terça-feira, 6 de abril de 2010

Para derrotar Serra e seu projeto de privatização da escola pública


Todo apoio à greve dos professores

A menos de uma semana após a Assembléia no Palácio dos Bandeirantes, onde os professores e estudantes protagonizaram uma heróica resistência diante dos ataques da Tropa de Choque de José Serra, mais uma vez o governo montou uma praça de guerra para tentar intimidar os professores. Mesmo a direção do sindicato tendo feito um acordo com a PM para não ocupar a paulista, os professores furaram o bloqueio montado pela PM tomando mais uma vez as duas pistas da Paulista antes do início da passeata até a Praça da República (sede da Secretaria da Educação do Estado de São Paulo). Em Assembléia foi decidido, por unanimidade, dar continuidade à greve. A próxima assembléia ocorrerá no dia 8 de abril na Avenida Paulista e seguirá novamente até a Praça da Republica. Como o governo se recusa abrir negociações, foi aprovado de forma difusa permanecer na praça até que o governo atenda as reivindicações.
A greve dos professores pelos atores envolvidos e pela repercussão que terá no cenário político regional e nacional requer a maior atenção de todos  setores organizados da classe trabalhadora. Como já afirmamos anteriormente a direção do sindicato, que é dirigido pela Articulação (corrente política de Lula que dirige o PT e a CUT) apesar de dirigir a ampla maioria dos sindicatos no Brasil, ainda não moveu uma palha para mobilizar os demais setores em apoio a essa greve fundamental.
Outro aspecto é que essa luta para ter chances de vitória requer uma mobilização que conte com o apoio efetivo de outras categorias organizadas. Nesse conflito o governo Serra conta com o apoio das principais forças burguesas do Estado, basta verificar a linha editorial dos principais meios de comunicação sobre a greve para se verificar quão mentirosa e oportunista são os meios de comunicação que representam a classe dominante.
A direção do sindicato dos professores vive um grande dilema, pois, apesar de interessada no desgaste de José Serra (concorrente direto de Dilma, candidata de Lula), sua posição política é um entrave, que deve ser superado, para que a luta contra Serra possa desenvolver todas as suas possibilidades. Isso porque, de um lado, as políticas educacionais do Estado de São Paulo estão em total consonância com as do governo Lula (Reforma do Ensino médio com objetivo de tirar do currículo disciplinas fundamentais para o conhecimento, sistema de avaliação externa que visa classificar e punir professores, destruição da carreira docente, financiamento educacional submetido às metas de superávit primários com vistas a reduzir investimentos no setor), o que não permite, a esse setor,  uma crítica contundente à política educacional de Serra, pois significaria criticar as políticas levadas a cabo em âmbito nacional  por Lula. Essa direção burocrática teme mais a unificação dos trabalhadores pela base do que a derrota para Serra, pois a separação corporativa da luta é uma forma eficiente de limitar as mobilizações e reivindicações no interior da ordem.
Mobilizar a juventude e a classe a trabalhadora em defesa dos professores da escola pública
É dentro desse cenário que as alternativas classistas dos trabalhadores, como a CONLUTAS, devem apresentar políticas e posturas de mobilização que superem os limites da burocracia lulista. Nesse sentido, é necessário realizar uma verdadeira campanha nacional em defesa dos professores e de suas reivindicações. Uma ampla campanha de esclarecimento deve contar, também, com ações de rua, como passeatas, bloqueios, assembléias, atos nas cidades etc. Outras iniciativas solidárias como coleta de fundos de greve são decisivas nesse momento.
Em boletim anterior defendemos a realização de um acampamento em frente à Secretaria da Educação com meio político–organizativo para dar visibilidade ao movimento grevista. A proposta, aprovada na assembléia, de permanecer em frente à Secretaria da Educação deve ser tratada com a seriedade e conseqüência que merece, pois, mesmo com a saída de Serra do governo devido ao prazo legal para realizar sua campanha eleitoral, a estratégia do governo de quebrar a resistência do magistério para continuar aprofundando os ataques à educação pública permanece. Assim, a proposta aprovada para fazer o governo recuar deve ser levada à sua radicalidade.
O movimento estudantil combativo que já vem desempenhando um papel fundamental nessa luta pode contribuir de maneira ainda mais decisiva para fazer a luta dos professores chegar ao conjunto da classe trabalhadora através de panfletagens nas fábricas, da mobilização de colunas cada vez maiores de estudantes nas assembléias e demais ações. Para que isso se efetive de forma massiva é necessário abrir um amplo debate no interior das universidades e com os alunos da escola pública. Não há mais lugar para a rotina. Assim, convocar assembléia em todas universidade para discutir o significado dessa luta e como apoiar efetivamente as ações dos professores é fundamental.
A greve continua
Práxis na greve
Práxis na greve
Na Avenida Paulista

Crise na europa...


Terceira etapa da grande crise: a Grécia em toda parte
À sombra da crise financeira, floresce sobretudo na Europa o negócio com a dívida pública. Os Estados são os melhores devedores que um credor pode desejar. A lógica é perversa e beira o surrealismo. Nos últimos meses, o Banco Central Europeu inundou os bancos europeus com créditos baratos, negando-se ao mesmo tempo a emprestar dinheiro a Estados membros em dificuldade. Os bancos europeus – a começar pelos alemães – tomaram empréstimos do BCE a juros ínfimos para oferecê-los como empréstimos ao Estado grego com taxas de juro elevadíssimas. Ao mesmo tempo, como resposta à crise, propõe novas "reformas" neoliberais. O artigo é de Michael Krätke

Como era previsível, à crise bancária e financeira não tardou em seguir a crise econômica mundial. E a elas vem somar-se agora a crise das finanças públicas, terceira etapa da Grande Crise. Dívida, culpa e expiação, uma luta encarniçada: os cidadãos devem subsidiar o generoso resgate dos bancos. As dívidas públicas ampliadas aceleradamente são usadas para alimentar essa lógica. Alguns pequenos povos – os islandeses no Norte, os gregos no Sul – tentam resistir a este absurdo dominante e se negam a pagar pela crise. Do dia para a noite, as dívidas de terceiros se converteram em problema de todos.

De acordo com as últimas cifras do FMI, cinco dos Estados do G-8 têm um déficit público superior a 100% do PIB, com o Japão (200%) liderando esse ranking. Alemanha e Canadá, até aqui, estão abaixo do patamar dos 100%. Já os membros da União Européia – Espanha, Portugal, Itália e Grécia – estão beirando esse limite ou já o ultrapassaram. Nunca antes em tempos de paz o déficit público havia subido de maneira tão extrema nos países capitalistas desenvolvidos como vem ocorrendo agora desde o início da crise financeira mundial, no final de2007.

Somente em 2009, os títulos de obrigações emitidos pela República Federal da Alemanha cresceram até alcançar a cifra de 1,6 trilhão de euros. Só em 1995, quando se fizeram sentir de verdade pela primeira vez os custos da reunificação, o salto da dívida pública alemã registrou um salto maior. Nos países da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE), o nível médio dos déficits públicos chegou a alcançar cerca de 80% do Produto Interno Bruto (PIB) e, em poucos anos, poderia rebaixar de maneira generalizada a marca dos 100%. A Grécia está em todas as partes.

Os economistas estão fortemente divididos em matéria de dívida pública. Um Estado que contrai pouca dívida pública compromete o futuro; um Estado com demasiados credores arruína a economia nacional. Na Alemanha, como em todos os países governados por neoliberais, impera o dogma segundo o qual as dívidas públicas são um mal em si mesmas, levam à inflação, a uma carga fiscal exorbitante e à bancarrota do Estado. Tentam fazer esquecer, contando para isso com todo o poder dos meios de comunicação, a conexão entre crise financeira, socorro bancários e explosão da dívida pública. Em troca, entoam a cantilena do arrocho e dos cortes com o refrão do “Estado social insustentável”.

Não há razão para o pânico. Nenhum Estado europeu tem que ir à falência. Tampouco os gregos devem devolver esses quase 300 bilhões de euros (cerca de 130% de seu PIB), mas sim devem limitar-se ao refinanciamento regular, isto é, ir substituindo regularmente as velhas dívidas por dívida nova. Em princípio, isso não deveria representar o menor problema. O Estado, dotado de monopólio fiscal e monetário, é o melhor devedor. Ao contrário dos grandes bancos, só pode quebrar quando toda a economia nacional está arruinada. Mas, apesar da crise, isso não pode ocorrer em nenhum lugar da União Européia.

Quanto mais crescem as dívidas dos Estados, mais se coloca dívida pública em alguns mercados financeiros que, em geral, estão ávidos em comprá-las, inclusive com ganhos de cotização, porque os empréstimos oferecidos estão super valorizados. Nem a Grécia teve problemas no início do ano para colocar o triplo da dívida nos mercados financeiros. No conjunto da União Européia, emitiram-se em 2008 mais de 650 bilhões de euros de dívida pública. Em 2009, foram mais de 900 bilhões. Em 2010, segundo as estimativas mais prudentes, esse valor chegará a 1,1 trilhão de euros.

O conjunto dos Estados da União Européia já tem mais de 8 trilhões de dólares inscritos como dívida pública. Os EUA os acompanham com mais de 2,3 trilhões de dólares de dívida pública fresca. O negócio com os títulos de dívida pública floresce como nunca. Por que, então, a inquietude nos mercados financeiros? Por que a repentina preocupação com as dívidas da Grécia, Itália, Espanha, Portugal ou Irlanda? De onde vem o medo de uma bancarrota pública na qual, manifestamente, os mercados financeiros não acreditam nem um pouco? Agora como antes, os pacotes de dívida pública grega, espanhola e portuguesa são comprados com pães quentes saídos do forno; são tão desejados quanto os títulos públicos alemães. Naturalmente, com suculentas cobranças pelo risco, o que torna ainda mais rentável o negócio com esses pacotes.

A dívida pública é mais velha que o capitalismo moderno. A bancarrota do Estado foi outrora – antes do descobrimento do déficit público permanente – um meio bm provado de que se serviam os governantes para submeter seus credores, que se vingavam com juros exorbitantes. Em nossos dias, a falsa demagogia sobre os perigos da bancarrota pública é um meio sumamente efetivo de submeter governos, povos e nações pretensamente soberanos aos interesses dos mercados financeiros. Se o crédito de um Estado é posto efetivamente em dúvida, isso serve sobretudo aos credores e, hoje em dia, a regra geral é que os credores não são outros Estados, mas sim investidores privados, bancos, companhias seguradoras e fundos. Uma parte considerável da riqueza de uma nação vai parar em seus bolsos.

As meras taxas de déficit e de dívida pública pouco dizem sobre o risco efetivo do devedor. Obviamente, os leigos em economia que formam a classe política adoram essas taxas, porque elas desviam a atenção das verdadeiras debilidades da economia nacional (por exemplo, no caso da Alemanha, a extrema dependência das exportações). Também se simplificam de muito bom grado os tipos de juros, a relação entre as receitas fiscais anuais e os juros pagos anualmente. Quando, como ocorre agora na Grécia, as receitas fiscais caem, então os tipos de juros sobem rapidamente até 30 ou 40%. Quando isso ocorre, ou seja, quando o serviço da dívida gera um rombo no orçamento público, o país afetado cai, efetivamente, na armadilha devedora. Para evitá-la é preciso reduzir a carga de juros. Uma comunidade como a formada pelos euro-países poderia conseguir isso de maneira mais simples, fortalecendo a credibilidade de um membro como a Grécia sem necessidade de aumentar a pressão de sua dívida pública. Com isso, seriam desfeitas todas as necessidades populistas de Merkel e companhia.

Foram e seguem sendo os bancos – no caso, os europeus – os compradores da dívida pública grega, os controladores da mesma e os principais responsáveis por sua crise financeira: seguradoras e institutos bancários franceses, suíços e alemães são os principais credores, seguidos de longe por bancos britânicos e estadunidenses. Os bancos portugueses possuem quase tanta dívida pública grega quanto os dos EUA.

Não resta dúvida: os déficits públicos podem ser enxugados com uma vigorosa inflação que desvalorize os títulos da dívida e reduza os juros nominais que o Estado tem que pagar por esses títulos. Mas, para ajudar no curto prazo, a inflação teria que ser galopante. Apesar de uma dívida pública crescente em escala planetária, isso é agora praticamente impossível, pois, dado que existem supercapacidades estruturais em praticamente todos os ramos da economia, os preços podem apenas levantar a cabeça. Por ora, o impulsionador dos preços é o Estado e algumas grandes corporações empresariais capazes de controlar a energia e os recursos. E isso não basta para uma hiperinflação.

Que saída resta então? Pois bem, por uma vez só e para variar um pouco, por que não proceder com bom juízo em vez de adotar zelo dogmático e tendência populista? Seria possível ajudar o povo grego de modo simples e efetivo sem aumentar um centavo a dívida pública do país. Por exemplo, com eurobônus ou créditos do Banco Central Europeu (BCE). Bastaria agarrar-se à regra extraordinária que permite que os bancos centrais da Zona Euro aceitem dívida pública e obrigações da Grécia e de outros países.

Para evitar crises deste tipo no futuro faria mais sentido mudar as regras. Não tem nenhuma lógica econômica que os estatutos do BCE proíbam comprar e possuir dívida pública dos países membros da Zona do Euro. Conforme essa regra absurda, o BCE inundou nos últimos meses os bancos europeus com créditos baratos, negando-se ao mesmo tempo a emprestar dinheiro a Estados membros. Ao invés disso, os bancos europeus – a começar pelos alemães – tomaram empréstimos do BCE a juros ínfimos para oferecê-los como empréstimos ao Estado grego com taxas de juro elevadíssimas. Bonito negócio. Ackerman (1) e companhia estão fascinados.

Não se trata só de necessidade; a coisa tem método. Com o medo da bancarrota pública e a ameaça de um caos monetário em caso de queda do euro, promovem-se novas “reformas” neoliberais. Na Espanha, Itália, Portugal e Inglaterra; a ordem do dia é a aposentadoria aos 67 anos. Em toda parte elas impõem aos cidadãos comuns - não aos proprietários de capital e de patrimônio – drásticos aumentos de impostos. Por toda parte se cortam serviços públicos, se reduz o setor público. Impulsionada agora pela situação de suposta emergência financeira do Estado, avança-se irresponsavelmente na privatização da propriedade pública. Os gregos são massacrados, os portugueses são torrados; as facas contra a Espanha perfilam-se com zelo digno da melhor causa. De te fabula narratur (A história fala de ti).

(1) Josef Ackerman é o presidente executivo do Deutsche Bank, o principal banco privado alemão.

(*) Michael R. Krätke, membro do Conselho Editorial de Sinpermiso, é professor de Política Econômica e Direito Tributário na Universidade de Amsterdan, investigador associado ao Instituto Internacional de História Social dessa mesma cidade e catedrático de Economia Política e diretor do Instituto de Estudos Superiores da Universidade de Lancaster, na Inglaterra.

Tradução: Katarina Peixoto

a OTAN e as drogas...

O Afeganistão da OTAN: O campeão de produção de drogas


 
 
 
 
 
 
 
Timothy BANCROFT-Hinchey
PRAVDA.Ru
 
 
Nós realmente temos que tirar os chapéus e dar os parabéns à OTAN. Essa camarilha dos lobistas de armas e defensores dos “jobs for the boys” invadiram o Afeganistão em 2001 sob o pretexto de que Osama bin Laden estava usando o país para atacar interesses ocidentais. Quase uma década depois dos Talibã declararem guerra contra a produção de droga, o Afeganistão da OTAN no não é apenas o maior produtor do mundo de ópio, mas agora, de haxixe também.
 
Mullah Omar, o líder dos Talibã, declarara em entrevista ao jornal paquistanês Dawn em 1998 que o E.U.A. iria invadir o Afeganistão, porque ele se recusou a deixá-los construir um gasoduto através do seu país em troca de 5 bilhões de dólares. Ele estava certo. A invasão ocorreu três anos depois de os dois aviões voaram contra as Torres Gêmeas, depois do avião pousar na porta de entrada do Pentágono, conseguindo evitar dois postes de electricidade com suas asas sem produzir um único pedaço de evidência.
 
 
200 toneladas de metal vaporizado. Só nos Estados Unidos da América, é obra!
 
 
E quase dez anos depois, a coligação considerável da OTAN não conseguiu ganhar o controle do Afeganistão, o Presidente instalado pela OTAN, Karzai, está protestando contra seus mestres, porque ele foi acusado de corrupção e considera que é culpa deles (pois…) e agora vamos aprender com a Organização das Nações Unidas que o Afeganistão da NATO, já depois que conseguiu ser o fornecedor mundial de ópio líder, tornou-se o produtor recorde de haxixe também.
 
Uau!, OTAN 2 População mundial 0. Que se lixem as famílias, pois não? É por isso que eles insistiam em expansão para o leste (depois de dizer que não) para criar novos mercados? E o que dizem os países membros?
 
O Gabinete das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), em seu relatório Afeganistão Cannabis Survey, divulgado nesta quarta-feira, estimou que entre 10 e 24 mil hectares de maconha por ano são cultivadas no Afeganistão. Não é só a cifra que é chocante, pior ainda é a afirmação de que essa produção tem lugar em metade das 34 províncias do país.
 
 
O Diretor Executivo do UNODC, Antonio Maria Costa, declarou no relatório que "o rendimento surpreendente da cultura cannabis no Afeganistão faz do Afeganistão o maior produtor mundial de haxixe, estimado entre 1.500 e 3.500 toneladas por ano", sendo 145 kg por hectare, em comparação com os 40 kg. de Marrocos. Cannabis produz 3,900 USD de rendimento por hectare, em comparação com ópio – 3.600 USD.
 
O relatório da ONU afirma que existem centros comerciais de cannabis e ópio em todo o país.
 
Então, expliquem por favor o que está a OTAN a fazer no Afeganistão, onde os talibãs eram supostos renderem-se há dez anos atrás e ainda não o fizeram, onde a produção de heroína aumentou nada menos que 40 vezes no mesmo período e agora reivindica o Afeganistão a fama de ser recordista mundial de ópio e produção de cannabis. É por isso que os países-membros da OTAN lambem as botas do mestre? E já agora, quem votou pela OTAN controlar a política externa?

segunda-feira, 5 de abril de 2010

O imperialismo estende suas garras.....

Tenham uma linda guerra, rapazes

John Pilger*
John Pilger 
Depois do Afeganistão, do Iraque, das ameaças de invasão do Irão, das mais 7 bases norte-americanas na Colômbia, os Estados Unidos da América prosseguem o seu belicismo com a invasão da Somália. “Insidiosa, não declarada, apresentada mesmo de forma astuciosa como avanço do iluminismo, prossegue a Guerra do Terceiro Mundo e o seu genocídio, ser humano a ser humano.”

Aqui vão notícias da Terceira Guerra Mundial. Os Estados Unidos invadiram a África. Tropas estado-unidenses entraram na Somália, estendendo a sua frente de guerra desde o Afeganistão e o Paquistão até o Iémen e agora o Corno da África. Como preparativo para um ataque ao Irão, foram colocados mísseis americanos em quatro estados do Golfo Pérsico e dizem que estão a chegar bombas destruidoras de “bunkers” à base dos EUA na ilha britânica de Diego Garcia, no Oceano Índico.
Em Gaza, a população abandonada e doente, principalmente crianças, está a ser sepultada atrás de muralhas subterrâneas fornecida pela América a fim de reforçar um cerco criminoso. Na América Latina, a administração Obama assegurou sete bases na Colômbia, para travar uma guerra de atrito contra as democracias populares na Venezuela, Bolívia, Equador e Paraguai. Enquanto isso, o secretário da “defesa” Robert Gates queixa-se de que “o público [europeu] em geral e a classe política” são tão opositores à guerra que eles constituem um “obstáculo” à paz. Lembre-se de que este é o mês do Coelho Louco [1] .
Segundo um general americano, a invasão e ocupação do Afeganistão não é tanto uma guerra real e sim uma “guerra de percepção”. Portanto, a recente “libertação da cidade de Marja” da “estrutura de comando e controle” do Taliban foi pura Hollywood. Marja não é uma cidade, não havia comando e controle Taliban. Os libertadores heróicos mataram os civis do costume, os mais pobres dos pobres. De qualquer forma, foi fraude. Uma guerra de percepção é feita para proporcionar notícias falsas para a gente lá de casa, para fazer uma aventura colonial fracassada parecer valiosa e patriótica, como se o filme Estado de Guerra [2] fosse real e cortejos de caixões envoltos em bandeiras através da cidade de Wiltshire, vindos de Wooten Basset [3] não fossem um exercício de propaganda cínico.
“Guerra é diversão”, costumavam dizer com ironia negra os soldados no Vietname, o que significava que se a guerra fosse desvendada como não tendo qualquer finalidade senão justificar o poder voraz fanaticamente à procura de lucros, como o da indústria de armamento, havia o perigo de a verdade ser revelada. Este perigo pode ser ilustrado pela percepção liberal de Tony Blair em 1997 como alguém “que quer criar um mundo [onde] a ideologia se tenha rendido inteiramente aos valores” (Hugo Young, The Guardian ) comparada com a avaliação pública de hoje como um mentiroso e uma guerra criminosa.
Os estados guerreiros ocidentais, tais como os EUA e a Grã-Bretanha, não estão ameaçados pelos Taliban ou quaisquer outros membros de tribos introvertidos em lugares remotos, mas pelos instintos anti-guerra dos seus próprios cidadãos. Considerem-se as sentenças draconianas legadas a multidões de jovens que em Janeiro últimos protestavam contra o assalto de Israel a Gaza. A seguir a manifestações nas quais a polícia paramilitar encurralou milhares, réus primários receberam dois anos e meio de prisão por delitos menores que normalmente implicariam sentenças leves. Em ambos os lados do Atlântico, discordância séria a revelar guerra ilegal tornou-se um crime sério.
O silêncio em outros altos lugares permite esta moral travestida. Através das artes, literatura, jornalismo e do direito, as elites liberais, tendo corrido para longe dos resíduos de Blair e agora de Obama, continua a exibir a sua indiferença para com a barbárie e os objectivos dos crimes dos estados ocidentais ao promoverem retrospectivamente as maldades dos seus demónios de conveniência, como Saddam Hussein. Com Harold Pinter já falecido, tente compilar uma lista de escritores, artistas e advogados famosos cujos princípios não sejam consumidos pelo “mercado” ou neutralizados pela sua celebridade. Quem entre eles falou acerca do holocausto no Iraque durante quase 20 anos de bloqueio e assalto letais? E tudo isto foi deliberado. Em 22 de Janeiro de 1991, a US Defence Intelligence Agency previu com pormenor impressionante como um bloqueio destruiria sistematicamente o sistema de água potável do Iraque e conduziria a “incidências acrescidas, se não a epidemias de doença”. De modo que os EUA começaram por eliminar a água potável para a população iraquiana: uma das causas, como observou a UNICEF, das mortes de meio milhão de crianças iraquianas com menos de cinco anos. Mas este extremismo aparentemente não tem nome.
Norman Mailer certa vez disse acreditar que os Estados Unidos, na sua busca incessante de guerra e dominação, entraram numa “era pré-fascista”. Mailer parecia hesitante, como se tentasse advertir acerca de alguma coisa que ele mesmo não podia definir bem. “Fascismo” não está correcto, pois invoca precedentes históricos inadequados, recorrendo mais uma vez à iconografia da repressão alemã e italiana. Por outro lado, o autoritarismo americano, como apontou recentemente o crítico cultural Henry Giroux, é “mais matizado, menos teatral, mais astucioso, menos preocupado com modos repressivos de controle do que com modos manipulativos de consentimento”.
Isto é o americanismo, a única ideologia predatória que nega ser uma ideologia. A ascensão de corporações tentaculares que são ditaduras em si próprias e de uma instituição militar que é agora um estado com o estado, ajusta-se por trás da fachada da melhor democracia que os 35 mil lobbystas de Washington pode comprar e uma cultura popular programada para divertir e imbecilizar, é sem precedentes. Mais matizado talvez, mas os resultados são tanto não ambíguos como familiares. Denis Halliday e Hans von Sponeck, responsáveis superiores das Nações Unidas no Iraque durante o bloqueio conduzido pelos americanos e britânicos, não têm dúvida de que testemunharam genocídio. Eles não viram câmaras de gás. Insidiosa, não declarada, apresentada mesmo de forma astuciosa como avanço do iluminismo, prossegue a Guerra do Terceiro Mundo e o seu genocídio, ser humano a ser humano.
Na próxima campanha eleitoral na Grã-Bretanha, os candidatos referir-se-ão a esta guerra só para louvar os “nossos rapazes”. Os candidatos são múmias políticas quase idênticas amortalhadas na Union Jack e na Stars and Stripes. Como demonstrou Blair um tanto demasiado entusiasticamente, as elites britânicas amam a América porque a América permite-lhes insultar e bombardear os nativos e considerar-se um “parceiro”. Deveríamos interromper a sua diversão.
NT
[1] March Hare: Referência a personagem de Alice no país das maravilhas, de Lewis Carroll.
[2] The Hurt Locker . O título do filme no Brasil é Guerra ao Terror.
[3] Wooten Basset: Pequena aldeia, próxima a uma base da RAF, que se tornou sinonimo dos voos de retorno com cadáveres de soldados britânicos.
* Jornalista australiano
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/ .

domingo, 4 de abril de 2010

Cuba reconhecida por ajuda humanitária....


Governo e povo ucranianos reconhecem atendimento cubano a crianças de Chernobyl
 
●Machado Ventura presidiu ato central em Tarará

Elson Concepción Pérez


UM reconhecimento a Fidel Castro, máximo inspirador da obra humana que constitui o atendimento em Cuba às crianças ucranianas e seus familiares, prejudicados pela catástrofe nuclear de Chernobyl, foi entregue durante o ato pelo 20º aniversário da chegada a Cuba dos primeiros menores prejudicados.


Machado Ventura recebe das mãos do doutor Julio Medina, o 
reconhecimento dado a Fidel.


 








Machado Ventura recebe das mãos do doutor Julio Medina, o reconhecimento dado a Fidel.














O primeiro vice-presidente dos Conselhos de Estado e de Ministros, José Ramón Machado Ventura, recebeu a distinção das mãos do diretor do Programa na cidade de Tarará, doutor Julio Medina.


No próprio ato, o ex-presidente da Ucrânia, Leonid Kuchma, anunciou a entrega a Fidel da Ordem ao Mérito de Primeiro Grau; e ao presidente Raúl Castro a Ordem do Príncipe Yaroslav o Sábio, de Primeiro Grau.

Kuchma impôs distinções ao ministro da Saúde Pública, José Ramón Balaguer, e a outros médicos, diplomatas e colaboradores que contribuíram com a consecução bem-sucedida deste programa.


Ao encerrar o ato, Balaguer manifestou que o programa de atendimento a estas crianças é um exemplo do que pode fazer um povo que, sem ter grandes riquezas materiais, tem a grande riqueza espiritual de ter sido educado na solidariedade, na entrega incondicional e no amor a outros povos.


Lembrou o ministro que os anos do período especial, a desintegração da União Soviética, o recrudescimento do bloqueio, não afetaram o espírito solidário e humano de nosso povo, e continuamos desenvolvendo o programa de acordo com as possibilidades existentes.

Disse que naqueles anos difíceis da década de 1990 foi quando este programa recebeu mais crianças. Foram atendidas mais de 300 crianças com doenças hematológicas, fundamentalmente leucemia, 136 com diferentes tipos de tumores, e se realizaram 14 operações complexas de coração, dois transplantes de rim, seis de medula óssea, e outras.

Balaguer avaliou que as vítimas dessa catástrofe tratadas em Cuba encontraram também o consolo e o amor, e reconheceu o trabalho daqueles que nestes 20 anos trabalharam em função de oferecer um serviço excelente, os trabalhadores da saúde, da ciência, dos serviços, da gastronomia, da cultura, todos em função dessas 25.457 pessoas, deles 21.378 menores, que levarão para sempre em seus corações a marca inapagável da amizade entre os povos da Ucrânia e de Cuba. •


DECLARAÇÃO DAS MÃES UCRANIANAS


NÓS, as mães das crianças afetadas pela catástrofe de Chernobil e o Fundo Internacional de Chernobil, dirigimo-nos a todas as pessoas de boa vontade da terra: sejam receptivas a nossas palavras porque nossas palavras provêm do mais fundo do coração materno.

Para uma mãe a maior desgraça na vida é a doença do filho. Quando no ano 1990 Cuba e o Comandante Fidel estenderam a mão de ajuda às crianças ucranianas doentes, não pudemos deixar de valorizar esta façanha do povo cubano e queremos declarar a todo o mundo que não existe uma ação mais humana com relação a crianças doentes que o Programa ucraniano–cubano "Crianças de Chernobil".


Agradecemos com todo o nosso coração ao imenso povo cubano, a seus sábios dirigentes Fidel Castro, que materializou este Programa, e a Raúl Castro, que agora assumiu sua direcção, tudo o que eles fizeram pelas crianças ucranianas afetadas pela catástrofe de Chernobil.

Existem coisas na vida que não se vendem nem se compram com nenhum dinheiro: a amizade, a ajuda mútua e o apoio nos minutos difíceis, e isso é o que une firmemente agora os povos cubano e ucraniano.


Nós confiamos em que a voz sincera e justa das mães ucranianas será escutada pelos povos do mundo todo.


E queremos declarar que não há um país mais livre do que Cuba, que em todo o mundo é conhecido como a Ilha da liberdade e onde nunca e sob nenhuma circunstância foram violados os direitos humanos.


Nós, as mães ucranianas, de todo o coração agradecemos ao povo e ao Governo da República de Cuba pelo tratamento de nossas crianças e esperamos que a sombra escura de Chernobil desapareça para sempre e que a amizade entre dois grandes povos perdure eternamente.


Viva Cuba, viva Ucrânia!

Antiga imprensa, enfim, assume partidarismo

Finalmente a antiga imprensa brasileira assumiu que virou um partido político. O anúncio foi feito pela presidente da Associação Nacional dos Jornais e executiva da Folha de S.Paulo, Maria Judith Brito: "Obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposiciobista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada".

- Por Jorge Furtado*

A presidente da associação/partido não questiona a moralidade de seus filiados assumirem a “posição oposicionista deste país” enquanto, aos seus leitores, alegam praticar jornalismo.

Quem estava prestando atenção já percebeu faz tempo: a antiga imprensa brasileira virou um partido político, incorporando as sessões paulistas do PSDB (Serra) e do PMDB (Quércia), e o DEM (ex-PFL, ex-Arena).

A boa novidade é que finalmente eles admitiram ser o que são, através das palavras sinceras de Maria Judith Brito, presidente da Associação Nacional dos Jornais e executiva do jornal Folha de S. Paulo, em declaração ao jornal O Globo:

“Obviamente, esses meios de comunicação estão fazendo de fato a posição oposicionista deste país, já que a oposição está profundamente fragilizada.”

A presidente da Associação Nacional dos Jornais constata, como ela mesma assinala, o óbvio: seus associados “estão fazendo de fato a posição oposicionista (sic) deste país”. Por que agem assim? Porque “a oposição está profundamente fragilizada”.

A presidente da associação/partido não esclarece porque a oposição “deste país” estaria “profundamente fragilizada”, apesar de ter, como ela mesma reconhece, o irrestrito apoio dos seus associados (os jornais).

A presidente da associação/partido não questiona a moralidade de seus filiados assumirem a “posição oposicionista deste país” enquanto, aos seus leitores, alegam praticar jornalismo. Também não questiona o fato de serem a oposição ao governo “deste país” mas não aos governos do seu estado (São Paulo).

Propriedades privadas, gozando de muitas isenções de impostos para que possam melhor prestar um serviço público fundamental, o de informar a sociedade com a liberdade e o equilíbrio que o bom jornalismo exige, os jornais proclamam-se um partido, isto é, uma “organização social que se fundamenta numa concepção política ou em interesses políticos e sociais comuns e que se propõe alcançar o poder”.

O partido da imprensa se propõe a alcançar o poder com o seu candidato, José Serra. Trata-se, na verdade, de uma retomada: Serra, FHC e seu partido, a imprensa, estiveram no poder por oito anos. Deixaram o governo com desemprego, juros, dívida pública, inflação e carga tributária em alta, crescimento econômico pífio e índices muito baixos de aprovação popular. No governo do partido da imprensa, a criminosa desigualdade social brasileira permaneceu inalterada e os índices de criminalidade (homicídios) tiveram forte crescimento,

O partido da imprensa assumiu a “posição oposicionista” a um governo que hoje conta com enorme aprovação popular. A comparação de desempenho entre os governos do Partido dos Trabalhadores (Lula, Dilma) e do partido da imprensa (FHC, Serra), é extraordinariamente favorável ao primeiro: não há um único índice social ou econômico em que o governo Lula (Dilma) não seja muito superior ao governo FHC (Serra), a lista desta comparação chega a ser enfadonha.

Serra é, portanto, o candidato do partido da imprensa, que reúne os interesses da direita brasileira e faz oposição ao governo Lula. Dilma é a candidata da situação, da esquerda, representando vários partidos, defendendo a continuidade do governo Lula.

Agora que tudo ficou bem claro, você pode continuar (ou não) lendo seu jornal, sabendo que ele trabalha explicitamente a favor de uma candidatura e de um partido que, como todo partido, almeja o poder.

Annita Dunn, diretora de Comunicações da Casa Branca, à rede de televisão CNN e aos repórteres do The New York Times:

"A rede Fox News opera, praticamente, ou como o setor de pesquisas ou como o setor de comunicações do Partido Republicano" (...) "não precisamos fingir que [a Fox] seria empresa comercial de comunicações do mesmo tipo que a CNN. A rede Fox está em guerra contra Barack Obama e a Casa Branca, [e] não precisamos fingir que o modo como essa organização trabalha seria o modo que dá legitimidade ao trabalho jornalístico. Quando o presidente [Barack Obama] fala à Fox, já sabe que não falará à imprensa, propriamente dita. O presidente já sabe que estará como num debate com o partido da oposição."

*Jorge Furtado é cineasta e escritor. Foi um dos fundadores da Casa de Cinema de Porto Alegre, da qual é integrante até hoje.

Fonte: Agência Carta Maior
(Artigo publicado no blog de Jorge Furtado/Casa de Cinema de Porto Alegre)

sábado, 3 de abril de 2010

Venezuela e Rússia fecham acordo petrolífero bilionário

Thais Romanelli - Opera Mundi

Em sua primeira visita a Venezuela, o primeiro-ministro russo, Vladimir Putin selou uma “aliança estratégica”, nesta sexta-feira (2/04), com o presidente Hugo Chávez. Foram 31 acordos assinados, a maioria nas áreas de energia e defesa.

“Quero destacar que criamos uma nova equação em mecanismos de cooperação bilaterais que nesta década se desenvolveram como nunca antes”, afirmou Chávez ao término do ato no qual foram assinados parte dos documentos.

O presidente e primeiro-ministro russo discutiram possíveis parcerias petrolíferas e formalizaram a criação de uma empresa binacional de produção e extração de petróleo na faixa do rio Orinoco, no norte da Venezuela.


Harold Escalona/Efe



Estima-se que a reserva de petróleo dessa região tenha capacidade de 513 bilhões de barris, o que a tornaria a maior do mundo. A reserva ainda está em processo de certificação.

O acordo prevê que a estatal venezuelana PDVSA e o consórcio russo – formado pelas empresas Rosneft, Lukoil, TNK-BP, Gazprom e Surgutneftgaz – construam uma empresa conjunta para operar no campo Junín 6, e que posteriormente a exploração possa ser ampliada para outros três campos da faixa do Orinoco.

Na associação, a PDVSA terá 60% das ações e o consórcio russo ficará com os outros 40%. A expectativa é que ao final do projeto a produção chegue a 450 mil de barris diários.
Segundo Putin, o documento exige uma “entrada” de um bilhão de dólares para a exploração de Junin 6. Desse valor, 600 milhões de dólares já foram pagos pelo presidente russo no próprio dia da reunião.

Durante a visita, ambos os Governos ajustaram vários memorandos de entendimento para construção de navios-tanque de transporte de gás e petróleo; estudos para a instalação de uma planta de geração de energia elétrica e cooperação em projetos de planejamento energético.

Defesa

Além disso, Vladimir Putin, que disse que seu país está disposto a continuar a fornecer equipamento militar à Venezuela, entregou na ocasião da visita quatro helicópteros russos Mi-17 que completam o lote de 38 comprados em 2006, e firmaram acordos para a renovação da frota aérea venezuelana.

A decisão alarmou os Estados Unidos que se disseram “preocupados com a compra de armamento por parte da Venezuela” em comunicado oficial da Casa Branca.

O presidente Hugo Chávez, questionado sobre a posição norte-americana afirmou que as intenções com a compra de aviões é pacífica. “Não estamos nos armando contra os EUA. Vocês sabem quantos aviões [Barack] Obama têm?”, disse.

Exploração espacial

Vladimir Putin prometeu também avaliar a possibilidade de ajudar a Venezuela a desenvolver sua própria indústria especial, que incluiria um sistema de lançamento de satélites. A proposta de cooperação ainda será discutida por autoridades dos dois países.

“A Rússia ofereceu apoio para que a Venezuela tenha sua própria indústria para o uso de seu espaço extraterrestre e nós temos interesse nisso”, afirmou o presidente venezuelano.

A declaração foi ironizada na Casa Branca, que por meio de seu porta-voz Philip Crowley lembrou que nesta semana Chávez declarou feriado prolongado para poupar energia.

“Já que ele pretende gastar recursos para atender aos interesses do povo venezuelano, talvez devesse se concentrar em assuntos terrestres mais do que nos extraterrestres”, disse Crowley.

O BBB e a imbecilidade humana.....

Encéfalos esponjosos

<br /><b>Crédito: </b> João Luis Xavier

Crédito: João Luis Xavier

Terminou o "BBB10". Graças a Deus. Estamos livres. Estava ficando difícil evitar os comentários sobre o Besteirol Baixaria Brasil. Ou Bundas Brasileiras Balançando. Bastava ligar a televisão, a qualquer hora do dia ou da noite, para se ver ao menos uma chamada com uma bunda rebolando ou um cara afagando os países baixos. Pensei em fugir para o exterior. Havia sempre alguém no lotação falando no celular sobre as espetaculares discussões filosóficas travadas entre os protagonistas do jogo. Poucas vezes uma rede de televisão foi tão bem-sucedida na escolha de um grupo de QI reduzido. Não deve ter passado de 180 somando-se todos os integrantes.

A televisão costuma ser um poderoso instrumento de emburrecimento. O "Big Brother", para usar mais uma expressão de Jean Baudrillard, privilegia os encéfalos esponjosos, tanto dos participantes quanto dos telespectadores. É o programa mais idiota da história recente da televisão brasileira. Vi duas noites seguidas e senti meu cérebro tomando a consistência de uma gelatina ou de um mocotó. Ganhou um tal de Marcelo Dourado, gaúcho, filho de uma astróloga, certamente responsável pela sofisticada cultura do filho. Dourado destacou-se pelas suas declarações contra os homossexuais. O Brasil reacionário adorou. Venceu aquele que tem a cara do país: bronco, conservador e homofóbico.

Durante meses, milhões de pessoas submeteram-se a um triste espetáculo com disputas infantilizadoras e uma terminologia babaca escolhida para tocar o coração de antas, pacas e telespectadores: colar do anjo, brothers, sisters, big fone, confessionário, casa mais vigiada do Brasil, castigo do monstro, pular amarelinha vestido de criança, imunização, etc. Dourado levou R$ 1,5 milhão pela sua extraordinária capacidade de representar a estupidez nacional. Certamente desfilará em carro de bombeiro ao chegar em Porto Alegre. É o nosso novo Bento Gonçalves. O Rio Grande do Sul está orgulhoso do seu filho dileto. O "BBB" é uma atividade terapêutica de regressão. Até o apresentador, Pedro Bial, regrediu. Passou de bom repórter a animador de uma baixaria anual. Parece feliz. Deve ter encontrado o seu "eu" profundo.

Por que as pessoas veem o "Big Brother"?

Porque está à altura das suas competências intelectuais. O "BBB" é o equivalente televisivo da literatura de Paulo Coelho. Dizem que a Rede Globo assinou contrato para exibir mais 40 edições do "BBB". Se isso for verdade, quero migrar para a Sibéria com uma coleção de DVDs de Zorra Total e um pôster da dupla Victor e Leo. Topo tudo. Suporto qualquer coisa. O Ronan Prigent, adido cultural da França em Porto Alegre, foi transferido para Ekaterinemburgo. Pedirei que me acolha por lá. Trabalharei fazendo faxina ou recuperando encadernações das obras de Lenin. Suportarei temperaturas de 45 graus negativos. Só quero ficar livre dos fãs do "BBB". Não quero ter o azar de encontrar o Dourado na rua.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Libertos mais de 80 trabalhadores em carvoarias de Goiás



Da Repórter Brasil - no sitio do MST


O funcionamento de 14 carvoarias na zona rural de Jussara (GO), no local conhecido como Vale do Araguaia, dependia de 81 trabalhadores submetidos a condições análogas à escravidão. O quadro de irregularidades foi encontrado pela Superintendência Regional do Trabalho e Emprego de Goiás (SRTE/GO), em parceria com o Ministério Público do Trabalho (MPT) e a Polícia Federal (PF), entre os dias 22 de fevereiro e 10 de março deste ano.
A maior parte dos empregados foi aliciada em Minas Gerais. "Algumas funções, como a de carbonizador, requerem trabalho especializado e Minas Gerais possui muitas pessoas com conhecimento nessa área", explica Roberto Mendes, coordenador da fiscalização rural da SRTE/GO. As vítimas desmatavam a vegetação, retiravam a lenha e produziam carvão.
As 14 carvoarias estavam localizadas nas seguintes propriedades: Fazenda Água Limpa do Araguaia, de propriedade de Antônio Joaquim Duarte; Fazenda Pompéia, que pertence a Jairo Benedito Perillo; Fazenda Nossa Senhora Aparecida, de Labib Adas; Fazenda Chaparral, de Renato Rodrigues da Costa; e Fazenda Santa Rosa do Araguaia, da empresa Oesteval Agropastoril Ltda. As carvoarias funcionavam há cerca de quatro anos. Nesse período, os mesmos trabalhadores mudavam de uma fazenda para outra.
Os alojamentos eram feitos de restos de madeiras e lonas em chão de terra batida ou areia, alguns deles localizados próximos a lamaçais. Os trabalhadores dormiam em camas improvisadas com tocos de madeira e utilizavam pedaços de espumas velhas e sujas como colchões. Não havia roupas de cama e nem armários individuais para guardar pertences.
Para tomar banho, os trabalhadores utilizavam copos para jogar água no corpo. Não havia sequer cozinhas. Os alimentos eram preparados dentro dos alojamentos, em fogões improvisados, com risco de incêndios. Não havia instalações sanitárias ou elétricas. Os empregadores não forneciam água potável. Algumas esposas e filhos de carvoeiros também moravam nas mesmas condições.
Os trabalhadores não tinham acesso a nenhum tipo de Equipamento de Proteção Individual (EPI). "A maioria dos carvoeiros trabalhava apenas de bermudas e chinelos, mesmo estando expostos ao calor intenso, à fumaça e à fuligem produzidas pela produção e remoção do carvão", detalha Roberto. Nenhum dos operadores de motosserras e de tratores possuía capacitação.
As vítimas estavam submetidas a uma jornada exaustiva de trabalho, sem descanso semanal renumerado. Trabalhavam de segunda a segunda, inclusive aos domingos. "Além desse quadro de condições desumanas e falta de segurança, os empregados não tinham direito a 13º salário, férias, depósito do Fundo de Garantia pelo Tempo de Serviço (FGTS). Com isso, perdiam a contagem do tempo de serviço para aposentadoria", explica Roberto. A maior parte dos trabalhadores também não tinha suas Carteiras de Trabalho e da Previdência Social (CTPS) assinadas.
Além das infrações à legislação trabalhista, também foram detectadas infrações ambientais. Os fiscais verificaram que duas carvoarias funcionavam sem autorização e que nenhuma das mais de dez motosserras tinha licença do órgão ambiental responsável. Houve registro de queimadas irregulares após a derrubada do Cerrado. Durante a operação, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) informou a Agência Ambiental de Goiás sobre as irregularidades e solicitou a presença de representantes no local, mas até o fim da fiscalização ninguém do órgão estadual compareceu.
No total, os trabalhadores resgatados receberam mais de R$ 200 mil referentes às verbas rescisórias. Além disso, receberão três parcelas de Seguro-Desemprego do Trabalhador Resgatado, no valor de um salário mínimo cada. Todas as carvoarias foram interditadas. Assim como todas as atividades de desmatamento e de retirada de lenha.
"Os proprietários das fazendas receberam várias autuações e poderão, ao final dos processos administrativos onde lhes serão garantidos o contraditório e a ampla defesa, ter seus nomes incluídos na lista de empregadores que submetem trabalhadores à condição análoga à de escravo, conhecida como ´lista suja´. Isso sem falar em possíveis implicações criminais, uma vez que o fato é tipificado como crime pelo Artigo 149, do Código Penal Brasileiro", adiciona o auditor fiscal do trabalho Roberto Mendes.
De acordo com ele, a produção artesanal de carvão vegetal constitui uma atividade de grande risco à saúde e integridade física do trabalhador. "A atividade requer uma série de medidas preventivas por parte dos empreendedores, os quais devem sempre procurar assistência técnica de profissionais da área de segurança e saúde no trabalho".
Em outra ação realizada em janeiro deste ano, a SRTE/GO interditou várias carvoarias em cinco fazendas no município de Aporé (GO): Fazenda Ranchinho (de Flávio Pascoa Teles de Menezes); Fazenda N. S. D´ Abadia (de Benedicta Terezinha Pedrinho Baptista); Fazenda Furnas São Domingos (de Manoel Domingos de Lima); Fazenda Orissanga (de Antônio Melhado Sobrinho); e Fazenda Serra Verde (de Rosana Elisa Regatiere Magalhães).

O islã e a justiça social...

O Significado de Justiça no Islamismo

Na visão islâmica de mundo, a justiça denota colocar algo em seu devido lugar.  Também significa dar aos outros tratamento igualitário.  No Islã, a justiça também é uma virtude moral e um atributo da personalidade humana, como é na tradição ocidental.  A justiça está próxima da igualdade no sentido de que ela cria um estado de equilíbrio na distribuição de direitos e deveres, mas elas não são idênticas.  Às vezes, a justiça é alcançada através da desigualdade, como uma distribuição desigual de riqueza.  O Profeta do Islã declarou:
“Existem sete categorias de pessoas a quem Deus abrigará sob Sua sombra no Dia quando não haverá nenhuma sombra exceto Ele.  [Uma é] o líder justo.”  (Saheeh Muslim)
Deus falou a Seu Mensageiro dessa forma:
“Ó Meus servos, eu proibi a injustiça para Mim mesmo e a proíbo também para vós.  Então evitem serem injustos uns com os outros.” (Saheeh Muslim)
Portanto, a justiça representa retidão moral e eqüidade, uma vez que significa que as coisas devem estar no lugar a que elas pertencem.

A Importância da Justiça

O Alcorão, a escritura sagrada do Islã, considera a justiça como uma virtude suprema.  É um objetivo básico do Islã a ponto de ser a próxima na ordem de prioridade após a crença no direito exclusivo de Deus a adoração (Tawheed) e na verdade da missão profética de Muhammad.  Deus declara no Alcorão:
“Deus ordena a justiça e o tratamento justo...” (Alcorão 16:90)
E em outra passagem:
“Ó vós que credes, sede constantes em servir a Deus, e sejam testemunhas com justiça.” (Alcorão 5:8)
Sendo assim, pode-se concluir que justiça é uma obrigação do Islã e injustiça é proibido.  A centralidade da justiça para o sistema corânico de valores é mostrada pelo seguinte versículo:
“Nós enviamos Nossos Mensageiros com claros sinais e fizemos descer com eles o Livro e a Balança de modo a estabelecer justiça entre os homens...”  (Alcorão 57:25)
A frase ‘Nossos Mensageiros’ mostra que a justiça foi um objetivo de todas as revelações e escrituras enviadas à humanidade.  O versículo também mostra que a justiça deve ser medida e implementada pelos padrões e orientações estabelecidos pela revelação.  A abordagem do Islã para a justiça é vasta e abrangente.   Qualquer caminho que leve à justiça é considerado em harmonia com a Lei Islâmica.  Deus exigiu justiça e, embora Ele não tenha prescrito uma rota específica, forneceu as orientações gerais de como alcançá-la.  Ele também não prescreveu meios fixos através dos quais ela pode ser obtida, nem Ele declarou inválidos quaisquer meios ou métodos em particular que possam levar à justiça.  Sendo assim, todos os meios, procedimentos e métodos que facilitam, refinam e promovem a causa da justiça, e não violam a Lei Islâmica, são válidos.[1]

Igualdade na Justiça

Os padrões corânicos de justiça transcendem considerações de raça, religião, cor e credo, já que é ordenado aos muçulmanos que sejam justos com seus amigos e companheiros igualmente, e sejam justos em todos os níveis, como o Alcorão define:
“Ó vós que credes!   Sedes firmes na justiça, como testemunhas de Deus, ainda que seja contra vós mesmos, ou contra seus pais e parentes, ou que seja contra rico ou pobre...” (Alcorão 4:135)
De acordo com outra passagem corânica:
“E que o ódio para com um povo não vos induza a se afastardes da justiça.  Sede justos, porque isso está mais próximo da virtude...”  (Alcorão 5:8)
Com referência às relações com não-muçulmanos, o Alcorão também declara:
“Deus não vos proíbe de fazerdes o bem e serdes justos com aqueles que nem vos combateram na vossa religião nem vos fizeram sair de vossos lares...” (Alcorão 60:8)
Os eruditos do Alcorão concluíram que essas normas se aplicam a todas as nações, seguidoras de todas as fés. Na verdade, a toda a humanidade. [2]   Na visão do Alcorão, justiça é uma obrigação.  É por isso que foi dito ao Profeta:
“...Se julgas, julga entre eles com justiça...”   (Alcorão 5:42)
“Fizemos descer para ti (Muhammad) a escritura com a verdade, a fim de que julgues entre os homens conforme o que Deus te ensinou.” (Alcorão 4:105)
Além disso, o Profeta foi enviado como um juiz entre os povos, e lhe foi dito:
“...Dize: Creio na Escritura que Deus enviou e foi-me ordenado fazer justiça entre vós...” (Alcorão 42:15)
O Alcorão se vê como uma escritura devotada principalmente a estabelecer os princípios de fé e justiça.  O Alcorão exige que a justiça seja feita para todos, e que é um direito inerente de todos os seres humanos sob a Lei Islâmica.[3]  O comprometimento eterno do Alcorão com os padrões básicos de justiça é encontrado nessa declaração:
“A Palavra de teu Senhor cumpriu-se em verdade e justiça.  Ninguém pode mudar Suas palavras.” (Alcorão 6:115)
Prover justiça é uma custódia que Deus conferiu ao ser humano e, como todas as outras custódias, o seu cumprimento deve ser guiado pelo senso de responsabilidade, além da mera conformidade estabelecida pelas regras.  Assim, o Alcorão declara:
“Deus vos ordena que restituais os depósitos a seus donos e quando julgardes entre os homens, julgueis com justiça...”   (Alcorão 4:58)
A referência à justiça que imediatamente segue uma referência ao cumprimento de custódias indica que ela é a mais importante de todas as custódias.[4]

Justiça e o Eu

O conceito corânico de justiça também faz da justiça a uma virtude pessoal, e um dos padrões de excelência moral que um crente é encorajado a seguir como parte de sua consciência de Deus.  Deus diz:
“...Sede justos, porque isso está mais próximo da consciência de Deus...”   (Alcorão 5:8)
O próprio Profeta instruiu:
“Sejam conscientes de Deus e sejam justos com seus filhos.”[5]
O Alcorão diz aos crentes:
“...Quando falardes, fazei-o com justiça, mesmo que seja contra alguém próximo a ti...”  (Alcorão 6:152) 

Exemplos Específicos de Justiça Encorajados no Alcorão

O Alcorão também se refere a situações em particular e contextos de justiça.  Uma dessas situações é a exigência de tratamento justo dos órfãos.  Deus diz:
“E não vos aproximeis das riquezas do órfão a não ser da maneira mais justa até que ele [ou ela] atinja sua força plena. E completai a medida e pesai com justiça...”  (Alcorão 6:152, ver também 89:17, 93:9, e 107:2)
Negociações justas em medidas e pesos, como mencionado no versículo acima, também são mencionadas em outras passagens onde a justiça na compra, venda e, por extensão, nas transações de negócios em geral, é enfatizada.  Existe um capítulo inteiro do Alcorão, Surata al-Mutaffifeen (‘Surata dos Fraudadores’, 83) onde negociantes fraudulentos são ameaçados com a ira divina.
Referências à justiça também ocorrem no contexto da poligamia.  O Alcorão exige tratamento eqüitativo de todas as esposas.  O versículo da poligamia começa pela referência a meninas órfãs que podem ser expostas à depravação e injustiça.  Quando elas alcançam a idade de casar, elas podem ser casadas, mesmo em uma relação poligâmica, especialmente quando existe uma desigualdade no número de homens e mulheres, como foi o caso após a Batalha de Uhud quando esse versículo foi revelado.  Mas, como o Alcorão declara:
“Se temeis ser injusto, então casai apenas uma...”  (Alcorão 4:3)
Concluindo, ‘promover justiça’, nas palavras de Sarkhasi, um destacado jurista muçulmano clássico, ‘se equipara aos mais nobres atos de devoção depois da crença em Deus.   É o maior de todos os deveres confiados aos profetas...e é a justificativa mais forte para a gerência da terra pelo homem.’[6]


Footnotes:
[1] Qaradawi, Yusuf, ‘Madkhal li-Darasah al-Sharia al-Islamiyya,’ p. 177
[2] Kamali, Mohammad, ‘Freedom, Equality, And Justice In Islam,’ (‘Liberdade, Igualdade e Justiça no Islã’) p. 111
[3] Qutb, Sayyid, ‘Fi Zilal al-Quran,’ vol. 2, p. 689
[4] Razi, Fakhr al-Din, ‘al-Tafsir al-Kabir,’ vol. 3, p. 353
[5] Riyad us-Saliheen
[6] Sarkhasi, Shams al-Din, ‘al-Mabsut,’ vol. 14, p. 59-60

DEIC da Policia Civil do RS sob suspeição...

Polícia Civil deve abrir sindicância para apurar investigação de caso Eliseu

Ex-mulher de acusado do crime é casada com investigador do Deic, segundo o MP

A cúpula da Polícia Civil deve abrir sindicância interna para apurar investigação do Departamento de Investigações Criminais (Deic) sobre a morte do ex-secretário municipal de Saúde Eliseu Santos, assassinado em 26 de fevereiro. O caso - desvendado pela polícia uma semana depois, indiciando três executores - está sob suspeita após denúncia do Ministério Público. Diferentemente da polícia, que tratou o caso como tentativa de latrocínio, os procuradores da 1ª Vara do Tribunal do Júri apuraram que a morte do ex-vice-prefeito foi tramada por pelo menos cinco dos oito denunciados ao Poder Judiciário. Entre eles, Jorge Renato Mello, um dos proprietários da empresa de vigilância Reação, que teve o contrato rompido com a prefeitura depois do escândalo de suposto pagamento de propina para o então secretário Eliseu Santos.

A ex-mulher de Mello é casada com o investigador Pedro Diniz, chefe de investigação da Delegacia de Homicídios, responsável pelo inquérito, segundo o MP. No pedido de prisão preventiva à Justiça feito pelos quatro promotores em 31 de março, o texto se refere ao dono da empresa Reação: “A referência ao comportamento ardiloso de Jorge Renato Hardoff Mello se deve, em muito, ao fato de ser policial militar na reserva, que chegou a ser cedido para a Polícia Federal, que trabalhou com empresa de vigilância, o qual tinha contato com diversos policiais civis, até porque sua ex-esposa, com quem tem uma filha, é atualmente casada com o chefe de Investigação da Delegacia de Homicídios, Pedro Diniz, aliás, com atuação efetiva na investigação e na conclusão prematura do presente inquérito”.

“O servidor não deveria ter participado da investigação. Não vamos prevaricar”, disse o chefe de Polícia, delegado João Paulo Martins. Ele afirmou que, assim que tiver acesso às investigações do Ministério Público, a cúpula da Polícia Civil se manifestará, não descartando a abertura de uma sindicância pela Corregedoria da instituição. De acordo com as conclusões do Ministério Público, Jorge Renato Mello, ex-PM e apontado como um dos mandantes da morte de Eliseu Santos, seria um "informante" do Deic. Um policial civil que prestou depoimento ao MP disse que Mello trabalhava ainda como informante, inclusive tendo atuação na noite da morte de Eliseu.

Ex-assessor da Secretaria da Saúde se apresentou à Justiça

O ex-assessor jurídico da Secretaria Municipal da Saúde Marco Antônio Bernardes se apresentou, na manhã desta sexta-feira, à Justiça. Ele é um dos oito denunciados pelo Ministério Público por participação na morte de Eliseu Santos.

Outros três denunciados já estão no Presídio Central: Eliseu Pompeu Gomes, Fernando Treib Krol, o "Alemão", presos após inquérito da Polícia Civil, e Marcelo Dias Souza, detido ontem pela Brigada Militar.

Com isso, apenas Janine Ferri Bitello, de 25 anos, de Sapucaia do Sul, e Robinson Teixeira dos Santos, de 23 anos, também de Sapucaia do Sul, seguem foragidos.

De acordo com o MP, Bernardes teria perdido um cargo em comissão junto à Secretaria comandada pela vítima. Além disso, outros denunciados teriam sido prejudicados pelo fechamento da empresa de vigilância e segurança Reação. A empresa perdeu mais de R$ 1 milhão quando o seu contrato foi rompido devido à descoberta do esquema de propina.

Na quinta-feira, foram presos dois integrantes da quadrilha durante investigações realizadas pela Delegacia de Homicídios. O Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar prendeu Marcelo Pio e Marcelo Souza, que tiveram mandados de prisão expedidos pela Justiça a pedido do MP.




O original encontra-se no sitio do Correio do Povo

O genocidio dos nativos americanos....


Avatar conta uma história que preferimos esquecer
Avatar é, ao mesmo tempo, tolo e profundo. É tolo porque a exigência de um final feliz engendra um enredo previsível que arranca o coração do filme. E é profundo porque, como outros filmes sobre alienígenas, é uma metáfora sobre o contato entre culturas humanas diferentes. Nesse caso a metáfora é consciente e precisa: esta é a história do engajamento europeu com os povos nativos das Américas. Essa é uma história que ninguém quer escutar, por causa do desafio que oferece ao modo como escolhemos ver a nós mesmos. A Europa enriqueceu maciçamente com os genocídios nas Américas; as nações americanas foram fundadas neles. O artigo é de George Monbiot, e está no Carta Maior

O Blockbuster em 3D Avatar, de James Cameron, é tanto profundamente tolo como profundo. É profundo porque, como em muitos filmes sobre alienígenas, é uma metáfora para o contato entre culturas humanas diferentes. Mas nesse caso a metáfora é consciente e precisa: esta é a história do engajamento europeu com os povos nativos das Américas. É profundamente tolo porque a exigência de um final feliz engendra um enredo tão estúpido e previsível que arranca o coração do filme. O destino dos nativos americanos é tratado com mais proximidade histórica do que a história contada em outro filme novo, The Road (John Hillcoat, 2009), no qual pessoas sobreviventes de um cataclismo fogem aterrorizadas enquanto são caçadas até a extinção.

Mas essa é uma história que ninguém quer escutar, por causa do desafio que oferece ao modo como escolhemos ver a nós mesmos. A Europa enriqueceu maciçamente com os genocídios nas Américas; as nações americanas foram fundadas neles. Essa é uma história que não podemos aceitar.

Em seu livro Holocausto Americano, o acadêmico estadunidense David Stannard documenta os maiores atos de genocídio que o mundo já experienciou. Em 1492, 100 mil povos nativos viviam nas Américas. No fim do Século XIX, quase todos eles tinham sido exterminados. Muitos morreram de doenças. Mas a extinção em massa também foi empreendida.

Quando os espanhóis chegaram nas Américas, eles descreveram um mundo que dificilmente teria sido muito diferente do seu próprio. A Europa foi devastada pela guerra, pela opressão, escravidão, fanatismo, doença e fome. As populações que encontraram eram saudáveis, bem nutridas e em sua maioria (com exceções, como os Astecas e Incas), pacíficas, democráticas e igualitárias. Pelas Américas, os primeiros exploradores, inclusive Colombo, observaram a extraordinária hospitalidade dos nativos. Os conquistadores ficaram maravilhados com as impressionantes estradas, construções e com a arte que encontraram, a qual em alguns casos ia além de tudo o que tinham visto antes. Nada disso os impediu de destruir tudo e todos que encontraram pelo caminho.

O açougue começou com Colombo. Ele abateu o povo nativo da Hispaniola (hoje Haiti e República Dominicana) por meio de uma brutalidade inimaginável. Seus soldados arrancaram bebês de suas mães e espatifaram suas cabeças em pedras. Jogaram seus cachorros sobre crianças vivas. Numa ocasião, eles enforcaram 13 índios em honra a Cristo e aos 12 discípulos, num cadafalso na altura em que seus dedos tocassem o chão, então os estriparam e queimaram vivos. Colombo ordenou que todos os nativos entregassem uma certa quantia de ouro a cada três meses; quem não o fizesse teria suas mãos cortadas. Por volta de 1535, a população nativa da Hispaniola havia caído de 8 mil para zero; parte como consequência de doença, parte como de assassinato, sobrecarga de trabalho e fome.

Os conquistadores espalharam sua missão civilizatória ao longo das Américas Central e do Sul. Quando não conseguiam dizer onde seus tesouros míticos estavam escondidos, os povos indígenas eram açoitados, afogados, desmembrados, devorados por cachorros, enterrados vivos ou queimados. Os soldados cortavam os seios das mulheres, devolviam as pessoas a suas cidades com suas mãos e narizes cortados, ao redor de seus pescoços e índios caçados por seus cães, por esporte. Mas a maior parte foi morta pela escravidão e doença. Os espanhóis descobriram que era mais barato fazer os índios trabalharem até a morte e substituí-los, do que mantê-los vivos: a expectativa de vida nas minas e plantações era de três a quatro meses. Um século após sua chegada, em torno de 95% da população da América Central e do Sul tinha sido destruída.

Na Califórnia, ao longo do Século XVIII a Espanha sistematizou o extermínio. Um missionário franciscano chamado Juniperro Serra deu cabo de uma série de “missões”: na realidade, de campos de concentração usando trabalho escravo. A população nativa foi arrebanhada pela força das armas e posta a trabalhar nos campos, com um quinto das calorias de que os afro-americanos escravos no Século XIX se nutriam. Eles morriam de tanto trabalhar, de fome e doença em índices alarmantes, e eram continuamente substituídos, limpando etnicamente as populações indígenas. Juniperro Serra, o Eichmann da Califórnia, foi beatificado pelo Vaticano em 1988. Neste momento esperam mais um só milagre seu para torná-lo santo.

Enquanto a colonização espanhola foi orientada pelo lustro do ouro, a Norte-Americana foi pela terra. Na Nova Inglaterra eles renderam as vilas dos nativos americanos e os assassinaram enquanto dormiam. Enquanto o padrão oeste de genocídio se espalhava, era endossado em níveis cada vez mais altos. George Washington ordenou a destruição total das casas e da terra dos Iroquois. Thomas Jefferson declarou que as guerras de sua nação com os índios deveriam continuar até que cada tribo “seja eliminada ou jogada para além do Mississipi”. No Massacre de Sand Creek, de 1864, tropas no Colorado abateram povos desarmados com a bandeira branca em mãos, matando crianças e bebês, mutilando seus corpos e guardando as genitálias das vítimas para usar como porta-tabaco ou amarrar seus chapéus. Theodore Roosevelt chamou a esse evento de “o feito mais correto e benéfico jamais ocorrido na fronteira”.

O abatedouro ainda não acabou: no mês passado, o Guardian reportou que fazendeiros brasileiros na Amazônia oeste, depois de abaterem a todos, tentaram mantar o último sobrevivente de uma tribo da floresta. Ainda assim, os maiores atos de genocídio da história raramente perturbam nossa consciência coletiva. Talvez tivesse vindo a ser isso o que teria ocorrido caso os nazistas houvesse vencido a Segunda Guerra Mundial: o Holocausto teria sido denegado, desculpado ou minimizado da mesma maneira, mesmo se continuasse a ocorrer. As pessoas das nações responsáveis – Espanha, Inglaterra, EUA e outros – não tolerarão comparações, mas as soluções finais empreendidas nas Américas foram muitíssimo melhor sucedidas. Aqueles que cometeram ou as endossaram ainda perseveram como heróis nacionais. Aqueles que fustigam nossa memória são ignorados e condenados.

É por isso que a direita odeia Avatar. No neocon Weekly Standard, John Podhoretz reclama que o filme parece “um western revisionista”, no qual “os índios se tornam caras bons e os Americanos, os caras ruins”. Ele diz que o filme questiona “as raízes da derrota dos soldados americanos nas mãos da insurgência”. Insurgência é uma palavra interessante para uma tentativa de resistir à invasão: insurgente, como selvagem, é como é chamado alguém que tem alguma coisa que você quer. L'Observatore Romano, jornal oficial do Vaticano, condenou o filme, chamando-o de “apenas...uma parábola anti-imperialista e anti-militarista”.

Mas ao menos a direita sabe o que está atacando. No New York Times, o crítico liberal Adam Cohen elogia Avatar por defender a necessidade de se ver claramente. O filme revela, diz ele, “um princípio bem conhecido do totalitarismo e do genocídio, que o oponente é melhor oprimido quando não podemos vê-lo”. Mas, numa formidável ironia inconsciente, ele contorna estrondosamente a metáfora óbvia e, em vez de falar dela, ele enfatiza as atrocidades nazistas e soviéticas. Nós nos tornamos todos hábeis na arte de não ver.

Eu concordo com as críticas de direita que dizem que Avatar é rude, enjoativo e clichê. Mas ele fala de uma coisa mais importante – e mais perigosa – do que aquelas contidas em milhares de filmes de arte.

(*) George Monbiot é jornalista e escritor. Texto publicado na página do autor.

Tradução: Katarina Peixoto