absurda de que os moradores do Pinheirinho teriam sido obrigados por lideranças a ficarem ali no dia do despejo. Centenas de flagelados depuseram por escrito, assinaram o depoimento e nenhum relatou semelhante coisa.
De um lado, então, há milhares de pessoas com nome, sobrenome e imagem dizendo que não tentaram resistir por força de liderança alguma, mas porque simplesmente não tinham para onde ir; de outro, há uma gravação de alguém sem nome, sem rosto e que pode até ser falsa.
Há, ainda, um homem sem caráter que diz que antes os flagelados viviam em moradias precárias e que agora vivem em moradias dignas e uma emissora que divulga isso sem reparo algum, sem mostrar que agora é que estão vivendo em moradias precárias, para dizer o mínimo.
Quem defenderá este povo? A mídia inventa, mente, distorce, omite e não há um só político de peso (ao qual não se possa negar espaço) para desmascarar uma farsa que não resiste a trinta segundos de contraditório.
O povo brasileiro, que em grande parte vive em condições pouco melhores do que aquela em que viviam os flagelados do Pinheirinho antes de virarem moradores de rua, está indefeso diante da sanha do capitalismo selvagem.
Este país precisa de um líder feito de carne, osso e sangue nas veias e que seja capaz de se indignar ante aquela vergonha, ante aquele crime de lesa-humanidade que foi a nova aula de “democracia” de Geraldo Alckmin. O Brasil precisa mesmo é de um Hugo Chávez.
Assista, abaixo, à “aula de democracia” que Geraldo Alckmin deu em 1º de fevereiro de 2012 na concessão pública que transmite o Jornal Nacional.
Torna-se imperativa, assim, a reflexão de que se há uma coisa que não existe no Brasil é democracia. Como pode ser democrático que milhares de homens, mulheres, crianças e idosos sejam expulsos de suas casas a toque de bombas em benefício exclusivo de uma empresa privada?
O governador de São Paulo poderia ter tido a decência de dizer que o capitalismo é assim mesmo, um sistema econômico em que, como diz o nome, prevalece o capital em detrimento do homem, e que não tem culpa por o Brasil ter escolhido viver sob tal sistema.
Alckmin confunde regime político com sistema econômico. Na democracia, prevalece a vontade da maioria e no capitalismo, da minoria. Na democracia, quem decide é muita gente e no capitalismo são poucos os que tomam decisões que todos têm que acatar.
O Estado usar tropas para tirar milhares de pessoas de suas casas usando violência e depois jogá-las na rua ou em abrigos imundos a fim de beneficiar um grupo de ricaços que não lota um elevador é mero resultado do capitalismo, não da democracia.
Ah, mas foi apenas cumprimento da lei. Nem isso é verdade: havia conflito entre instâncias do Judiciário (estadual e federal). E se esse Judiciário não é capaz de observar que na democracia não pode atender ao interesse de poucos massacrando a muitos, tampouco é democrático.
É a segunda vez, em curto período, que Alckmin associa democracia a ações violentas da Polícia Militar, mesmo que o principal paradigma do regime democrático seja o de substituir a violência pelo diálogo.
Foi uma bofetada na democracia o Jornal Nacional levar ao ar a invenção absurda de que os moradores do Pinheirinho teriam sido obrigados por lideranças a ficarem ali no dia do despejo. Centenas de flagelados depuseram por escrito, assinaram o depoimento e nenhum relatou semelhante coisa.
De um lado, então, há milhares de pessoas com nome, sobrenome e imagem dizendo que não tentaram resistir por força de liderança alguma, mas porque simplesmente não tinham para onde ir; de outro, há uma gravação de alguém sem nome, sem rosto e que pode até ser falsa.
Há, ainda, um homem sem caráter que diz que antes os flagelados viviam em moradias precárias e que agora vivem em moradias dignas e uma emissora que divulga isso sem reparo algum, sem mostrar que agora é que estão vivendo em moradias precárias, para dizer o mínimo.
Quem defenderá este povo? A mídia inventa, mente, distorce, omite e não há um só político de peso (ao qual não se possa negar espaço) para desmascarar uma farsa que não resiste a trinta segundos de contraditório.
O povo brasileiro, que em grande parte vive em condições pouco melhores do que aquela em que viviam os flagelados do Pinheirinho antes de virarem moradores de rua, está indefeso diante da sanha do capitalismo selvagem.
Este país precisa de um líder feito de carne, osso e sangue nas veias e que seja capaz de se indignar ante aquela vergonha, ante aquele crime de lesa-humanidade que foi a nova aula de “democracia” de Geraldo Alckmin. O Brasil precisa mesmo é de um Hugo Chávez.
Assista, abaixo, à “aula de democracia” que Geraldo Alckmin deu em 1º de fevereiro de 2012 na concessão pública que transmite o Jornal Nacional.
Diálogos entre Stedile e Dilma
Raymundo Araujo Filho no CORREIO DA CIDADANIA |
Não gosto de disseminar conteúdos sobre política sem registrar meu comentário, pois política sem debate ou opinião firmada pelos interlocutores é prosopopéia inútil. Como recebi de um entusiasta do MST a reprodução sem comentários do diálogo entre Stédile e Dilma, talvez na certeza de que ali se travava um debate entre um justo e uma injusta, tento aqui colocar alguns pingos em alguns is. Senão vejamos: Primeiro a escolha do palco para o "enfrentamento". Nenhum seria melhor do que este Fórum Social Mundial (e os Fóruns Temáticos) em Porto Alegre, chancelado e a partir da terceira edição totalmente hegemonizado pelas "forças militantes" do PT, tornando mais esta experiência que poderia ser virtuosa apenas em palco para claques políticas e partidárias. Uma espécie de FPU (Fórum do Pensamento Único), nada mais se encontrando por lá em termos de diversidade cultural, ideológica e política. No máximo uns europeus, canadenses e estadunidenses com cara de bobos alegres, ávidos por contatos com "o povo pobre da América Latina e África". Em 2003, foi premonitória do que vinha por aí a tortada na cara que José Genoíno levou por parte de uma militante, sob o dizer “vocês (o governo recém empossado de Lula) não nos representam”. Hoje, Genoíno é um obscuro assessor do Ministério da Defesa e tem toda a confiança de jobin, zé dirceu é vendedor de cacimbas de plástico do Salinas (México) para Dilma (aliás, uma burrada sem tamanho em termos de levar água para o semi-árido nordestino e adjacências) e o Brasil é o que é, ponto de encontro do capitalismo mundial. Depois, o local "sui generis" para o encontro de Stédile e Dilma: uma reunião fechada, com convidados especiais das cúpulas partidárias, ONGs amigas e demais aliados, todos imbuídos de fazer a aliança resistir às diferenças de opinião, pois é o poder que está em jogo (e as verbas, liberadas em conta-gotas, e sob condições políticas explícitas). E o poder, como sabemos, é a principal meta, desde que eles sejam os dirigentes. A mídia amiga, do PIL (Partido da Imprensa Lullista) já estava toda preparada para divulgar "o nível de democracia de nosso Brasil, il, il, il". A presidente Dilma em “confronto direto” com o secretário geral do MST, Stédile. Agora os fatos: dias antes deste "confronto", o dirigente do MST Joaquim Pinheiro deu entrevista expondo o que venho denunciando há vários anos, e responsabilizando os dirigentes do MST por permitirem, aliás, colaborarem com isso. Literalmente disse que o MST está no chão, sem capacidade de mobilização, que atribui ao crescente nível de emprego no país, ao Bolsa-Família e à inatividade do governo federal com a paralisação da reforma agrária. Lembro a todos que 65% dos empregos do país são de salário mínimo, que corresponde a cerca de US$ 60, em se comparando ao dólar de FHC (cerca de R$3,60, ao final do mandato). E como sabemos, a cotação do dólar é fictícia, respondendo mais às necessidades políticas do que a qualquer coisa mensurável pela econometria. Primeira pergunta: por que um governo avançaria em um programa como a Reforma Agrária se a demanda (pressão popular) é quase nula? Ora! É porque um "governo popular tem esta obrigação, a de democratizar o acesso e uso da terra", diria algum entusiasta lulo-petista-dilmista. Conclusão aristotélica, obrigatória por parte de quem não gosta do "dito pelo não dito": este governo do PT não é de cunho e ideologia populares, portanto. Se fosse, faria avançar a Reforma Agrária, ao invés de boicotá-la, em clara opção pelos ricos do setor agroindustrial exportador de matérias-primas monoculturais e minerais. Segunda pergunta: por que então o MST apóia politicamente este governo, fingindo não ver que ser derrotado sem luta, aliás, apoiando quem nos trai, é pior, pois não deixa sementes nem histórias para, quem sabe um dia, novas forças recomeçarem tal luta, com outras perspectivas (a não ser que os "esquerdistas" de agora persistam nos tempos vindouros, o que seria um desastre). Com este substrato, no debate aludido aqui e que está disponível na internet, Stedile dirige-se respeitosamente para aquela que veio terminar o serviço iniciado por Lula, isto é, acabar com o MST, só que "democraticamente", sem uma borrachada, como faziam os outros presidentes. Já é alguma coisa, diriam alguns. E muitos, além de acharem isso, se locupletaram com cargos públicos por nomeação (o MST sempre teve gente deles nomeada no INCRA, MDA e outros ministérios e governos estaduais e municipais, em clara situação que chamo de promiscuidade institucional), além de falcatruas como o PRONERA em MG, junto com a Universidade Metodista (segundo denúncia inequívoca do companheiro Julio Castro, aliás, ameaçado de morte por um dirigente do MST mineiro, que atende pelo nome de Cristiano). Na sua preleção retoma, de forma monótona e quase cifrada, toda a agenda abandonada pelo governo (pasmem, até o governo FHC superou os números do PT na Reforma Agrária), na mesma lengalenga anódina que estamos acostumados a ouvir, como se estivesse a dizer para a presidente Dilma "se preocupa não, pois tapa de amor não dói", reafirmando que as críticas não significam nenhuma possibilidade de rompimento e tornando mais popular ainda um ditado que tanta desgraça já causou neste país machista e misógino, como é o Brasil. Dilma respondeu, simplesmente DEMOLINDO a prosopopéia "frapé" do Stédile, reafirmando como verdades todas as mentiras que estávamos acostumados a ouvir do... FHC (e do Collor). E tudo ficou por isso mesmo, todos satisfeitos com o grau de "democracia" deste Brazil, zil, zil, zil. Em seguida, a presidente Dilma foi a Cuba (onde ficou um só dia - menos que na Bulgária, terra natal de seu pai, e sem nenhuma importância para nosotros brasileiros). Lá fez bonito, questionada sobre os direitos humanos, mencionou Guantánamo "colocando uma saia justa nos EUA", como ouvi um basbaque falar, como se o Brasil tivesse alguma importância política no mundo e não fosse apenas a maior Casa de Tolerância do Capitalismo Internacional, como somos hoje - quando não se fazem mais meretrizes como antigamente, pois aquelas ao menos cobravam alto pelos seus serviços. Dilma não fez mais nada do que sua obrigação como convidada de um governo, mas usou isso como um cala-boca na "esquerda brasileira", para gáudio da Ex-Esquerda Corporation W.C. Ao sair, deixou umas moedinhas para Cuba que, país pobre que é, e sujeito ao bloqueio econômico, não pôde rejeitar, e até agradeceu, o que fez muito bem, visto o beco sem saída em que está, infelizmente. Não sem parcela de responsabilidade de seus dirigentes, o que, no entanto, não me faz imprecar contra eles, como agora fazem alguns "esquerdistas mudernos". Ato contínuo, a presidente do Brasil, país que nos últimos dois anos recebeu de braços abertos e com visto de trabalho cerca de 80 mil estrangeiros, quase todos brancos e europeus, que vieram para o Brasil como numa redescoberta do Novo Mundo quinhentista, disse aos haitianos que o Brasil recebeu de braços abertos 4 mil haitianos e vai receber mais mil....POR ANO, isto é, 40 vezes menos do que recebe de europeus, sem impor restrições. Temo uma guerra civil no Haiti, na fila de vistos diplomáticos para o Brasil... Assim, Dilma deu um cala-boca nesta "esquerda" de Stédiles e que tais, que a acompanha nesta aventura governamental dizendo que "não corremos o risco de voltar ao neoliberalismo" (é lógico, pois dele não saímos...). Uma resposta tão contundente quanto mentirosa ao Stédile, em um Fórum Internacional, além da viagem de "marketing" pessoal, como uma Rainha de Sabá, a distribuir esmolas aos seus primos pobres do Caribe. E de quebra alguma movimentação tímida, sem graça, sem eficácia e tardia, sobre o Massacre do Pinheirinho, talvez para encobrir a paralisia das forças petistas que dizem antagonizar o PSDB, e com o rabo preso por ação de igual teor, com violenta desocupação de área, feita pelo governo petista do Distrito Federal, outro dia, mas não noticiado (vide http://emicles.blogspot.com/2012/01/fiscalizacao-derruba-500-edificacoes.html). Pra não falar do apoio a governos que segue à risca, só que sob o lema "DESOCUPA", como são o de Sérgio Cabral Filho e Eduardo Paes (RJ e Rio). Com uma fachada desta, qual "esquerdista" vai contestar o que vai por aqui? O chato é esperar o que VIRÁ por aqui... Assim, fica a possibilidade de um "enfrentamento" mixuruca, sem resultado algum, virado senão em mais uma derrota do que seria a reivindicação de um projeto social consistente para o país, cuja política de habitação não dependesse dos "humores e rentabilidade" para os empresários (como declarou um empreiteiro n'A Folha...), uma Reforma Agrária que signifique a mudança de rumos e de modelo econômico (mais do que neoliberal, a meu ver) e tudo aquilo que todos estão cansados de saber, mas que apenas uma minoria tem a coragem de denunciar, sem que esteja por trás apenas a luta política para o retorno do outro time de Ali Babás para nos governar. Assim, Stédile conseguiu a visibilidade que necessita para fingir que "continua na luta" e Dilma ampliou a sua área de manobra, engolindo o Stédile e jogando para a platéia da Ex-Esquerda Corporation W.C., para tudo "continuar como d'antes no quartel do Abrantes", inclusive em Guantánamo, pois, como já escrevi acima, mas repito convicto, Dilma e o Brasil NADA, ABSOLUTAMENTE NADA, representam na geopolítica mundial, sendo somente o país onde o capitalismo poderá se reorganizar para a sua nova etapa de exploração. Qualquer interpretação diferente desta que faço, do "embate de Itararé" entre Stédile e Dilma, terá de vir acompanhada de fatos, e não apenas conjecturas pessoais. Raymundo Araujo Filho é médico veterinário, homeopata e reinicia em 2012 a sua labuta de articulista chato e crítico, escrevendo Lula e Dilma com um "l" só, mas adotando o mesmo para o Collor (agora Color) por considerá-lo apenas um aprendiz de feiticeiro, comparando-o com o que vai nas nossas costas com estes "governos populares" que temos tido de uns anos para cá. |
terça-feira, 7 de fevereiro de 2012
Miami é apontada como a cidade mais miserável dos EUA
Do sitio OPERA MUNDI
Segundo a Forbes, a crise e a insegurança contribuíram para o quadro
Pelo menos em uma coisa em Miami ricos e pobres estão de acordo: a vida na cidade é miserável. Os pobres há muito tempo sabem, os ricos parecem que acabam de descobrir.
Wikimedia Commons
A bela paisagem e os arranha-céus escondem uma outra realidade na maior cidade da Flórida
No final da semana passada, a revista Forbes surpreendeu muita gente no sul da Flórida ao afirmar que a qualidade de vida em três cidades do estado é a pior em todos os Estados Unidos. Em primeiro lugar aparece Miami, a cidade emblema, chamada de “Porta das Américas” pela publicidade turística, ou o “Eldorado”, segundo a propaganda política. Seguem-se Fort Lauderdale e West Palm Beach, onde a nata dos milionários norte-americanos possui suas casas de verão.
Segundo a revista predileta da classe empresarial, a crise imobiliária, o alto custo de vida, a taxa de criminalidade, a corrupção política, a falta de serviços sociais e a pouca atenção de qualidade dos hospitais públicos, são as principais razões para considerar o sul da Flórida como um inferno para viver.
É uma situação tão dramática que a Forbes não consegue deixar de chamar a atenção para o fato de que, em termos globais, o caso de Miami é ainda mais dramático que o de Detroit, considerada a cidade dos Estados Unidos com o maior número de homicídios e assaltos.
Neste momento, o governo federal realiza uma investigação a uma série de atos de violência policial em Miami, nos quais morreram 11 pessoas, todas elas habitantes de bairros pobres.
Na semana passada, o FBI anunciou a prisão de dois policiais de Miami acusados de tráfico de drogas, comercializando a cocaína apreendida junto aos traficantes. Um deles é o chefe do departamento de operações secretas.
“Miami tem sol e um clima fabuloso, mas há outras coisas que fazem as pessoas sentirem-se miseráveis. É uma sociedade com dois níveis, temos South (Miami) Beach com todo o seu glamour que atrai os famosos e socialites, mas a desigualdade nos salários das pessoas disparou nos últimos anos”, explicou o editor da Forbes, Kurt Badenhausen.
O que Badenhausen não explicou é que a crise tem origens diferentes. Os ricos sofrem unicamente porque as suas casas foram desvalorizadasem razão das crises imobiliárias nos últoomos anos, e não porque enfrentem o desemprego.
Mas os pobres, incluindo a classe média, vivem seus piores momentos. Além da desvalorização de suas casas, o desemprego atingiu níveis galopantes (13%, maior que a média nacional de 10%), os serviços sociais foram recortados, as ajudas aos idosos praticamente desapareceram e, acima de tudo, os programas de auxilio à recolocação dos imigrantes já não existem. Até as bibliotecas, um lugar onde mais de 50% dos leitores habituais de Miami acodem para poder consultar a internet e ler, dado os altos preços dos livros, estão sendo fechadas ante a falta de fundos públicos para mantê-las abertas.
Segundo a Forbes, 45% dos habitantes da cidade que ganham menos de 75.000 dólares anuais têm problemas com o pagamento das hipotecas de suas casas, que valem muito menos que o dinheiro que devem ao banco. E o plano federal de ajuda, lançado pelo governo de Barack Obama fracassou totalmente pela corrupção e rivalidades políticas.
“Nos últimos anos, os republicanos têm-se dedicado a bloquear o envio de fundos federais para ajudar as pessoas com problemas hipotecários”, afirmou o advogado Marco Fernández. Ele calcula que apenas uma em cada três famílias pobres conseguiu refinanciar o preço de suas casas com ajuda federal. “Os bancos absorvem tudo com taxas estúpidas. Querem compensar assim os prejuízos da crise bancaria de 2008”, afirma.
Mas não é só isto, explica Maria Luisa Hernández ao Opera Mundi: “a crise trouxe como conseqüência o aumento dos impostos a nível local. Cada vez é mais caro ter um telefone, seja celular ou fixo, porque tanto os condados como o estado aumentaram os impostos; o preço da eletricidade subiu duas vezes, e aumentaram os impostos associados, e amesma coisa com o preço do gás de cozinha. A água ainda se mantém nos mesmos níveis, mas já prometeram que ela vai aumentar em dois meses”.
Segundo esta ativista comunitária, já começam a aparecer problemas sociais parecidos, “se não iguais”, aos dos países dos Terceiro Mundo. A menos de 500 metros de Brickell, o bairro financeiro da cidade, onde se erguem imponente torres de cimento e vidro, encontra-se a “Pequena Honduras”, uma área de 50 quarteirões onde se concentram os imigrantes da América Central. Ali, as Igrejas, o Exército de Salvação e, em menor medida, os serviços sociais, começam a abandonar o seu trabalho tradicional e transformaram-se, literalmente, na única fonte de alimento de milhares de pessoas.
Uma organização como a “Camillus House”, que depende de fundos privados e é administrada por organizações religiosas, serve todos diariamente cerca de cinco mil refeições em um pequeno edifício no centro da cidade, rodeado por amplos terrenos vazios onde muitos dos pobres da cidade passam a noite ao relento - isso se não chover. Se o clima for inclemente, os sem-abrigo apertam-se debaixo dos alpendres dos edifícios comerciais perto das novas torres habitacionais, próximas e recém-construídas.
A policia já desistiu de mandá-los embora. “Nós temos ordens de afugentá-los. Mas eu não tenho coração para isso. Muitos colegas meus também”, admitiu ao Opera Mundi um polícia da cidade.
Ante a crise, o governo local decidiu cortar muitos dos serviços básicos. Mas o mais impressionante é a falta de coleta de lixo que, em Miami, é um serviço privatizado. Em zonas como a “Pequena Honduras”, já é costume ver o amontoado nas esquinas, pois a coleta foi reduzida por cortes orçamentais.
Contudo, os salários dos funcionários públicos não sofreram reduções. O prefeito do condado de Miami-Dade, Carlos Gimenez, por exemplo, foi eleito com a promessa de não aumentar salários. E cumpriu. Mas de uma forma muito particular. Contratou cinco colaboradores diretos por 255.000 dólares anuais e, como eram novos empregados, não sofreram o corte de 10% que os vereadores impuseram ao resto.
“Eu sempre me faço a mesma pergunta. Por que é que bairro de pobre tem sempre lixo sem recolher e bairro de rico, não”, comentou Hernández.
Mas em Miami a vida é ainda mais miserável por uma razão que Forbes não abordou: a liberdade de expressão.
Em Miami, como em todos os Estados Unidos, cada um pode dizer o que pensa. Mas nem todos estão a ser escutados, nem conseguem fazer valer a sua voz.
Os jornais locais raramente falam dos problemas sociais. A crise local é sempre abordada de um ponto de vista financeiro e não social. Durante os anos 1990, a organização de direitos humanos America’s Watch, considerou Miami como a pior cidade dos Estados Unidos em matéria de liberdade de expressão. Mas o relatório baseou-se unicamente na dificuldade que os cubanos moderados tem em aceder aos meios de comunicação locais e como eram, e ainda são, hostilizados pela direita radical.
A evolução foi mínima nestes últimos anos, segundo ativistas cubanos atuais que mantêm relações com o governo da ilha. Eles citam a continuação do controle dos meios de comunicação por parte de direita de origem cubana e venezuelana e o medo que a imprensa tem deles.
Mas agora, a censura jornalística vai além da questão cubana. Os problemas sociais desde comunidade de 2,5 milhões de pessoas simplesmente não são abordados pela imprensa local. A pobreza não é manchete de jornais.
A censura é tão forte que a Forbes não menciona o fato e nem a imprensa local deu muito voo às conclusões da revista. Depois de sua publicação, não houve um desenvolvimento do relatório da Forbes. Líderes locais não foram consultados nem o tema foi aprofundado.
“Isso é o resultado da existência no sul da Flórida de um enclave do extremismo radical, com o qual nem os norte-americanos se metem. Têm medo”, afirma Max Lesnik, diretor de um programa de rádio diário da esquerda cubana moderada.
Em sua opinião, a pressão da extrema-direita cubana é tão forte que,“conseguiram arrancar do Miami Herald sua liberdade de informar”.
Wikimedia Commons
Sede do jornal Miami Herald: mazelas municipais são ignoradas pela imprensa local
Nos anos 1980 e 1990, o Herald ganhou pelo menos três prêmios Pulitzer por reportagens e investigações de problemas sociais no sul da Flórida.
“Aqui em Miami, vivemos num mundo dual, o da Cuba irracional, que responde ao poder político e econômico, e o da Cuba da imigração e da sensatez. Porque é que a Forbes ia ser diferente da imprensa local? Todo o mundo que passa por aqui ou se rende ou é esmagado”, diz Lesnik.
Marcadores:
America Latina,
entrevista,
imperialismo,
inclusão social,
POLITICAS PUBLICAS
Governador Tarso desrespeita mais uma vez os educadores!
Ao anunciar o envio do projeto de reajuste salarial para a Assembleia Legislativa em regime de urgência, o governo Tarso comete dois crimes: um contra a categoria, que foi iludida e enganada com a promessa do pagamento do piso salarial; e outro contra a democracia, pois mesmo que a primeira parcela de sua proposta seja para o distante mês de maio, coloca em regime de urgência para tentar impedir o debate e a apreciação da categoria em assembleia geral marcada para o dia 9 de março.
Tarso Genro deixa clara a sua opção de massacrar os educadores e governar para as elites. Afinal de contas, o governo tem anunciado seus excelentes resultados econômicos e a consequente ampliação de benesses para o empresariado. Enquanto para professores e funcionários de escola apresenta uma proposta salarial insuficiente e mentirosa, cujo reajuste médio em 2012 não será maior do que 7%!
Comprando páginas inteiras dos jornais da Capital e do Interior para tentar consolidar suas mentiras o governo pensa que irá iludir a categoria. Mas os educadores já não se enganam mais. Mesmo vivendo uma situação de miséria, a categoria sabe que ao tentar aprovar esta proposta em regime de urgência o que o governo quer é fugir da negociação proposta pelo CPERS/Sindicato para o pagamento do piso.
Neste sentido, a direção do sindicato reafirma a decisão do Conselho Geral de debater com os educadores e com a sociedade a proposta de calendário de pagamento do piso para ser negociada com o governo após a assembleia geral do dia 9 de março.
Contra o autoritarismo e a covardia de quem governa por decretos e com projetos em regime de urgência visando exclusivamente impedir o debate (inclusive no Legislativo) e desconta salário de quem luta por seus direitos, a direção do CPERS/Sindicato dispensará o mesmo tratamento que dispensou a outros governos que atacaram os nossos direitos.
Tarso Genro deixa clara a sua opção de massacrar os educadores e governar para as elites. Afinal de contas, o governo tem anunciado seus excelentes resultados econômicos e a consequente ampliação de benesses para o empresariado. Enquanto para professores e funcionários de escola apresenta uma proposta salarial insuficiente e mentirosa, cujo reajuste médio em 2012 não será maior do que 7%!
Comprando páginas inteiras dos jornais da Capital e do Interior para tentar consolidar suas mentiras o governo pensa que irá iludir a categoria. Mas os educadores já não se enganam mais. Mesmo vivendo uma situação de miséria, a categoria sabe que ao tentar aprovar esta proposta em regime de urgência o que o governo quer é fugir da negociação proposta pelo CPERS/Sindicato para o pagamento do piso.
Neste sentido, a direção do sindicato reafirma a decisão do Conselho Geral de debater com os educadores e com a sociedade a proposta de calendário de pagamento do piso para ser negociada com o governo após a assembleia geral do dia 9 de março.
Contra o autoritarismo e a covardia de quem governa por decretos e com projetos em regime de urgência visando exclusivamente impedir o debate (inclusive no Legislativo) e desconta salário de quem luta por seus direitos, a direção do CPERS/Sindicato dispensará o mesmo tratamento que dispensou a outros governos que atacaram os nossos direitos.
DIREÇÃO DO CPERS/SINDICATO
http://www.cpers.com.br/index.php?&menu=1&cd_noticia=3132Por Siden Fransérgio do Amaral, Professor e Diretor Geral do 14º Núcleo.
Marcadores:
Cpers,
educação,
movimentos sociais,
POLITICAS PUBLICAS
segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012
Hungria – a extrema-direita no poder
Do sitio ESQUERDA NET
A nova Constituição consagrou a Hungria sob o “signo de Deus”. O embrião é considerado um “ser humano” e só é reconhecido o casamento entre homem e mulher. A austeridade é decretada na lei, o imposto progressivo sobre o rendimento foi abolido e foi instaurada a taxa única, beneficiando os ricos enquanto os pobres são criminalizados. Dossier organizado por Carlos Santos.
Neste dossier, em que procuramos divulgar análises de autore/as da Hungria, salienta-se que é oprimeiro país da Europa a criminalizar e prender os pobres, num regime que há quem classifique como umatentação da teocracia neoliberal. No combate à extrema-direita alerta-se:Contra Orbán, sim; com o estrangeiro, não! Aborda-se o que significa a Hungria sob o signo de Deus, oficialmente... e porque se poderá falar de Orbanistão e da queda da Terceira República Húngara.
Ainda neste dossier, uma análise à nova Constituição que “põe em causa os estatuto básico dos direitos humanos” e o caso das vítimas das lamas vermelhas.
domingo, 5 de fevereiro de 2012
Por reajuste e contra nova previdência, servidor prepara campanha
Funcionalismo federal de Executivo, Legislativo e Judiciário une-se para deflagrar campanha nacional e enfrentar governo. Servidores, que ameçam greve em maio, querem reajuste e barrar votação de nova lei de aposentadorias. Segundo governo, crise econômica mundial não permite aumentos em 2012, e reforma da previdência é necessária por finanças e justiça social.
Najla Passos no CARTA MAIOR
Brasília - Sem perspectivas de reajuste salarial este ano e antevendo o risco de as próximas gerações de funcionários públicos não terem direito a aposentadoria integral, servidores federais de Executivo, Legislativo e Judiciário decidiram somar forças. No próximo dia 15, vão lançar, juntos, uma campanha salarial, em ato que também cobrará o abandono, pelo governo, do projeto de reforma da previdência dos servidores.
Planejam ainda uma grande marcha, em Brasília, e ameaçam deflagrar uma greve em maio, caso não consigam negociar salário com o governo.
O objetivo é evitar o que consideram erros cometidos no ano passado, quando algumas categorias específicas, como a dos funcionários do Judiciário e educadores das escolas básicas, técnicas e profissionalizantes, organizaram greves fortes, porém isoladas, e não tiveram sucesso.
“Este ano, nós conseguimos construir uma unidade em torno da pauta de reivindicação com 30 entidades nacionais que representam 99% dos servidores públicos federais do país”, diz o diretor para Assuntos Jurídicos da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Condsef), Gilberto Jorge Cordeiro Gomes.
Segundo ele, os servidores querem, principalmente, reposição da inflação, data-base em março e a retirada do projeto que cria fundo de pensão privado para os servidores.
Para o sindicalista, o projeto tornará o serviço público menos atrativo, o que impactará na sua qualidade, já que o servidor já não recebe Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), como os trabalhadores da iniciativa privada, e, na maioria dos casos, não pode exercer atividades paralelas.
“Sem contar o perigo que é deixar esses recursos nas mãos de fundos privados de pensão. Há casos de fundos privados que faliram e os servidores nunca mais viram seu dinheiro. A administração dos recursos dos servidores públicos tem que ser do Estado”, afirma.
O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, diz que reformar a previdência do servidor é uma necessidade financeira e um ato de equidade. No ano passado, o Tesouro Nacional gastou R$ 36 bilhões para cobrir a diferença entre receitas e despesas do INSS, que pagou benefícios a 29 milhões de brasileiros. Já no caso do serviço público, o déficit foi da ordem de R$ 50 bilhões, com pagamentos a cerca de um milhão de pessoas.
O projeto do governo foi apontado como prioridade em 2012 pela presidenta Dilma Roussef, como deixou claro a ministra-chefe de Relações Institucionais, Ideli Salvati, principal interlocutora do governo junto ao Congresso, na abertura do ano legislativo, nesta quinta-feira (2).
O governo quer realizar concursos este ano já com as novas regras aprovadas. Elas valeriam apenas para quem entrasse no serviço público depois da lei. Para quem já é servidor, a situação não muda - aposentadoria integral com desconto de 11%, conforme a uma reforma da Previdência de 2003.
O diretor da Condsef afirma que a expectativa das entidades representativas dos servidores públicos é que, no dia 15, duas mil pessoas participem, em Brasília, do lançamento da campanha. A entidade tenta convencer congressistas a lançar, na mesma data, uma Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público.
Em março, eles prometem organizar uma marcha nacional, também em Brasília, com ampla participação das bases. “Nós temos pressa de concluir as negociações, porque este é um ano eleitoral e nós sabemos que o governo federal também se envolve nas campanhas municipais. Depois de junho, Brasília ficará esvaziada”, justifica.
No orçamento 2012, já sancionado pela presidenta, não há recursos separados para corrigir salário de servidor. Segundo o governo, por causa da crise econômica mundial, é preciso conter despesas para sobrar verba para investimentos e programas sociais. A estimativa é que o governo gaste 4,13% das riquezas nacionais (PIB) para pagar servidores, contra 4,34% em 2011 e 4,42%, em 2010.
A intenção original dos servidores era lançar uma campanha no final de janeiro. Entretanto, com a morte do secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, no dia 19 de janeiro, postergou a agenda.
Duvanier foi, no governo Lula e no primeiro ano do governo Dilma, o interlocutor do governo junto às entidades sindicais. Como a ministra Mirim Belchior ainda não indicou seu substituto, os sindicalistas não sabem a quem recorrer.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o nome do novo ocupante do cargo deveria ter sido definido esta semana, mas como a ministra teve ela mesma problemas de saúde e precisou ser hospitalizada, a decisão ficou para a semana que vem.
Na última terça-feira (31), os servidores protocolaram a pauta no ministério, na Casa Civil, no Congresso, no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria Geral da República. Eles esclarecem que adiaram o ato em respeito à morte de Duvanier, mas, agora, o calendário será mantido.
Planejam ainda uma grande marcha, em Brasília, e ameaçam deflagrar uma greve em maio, caso não consigam negociar salário com o governo.
O objetivo é evitar o que consideram erros cometidos no ano passado, quando algumas categorias específicas, como a dos funcionários do Judiciário e educadores das escolas básicas, técnicas e profissionalizantes, organizaram greves fortes, porém isoladas, e não tiveram sucesso.
“Este ano, nós conseguimos construir uma unidade em torno da pauta de reivindicação com 30 entidades nacionais que representam 99% dos servidores públicos federais do país”, diz o diretor para Assuntos Jurídicos da Confederação Nacional dos Servidores Públicos Federais (Condsef), Gilberto Jorge Cordeiro Gomes.
Segundo ele, os servidores querem, principalmente, reposição da inflação, data-base em março e a retirada do projeto que cria fundo de pensão privado para os servidores.
Para o sindicalista, o projeto tornará o serviço público menos atrativo, o que impactará na sua qualidade, já que o servidor já não recebe Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), como os trabalhadores da iniciativa privada, e, na maioria dos casos, não pode exercer atividades paralelas.
“Sem contar o perigo que é deixar esses recursos nas mãos de fundos privados de pensão. Há casos de fundos privados que faliram e os servidores nunca mais viram seu dinheiro. A administração dos recursos dos servidores públicos tem que ser do Estado”, afirma.
O ministro da Previdência, Garibaldi Alves, diz que reformar a previdência do servidor é uma necessidade financeira e um ato de equidade. No ano passado, o Tesouro Nacional gastou R$ 36 bilhões para cobrir a diferença entre receitas e despesas do INSS, que pagou benefícios a 29 milhões de brasileiros. Já no caso do serviço público, o déficit foi da ordem de R$ 50 bilhões, com pagamentos a cerca de um milhão de pessoas.
O projeto do governo foi apontado como prioridade em 2012 pela presidenta Dilma Roussef, como deixou claro a ministra-chefe de Relações Institucionais, Ideli Salvati, principal interlocutora do governo junto ao Congresso, na abertura do ano legislativo, nesta quinta-feira (2).
O governo quer realizar concursos este ano já com as novas regras aprovadas. Elas valeriam apenas para quem entrasse no serviço público depois da lei. Para quem já é servidor, a situação não muda - aposentadoria integral com desconto de 11%, conforme a uma reforma da Previdência de 2003.
O diretor da Condsef afirma que a expectativa das entidades representativas dos servidores públicos é que, no dia 15, duas mil pessoas participem, em Brasília, do lançamento da campanha. A entidade tenta convencer congressistas a lançar, na mesma data, uma Frente Parlamentar em Defesa do Serviço Público.
Em março, eles prometem organizar uma marcha nacional, também em Brasília, com ampla participação das bases. “Nós temos pressa de concluir as negociações, porque este é um ano eleitoral e nós sabemos que o governo federal também se envolve nas campanhas municipais. Depois de junho, Brasília ficará esvaziada”, justifica.
No orçamento 2012, já sancionado pela presidenta, não há recursos separados para corrigir salário de servidor. Segundo o governo, por causa da crise econômica mundial, é preciso conter despesas para sobrar verba para investimentos e programas sociais. A estimativa é que o governo gaste 4,13% das riquezas nacionais (PIB) para pagar servidores, contra 4,34% em 2011 e 4,42%, em 2010.
A intenção original dos servidores era lançar uma campanha no final de janeiro. Entretanto, com a morte do secretário de Relações do Trabalho do Ministério do Planejamento, no dia 19 de janeiro, postergou a agenda.
Duvanier foi, no governo Lula e no primeiro ano do governo Dilma, o interlocutor do governo junto às entidades sindicais. Como a ministra Mirim Belchior ainda não indicou seu substituto, os sindicalistas não sabem a quem recorrer.
De acordo com a assessoria de imprensa do ministério, o nome do novo ocupante do cargo deveria ter sido definido esta semana, mas como a ministra teve ela mesma problemas de saúde e precisou ser hospitalizada, a decisão ficou para a semana que vem.
Na última terça-feira (31), os servidores protocolaram a pauta no ministério, na Casa Civil, no Congresso, no Supremo Tribunal Federal e na Procuradoria Geral da República. Eles esclarecem que adiaram o ato em respeito à morte de Duvanier, mas, agora, o calendário será mantido.
Marcadores:
governo federal,
movimentos sociais,
POLITICAS PUBLICAS
Pinheirinho, índios e quilombolas: marginalidade, direito à propriedade e sua função social
Editorial do SUL21
Moradores de áreas “invadidas” e “irregulares”, índios e quilombolas, todos são tratados como marginais no Brasil. Está correta, portanto, a afirmação do senador Paulo Paim em entrevista ao Sul21, ainda que, em sua fala, se restrinja aos quilombolas.
Na edição do Sul21, de ontem (02) e de hoje (03) podem ser lidas matérias sobre violências cometidas contra os pobres “invasores” de Pinheirinho em São José dos Campos (SP), contra os índios caingangues “invasores” de área no centro de Santa Maria (RS) e contra os negros quilombolas “invasores” de áreas em todo o Brasil onde seus antepassados se refugiaram da escravidão imposta pelos senhores brancos.
O que une todos estes “invasores” é a mesma origem e a mesma causa para suas “agressões”. São todos eles desprovidos da propriedade legal da terra que reivindicam como suas. São todos eles submetidos ao mesmo dominador que lhes usurpou o direito de possuírem o local onde moram.
Expulsos de suas terras ancestrais, os índios perambulam hoje, quais párias, pelo país, se são nômades, ou, ainda, expõem-se a morrer assassinados na defesa do uso das matas, da caça, da pesca e dos locais das roças que lhe provêm a subsistência, se são integrantes de grupos sedentários. Quase todos maltrapilhos, sem assistência médica e/ou sanitária e sem escolas para seus filhos, veem-se ainda hoje forçados a abandonar, além das terras que lhes pertencem imemorialmente, também seus costumes e tradições sem nada receber em troca.
Os quilombolas, reclusos em locais de refúgio histórico de escravos fugidos e, quase sempre, de difícil acesso, permanecem “donos” das terras que ocupam e cultivam há séculos até que alguém reivindique e “prove” a propriedade legal das mesmas. Sem instrução formal, sem assistência médica e/ou sanitária e sem amparo público, quando não morrem à míngua acabam por serem desalojados de suas áreas e casas.
Os moradores das periferias urbanas, muitas vezes ocupantes de áreas irregulares e de loteamentos ilegais, expulsos das áreas rurais nos anos de 1960 e 1970, cumprem, desde então, um périplo de imigração que vai desde os arrabaldes das pequenas cidades interioranas até as periferias das regiões metropolitanas das grandes capitais. Habitam regiões desprovidas de serviços eficientes de transporte coletivo, de saneamento e de saúde, sem creches e sem escolas adequadas para os seus filhos. Ali permanecem, muitas vezes, sob a guarda dos “patrões da vila”, ou seja, dos chefes do tráfico de drogas, que substituem o poder público e provém, sob a lei das máfias, o amparo que o Estado não lhes proporciona. Quando as áreas que habitam se valorizam, pela força da expansão urbana e da especulação imobiliária, são quase sempre expulsos, quase sempre com violência.
Ainda que a situação de desamparo a que estão expostos venha sendo revertida nos últimos anos, com a adoção de políticas de proteção social e de distribuição de renda, com a implantação de políticas e serviços específicos para as populações indígenas e quilombolas e também com a retomada dos financiamentos habitacionais para as populações de baixa renda, a atuação governamental é ainda tímida e insuficiente. Se, por um lado, o governo federal e alguns governos estaduais e municipais se esforçam em minimizar as consequências do descaso histórico, outros governos de nível estadual e municipal recorrem à truculência para expulsar os “marginais”.
Eclodem hoje, por este motivo, conflitos em todo o país. Conflitos que envolvem, de um lado, indígenas, quilombolas, agricultores sem terra e moradores das periferias urbanas e, de outro, os que alegam deter a propriedade legal das áreas cobiçadas pela especulação imobiliária e pela expansão do agronegócio. Enquanto os primeiros são diuturnamente assediados e fustigados, os últimos recebem, quase sempre, o beneplácito dos poderes executivo e judiciário.
O saldo será, sem dúvida, a exacerbação dos confrontos, caso providências urgentes e eficazes não forem adotadas pelos poderes públicos de todos os níveis e instâncias. Conduzidos por partidos de ultraesquerda, como o PSOL e o PSTU, anarquistas e militantes independentes e de movimentos sociais autônomos, bem como por alguns sindicatos e tendências internas do PT, os protestos contra as desocupações tendem a ganhar adeptos e a conquistar as ruas, não só das principais cidades brasileiras como também do exterior, como já ocorreu anteontem (01) em Berlim.
Há que se enfrentar, definitivamente, a raiz do problema, se o que se deseja é eliminar as tensões e promover o bem estar coletivo. Há que se confrontar a questão da propriedade fundiária e imobiliária e da função social que deve orientá-la. Há que se inverter, portanto, a postura historicamente adotada no país.
Diferente do que ocorreu e ocorre em muitas outras nações capitalistas do mundo, na Inglaterra, na Alemanha e inclusive nos EUA, no Brasil a propriedade só pode ser conquistada por doação ou por compra. Foi assim durante todo a Colônia, continuou assim com a Lei de Terras de 1850, depois da Independência e durante o Império, manteve-se assim com o Código Civil de 1916, já durante a República, e é assim ainda hoje, na vigência do Código Civil de 2003, promulgado sob as regras instituídas pela Constituição Federal de 1988.
Enquanto não se reconhecer efetivamente que o direito à propriedade fundiária e imobiliária não inclui o direito ao abuso e ao desperdício, promovidos pelo não uso e pela especulação, não haverá políticas habitacionais, de assentamentos rurais e urbanos e de reconhecimento de posse imemorial que deem conta dos problemas e que eliminem os conflitos. Sempre existirão contestações e interpretações possíveis sobre a propriedade legal das áreas e edificações ociosas e/ou ocupadas de forma irregular. Continuarão inexistindo áreas de cultivo e de moradia suficiente para todos e, consequentemente, se multiplicarão os conflitos e os enfrentamentos.
É preciso que políticas sociais sejam adotadas e leis de propriedade sejam editadas e aplicadas, mas é preciso, sobretudo, que a consciência da cidadania nacional sobre o direito de propriedade se modifique. São tarefas que precisam ser exercidos pelos governos e pelas autoridades constituídas, mas é dever que precisa ser assumido também pela sociedade civil e por suas organizações autônomas.
Assinar:
Postagens (Atom)