Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sábado, 7 de julho de 2007
"Jazzmatazz, Vol. 2: The New Reality" (1995) - Tracklist:
1. Intro (Light It Up) / Jazzalude I / New Reality Style
2. Lifesaver
3. Living In This World
4. Looking Through Darkness
5. Skit A (Interview) / Watch What You Say
6. Jazzalude II. / Defining Purpose
7. For You
8. Insert A (Mental Relaxation) / Medicine
9. Lost Souls
10. Insert B (The Real Deal)/Nobody Knows
11. Jazzalude III. / Hip Hop As A Way Of Life
12. Respect The Architect
13. Feel The Music
14. Young Ladies
15. The Traveler
16. Jazzalude IV. / Maintaining Focus
17. Count Your Blessings
18. Choice Of Weapons
19. Something In The Past
20. Skit B (Alot On My Mind) / Revelation
Nascida em Juiz de Fora, a cantora, compositora, arranjadora, violonista e percussionista Ana Carolina começou cantando nos bares de sua cidade e teve seus primeiros espetáculos produzidos pela atriz e cantora Zezé Motta.Sua voz de timbre grave chamou a atenção de Luciana de Moraes, filha de Vinicius, que resolveu apostar em sua carreira. Assim, em 1999, Ana lançou seu primeiro álbum, "Ana Carolina", que teve como destaques a música "Garganta" (feita para ela pelo compositor Totonho Villeroy) e as recriações muito pessoais (entre o tango e o blues) de "Retrato em Branco e Preto" (Tom Jobim e Chico Buarque) e "Alguém Me Disse" (de Evaldo Gouvêia e Jair Amorim).Em 2003, Ana Carolina lança seu terceiro CD, "Estampado". Com esse trabalho a cantora obtém reconhecimento da crítica e aprovação do público. No mesmo ano é lançado o DVD "Estampado", um misto de filme-documento e musical.Além do show no Largo da Carioca, o DVD também apresenta performances de voz e violão da artista.Em 2005, Ana Carolina lança "Ana & Jorge", o álbum que registra um show que a cantora fez em parceria com Seu Jorge em agosto de 2005, em São Paulo.A partir de agosto de 2006, Ana Carolina passou a integrar o corpo de apresentadoras do programa Saia Justa, no canal GNT. A presença da cantora e multi-instrumentista como única representante da área musical deixa o programa ainda mais interessante.Ao longo da carreira, Ana Carolina ganhou muitos prêmios; o mais recente foi o prêmio Multishow 2006, nas categorias Melhor Cantora e Melhor CD (pelo trabalho "Ana e Jorge").No final de 2006, a cantora se revelou bissexual gerando polemica e atraindo uma série de novos fãs do publico GLBTS e lançou seu 6º álbum, 'Dois Quartos', com dois cds, o 1º chamado 'Quarto' e o 2º, 'Quartinho'. Neles, a cantora se supera, em maturidade, criatividade e, no melhor estilo 'Madonna', em ousadia, apresentando entre as faixas, uma em que cita o falo masculino, 'Cantinho', numa letra cheia de desejos proibidos. E, também, a música 'Eu Comi a Madona', em que fala de mulheres provocantes.
Ana Carolina - Ana Carolina - 1999
Uma das mais recentes revelações da música brasileira, a cantora mostra aqui a mistura de ritmos que a projetou no cenário nacional. Além de cantar, Ana Carolina toca violão em algumas faixas. Destaques para as músicas ´Alguém Me Disse´ e ´Nada Pra Mim´.
1. Tô Saindo
2. Alguém me Disse
3. Nada Pra Mim
4. Trancado
5. Armazém
6. Garganta
7. A Canção Tocou na Hora Errada
8. Tudo Bem
9. Agora ou Nunca
10. O Melhor de Mim
11. Retrato em Branco e Preto
12. Perder Tempo com Você
13. O Avesso dos Ponteiros
14. Beatriz
15. Tô Caindo Fora
Ana Carolina - Ana Rita Joana Iracema e Carolina - 2001
Este é o segundo disco da cantora e compositora Ana Carolina, que traz, entre outros destaques, o sucesso "Quem de Nós Dois", que está na trilha sonora da novela "Um Anjo Caiu do Céu".
1. O Rio
2. Confesso
3. Ela é Bamba
4. Implicante
5. Quem de Nós Dois
6. Pra Terminar
7. Que Será
8. Joana
9. Violão e Voz
10. Vê Se me Esquece
11. A Câmera que Filma os Dias
12. Dadivosa
13. Que se Danem os Nós
14. Eu Nunca te Amei Idiota
15. Me Sento na Rua
Ana Carolina - Estampado - 2003
A cantora, compositora e instrumentista Ana Carolina é uma das maiores revelações da música contemporânea brasileira. Confira sua voz grave e melodiosa em músicas como "Elevador (Livro de Esquecimento)" e "Hoje Eu Tô Sozinha", entre outras.
1. Hoje Eu Tô Sozinha
2. Encostar na Tua
3. 2 Bicudos
4. Elevador (livro de Esquecimento)
5. Só Fala em Mim
6. É Hora da Virada
7. Uma Louca Tempestade
8. Pra Rua Me Levar
9. É Mágoa
10. Mais que Isso
11. Vox Populi
12. Vestido Estampado
13. Nua
14. Não Fala Desse Jeito
15. O Beat da Beata
Ana Carolina - Ana & Jorge Ao Vivo - 2005
Show gravado no Tom Brasil, numa belíssima apresentação de Ana Carolina e Seu Jorge, onde o formato acústico possibilitou ainda mais que os dois mostrassem suas canções de uma forma mais próxima à maneira que foram criadas e ressaltou suas habilidades como multiinstrumentalistas. O repertório traz canções de Ana e Jorge, além da inédita "Unimultiplicidade".
1. São Gonça
2. Problema Social
3. Zé do Caroço
4. Carolina
5. Comparsas / O Pequenez Pit Bull
6. Tanta Saudade
7. É Isso Aí
8. Prá Rua Me Levar
9. Chatterton
10. Beatriz
11. Brasil Corrupção ( Unimultiplicidade )
12. Mais que Isso
13. Garganta
14. Vestido Estampado
15. O Beat da Beata
Ana Carolina Dois Quartos - 2006
Ana Carolina separou o que tinha em "Dois Quartos": "Quarto" apresenta uma artista mais pop, mais conhecida. Já "Quartinho" traz composições harmonicamente mais sofisticadas, com arranjos densos. No repertório, músicas como "Nada te Faltará", que fala dos tempos em que vivemos, religião, direitos humanos, e a atual "Notícias Populares", entre outras.
Quarto
1. Nada Te Faltará
2. Tolerância
3. Ruas de Outono
4. Aqui
5. Rosas
6. Um Edifício no Meio do Mundo
7. Vai
8. O Cristo de Madeira
9. Eu Comi a Madonna
10. 1.100,00 (Nega Marrenta)
11. Chevette
12. Notícias Populares
Quartinho
1. La Critique
2. Então Vá Se Perder
3. Carvão
4. Manhã
5. Homens e Mulheres
6. Corredores
7. Sen. Ti. Mentos
8. Cantinho
9. Eu Não Paro
10. Claridade
11. Milhares de Sambas
12. Eu Comi a Madona (Remix)
Ana Carolina Perfil - 2005
Governo da Alemanha dividido sobre apoio ao Brasil
Desejo de Lula de investir em Angra 3 e retomar programa nuclear desagrada a boa parte do governo Merkel. Às vésperas de visitar o Brasil para discutir biocombustíveis, líder do PV alemão diz que país parece querer 'voltar ao passado'
Maurício Thuswohl
RIO DE JANEIRO – O desejo do governo Lula de investir na energia nuclear e retomar a construção da usina atômica de Angra 3 está causando rebuliço político na Alemanha, país que desde 1975 é parceiro do Brasil num programa nuclear que até hoje pouco saiu do papel. O atual governo alemão, fruto de uma ampla coalizão onde coexistem partidos de direita, centro e esquerda, mantém até agora uma posição dúbia sobre o assunto.
Legendas como o Partido Verde (PV) e o Partido Social-Democrata (SPD, que comanda o Ministério do Meio Ambiente) são contra a construção da usina e preferem que a Alemanha ajude o Brasil a investir em fontes de energia renováveis. Por sua vez, o Ministério da Economia, comandado pelo UDC da chanceler Angela Merkel, já manifestou sua simpatia pela retomada do acordo “nos mesmos moldes” de três décadas atrás.
Foi em 2000, durante o governo da coalizão “Verde-Vermelho” liderada por Gerhard Schroeder (SPD), que a Alemanha decidiu não mais construir usinas atômicas, além de fechar as existentes em seu território. A decisão atendeu a uma bandeira histórica do PV, segundo partido mais importante na sustentação do então premier. As 17 usinas que ainda restam em solo alemão serão fechadas até 2021, num cronograma que vem sendo obedecido à risca, mesmo com a mudança de governo.
Manter o perigo atômico longe da Alemanha parece consenso no governo Merkel. O mesmo, no entanto, não se pode dizer quando o assunto é exportar a tecnologia “acumulada” que o país tem no setor. Essa postura dúbia tem merecido críticas de algumas das mais importantes figuras da política alemã, como o comunista Oskar Lafontaine, presidente do partido A Esquerda: “Seria um anacronismo inaceitável para o povo alemão se o governo fechasse suas usinas em casa e quisesse continuar vendendo a tecnologia nuclear para os países em desenvolvimento”, disse.
O próprio ministro do Meio Ambiente, Sigmar Gabriel, já manifestou claramente sua opinião: “Queremos acordos com o Brasil, sim, mas eles são na área das energias renováveis e da competência energética”, disse. As posições contrárias à retomada do acordo nuclear com o Brasil no seio do governo alemão são tantas que impediram a realização do grupo de trabalho bilateral sobre o tema que estava prevista para junho em Berlim. Nova reunião ainda não tem data marcada para acontecer.
Às vésperas de embarcar para o Brasil, onde tomará parte numa delegação do PV alemão que vem discutir os biocombustíveis com políticos, empresários e ativistas sociais, o deputado federal e ex-ministro do Meio Ambiente Jürgen Trittin afirma que o governo de seu país dificilmente se definirá pelo apoio à proposta do governo brasileiro: “Parto do princípio que uma proposta dessas não terá apoio na Alemanha. Há algumas semanas, debatemos no Congresso um acordo verde, e ficou claro que o governo está completamente rachado quanto ao prolongamento do acordo nuclear com o Brasil. Não acredito que haverá algum auxílio estatal para a construção de Angra 3”, diz.
Trittin afirma que “ao invés de voltar sua política energética para o futuro, o Brasil parece querer voltar ao passado”. O deputado critica o acordo nuclear Brasil-Alemanha de 1975 e lamenta que o governo Schoroeder não tenha conseguido substituí-lo, como desejou: “Este acordo deveria ter sido substituído por um acordo energético bilateral em 2004, no qual deveriam ser prioridades as energias renováveis, o melhoramento da eficiencia energética, a redução do consumo e a redução das emissões de poluentes”, diz.
O dirigente do PV enumera os motivos que levaram a Alemanha a descartar a opção nuclear: “Energia atômica é prejudicial ao clima, extremamente antieconômica e dependente de incentivos, além de apresentar grande risco. Da fusão nuclear até a questão insolúvel do lixo atômico, passando pela reprodução de material para fabricação de armamento atômico, a lista de riscos à segurança é enorme’, diz.
O Brasil, garante Trittin, está indo na contramão do mundo: “Internacionalmente, a energia atômica está retrocedendo. Nos EUA, desde os anos 1970 não foi construída nenhuma nova usina. Na União Européia, apenas na Finlândia. A Europa produz hoje muito menos energia atômica do que há 10 anos. A energia atômica não tem como atender à demanda mundial de energia, sem falar que não é possivel usá-la na calefação, no carro ou nos aviões”.
O caminho, sugere o alemão, é outro: “No atendimento à demanda primária mundial de energia em 2003, a energia atômica foi responsável somente por 6,5%, com tendência de queda. As energias renováveis são responsáveis pelo dobro, 13,3%, e têm grandes chances de crescimento no mercado internacional. Com sua insistência na cooperação atômica, o Brasil perde a oportunidade de construir uma estratégia moderna de parceria energética no campo não atômico, no espírito da defesa climática e de uma política energética sustentável”, lamenta.
* Colaborou Verena Glass
Fonte:AgenciaCartaMaior
sexta-feira, 6 de julho de 2007
A Lenda do Chimarrão | |||
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Uma tribo de índios guaranis vivia do seu trabalho na lavoura: derrubava um pedaço de mata, plantava mandioca e milho, mas depois de quatro ou cinco anos a terra se cansava, parava de produzir e a tribo precisava emigrar para outras paragens.
Entregou-lhe o pajé uma planta muito verde, perfumada de bondade, e ensinou que a plantasse, colhesse as folhas, secasse-as ao fogo, triturasse, colocasse os pedacinhos num porongo (fruto também conhecido como cabaça e com o qual, depois de seco, se faz a cuia), acrescentasse água quente ou fria e bebesse essa infusão: “-Terás nessa nova bebida uma nova companhia saudável mesmo nas horas tristonhas da mais cruel solidão”. Deu a receita e partiu.
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quinta-feira, 5 de julho de 2007
Dicas para escapar do Alzheimer
Copiado de:AmigosDoFreud
Meu pai está com Alzheimer
Copiado de: AmigosDoFreud
Água poderá ser um direito humano fundamental
Envolverde
O secretário-executivo da Convenção das Nações Unidas de Luta contra a Desertificação, Hama Arba Diallo, está convencido de que, em 2008, a ONU reconhecerá formalmente que a água não é um bem negociável, mas um direito humano básico. Dialla esteve esta semana em Roma para discutir o assunto com a vice-chanceler da Itália, Patrizia Sentinelli, que vai liderar uma campanha para pedir às Nações Unidas que retire a água das normas de comércio, adotando uma “regulamentação vinculante para identificar passos concretos e graduais rumo a um pactado acesso global” a esse recurso até o final do ano que vem. A iniciativa tem lugar após uma recente resolução do parlamento italiano em apoio ao acesso universal à água potável e a serviços de higiene, que afirma que a proteção ambiental e o acesso à água são dois aspectos do mesmo problema.
Diallo deixa o cargo, ao qual renunciou no último dia 25, por ter sido eleito para o parlamento de Burkina Faso nas eleições legislativas do mês passado. O partido governante insistiu que, se ele não deixasse seu posto como dirigente da Convenção e aceitasse seu mandato como legislador imediatamente, sua eleição seria declarada nula.
Diallo previa se retirar de seu posto da ONU em setembro. Antes de incorporar-se à secretaria da Convenção, em 1990, foi por 24 anos alto funcionário nos ministérios de Estado e Assuntos Exteriores de Burkina Faso.
Por que é tão importante que a água seja reconhecida como um bem comum e um direito humano fundamental?
Hama Arba Diallo – É imperativo como maneira de ajudar a garantir que haja um consenso na comunidade internacional para reconhecer o acesso à água como um elemento tão fundamental que é quase uma condição sine qua non para a própria vida. Agora não há lugar na África onde alguém possa ir sem que lhe digam que a maior preocupação que todos têm é oi acesso à água. O informe do Grupo Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) indica que a escassez de água será cada vez mais importante devido ao aquecimento do planeta.
Se existe uma maneira de ajudar a conseguir este consenso para assegurar que o acesso à água seja imperativo, devemos fazê-lo. E a comunidade internacional está pronta para se mobilizar. Este é um dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, mas, talvez, tenha de ser mais preciso, explicando que o que queremos dizer com “acesso à água segura para beber”. É por isto que necessitamos de um consenso e que a Iniciativa Italiana é tão importante e oportuna.
O senhor acredita que o reconhecimento formal pela ONU é um objetivo que pode ser alcançado?
Diallo – Temos de trabalhar nisso, com em muitos outros temas, no âmbito internacional. É preciso convencer a comunidade internacional que isto é tão importante e possível, e que cabe a eles decidir se continuam ou não. Mas, acredito bastante que podemos ter êxito. É tempo de iniciar uma ação diplomática específica para conseguir o sétimo Objetivo do Milênio (reduzir à metade a proporção de pessoas que carecem de acesso sustentável à água potável até 2015).
O senhor mencionou a África. Quais são as principais ameaças ligadas com à água que os africanos de zonas rurais enfrentam?
Diallo – Os pobres das áreas rurais, que dependem da terra para sua subsistência, especialmente os que vivem em terras secas, foram atingidos de modo particularmente duro. Os produtores rurais de Burkina Faso, Mauritânia e Malía cultivam a terra ou têm gado, ou fazem as duas coisas. Mas na África, os agricultores dependem essencialmente das chuvas como método de irrigação agrícola, por isso são mais afetados pela mudança climática. Está mudando o padrão da estação chuvosa e a duração dessa estação se torna pouco confiável, e também não se pode confiar na quantidade de chuva, em razão dos padrões da mudança climática.
Quais são os efeitos sociais e econômicos mais relevantes da escassez de água?
Diallo – A falta de acesso à água obriga as pessoas a gastarem muitos recursos em sua busca, sejam de água superficial ou fóssil. As fósseis são muito caras, porque ficam a centenas de metros abaixo da terra. As superficiais estão disponíveis mais facilmente quando chove, mas são muito difíceis de conseguir, e também sua qualidade deixa muito a desejar, já que está ao ar livre, sujeita ao vento e a todo tipo de parasita. Quem a beber incorporará esses parasitas.
As doenças ligadas à água estão muito espalhadas por toda a África. Também são veículo para a gastroenterite, malária e outras enfermidades. Se existe uma fonte direta de doenças que estão nos trópicos, a água é, definitivamente, o elemento catalizador que as torna possíveis. Para nós, o acesso à água potável não é apenas uma maneira de ajudar as pessoas a sobreviverem, mas é preciso que também seja de boa qualidade porque quem tem acesso à água segura para beber tem mais probabilidade de estar saudável e de evitar algumas dessas enfermidades.
A Convenção foi adotada pela Assembléia Geral da ONU em 1994 para “adotar uma ação apropriada para combater a desertificação e minimizar os efeitos da seca para benefício das gerações presentes e futuras”. Tem também, de fato, um impacto positivo sobre a pobreza?
Diallo – Fazendo frente ao bem-estar combinado de pessoas e meio ambiente, a Convenção é um importante instrumento nos esforços para erradicar a pobreza extrema. Se existe uma só ferramenta que agora os países têm à sua disposição para combater a pobreza, é esta. Através da Convenção as pessoas podem ter acesso a uma terra melhorada, a uma agricultura melhorada e a um gado melhorado.
Sejam quais forem as ações empreendidas, muito facilmente serão benéficas e eficientes, e terão um impacto direto nos meios de vida das populações diretamente envolvidas. Assim, se alguém quer um instrumento que ajude a combater a pobreza, criar postos de trabalho, gerar renda, proteger a biodiversidade e minimizar a mudança climática, a Convenção é a ferramenta que tem à sua disposição.
Envolverde
Mylena Fiori
Foto: Wilson Dias/ABr
"O Brasil tem tido posição mais moderada, é o governo mais pró-ocidental, não tem uma linguagem anti-imperialista, enquanto os outros países tem posição mais extremista em relação aos objetivos ocidentais", diz Boaventura. "A Europa obviamente pretende, com esta negociação, premiar a moderação brasileira e, talvez perversamente, isolar as versões mais extremistas. Nomeadamente a Venezuela", avalia em entrevista à Agência Brasil, entre as centenas de livros que ocupam cada centímetro quadrado de sua sala de trabalho em Coimbra.
"Estes são os jogos, as grandes manobras políticas globais que se jogam nestas cimeiras", afirma, em referência à primeira Cúpula Brasil-União Européia, que será realizada nesta quarta-feira, 4, em Lisboa, com a presença do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e outros líderes europeus.
Boaventura destaca, porém, as limitações da diplomacia européia, por não poder se sobrepor aos interesses nacionais de cada um dos 27 países-membros. Também aposta na "lucidez" da política externa brasileira e de outros países do mundo. Por estas razões, não acredita no êxito da estratégia européia. "A Europa não está em condições de impor condições ao mundo. Acredito que esta parceria pode ser boa para a Europa para começar a ver outra realidade, outras pessoas, outras caras. A Europa tem que aprender muito, o retorno das caravelas ainda não aconteceu e é bom que aconteça agora".
Portugal assume a presidência rotativa da União Européia colocando o Brasil e a África entre suas prioridades de política externa. O mandato começa com a Cúpula Brasil-UE e termina, em dezembro, com outra cúpula, entre europeus e africanos. Quais os objetivos desta estratégia? Todos podem ganhar com isso?
Boaventura de Sousa Santos - Penso que fundamentalmente as duas cimeiras se justificam por razões distintas. Portugal é quem teve contatos políticos, culturais e econômicos, para o bem e para o mal, com Brasil e África. No meu entender, mais para o mal, porque foi um contato colonial. Mas foi de muitos séculos e, portanto, criou também algumas possibilidades de cooperação cultural. Portugal, que teve sempre esta fronteira muito flexível entre a Europa e o que está além da Europa, está bem posicionado para trazer estes temas à discussão. O problema é saber como é que vão ser tratados. E aí, claro, Portugal não tem poder para imprimir uma marca especial a estas negociações porque, fundamentalmente, o que está em jogo é a negociação econômica e o que fala mais alto são os números, os interesses no comércio. Portugal, aí, tem uma posição subordinada.
Por que o interesse europeu de aprofundar o diálogo com o Brasil?
Boaventura - O Brasil é um fruto apetecido para a Europa por duas razões. Em primeiro lugar, porque é uma potência regional e também inter-regional, devido a suas interações com Índia e África do Sul. A Europa procura adensar seu intercâmbio com o Brasil fundamentalmente no plano econômico para procurar um tratado comercial bilateral no momento em que o comércio global está bloqueado. Isto é muito semelhante ao que os Estados Unidos têm feito na América Latina depois que falhou a Alca [Área de Livre Comércio das Américas]. Há também outra coisa na agenda no plano econômico, que é tentar que o Brasil contribua para o desbloqueamento do comércio internacional. Mas a política externa do Brasil tem sido muito lúcida no sentido de mostrar que se não houver cedências importantes da União Européia e dos Estados Unidos, estes países não servem para o Brasil.
E qual a outra razão?
Boaventura - A outra razão tem a ver com os aspectos políticos. O Brasil tem uma posição geoestratégica nas mudanças políticas que têm ocorrido no continente sul-americano. Vários governos foram democraticamente eleitos com um programa que procura pôr fim a uma ordem internacional que consideram injusta e imperialista, porque permite a exploração desenfreada dos seus recursos naturais e de suas riquezas enquanto a esmagadora maioria das populações vive na miséria e na pobreza. Durante muitos séculos suas riquezas foram sendo saqueadas e, neste momento, estes povos disseram ponto final de alguma maneira. É assim que devemos entender a posição de [Nestor] Kirchner [presidente argentino] quando decidiu reduzir unilateralmente parte da dívida externa. É assim também na Bolívia e na Venezuela, quando decidem nacionalizar o petróleo e o gás. Neste domínio, a filosofia política do governo brasileiro pretende se aproximar da filosofia política da Europa, do modelo social europeu, de tentar alta competitividade e alguma proteção social. O Brasil tem tido uma posição mais moderada, é o governo mais pró-ocidental, não tem uma linguagem anti-imperialista.
E a estratégia pode funcionar?
Boaventura - Não penso que neste aspecto a cimeira vá ter um grande êxito, precisamente porque o Brasil tem uma política externa muito lúcida, assentada na idéia de que o Brasil tem suas opções políticas, que são diferentes da Bolívia e da Venezuela, mas tem solidariedade continental com estas opções políticas porque todas elas, no seu conjunto, contribuem para um objetivo comum, que é melhorar as condições de vidas das populações excluídas. Portanto, penso que não vai ser possível, através do Brasil, isolar a Bolívia ou a Venezuela. O presidente Lula já deu mais do que sinais de que não pretende isso.
Durante o mandato português, também estão previstas cimeiras com outras grandes economias consideradas emergentes, como Rússia e Índia... O jogo é o mesmo?
Boaventura - Todas estas cimeiras têm essa característica: adensar o comércio bilateral quando o comércio global, na Organização Mundial do Comércio, está bloqueado. O que interessa sempre, do ponto de vista da Europa, é fundamentalmente os negócios, não é uma visão política estratégica alternativa aos Estados Unidos. Vejo com bastante distância estas cimeiras. Sou europeu, não eurocêntrico, e procuro me colocar sempre na posição dos outros países e das outras regiões diante da Europa. E se eles forem lúcidos, sabem que não há muito mais do que isto em jogo neste momento.