quarta-feira, 25 de julho de 2007

Sentimento - Armandinho

Paulinho da Viola e Marisa Monte

Nara Leão e Abel Ferreira

Temores sobre os transgênicos estão se confirmando, diz cientista gaúcho



Geneticista Flávio Lewgoy revela que já há vários casos comprovados no mundo de graves danos à saúde humana e animal provocados pelo uso de transgênicos. "O que os críticos dos transgênicos sempre disseram está aparecendo, e em grau exponencial, mostrando que se tratam de produtos de alto risco", afirmou o cientista à EcoAgência.

Porto Alegre, RS - Um parecer científico da Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural (Agapan) sobre os Organismos Geneticamente Modificados (OGMs), dirigido ao Conselho Estadual de Saúde, põe mais lenha na fogueira desse debate. O texto afirma, com todas as letras, que estão comprovados os riscos dos transgênicos à saúde humana e animal.


Elaborado pelo químico e especialista em genética Flávio Lewgoy, ex - professor titular do Departamento de Genética da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs) e conselheiro da Agapan, o documento destaca que, em 1999, ele já tinha alertado a respeito do potencial nocivo dos OGMs, como resultado dos genes alienígenas inseridos em seus genomas.


“Desde então, pesquisas científicas em renomadas instituições de vários países, bem como relatos de casos, evidenciam que esse potencial se concretizou, em alto risco à saúde pública e animal, com a liberação comercial de variedades Geneticamente Modificadas de soja e milho sem avaliação adequada”, afirma Lewgoy.


A seguir, ele enumera no documento de quatro páginas, com a citação das fontes científicas, vários exemplos disso. Tais pesquisas, observa, foram publicadas em periódicos científicos internacionais, de reconhecida seriedade, após rigorosa revisão por painéis de especialistas da mesma área – o chamado “peer review”. “Os artigos expõem anomalias na bioquímica, sistema imune, anatomia, crescimento, reprodução e comportamento em animais aliementados com batatas, milho ou soja geneticamente modificados”, assinala Lewgoy.


Pesquisas com roedores


São impressionantes, por exemplo, os resultados citados de pesquisas com roedores alimentados com transgênicos.


No Rowett Institute, em Aberdeen, Escócia, roedores jovens alimentados com a batata transgência mostraram, após 110 dias, lesões pré-cancerosas no aparelho digestivo, limitado desenvolvimento do cérebro, fígado, testículos, pâncreas, intestinos dilatados e danos no sistema imune, relataram os cientistas Puztai e Ewen, autores do estudo.


Já a doutora Irina Ermákova, da Academia de Ciências da Rússia, publicou que ratas alimentadas com soja RR (tolerante ao herbicida glifosato, liberada no Brasil) tiveram excesso de filhotes malformados e com pouca sobrevida: os sobreviventes eram estéreis. Além disso, num comunicado ao 14º. Congresso Europeu de Psiquiatria, ela advertiu ainda que a mesma dieta elevou os níveis de ansiedade e agressividade dos roedores.


Com resultados bem semelhantes, cientistas das universidade de Urbino, Perguia e Pavia, na Itália, revelaram que a alimentação de camundongos com soja RR provocou alterações no pâncreas, fígado e intestino dos roedores.


Reações humanas ao algodão, milho e soja


Na Índia, em seis aldeias, os trabalhadores de plantações do algodão Bt (transgênicos) tiveram afecções de pele, olhos e aparelho respiratório. Detalhe importante: todos tinham, anteriormente, trabalhado com algodão não geneticamente modificado (convencional), sem apresentar esses problemas de saúde.


Em outro caso relatado por Lewgoy, nas Filipinas, em 2003, cerca de 100 pessoas que viviam perto de uma plantação de milho Bt Mon810 tiveram reações cutâneas, intestinais, respiratórias e outros sintomas quando o milho começou a florescer. “Testes do sangue de 39 pessoas acusaram a presença de anticorpos contra a toxina Bt, o que reforça a suposição de que o pólen seria a causa do episódio. Esses sintomas reapareceram em 2004, em ao menos quatro outras localidades onde foi plantado o mesmo cultivar de milho”.


Já na Grã-Bretanha verificou-se um grande aumento nas alergias à soja após a introdução do produto GM. “Em 1999, em curto espaço de tempo, alergias causadas pelo consumo de soja tiveram um salto na incidência de 10% para 15%”.

A soja geneticamente modificada foi introduzida justamente naquele ano no país. E os testes sangüíneos para anticorpos revelaram reações diferentes das pessoas a variedades de soja não-transgências e transgênica (que tem maior concentração de uma proteína alergênica, por “coincidência”).


Mortes de animais


Após a colheita do algodão, no distrito de Warangal, em Andhra Pradesh, Índia, 10 mil ovelhas que pastaram folhas e brotos das plantas transgênicas adoeceram e morreram em cinco a sete dias, conta o geneticista. A causa provável apontada foi a a toxina Bt (do produto transgênico), sendo que não houve mortes de ovelhas nos campos de algodão não-Bt.


Enquanto isso, em Hesse, Alemanha, doze vacas leiteiras de um rebanho, alimentadas com folhas e sabugos de milho Bt 176, duplamente transgênico, resistente ao herbicida glufosinato e secretor da toxina Bt, morreram. A Syngenta, fornecedora das sementes pagou 40 mil euros de indenização ao fazendeiro, mas as amostras coletadas para exames de laboratório sumiram, misteriosamente.


Por outro lado, em fazendas dos Estados Unidos constatou-se que, entre ração transgênica e não-transgênica, os animais preferem a última: “Em testes feitos em fazendas, vacas e porcos repetidamente rejeitaram milho GM Bt. Animais que evitaram alimentos GM (soja RR, milho Bt) incluem vacas, porcos, gansos selvagens, esquilos, veados, alces, ratos e camundongos”, destaca o parecer.


Crítica à CTNBio

Quando aprovou a liberação comercial do milho transgênico da Bayer (resistente ao herbicida glufosinato), recentemente, a Comissão Técnica Nacional de Biossegurança (CTNBio) afirmou que a espécie não é potencialmente causadora de degradação ao meio ambiente ou de prejuízos à saúde humana e animal. “Esta afirmação não se sustenta nos fatos”, critica o cientista gaúcho e conselheiro da Agapan.

Segundo ele, as duas únicas pesquisas publicadas a respeito foram duramente criticadas por pesquisadores independentes por serem mal elaboradas, mas mesmo assim detectaram problemas no uso do produto. Um experimento com galinhas, cita Lewgoy, mostrou que as aves alimentas com ração de milho geneticamente modificado tiveram o dobro da mortalidade, além de menor ganho de peso. A segunda experiência empregou a proteína PAT, que o milho transgênico sintetiza, e filhotes de ratos alimentados por 13 dias com baixas ou altas doses da proteína tiveram problemas de crescimento.


Além disso, completa, são muito reduzidos ou inexistentes os estudos sobre a digestão no organismo humano e animal do herbicida e seus metabólitos (empregados na planta e na espiga transgênica), bem como sua interação com os microorganismos do aparelho digestivo.


Riscos preocupantes


“Os riscos de saúde, humanos e animais, do consumo de transgênicos agrícolas, expostos e documentados neste parecer, imediatos – por exemplo, alergias – e a médio e longo prazo, afetando os sistemas nervoso, digestivo e imune, são preocupantes”, afirma o geneticista.

Na conclusão do documento, ele recomenda que seja exigido o cumprimento da lei que determina a rotulagem dos produtos transgênicos disponíveis aos consumidores. Orienta também para que o Conselho Estadual de Saúde do Rio Grande do Sul e dos demais estados e municipios tomem medidas judiciais para impedir o licenciamento e liberação comercial dos transgênicos que não tenham passado por rigorosas avaliações, feitas por cientistas independentes, declaradamente sem conflitos de interesse, ressalta.


“Os defensores dos transgênicos estão ficando acuados, os fatos sinalizam que alguma coisa há de errado. Estamos na véspera de grandes acontecimentos para derrubar os mitos dos transgênicos, que só existem pelas enormes quantias que as empresas do setor investem”, disse Lewgoy à EcoAgência.


Genoma é muito complexo


O geneticista destaca que o genoma é extremamente complexo, por isso é impossível aos cientistas que trabalham na produção de transgênicos controlar todos os seus efeitos.

Para ele, estes fatos todos só não têm vindo à público por omissão da imprensa e cumplicidade de boa parte dos cientistas, alguns ingênuos – acreditando que ser contra os transgênicos é ser contra a ciência – e outros silenciados ou pagos pela indústria. Mas dois cientistas brasileiros já abandonaram a CTNbio por não concordarem com os procedimentos do órgão na avaliação dos OGMs, lembra.


Por estranho que pareça, destaca, há muitos cientistas norte-americanos contestando os OGMs e que estão sofrendo represálias por isso: “O poder financeiro dessas empresas é estarrecedor, mas não estão conseguindo mais tapar o sol com a peneira, há uma série de denúncias contra os transgênicos, estamos vivendo outros tempos”, acredita o cientista.





Fonte:Ulisses A. Nenê para a EcoAgência.

terça-feira, 24 de julho de 2007

Fabinho: 'Tem atleta que cheira mal'

Volante, que causou polêmica no país por ter seis dedos, confirma a má fama dos franceses


Foto: Agência
Fabinho, do Toulouse: chamado de "viado" pelos colegas franceses

O volante Fabinho estava sumido do noticiário nos últimos tempos. Isso até o jogador conquistar pelo Toulouse, da França, a vaga inédita para a Liga dos Campeões, no fim de maio.

- A situação do Toulouse era complicada, pois faz apenas dois anos que eles subiram para a primeira divisão. Ninguém acreditava na gente. Eu fui uma das únicas contratações da temporada. Vivo uma fase especial aqui, e vai ser difícil eles me deixarem ir embora agora - brinca o jogador, que tem contrato com o clube até o fim de 2009.

Na festa promovida pelo clube para comemorar a proeza da classificação, Fabinho ficou incomodado com o mau hábito de alguns franceses.

- Pô, teve jogador que não tomou banho após o jogo, acredita? Foi suado e fedido para a festa. A maioria não é muito chegada ao banho, não! - conta Fabinho, indignado. A única medida higiência do tal colega foi passar uma toalhinha para tirar a grama do corpo.

E se a fama de não passar pelo chuveiro chama a atenção do brasileiro, um detalhe da anatomia do jogador também gerou bastante polêmica por lá. Fabinho tem seis dedos em cada mão.

"Minha mulher está grávida de quatro meses e meu filho vai nascer com os seis dedos, você acredita?"

Fabinho, volante do Toulouse

- Toda vez que eu vou cumprimentar os jogadores do outro time eles viram a minha mão para ver os meus dedos. Hoje eu levo numa boa, mas teve um jogo em que eu fiz um gol e comemorei com as mãos. Aí a TV francesa ficou reprisando o lance. Foi estranho - explica Fabinho.

Seu filho nascerá com sua marca registrada.

- Minha mulher está grávida de quatro meses, e meu filho vai nascer com os seis dedos, você acredita? - conta o jogador, com bom humor.

Fabinho tentou se livrar dos dedos a mais quando ainda defendia o Corinthians, mas desistiu da cirurgia devido aos apelos de sua mãe.

- Ela diz que é marca registrada da família, um charme. Quase enfartou quando soube que eu queria tirar - relata.

Muambas brasileiras

Para ajudar na comunicação com os companheiros de clube, Fabinho faz aulas de francês duas vezes por semana.

- Eu me sinto meio índio falando. Por isso fico quieto a maioria do tempo. Mas os franceses adoram falar em português. O problema é que eles só aprendem as besteiras - explica Fabinho, que é todos os dias recebido pelos companheiros com um caloroso "oi, viado". - Pelo menos não fui eu quem ensinei - diz.

De férias no Brasil, Fabinho já tem uma exigente lista de encomendas. Confira alguns exemplos.

1 - CD da Ivete Sangalo
2 - CD do Zeca Pagodinho
3 - Pinga para fazer caipirinha

A baiana, aliás, é a preferência absoluta dos jogadores do time. Para agradar aos companheiros, Fabinho chegou a passar madrugada inteira baixando as músicas da cantora na internet.

- É normal eu entrar para fazer fisioterapia e dar de cara com os jogadores lá cantando "Poeira"... - explica.

E por falar em Brasil, o jogador sonha em encerrar a carreira no São Caetano, time que o revelou. Mas sua paixão continua sendo o Corinthians.

- Sempre fui corintiano. Passar pelo Parque São Jorge foi a realização de um sonho. Foi uma passagem linda, conquistei quatro títulos. Fiquei chateado por ter sido vendido, porque eu merecia mais, mas meu amor pelo clube será eterno - finaliza o jogador.

segunda-feira, 23 de julho de 2007

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