PSOL É A VOLTA AO PT
O projeto de transformar o PSOL em um PT que dê certo, que “não traia a classe trabalhadora” é de total esquizofrenia. Devemos partir do acúmulo teórico e, principalmente, do balanço duro e real do que tem sido o governo Lula e as administrações municipais e estaduais.
A resolução da Conferência Eleitoral vai na contramão de tirar os ensinamentos do que foi a experiência do PT: embora faça discursos à “esquerda” quando concretiza politicamente as resoluções, temos a mesmice do Ptsimo anos 90 e que o transformaram em um partido da ordem, domesticado e aplicador da política neoliberal em nosso país, um dos sustentáculos da odiosa política imperialista em nosso continente, como fica claro na intervenção brasileira no Haiti.
O PT deixou de ser uma arma dos trabalhadores, não com a eleição de Lula em 2002, mas ainda nos anos 90. A partir das derrotas eleitorais de 1989 e 1994, o PT adotou um programa que abandonava a luta pelo socialismo e independência de classe, trocando por uma luta pela democratização da sociedade. Verdade seja dita, essa não é a primeira vez que um partido de esquerda assume tal perspectiva: o PCB nos fim dos anos 50 e início dos anos 60 também adotou a democracia como horizonte de luta.
Em ambos os casos o resultado foi definitivo ao abandonar a luta pelo socialismo e, conseqüentemente, a revolução, ambos PCB nos anos 60 e PT nos anos 90 se destruíram enquanto instrumento de luta emancipatória. O PSOL ao optar por tal caminho também selou seu destino, a morte enquanto uma alternativa de luta dos trabalhadores.
PRÁXIS esteve desde o início da construção do PSOL, sempre buscamos nos construir como setor à esquerda e, conseqüente, apoiamos e demos o melhor de nossas energias para que o PSOL se transformasse realmente em uma arma para os trabalhadores e a juventude, sem para isso escamotear nossas divergências. Entretanto, é preciso admitir que a batalha por ganhar o PSOL para o campo do socialismo foi perdida, não restando outra coisa aos revolucionários senão romperem com esse partido.
É preciso construir um partido revolucionário com tendências
Em nosso país, acompanhando os distintos momentos de organização e reorganização dos trabalhadores, há uma forma construindo distintas experiências de construção de partidos. Um pouco antes do meio do século passado, tanto o PTB de Vargas e Jango como o PCB de Prestes, demonstraram seus limites nacionalistas burgueses e reformistas, o que os levou à destruição quando se colocaram, de forma incompetente, frente ao golpe militar de 1964.
Com a retomada da ascensão operária dos anos 1978-80, que se estendeu por toda a década de 80, foi possível a criação da CUT e do PT que expressavam um processo de recomposição da classe trabalhadora, sindical e política, que teve elementos progressivos de independência de classe. Sem dúvida, desde o início, ambas as experiências estiveram monopolizadas por direções abertamente reformistas que culminaram em uma adaptação ao sistema burguês.
No contexto destas experiências, sobre tudo as abertas a partir de 78, foram-se construindo diversas correntes socialistas revolucionárias, muitas delas trotskistas com peso de vanguarda. A grande maioria terminou capitulando ao giro de adaptação total ao capitalismo e às instituições da “democracia” que tiveram o PT e a CUT e que levaram ao atual governo neoliberal e burguês, nem ao menos frente populista de Lula. A expressão máxima dessa capitulação podemos ver na Democracia Socialista, que de uma corrente trotskista se transformou em fornecedora de um ministro para um governo burguês como foi o lamentável episódio de Miguel Roseto.
É no marco de reação a esta realidade que, no último período, emergiram o PSOL no terreno político e a CONLUTAS como reagrupamento sindical independente. Se essa última é uma experiência progressiva em curso apesar de seus enormes limites sindicalistas, o caso do PSOL já está encerrado devido à sua total e irremediável adaptação ao eleitoralismo e à formação de coligações com setores patronais.
Sem dúvida, tampouco parece correto a opção por alguns dos grupos independentes existentes em nosso país como por exemplo o PSTU, uma organização que embora se mantenha independente está marcada por fortíssimas características burocráticas, oportunistas, sindicalistas e também sectárias.
Nestas condições, desde PRÁXIS, apostamos que a via da abertura da possibilidade de resolver a histórica tarefa pendente de construir uma organização socialista e revolucionária em nosso país passa neste momento por uma perspectiva que supere tanto a experiência do PCB, como a do PT, o que infelizmente o PSOL não fez.
Quer dizer, pela construção de um partido socialista e revolucionário, que como tal, conjugue as tarefas da independência política dos trabalhadores e a perspectiva da revolução socialista. Partido que pela natureza do processo atual em curso, só poderá ser com liberdade de tendências políticas em seu interior na medida que hoje só poderá surgir do reagrupamento de distintas forças revolucionárias de vanguarda.
Companheiros do PSTU, CST e demais correntes da esquerda, com a palavra: vocês!!!