Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 2 de setembro de 2007
Malba Tahan com Quarteto Infantil (1933)
imagem ilustrativa, não é a capa do disco
retirada do google
Malba Tahan com Quarteto Infaltil - 1933
história narrada pelo Malba Tahan
gravadora Columbia
Papai do céu e a girafa
O rei que tinha uma cara engraçada
baixe aqui >> Malba Tahan
M A L B A T A H A N
Nome: Júlio César de Mello e Souza ( pseudônimo: Malba Tahan )
vida: viveu 79 anos ( 1895 - 1974 ), a maior parte no Rio de Janeiro
formação: Colégio D. Pedro II
Escola Normal do RJ
Escola Politécnica do RJ ( eng. civil )
O personagem Malba Tahan
No início do século, era bastante difícil de os autores nacionais conseguirem publicar qualquer coisa: os livreiros e os donos de jornais tinham medo de ficar no prejuízo. Assim, procurando-se lançar-se como escritor, Mello e Souza resolveu criar uma figura exótica e estrangeira, o Malba Tahan , e passar como tradutor dos contos e livros desse.
Ao ler os Contos das Mil e Uma Noites, ainda menino, havia apaixonado-se pela cultura árabe. Partindo desse conhecimento, e melhorando-o com outras leituras e inclusive curso de árabe, construiu seu personagem. Sua criação era uma rara figura: nascido em 1885 na Arábia Saudita, já muito moço fora nomeado prefeito de El Medina pelo emir; depois, foi estudar em Istanbul e Cairo; aos 27 anos, tendo recebido grande herança do pai, saiu em viagem de aventuras pelo mundo afora: Rússia, India e Japão. Em cada aventura, Malba Tahan sempre acabava envolvendo-se com algum engenhoso problema matemático, que resolvia magistralmente.
O sucesso dessa idéia de Mello e Souza foi imediato e ele acabou escrevendo dezenas de livros para seu Malba Tahan : A Sombra do Arco-Iris (seu livro predileto), Lendas do Deserto, Céu de Allah, etc, etc e o muito famoso O Homem que Calculava ( que além de ter sido traduzido para várias línguas, vendeu mais de 2 milhões de exemplares só no Brasil e está na 42a edição ).
Hoje, o valor pedagógico dessa obra é reconhecido até internacionalmente. Não menos meritória de aplausos é a criatividade entretenedora dos livros de Mello e Souza; o grande escritor Jorge Luiz Borges colocava-os entre os mais notáveis livros da Humanidade.
O Professor Mello e Souza
Além de produzir essa vasta obra literária ( Malba Tahan ), Mello e Souza encontrou tempo para escrever vários livros de Matemática e Didática da Matemática.
sozinho:
Geometria Analítica, Trigonometria Hiperbólica, Funções Moduladas, etc
com colaboradores:
Irene de Albuquerque, Euclides Roxo, J. Paes Leme, etc
Podemos destacar os seguintes aspectos de sua obra didática:
foi um crítico severo da didática usual dos cursos de matemática da primeira metade deste século ( conta-se episódios de violentas discussões que travou em congressos e conferências )
foi um pioneiro
no uso didático da História da Matemática
na defesa de um ensino baseado na resolução de problemas não-mecânicos
na exploração didática das atividades recreativas e no uso de material concreto no ensino da Matemática
Não podemos deixar de mencionar que foi um dos primeiros a explorar a possibilidade do ensino por rádio e televisão. Lamentamos, por outro lado, sua insistência em divulgar idéias associadas à Numerologia.
Escolas onde atuou
Provavelmente deve seu interesse pelo ensino ao pai e mãe, ambos professores de primeiro grau. Começou a lecionar cedo: aos 18 anos, ensinava nas turmas suplementares no Colégio D. Pedro II . Os cargos mais importantes que teve foram:
catedrático na escola Nacional de Belas Artes
catedrático na Faculdade Nacional de Arquitetura
catedrático no Instituto de Educação do RJ ( ex Escola Normal do RJ )
Museu Malba Tahan
Está para ser inaugurado na cidade paulista de Queluz, onde Mello e Souza viveu sua infância. Após sua morte, sua família doou para essa cidade todo o acervo de Malba Tahan ( biblioteca, documentos, objetos pessoais, etc ).
Dia da Matemática
Ficamos sabendo, através do Prof. António J. Lopes Bigode, que a Assembléia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro - comemorando o centenário do nascimento de Mello e Souza em 6 de maio de 1995 - criou o Dia da Matemática, a ser celebrado todos os 6 de maio.
Teatro baseado em Malba Tahan
Referências
depoimento de Mello e Souza ao Museu da Imagem e Som
Maria T. Calheiros-Malba Tahan. Jornal Leitura, SP ,1991
O Prof. Marcelo Ribeiro tem, na Internet, um site dedicado a Malba Tahan, o qual contém uma bibliografia completa da obra de Mello e Souza, bem como outros detalhes biográficos.
versao desta pagina: 22 de maio de 2 002
local desta pagina: http://athena.mat.ufrgs.br/~portosil/histo1.html
imagens extraídas do Google
Copiado de:CantoEncanto
Sonny Landreth - Grant Street [2005]
Grant Street foi gravado ao vivo no Grant Street Dancehall de Lafayette, Louisiana em 23 e 24 de Abril de 2004, onde Landreth foi acompanhado pelo baixista David Ranson e Kenneth Blevins na bateria. Em geral os discos dele não são tão pesados, mesclando o acústico com o elétrico em levadas blues/cajun/zydeco, sonoridades típicas da sua terra natal. Mas aqui o bicho pega, é bem elétrico e pesado, com o slide deslizando macio sobre as cordas, tirando da guitarra grunhidos de arrepiar!
Fonte: Wikipedia . Agradecimentos especiais a Bernardo Gregori pela tradução.
Copiado de : BoogieWoody
João Bosco - Caça à Raposa (1975)
Here Only Covers (Só Imagens)
RCA Victor 103.0112
01 - O mestre-sala dos mares (João Bosco-Aldir Blanc)
02 - De frente pro crime (João Bosco-Aldir Blanc)
03 - Dois pra lá, dois pra cá (João Bosco-Aldir Blanc)
04 - Jardins de infância (João Bosco-Aldir Blanc)
05 - Jandira da Gandaia (João Bosco-Aldir Blanc)
06 - Escadas da Penha (João Bosco-Aldir Blanc)
07 - Casa de marimbondo (João Bosco-Aldir Blanc)
08 - Nessa data (João Bosco-Aldir Blanc)
09 - Bodas de prata (João Bosco-Aldir Blanc)
10 - Caça à raposa (João Bosco-Aldir Blanc)
11 - Kid Cavaquinho (João Bosco-Aldir Blanc)
12 - Violeta de Belford Roxo (João Bosco-Aldir Blanc)
Arranjos - Cesar Camargo Mariano
João Bosco : acoustic guitar (1,2,3,4,5,6,7,8,9,10,11,12)
Pascoal Meirelles : drums (1,2,4,6,7,8,9,10,11)
Toninho Horta: guitar (2,8,9,11)
Cesar Camargo Mariano : keyboards (3,4,6,7,8,9,10,12)
Hélio Delmiro : acoustic guitar (3), guitar (3,4,6,7)
Luizão Maia : electris bass (1,2,3,4,6,7,8,9,10,11)
Chico Batera : percussion (1,2,3,4,6,7,8,10,11)
Everaldo Ferreira : percussion (1,2,3,4,6,7,8,10,11)
Dino 7 Cordas (Horondino José da Silva) : seven string acoustic guitar (1,5)
Doutor : surdo de repique (1,2,11)
Neco (Daudeth Azevedo) : cavaquinho (1,11)
Gilberto D'Ávila : surdo (1,2,11)
Coro do Joab : vocals (1)
Raymundo Bittencourt : vocal (6)
Copiado de: Abracadabra
The Clevers (Os Incríveis) - Veneno (EP-1964)
Here Only Covers (Só Capas)
Continental LD-33-710 (EP)
01 - Veneno (Poly-Henrique Lobo)
02 - Jalouse (Jacob Gade)
03 - La cucaracha (domínio público)
04 - Olhos negros (domínio público)
Domingos Orlando (Mingo) - voice, guitar
Waldemar Mozema (Risonho) - guitar
Antônio Rosas Seixas (Manito) - sax, keyboards
Luiz Franco Thomaz (Netinho) - drums
Demerval Teixeira Rodrigues (Neno) - bass
Copiado de : Abracadabra
TOM ZÉ CURRICULUM VITAE
1965 Compacto RCA
1. São Benedito
2. Maria do colégio da Bahia
1968 Compacto Rozemblitz
1. São Paulo, meu amor
2. Curso intensivo de boas maneiras
1969 Compacto RGE
1. Você gosta
2. Feitiço
1969 V Festival de Música Popular Brasileira
1. Jeitinho dela
2. Bola pra frente
1969 V Festival de Música Popular Brasileira (Ao Vivo)
1. Jeitinho dela (com Os Novos Baianos)
2. Bola pra frente
COMPACTOS DOS ANOS 60
Download
1. Lá vem a onda
2. Escolinha de robô
1971 Compacto RGE
1. O silêncio de nós dois
2. Sr. Cidadão
1971 Compacto RGE (com Rogério Duprat)
1. Jimi renda-se
2. Irene
1972 Compacto (Se o caso é chorar)
1. Se o caso é chorar
2. A babá
1973 Compacto Continental
1. Augusta, Angélica e Consolação
2. Quem não pode se Tchaikovski
1974 Compacto (com Odair Cabeça de Poeta)
1. Botaram tanta fumaça
2. Dodó e Zezé
1974 Compacto (com Tiago Araripe)
1. Conto de fraldas
2. Teu coração bate, o meu apanha
1975 Compacto Continental
1. Solidão (Só)
2. Mãe solteira
COMPACTOS DOS ANOS 70
Download
sábado, 1 de setembro de 2007
SUPERCORDAS REPRISE
2003 A Pior das Alergias
1. A pior das alergias
2. Quando o sol se põe
3. Meu vidrinho de fluídos oníricos
4. Frutas verdes
5. Longe do chão
6. At the core
7. Câncer
8. Quase fim
9. Café pra não dormir
http://www.mediafire.com/?byx1jtzxp2x
2005 Satélites no Bar (EP)
1. Da órbita de um sugador
2. Satélites no bar
3. Supercordas
4. O céu que você vê
5. O perspicillum
6. A terra da tv
http://www.mediafire.com/?d24d2ztcdmy
2006 Ruradélica (Single)
1. Ruradélica
2. 3000 folhas
3. Ricochete
http://www.mediafire.com/?aj4ca7nvsij
Copiado de: EuOvo
Frei Betto - Adital
Com o que sonham os jovens de hoje? Minha geração sonhou com a mudança do Brasil (castrada pelo golpe militar de 1964) e do mundo (congelada pela queda do Muro de Berlim). A globocolonização neoliberal cuidou de privatizar, não apenas empresas públicas e estatais, mas também os sonhos. Os jovens já não sonham em escala nacional e planetária, exceto no que concerne à preservação da natureza. Sonham em escala individual e familiar: conforto, riqueza, beleza e poder.
Quem roubou os grandes sonhos? Por que o vocábulo ‘utopia’ desapareceu da linguagem corrente e é suspeito aos olhos dos intelectuais europeus?
Quem primeiro falou em utopia (do grego utopos, lugar nenhum) foi Hesíodo, poeta do século VIII a.C., em seu famoso texto "Os trabalhos e os dias". Evoca os homens que viviam como deuses, "sem preocupações em seus corações, protegidos da dor e da miséria." Ninguém envelhecia e, dotadas de "vigor incansável", as pessoas desfrutavam das "delícias dos banquetes". "Não conheciam o constrangimento e viviam em paz e abundância como os senhores de sua terra."
Hesíodo não nutria veleidades nostálgicas. Seu texto aproxima-se mais da literatura profética que da idílica. A era de ouro havia desaparecido porque os homens "não foram capazes de evitar a violência imprudente entre si e não queriam reverenciar os deuses." Agora, diz Hesíodo ao comparar a realidade ao sonho, não há "nenhum amor entre amigos ou irmãos, como no passado. Os contraventores saquearão as cidades uns dos outros e o poder fará a lei e o pudor desaparecerá."
A palavra ‘utopia’ foi cunhada por Thomas Morus em 1516, como título de seu mais conhecido livro. Essa idéia de que em tempos primordiais havia uma sociedade perfeita e que nos cabe, agora, resgatá-la, é mais acentuada nos filhos da tradição judaico-cristã. O mito bíblico do Paraíso isento de toda dor e pecado ecoa forte em nosso inconsciente. Aquilo que foi, será. Nem Marx logrou libertar-se do paradigma bíblico. Seu comunismo primitivo, imune à alienação e exploração, é a imagem de um passado refletido no futuro: a construção da sociedade comunista, onde haverá a adequação entre existência e essência do ser humano.
Em que ponto da Terra sobrevive a utopia que, no século XX, mobilizou milhões de militantes dispostos a dar a vida para que todos tivessem vida? O fundamentalismo islâmico não se compara ao ardor dos jovens revolucionários. Estes queriam mudar o mundo, não impor uma crença religiosa; buscavam implantar a justiça, não a predominância de uma fé; almejavam uma nova sociedade, não a hegemonia de uma religião; vislumbravam o êxito na derrubada do poder opressor, não na morte coroada pelo martírio.
O socialismo foi a grande utopia de minha geração. Sonhávamos com uma sociedade na qual ninguém estaria ameaçado pela fome, a guerra, a exploração, a discriminação e a marginalização. A Rússia foi a primeira a implantar, em 1917, o novo sistema esboçado na crítica de Marx e Engels ao capitalismo. Em 1949 o gigante chinês deu o mesmo passo.
Embora o socialismo tenha representado grandes avanços quanto aos direitos sociais, não tardaram a se repetirem as "desilusões de Hesíodo": crimes de Stalin, Revolução Cultural chinesa, imperialismo político, a ditadura do proletariado reduzida à ditadura dos dirigentes do partido único etc.
Hannah Arendt, militante da esquerda alemã, ao renegar suas idéias revolucionárias cometeu o equívoco de encarar o marxismo e o fascismo como diferentes versões do totalitarismo. Disseminou, pois, o pensamento antiutópico, hoje representado no Brasil pelo PSDB e pelo PT. Assim, cerrou o horizonte da esperança e reforçou o neoliberalismo.
Para os adeptos do antiutopismo, que já não crêem em sociedade pós-capitalista, há sim identificação entre este sistema e democracia. O capitalismo seria perverso em seus abusos, não em sua essência. Acreditam, portanto, em ser possível "humanizá-lo", sem atinarem para as conexões entre Wall Street e a Etiópia, o bem-estar dos países escandinavos e a presença significativa de seu capital e de suas empresas em países emergentes.
Sofre-se, hoje, de distopia, a utopia deteriorada, ceticismo, desencanto, que induzem muitos a se acomodarem tristes em seu canto. O que resta da esperança quando já não cremos em líderes, partidos, doutrinas e ideologias? O que resta quando, à nossa volta, se fecham todas as portas e janelas? Resta a amargura, o desalento, a repulsa ao poder. Esse o momento em que o sistema comemora a sua vitória sobre nós. Esvaziar-nos de utopia, neutralizar-nos, cooptar-nos, eis a tática daqueles que professam o dogma de que "fora do mercado não há salvação".
Quem não sonha com a utopia corre o sério risco de recorrer ao sonho químico das drogas, que sempre termina em pesadelo.
[Autor de "Sinfonia Universal - a cosmovisão de Teilhard de Chardin" (Ática), entre outros livros].
* Frei dominicano. Escritor.
O mais grave ocorreu logo em seguida, com a publicação de cinco questões sobre a igreja, oriunda da Congregação da Doutrina da Fé e aprovada pelo Papa, na qual se repete o que o então Cardeal J. Ratzinger, em 2000, enfatizava no documento Dominus Jesus, verdadeiro exterminador do futuro do ecumenismo: a única Igreja de Cristo subsiste somente na Católica, fora da qual não há salvação. As demais "igrejas" não o são, pois possuem apenas "elementos eclesiais" e a Igreja Ortodoxa, tida como uma expressão da catolicidade, foi rebaixada a simples igreja particular. Estas posições reacendem a guerra religiosa quando todos estão buscando a paz, cuja realização é enfraquecida pela Igreja.
A Igreja está se isolando mais e mais de tudo. Sua base social são principalmente os movimentos, medíocres no pensamento e subservientes às autoridades; preferem a aeróbica de Deus a confrontar-se com os problemas da pobreza e da injustiça. Uma Igreja se comporta como seita, segundo clássicos como Troeltsch e Weber, quando tem a pretensão absolutista de deter sozinha a verdade, quando se nega ao diálogo, rejeita o trabalho ecumênico e manifesta crescente autofinalização. Nesse sentido, cabe lembrar que o Vaticano não assinou, em 1948, a Carta dos Direitos Humanos; se recusou entrar no Conselho Mundial de Igrejas porque ela se julga acima e não junto das demais Igrejas; negou-se a apoiar a convocação de um Concílio universal de todos os cristãos na perspectiva da paz mundial, sob o pretexto de que cabe exclusivamente a Roma fazê-lo; proibiu a compra dos cartões da UNICEF destinados à infância carente, alegando que esta entidade favorecia o uso de preservativos. Ao lado disso, cresce o patrimônio imobiliário da Igreja que, segundo pesquisas (Adista 2/6/07), chega a 1/5 de todo o patrimônio italiano e romano. A especulação imobiliária e financeira rendeu ao Vaticano, entre 2004-2005, 1,47 bilhões de Euros.
A estratégia doutrinal do atual Papa é a do confronto direto com a modernidade, num pessimismo cultural inadmissível em alguém que deveria saber que o Espírito não é monopólio da Igreja e que a salvação é oferecida a todos.
Não causaria espanto se alguns mais radicais, animados por gestos do atual Papa, tentassem um cisma na Igreja. No século IV quase todos os bispos aderiram à heresia do arianismo (Cristo apenas semelhante a Deus). Foram os leigos que salvaram a Igreja, proclamando Jesus como Filho de Deus. É urgente atualizar esta história, dada a estreiteza de mente e o vazio teológico reinante nos altos escalões da Igreja.
* Teólogo. Membro da Comissão da Carta da Terra
No Chile, trabalhadores exigem mudança da política econômica
Protesto critica presidente Michelle Bachelet e pede demissão do ministro da Fazenda; polícia reprime manifestação com violência, mais de 700 detidos
Em alguns setores da cidade, a mobilização durou até a madrugada. Os manifestantes acusaram Bachelet de manter as políticas da ditadura de Augusto Pinochet e reivindicaram maior justiça social e condições de trabalho.
As marchas foram lideradas por dirigentes sindicais da Central Unitária de Trabalhadores (CUT) com o lema “conquistar um Estado social, democrático e solidário”. A maior organização sindical do país acusa a presidente chilena de não cumprir suas promessas de campanha. Uma das reivindicações era a renúncia do ministro da Fazenda, Andrés Velasco.
A mobilização teve ampla acolhida. Em Santiago, reuniu cerca de 4 mil pessoas, de acordo com a polícia de Bachelet. Houve atos nas principais cidades como Rancagua, Valparaíso e Concepción, e na província de Arauco, com bloqueios de rodovias, segundo o dirigente da CUT Arturo Martínez. “Os trabalhadores deram uma mostra de dignidade. O povo do Chile está orgulhoso de ter trabalhadores conscientes, que saíram à rua para reclamar seus direitos”, disse ao La Jornada.
O sindicalista avaliou que a mobilização iniciou um processo de mudança no país. A mobilização teve como símbolo uma vaca que “está cansada de ser ordenhada em benefício de uns poucos”, segundo o dirigente. A central recorreu a essa analogia para descrever a situação dos trabalhadores chilenos, desprestigiados no atual modelo econômico do país. Este ano, a economia vai se expandir 6%. Mas o desemprego segue elevado, na faixa dos 7%.
“Há um descontentamento no movimento dos trabalhadores. Não se reajustam nossos salários e as pessoas estão esgotadas. Estamos aqui por isso, não nos faltam motivos para protestar”, afirmou à BBC Mundo Loreto Pérez, presidente de um sindicato de trabalhadores de farmácias. Juan Luis Castro, representante dos médicos, declarou à mesma rede de notícias: “Não há acesso igualitário à saúde. Há que se esperar dias ou meses para um atendimento e temos um elevado déficit de especialistas. Esses são problemas reais que não estão sendo abordados”.
“Não mudaram a matriz da ditadura que entende a educação como um privilégio para quem pode pagar. Nós cremos na unidade do povo”, afirmou Jorge Pávez, representante do sindicato dos professores.
Repressão
Os enfrentamentos com a polícia ocorreram durante todo o dia, com uso de violência por parte dos soldados. Para evitar que o protesto avançasse até a sede do governo, o Palácio de La Moneda, os policiais usaram a cavalaria e gases lacrimogênio. Os manifestantes responderam com pedras e bombas caseiras. O senador socialista Alejandro Navarro foi golpeado na cabeça por um cacetete. O prêmio Nobel de Literatura Raúl Zurita foi um dos feridos.
De acordo com o defensor de direitos humanos Hugo Gutiérrez, a polícia colocou em prática um novo sistema de contenção de multidões ao deter logo cedo os dirigentes das colunas de manifestantes em formação e, assim, desarticulá-las. Em meio ao protesto, a presidente Bachelet discursou pedindo diálogo. “Quero que entendam bem: é necessário disposição para acordos, e não de violência, porque a democracia não necessita nem de desordem”, afirmou.
Em paralelo aos protestos, a Câmara dos Deputados aprovou em primeiro turno uma reforma para a fracassada seguridade social. Além disso, sancionou pela primeira vez o “conselho da igualdade”, constituído por Bachelet com o objetivo de elaborar propostas nos temas de trabalho, competitividade e salário “ético”, superior ao mínimo atual equivalente a 274 dólares