quarta-feira, 1 de agosto de 2007

GILBERTO GIL - Discografia

Nascido em Salvador, passou a infância em Ituaçu, no interior da Bahia, onde começou a se interessar pela música das bandas da cidade e pelo que ouvia no rádio, como Orlando Silva e Luiz Gonzaga. Aos 9 anos muda-se para Salvador com a irmã, para terminar o colégio, e começa a aprender acordeom. Durante a juventude intensifica os estudos musicais, formando aos 18 anos o conjunto Os Desafinados. No fim dos anos 50, João Gilberto se torna uma influência importante para Gil, que passa a tocar violão. Na faculdade, faz contato com a música erudita contemporânea por meio do vanguardista grupo de compositores da Bahia, que incluía Walter Smétak e Hans Joachim Koellreuter. Em 1962 grava o primeiro compacto solo ("Povo Petroleiro" e "Coça Coça, Lacerdinha"), e conhece Caetano Veloso, Maria Bethânia e Gal Costa. No ano seguinte, com a entrada de Tom Zé no grupo, fazem o show "Nós, Por Exemplo", no Teatro Vila Velha, em Salvador, que inaugura a carreira dos quatro artistas. Logo em seguida Gilberto Gil se muda para São Paulo, onde trabalha na empresa Gessy-Lever durante o dia e freqüenta bares e casas de show durante a noite. É nessa época que conhece Chico Buarque, Torquato Neto e Capinam. Começa a se tornar mais famoso no programa de televisão O Fino da Bossa, comandado por Elis Regina. Lá apresenta, entre outras, suas composições "Eu Vim da Bahia" e "Louvação". Com o sucesso, abandona o emprego na Gessy-Lever e assina contrato com a Philips, que lança seu primeiro LP, "Louvação", em 1967. Já radicado no Rio de Janeiro, Gil participa de festivais da Record e da TV Rio e chega a ter seu próprio programa na TV Excelsior, o Ensaio Geral. Separado da primeira mulher, passa a viver com a cantora Nana Caymmi, que defende "Bom Dia" (parceria dos dois) no 3º Festival da Record, em 1967. No mesmo festival Gil toca "Domingo no Parque" acompanhado pelos Mutantes, uma das músicas mais impactantes do festival, classificada em segundo lugar. "Alegria, Alegria", de Caetano Veloso, classificada em quarto no mesmo festival, formaria junto com "Domingo no Parque" o embrião do movimento tropicalista, em boa parte por causa da inserção de guitarras elétricas em uma música que não era rock. Em 1968 lançou o LP "Gilberto Gil", dando início ao Tropicalismo, e tendo ele e Caetano Veloso como principais figuras. Com uma proposta de antropofagia de valores culturais estrangeiros baseada em idéias de Oswald de Andrade, o tropicalismo se concretizou com "Tropicália ou Panis et Circensis", disco que contou, além de Caetano e Gil, com Os Mutantes, Torquato Neto, Capinam, Gal Costa, Tom Zé, Nara Leão e arranjos do maestro Rogério Duprat. Em 1969 foi preso pela ditadura militar, e lançou a irônica "Aquele Abraço", uma de suas músicas mais famosas. Em seguida partiu com Caetano para o exílio na Inglaterra. Voltou em janeiro de 1972, para um show em que lançou músicas como "Oriente" e "Back In Bahia", do seu disco seguinte, "Expresso 2222". Desde o final dos anos 60 Gilberto Gil se consolidou como uma das mais criativas e influentes personalidades da música brasileira. Sempre em sintonia com o que ocorre de novo na música mundial, seus discos são lançados em diversos países e sua carreira internacional já lhe rendeu inclusive um Grammy na categoria Melhor Disco de World Music em 1998, pelo álbum "Quanta Ao Vivo". Em 72, revitalizou a cultura nordestina no LP "Expresso 2222", mais tarde, reviu a brejeirice sertaneja em "Refazenda". Em 79, o álbum "Realce" foi um divisor de águas em sua carreira, quando começou a flertar com o reggae e o pop. São desta fase ainda os LPs "Luar", "Um Banda Um", "Extra", "Raça Humana", "Dia Dorim, Noite Neon" e "O Eterno Deus Mu Dança". Sua atualidade pode ser percebida por meio de seus discos, caso do pioneiro CD "MTV/Unplugged" (1994), que lançou uma verdadeira mania de discos acústicos no Brasil, e de "Tropicalia 2" (ao lado de Caetano Veloso), em que flerta com o rap na faixa "Haiti". Entre os discos "Quanta" e sua versão ao vivo, "Quanta Gente Veio Ver", lançou, sem maior publicidade, "O Sol de Oslo", pelo selo Pau Brasil, ao lado dos músicos Marlui Miranda, Rodolfo Stroeter, Bugge Wesseltoft e Toninho Ferragutti. Em 2000 teve seu maior sucesso radiofônico em vários anos com o xote "Esperando na Janela", de Targino Gondim, da trilha sonora do filme "Eu, Tu, Eles", interpretada por Gil. No mesmo ano iniciou parceria com Milton Nascimento, cristalizada no disco "Gil e Milton". Dentre seus muitos sucessos em mais de 35 anos de carreira, os maiores foram "Preciso Aprender a Só Ser", "Refazenda", "Expresso 2222", "Eu Só Quero um Xodó" (Dominguinhos/ Anastácia), "Maracatu Atômico" (Jorge Mautner/ Nelson Jacobina), "Punk da Periferia", "Parabolicamará", "Bananeira" (com João Donato), "Divino Maravilhoso" (com Caetano), "Filhos de Gandhi", "Haiti" (com Caetano), "Sítio do Pica-pau Amarelo", "Soy Loco por Ti America" (com Capinam), "Realce", "Toda Menina Baiana", "Drão", "Se Eu Quiser Falar com Deus", "Estrela" e muitas outras. Nos anos 80 foi vereador em Salvador e milita por causas ecológicas no Partido Verde.

DOWNLOADS


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Gil Luminoso
Biscoito Fino / Gege - 2006
Eletracústico
Warner Music - 2004
It's good to be alive (anos 90)
Warner Music - 2002
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Kaya N'Gan Daya ao vivo
Warner Music - 2003
To be alive is good (anos 80)
Warner Music - 2002
Kaya N'Gan Daya
Warner Music - 2002
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São João Vivo - Pt1 - Pt2
Warner Music - 2001
Gil & Milton
Warner Music - 2000
Gilberto Gil e as canções de Eu, Tu, Eles
Warner Music - 2000
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O sol de Oslo (incompleto)
Pau Brasil - 1998
Quanta gente veio ver
Warner Music - 1998
Balé da Bola (Copa 98)
Geléia Geral - 1998
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Quanta
Warner Music - 1997
Z: 300 anos de Zumbi
Warner Music - 1995
Gilberto Gil Unplugged
Warner Music - 1994
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Tropicália 2
Universal - 1993
Parabolicamará
Warner Music - 1992
O eterno deus Mu dança
Warner Music - 1989
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Soy loco por ti, América
Warner Music - 1987
Ao vivo em Tóquio
Warner Music - 1987
Gilberto Gil em concerto
Warner Music - 1987
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Um trem para as estrelas
Som Livre - 1987
Dia Dorim Noite Neon
Warner Music - 1985
Raça humana
Warner Music - 1984
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Quilombo Pt1 - Pt2
Warner Music - 1984
Extra
Warner Music - 1983
Um Banda Um
Warner Music - 1982
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Brasil
Warner Music - 1981
A gente precisa ver o luar
Warner Music - 1981
Realce
Warner Music - 1979
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Nightingale
Warner Music - 1979
Gilberto Gil ao vivo em Montreux
Warner Music - 1978
Gilberto Gil ao vivo em Montreux
Warner Music - 1978
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Antologia Samba-Choro
Universal - 1978
Refestança
Som Livre - 1978


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Satisfação - Raras & Inéditas
Universal - 1977
Refavela
Warner Music - 1977
O Viramundo
Universal - 1976
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O Viramundo
Universal - 1976
Doces Bárbaros
Warner Music - 1976
Doces Bárbaros
Warner Music - 1976
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Refazenda
Warner Music - 1975
Gil Jorge Ogum Xangô
Universal - 1975
Gilberto Gil ao vivo
Universal - 1974
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Temporada de verão
Universal - 1974
Cidade do Salvador
Universal - 1973
Cidade do Salvador
Universal - 1973
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Expresso 2222
Universal - 1972
Barra 69
Universal - 1972
Gilberto Gil
Universal - 1971
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Copacabana Mon Amour
Universal - 1970
Gilberto Gil
Universal - 1969
Tropicália ou Panis et Circensis
Universal - 1968
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Gilberto Gil
Universal - 1968
Louvação
Universal - 1967
Salvador, 1962-1963
Estúdio JS - 1963

Mahavishnu Orchestra 'dance of mya' clip 1972

Jean-Luc Ponty - Imaginary Voyage Pt.4

Pós-neoliberalismo: da luta social à luta política

Emir Sader


Os movimentos sociais desempenharam o papel estratégico central nas lutas de resistência contra os programas e os governos neoliberais. Seja porque a grande maioria dos partidos aderiram a esses programas, seja porque o neoliberalismo é uma máquina cruel de expropriação de direitos sociais, afetando diretamente aos setores congregados ou representados pelos movimentos sociais.

Foram os movimentos sociais – do EZLN ao MST, dos movimentos indígenas equatorianos aos bolivianos e aos piqueteros – os maiores protagonistas das lutas populares durante mais de uma década. Foram os principais responsáveis pela perda de legitimidade e pela queda de tantos governos no continente – de Sanchez de Lozada a de La Rua, de Lucio Gutierrez a Fujimori , assim como pela derrota eleitoral de Menem, de FHC, entre outros.

O esgotamento do modelo neoliberal levou a uma fase distinta, em que se colocava para o movimento popular a questão da disputa hegemônica – a formulação de projetos anti-neoliberais, a constituição de um bloco de forças alternativo e a luta pela conquista do governo. A questão foi se colocando generalizadamente no continente, conforme os governos neoliberais se esgotavam: na Venezuela, no Brasil, na Argentina, no Uruguai, na Bolívia, no Equador, no México, no Peru, no Paraguai, na Nicarágua.

Iniciou-se um período de prolongada instabilidade no continente, frente a um modelo esgotado e das dificuldades de construção e triunfo de projetos alternativos. Profundas crises em algunas casos – como na Argentina, na Bolívia, no Equador, na Venezuela -, processos eleitorais com vitórias da oposição – como no Brasil, no Uruguai, na Nicarágua.

A partir desse momento os movimentos sociais passaram a enfrentar dificuldades maiores, porque sua característica está adaptada para a resistência, mas teriam, desse momento para frente, que construir alternativas políticas. Três caminhos distintos trilharam os movimentos sociais: o da renúncia a partir da disputa político-institucional, como foram os casos dos piqueteiros argentinos na eleição presidencial de 2003 e dos zapatistas em todas as eleições mexicanas desde sua aparição em 1994. Um segundo caminho foi o dos movimentos sociais no Brasil e no Uruguai, que não apresentaram alterantivas próprias, nem se abstiveram mas, com críticas, apoiaram os candidatos da esquerda – Lula e Tabaré Vazquez. O terceiro caminho foi o da Bolívia, em que os movimentos sociais construíram seu proprio partido político – o MAS. Um caso especial foi o Equador, em que os movimentos sociais – da mesma forma que na Bolívia – protagonizaram a derrubada de sucessivos governos, que pretendiam manter o modelo neoliberal. Delegaram politicamente a um candidato – Lucio Gutierrez – e foram traídos ainda antes de que este assumisse a presidência. Nas eleições recentes, Rafael Correa triunfou e canalizou a força social e política acumulada para um projeto pós-neoliberal.

No caso argentino, a incapacidade de construir uma alternativa política, levou à divisão do movimento piquetero e mantem a ausência de um campo político da esquerda. No caso mexicano, as grandes mobilizações populares – Chiapas, Oaxaca, contra a fraude eleitoral –não conseguiram projetar-se no campo político, levando quase que obrigatoriamente a um refluxo das mobilizações.

Nos casos brasileiro e uruguaio, os movimentos sociais se mantém numa perspectiva de apoio crítico aos governos, sem ter conseguido mudanças substanciais nas políticas desses governos, nem a construção, até aqui, de força política alternativa.

Na Bolívia, no Equador e também na Venezuela – cada um de forma distinta – se caminha para conseguir uma rearticulação entre as lutas sociais e as lutas políticas. Não por acaso é nesses países que se dá a ruptura com o modelo neoliberal, com os que souberam acumular força popular na luta de resistência ao neoliberalismo, mas puderam transformar essa energia em força política.