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As razões de fundo da visita do Papa | | | |
Altamiro Borges | |
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O cardeal Joseph Ratzinger já esteve no Brasil por duas vezes (em 1985, logo após ter punido o teólogo Leonardo Boff, e em 1990, para ministrar um curso na tradicional diocese do Rio de Janeiro), mas esta é a primeira visita que faz como Papa Bento XVI, Sumo Pontífice da Igreja Católica. Pela generosa e peculiar religiosidade do povo brasileiro, que torna este país a maior nação católica do mundo, a visita tem grande significado e merece todo o respeito - inclusive dos não-católicos. Mas é preciso ir além das aparências para entender as razões de fundo da viagem. Ela não se dá apenas pelo nobre objetivo de canonizar Frei Galvão ou para participar da quinta conferência episcopal latino-americana (Celam), em Aparecida (SP). Temores diante do “êxodo católico”
Cruzada contra a teologia da libertação
“Gosto amargo às boas-vindas”
“Normas morais” e as “concordatas”
Estado laico e religiosidade popular
fonte:correio da cidadania
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Não chores por Lula
James Petras,
Sociólogo da Universidade de Binghamton, em Nova York
"Não chore por Lula" – disse um banqueiro – "ele discursou para eles, mas trabalhou para nós."
"Ninguém têm a autoridade moral para discutir ética comigo." (Lula, julho 2005)
A corrupção devastou o Governo Lula no Brasil. Cada setor do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula, viu–se implicado em subornos, fraudes, compra de votos, roubo de fundos públicos, fracasso em depor sobre o financiamento ilícito das campanhas e um amontoado de outras condutas delituosas, reveladas quase diariamente entre maio e julho de 2005. Os mais próximos e importantes conselheiros de Lula, líderes do congresso e chefes do partido, foram forçados a renunciar e estão sob investigação parlamentar por transferências ilegais de fundos em grande escala nas campanhas eleitorais, enriquecimento privado e financiamento de funcionários em tempo integral. Até agora os únicos funcionários não implicados em investigações delituosas são Lula e os milionários ministros que dirigem as políticas neoliberais do regime. Inclusive o presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles, está sob investigação por fraude e evasão de impostos durante o tempo em que foi diretor do Banco de Boston. Aparentemente os milionários membros de gabinete, ao contrário dos oportunistas do Partido dos Trabalhadores, não têm nenhuma necessidade de roubar o tesouro público; já ganham o bastante especulando no mercado financeiro ou explorando trabalhadores e camponeses.
O que seria a política de penetrante corrupção endêmica no PT? Por que teria um partido – que nasceu há um quarto de século como um movimento vibrante, democrático, participativo, baseado nas lutas e movimentos sociais – que se degenerar em mais um partido das elites corruptas, respaldado pelos especuladores financeiros e interesses agroindustriais, e dirigido por gananciosos arrivistas profissionais?
No início dos anos noventa o PT expulsou militantes, reconverteu o partido – que passou de ser um "partido– movimento" a ser um partido eleitoral – e transferiu o processo decisório das reuniões dos núcleos de base aos altos funcionários parlamentares e dos aparelhos estatais. O PT passou a ser dirigido por publicitários eleitorais–profissionais, marqueteiros políticos pagos a peso de ouro e aumentou progressivamente a dependência aos meios de comunicação de massas. O predomínio da política eleitoral e de campanhas realizadas nos meios de comunicação de massas interpostos pressupôs um maior financiamento, num momento em que menos militantes tinham vontade de contribuir com a máquina eleitoral. O partido e a elite parlamentar desenvolveram cada vez mais laços com 'concessionários' do setor privado para garantir contribuições em troca de contratos públicos. Com a ascensão de Lula à presidência, estas práticas multiplicaram–se, quando então milhares de funcionários do PT ocuparam cargos e começaram a desenvolver suas próprias fontes privadas de financiamento. A agenda neoliberal de Lula e a nomeação de grandes homens de negócios e banqueiros para as posições econômicas chaves do governo esteve baseada no pressuposto de garantir o apoio dos partidos de direita no Congresso, influindo negativamente, desta forma, nos movimentos sociais populares e sindicatos, sobretudo dos trabalhadores e estatais do setor público.
O problema político ao qual Lula enfrentou–se ao obter o apoio dos congressistas de direita teve duas vertentes: a maioria dos gabinetes políticos foram tomados por funcionários do PT, famintos por capitalizar sua vitória eleitoral, portanto, Lula não poderia compensar a direita oferecendo–lhe cargos. Em segundo lugar, enquanto a direita encontrava–se completamente de acordo com a política de Lula, ainda eram adversários políticos, competindo pelo apoio dos grandes negócios. Assim, para conquistar seus votos, os conselheiros mais íntimos de Lula apelaram ao suborno dos parlamentares de direita, com pagamentos que alcançavam 12 mil dólares ao mês por congressista, pagos através de uma empresa de relações públicas que trabalhava com o Governo Lula.
O PT já não era mais um partido com ideologia de esquerda, adotando um programa para promover o agronegócio (que recebe 90% de créditos agrícolas), servindo ao capital financeiro (com mais de 90 mil milhões de dólares), desembolsando pagamentos de dívida durante 30 meses (gastando mais em pagamento de dívida num mês do que em educação, saúde e reforma agrária num ano), e financiando minas e petróleo. O que manteve o PT inteiro e de pé foi o "patrocínio de gabinetes"; a corrupção, a cooptação, o enriquecimento e o clientelismo. O poder político e os valores do neoliberalismo, "o enriquecimento individual", converteram–se nas motivações determinantes para buscar posições influentes.
A oposição de direita, desde o Partido da Social–Democracia Brasileira (PSDB) ao Partido da Frente Liberal (PFL), não radica em diferenças programáticas. A oposição está tentando reafirmar a grande base de negócios, o apoio do FMI, do Banco Mundial e do capital financeiro internacional que Lula atraiu para a sua administração.
Os principais grupos que "choram por Lula" não são os trabalhadores urbanos ou os despossuídos rurais, mas sim os banqueiros, investidores estrangeiros, milionários e especuladores que ganharam milhares de milhões durante sua administração. Os jornais econômicos Financial Times (FT) e Wall Street Journal (WSJ) estão enormemente preocupados com a hipótese de que as investigações de corrupção impeçam Lula de levar a cabo o resto de sua reacionária agenda neoliberal. Como o FT (22/jul./2005, p. 11) afirma: "... o escândalo de corrupção parece postergar toda probabilidade de qualquer reforma importante da natureza das que robusteceram a reputação do Sr. Lula da Silva na Bolsa de Valores de Wall Street. Dia–a–dia o governo vai sendo paralisado pelo escândalo (...) as medidas que visam introduzir as Parcerias Público–Privadas (PPP) seguiram estacionadas, assim como uma proposta para conceder autonomia ao Banco Central".
Graças à investigação de corrupção e à "paralisia" do Congresso, Lula não poderá privatizar os serviços públicos e as infra–estruturas restantes, nem entregar o Banco Central ao capital financeiro (quanto mais autônomo em relação ao Congresso, maior será sua integração ao setor financeiro). Os trabalhadores reais do setor público, inventariados para a "privatização–pública", viram seus trabalhos, salários e aposentadorias preservados graças ao escândalo de corrupção do PT.
Enquanto Lula perdeu os aliados chaves para a transformação neoliberal do Brasil, deslocou–se mais à direita – substituindo os postos e ministérios pertencentes ao PT por membros do partido conservador, do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro – dentre outros.
Devido ao apoio a Lula em Wall Street, na Bolsa de Londres e no FMI, não há absolutamente qualquer possibilidade para um golpe de Estado. Como diz o refrão: os golpes militares nunca se dão contra o FMI.
O maior perdedor na decadência do Governo Lula foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem–Terra (MST), o qual continuou apoiando o governo apesar das cifras de ativistas camponeses assassinados, de que dezenas de milhares de ocupações de terras foram forçosamente evitadas e de que Lula descumpriu continuamente cada promessa de reforma agrária. Durante o auge do escândalo de corrupção, Lula fez mais explícita sua ampliada coalizão com os partidos de direita, dos latifundiários e especuladores, e o MST uniu–se aos burocratas cooptados das centrais sindicais na organização de uma manifestação pró–Lula e contra a "desestabilização" e a corrupção.
As políticas pró–Lula do MST não só debilitaram gravemente as lutas dos camponeses sem–terras como dividiram a oposição de esquerda, fortalecendo assim à "velha direita", o PSDB e o PFL.
Enquanto alguns especuladores reduziram sua exposição no mercado de valores brasileiro, as grandes firmas investidoras ainda se apressam em garantir benefícios dos mercados brasileiros de alto rendimento, pagando as taxas de juros mais altas do mundo, entre 18 e 25%. A bolha especulativa que estimulou o nível de 5% de crescimento em 2004 acabou. Espera–se que o Brasil cresça aproximadamente 2% em 2005, com o setor manufatureiro entrando em recessão, graças às políticas livre–cambistas que inundaram o mercado brasileiro de produtos industriais asiáticos baratos.
Enquanto os partidos da oposição e os meios de comunicação de massas seguem o escândalo da corrupção, afundando no círculo mais próximo do Governo Lula, os grandes negócios e os interesses bancários não estão a favor de substituir Lula antes das eleições de 2006. O FT (25/jul./2005), num editorial recente, continuava glorificando a política de livre–mercado de Lula, mas aconselhava–o a "assumir mais responsabilidade por ter permitido que ocorra (a corrupção)" e "reorganizar seu governo ao redor de um programa que garanta a estabilidade". Entretanto, com o esfriamento do boom das mercadorias e o câmbio brasileiro supervalorizado em quase 20%, os fabricantes estão esperando que Lula seja substituído pelo vice–presidente Alencar, do Partido Liberal (PL), um importante proprietário têxtil e defensor da política industrial impulsionada pelo Estado e de taxas de juros mais baixas.
Que Lula permaneça no cargo ou que seja obrigado finalmente a renunciar não depende tanto de quão intimamente esteja implicado nos escândalos de corrupção quanto do impacto que sua saída teria nos mercados financeiros. Em qualquer caso, se Lula renuncia (ou sofre impeachment) ou permanece, os principais consultores de investimentos esperam que a oposição continue com as políticas monetaristas neoliberais que Lula promoveu tão ardentemente, inclusive até o ponto de comprar votos no Congresso para reduzir aposentadorias, congelar o salário mínimo e subvencionar os exportadores do agronegócio. É a ironia suprema que o outrora independente e combativo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem–Terra una–se a Wall Street para defender um governo imerso na corrupção. Mas enquanto os banqueiros ao menos 'colheram' cem mil milhões de dólares em lucros e serviços, o MST tem mais de 40 mil ocupantes de terras desalojados, que se somam às 200 mil famílias que vivem em lonas de plástico à margem das rodovias. "Não chore por Lula", disse um banqueiro, "ele discursou para eles, mas trabalhou para nós"
Quando Lula já não for capaz de comprar, convencer, cooptar, subornar congressistas ou manipular o povo pobre, e já não for eficaz na implantação de reformas neoliberais, a elite governante não hesitará em descartá–lo.
Conclusão
O Governo Lula protagonizou vários fatos "inéditos" na história brasileira, durante os primeiros 30 meses de sua administração:
– Nenhum governo até agora foi tão longe e tão rápido à direita.
– Nenhum outro partido governista teve mais líderes partidários, altos quadros, parlamentares, ministros e funcionários sob investigação por fraude em semelhante e breve período.
– Nenhum governo pagou mais em lucros e serviços da dívida externa em prazo tão curto.
– Nenhum governo criou mais multimilionários em 30 meses.
– Nenhum governo desiludiu tanto os eleitores mais pobres em tão breve lapso de tempo.
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Léo Lince | |
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“Que diferença existe entre fundar e assaltar um banco?”. Essa pergunta contundente abre um poema do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. A resposta dada por ele é simples: “nenhuma”. Na essência, são iniciativas da mesma qualidade. Só se distinguem no quantitativo. Os assaltos são eventos isolados e, por mais que se repitam, amealham menos. A rapina legalizada e contínua dos bancos deixa no chinelo qualquer companhia de ladrões.
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Citação: |
Inúmeros filmes já retrataram os horrores vividos nos campos de concentração nazistas. As ditaduras militares na América do Sul, com suas histórias de tortura e desaparecimento de presos políticos, também renderam obras igualmente contundentes e tocantes. Há vários outros exemplos semelhantes. O cinema tem, entre suas funções primordiais, manter vivo o passado para que as atuais gerações não esqueçam de crimes bárbaros cometidos contra a humanidade. O que torna Caminho para Guantanamo um filme especialmente assustador e chocante é sabermos que tudo o que está sendo visto na tela continua acontecendo. Nos indignarmos com o presente é muito mais doloroso, especialmente diante da sensação de que nada parece que vai mudar (curiosamente, no momento em que digito essas linhas, o secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, que aparece no filme negando que os prisioneiros de Guantanamo sofram maus tratos, é afastado do governo Bush). Como Michael Moore com seus filmes-tese anti-Bush, os diretores ingleses de Caminho para Guantanamo, Michael Winterbottom e Matt Whitecross, não escondem sua vontade de tomar partido e, assim, reforçar a denúncia. Não é muito convincente a explicação dos jovens britânicos de origem paquistanesa para, depois de viajarem ao Paquistão para o casamento de um deles, decidirem fazer uma visita ao Afeganistão logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Eles também dizem que pediram ao motorista para levá-los embora e o trajeto seguido foi o oposto, fazendo com que fossem confundidos com militantes da Al-Qaeda e presos por soldados das forças da Aliança do Norte. É possível acreditar na palavra deles, assim como também é possível não acreditar. Isso parece importar pouco para os realizadores. Os acontecimentos se sucedem com tal velocidade, que a angústia que toma conta do espectador não permite que a sua reação no momento seja outra que não a de acreditar - e se revoltar. Como não reagir a cenas chocantes como a dos prisioneiros sendo transportados amontoados num caminhão em que as únicas saídas de ar são as marcas dos tiros desferidos a esmo pelos soldados na carroceria, e que ao chegar ao destino boa parte dos presos estão mortos? Quando a ação se transfere para Guantanamo, a todos esses sentimentos se une o asco. Porque talvez não exista outra palavra senão asco para definir o sentimento despertado pelo comportamento das supostas “autoridades” americanas e britânicas encarregadas de interrogar, à base de tortura física e psicológica, aqueles prisioneiros contra os quais não havia uma evidência concreta qualquer. Winterbottom e Whitecross têm um mérito grande, pela forma como estruturaram o filme, intercalando os depoimentos dos três sobreviventes com a narrativa dramatizada a partir do que eles relatam. Os acertos se estendem à fotografia, edição, escolha de elenco e direção, que capturam a atmosfera daquele pesadelo com precisão e realismo, sem escorregões melodramáticos ou panfletários. Vencedor do Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim, Caminho para Guantanamo chamou a atenção da imprensa para o drama dos três jovens britânicos e para as atrocidades contra os direitos humanos que ainda são cometidas em Guantanamo. Pena que os americanos mais ouviram falar do filme do que o assistiram – foi lançado com míseras 15 cópias -, e que o presidente Bush tenha dito que iria fechar aquela prisão, mas não tomou atitude alguma. Ainda há centenas de presos em Guantanamo e volta e meia se tem notícias de mortes por suicídio. # CAMINHO PARA GUANTANAMO (ROAD TO GUANTANAMO) Inglaterra, 2006 Direção: MICHAEL WINTERBOTTOM e MIKE WHITECROSS Fotografia: MARCEL ZYSKIND Edição: MICHAEL WINTERBOTTOM e MIKE WHITECROSS Elenco: RIZ AHMED, FARHAD HARUN, WAQAR SIDDIQUI, AFRAN USMAN Duração: 95 min. site: http://www.roadtoguantanamomovie.com |
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Faixas:
1. Nada Será Como Antes (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
2. Morro Velho (Milton Nascimento)
3. Cais (Milton Nascimento - Ronaldo Bastos)
4. Credo (Fernando Brant - Milton Nascimento)
5. Conversando No Bar (Fernando Brant - Milton Nascimento)
6. Travessia (Fernando Brant - Milton Nascimento - Cesar Camargo Mariano)
7. Caxangá (Fernando Brant - Milton Nascimento)
8. Vera Cruz (Márcio Borges - Milton Nascimento)
9. Canção Do Sal (Milton Nascimento)
10. Ponta De Areia (Fernando Brant - Milton Nascimento)
Copiado de: Elisdiscografia