Abaixo duas pequenas amostras do talento de Kim Wilson durante sua apresentação no programa Woodsongs Old-Time Radio Hour apresentado por Michael Johnathon.
Copiado de: Marcus mikhail
Foto de: Kurt Swanson
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
Soja transgênica: tudo contra
Autorizar soja transgênica só pode trazer prejuízo ao Brasil. Contas mirabolantes e dados confusos: este é o balanço da argumentação favorável à liberação do produto no Brasil. Nada autoriza a pensar que ela seja mais produtiva ou econômica do que a soja tradiiconal.
Jean Marc von der Weid
O Bolívar que não fala francês | | | |
Luiz Eça | |
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De volta à América, comandou os exércitos revolucionários que combateram os espanhóis durante 5 anos, libertando regiões que são hoje Bolívia, Colômbia, Peru, Venezuela. Eleito presidente do seu país, procurou promover avançadas reformas em favor da população pobre.
Fisicamente, Chávez e Bolívar são totalmente diferentes. A figura esbelta e elegante do Libertador contrasta com o pesado e canhestro Chávez, com suas roupas mal cortadas e o rosto escuro, denunciando ancestrais indígenas (avó da etnia Pumé). As dessemelhanças continuam nos estilos de oratória. Enquanto Bolívar é sóbrio, fino e erudito, Chávez é destemperado e emocional, não vacila em atacar rudemente quem dele discorda.
Mas, ao eleger Bolívar como modelo e suas idéias como objetivo, Chávez conseguiu uma perfeita identificação. Não é a toa que ele batizou seu movimento de “socialismo bolivariano”.
Ambos adotaram como grande prioridade a defesa dos pobres. Para isso, foi essencial reduzir os privilégios das classes favorecidas e dos interesses estrangeiros. Por isso, Chávez é considerado por muitos o “criador da luta de classes” na Venezuela. E Bolívar recebeu do seu opositor, o general Santander, a acusação de desencadear «uma guerra na qual ganhem os que nada têm, que são muitos, e percamos nós, os que temos, que somos poucos».
Para realizar seu ambicioso programa de reformas sociais, Bolívar exigiu e obteve poderes extraordinários, ferozmente combatidos pelos beneficiários do regime. Foi chamado de “aprendiz de ditador”, “autoritário”, “administrador ineficiente” tanto pelos jornais do país, quanto dos Estados Unidos e da Europa. Exatamente o que acontece com Chávez.
Condena-se como antidemocrática sua posição a favor de reeleições sucessivas, esquecendo-se que Roosevelt, Thatcher e Blair governaram por diversos períodos. O fechamento da RCTV é apontado como prova de que na Venezuela não há liberdade de imprensa. Diz o governo que a emissora de TV mereceu por ter violado a lei ao pregar o golpe de Estado e que cancelar a concessão seria legal, pois o prazo tinha vencido. Legal, mas, talvez, pouco ético. O golpe fracassado aconteceu há 5 anos – nessa ocasião, o governo teria todo direito de pedir o cancelamento da concessão por via judicial. Ficou a idéia de que a ação do governo visou calar uma voz oposicionista.
A explicação prende-se ao desejo de Chávez de evitar o destino de Bolívar que, derrotado pelos políticos e seus poderosos patronos, foi obrigado a renunciar, frustrando seus sonhos de reforma social. Ele conhece a força e a agressividade de seus inimigos. Em 2002, quando emitiu 49 decretos ,dos quais os mais radicais eram uma reforma agrária do tipo da brasileira e a reserva para o Estado de 51% das ações das petrolíferas, os empresários da FEDECAMARAS (a Fiesp deles), aliados à classe média e a alguns sindicatos, promoveram uma greve geral e um “lock-out” – que levaram a economia nacional à bancarrota (a produção de petróleo caiu de 3 milhões de barris diários para 25 mil) -, passeatas com multidões e, por fim, um golpe de Estado, apoiado pelo FMI e pelo governo americano.
Agora que pretende concluir a passagem da Venezuela para o socialismo bolivariano através de 33 alterações constitucionais, Chávez precisa da opinião pública a ser ouvida em plebiscito neste ano. Não poderia permitir que ela fosse influenciada negativamente pela RCTV, uma rede que é tão poderosa quanto a Globo no Brasil.
Urgido por essa mesma necessidade de concretizar de vez o socialismo bolivariano, Chávez obteve do Congresso o direito de legislar sobre uma série de matérias. Alega-se que, com isso, a independência dos 3 Poderes, essencial num regime democrático, foi para o espaço, ainda que temporariamente. É um fato a considerar. Combustível para aqueles que o vêem como “uma ameaça”. Não certamente à Venezuela e a seu povo.
“Contra facti nom sunt argumenta”, diziam os romanos. Veja o que os fatos dizem: com Chávez, a inflação foi de 30% , em 1998, para 7%, previstos para 2007. Entre 2004 e 2006, o país cresceu a uma média de 12% ao ano. Nesse mesmo período, o PIB per capita foi de 4.800 para 7.200 dólares. O salário-mínimo de 286 dólares é o maior da América Latina. A pobreza ainda é alta, mas diminuiu de 43,9% em 1998 para 30,6% em 2006. E o desemprego, que chegava a 15% em 1999, em junho de 2007 atingia apenas 8,3%.
Minimizam-se essas cifras lembrando-se que tudo se deve à alta do petróleo; quando ela acabar... adeus Venezuela. Algo assim aconteceu antes de Chávez. Apesar de, entre 1976 e 1995, o petróleo ter gerado 270 bilhões de dólares, o país tinha entrado em colapso. Na década de 90, o FMI entrou em ação com suas receitas. E os resultados desastrosos habituais. Para evitar essas coisas, Chávez tem usado os rendimentos do petróleo em investimentos, não apenas sociais, mas também na industrialização do país. E com sucesso. A taxa de crescimento industrial foi de -15%, em 2004, para +7% em 2007, o que reduziu a importação de bens de consumo de 37% do total, em 2003, para 24% , em 2007.
Como Bolívar, Chávez propõe uma integração solidária dos países da América Latina. Não fica nas palavras: tem ajudado a resolver problemas da Argentina, Bolívia, Cuba, Nicarágua, Peru e Equador, usando o dinheiro ganho com o petróleo.
Talvez se possa censurar seus excessos verbais como chamar Tony Blair de “fantoche do imperialismo que partilha a cama de Bush” e o Senado brasileiro de “papagaio de Washington”. Montesquieu certamente não aprovaria o que ele fez de sua teoria dos 3 Poderes. E, no caso da RCTV, a liberdade de imprensa na Venezuela sofreu um hiato, embora as demais 118 empresas jornalísticas do país continuem exercendo o direito de atacar o governo. Mas, antes de julgar se Chávez é democrata ou não, convém pesar o que ele tem feito por seu povo. Ken Livingstone, prefeito de Londres, tem sua opinião: “A Venezuela era como uma dessas velhas nações latino-americanas – uma pequena elite de famílias super-ricas que roubavam os recursos nacionais. Chávez está dirigindo uma nova ordem econômica onde, pela primeira vez, há saúde para o povo pobre e o analfabetismo foi erradicado. É encorajador ver um governo empenhado na transformação social e democrática de uma importante nação da América Latina”.
Luiz Eça é jornalista. |
Grandalhão indolente | | | |
Léo Lince | |
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Quando ainda era “pequeno e insolente”, para usar uma expressão do genial Carlito Maia, o Partido dos Trabalhadores fazia congressos mais animados. Mais criativos e sintonizados com o dinamismo que lhe chegava de uma militância presente no dia-a-dia dos movimentos sociais. Hoje, infelizmente, como instrumento de transformação, que politiza o dinamismo dos conflitos, alimenta a grande política e produz projetos de mudança, o PT acabou. É uma página virada.
O partido, que já atiçou a esperança de milhões e agora se acomoda nas práticas da velhíssima política, opera no contraponto de sua identidade original. Uma lástima. Os petistas que ainda cultuam na memória a antiga identidade do partido - por incrível que pareça eles ainda existem - devem estar se perguntando o que ainda fazem neste palco de perdidas ilusões. Todos sabem que a resolução, positiva, pela anulação do leilão da Vale é um papel sem lastro. O governo é contra e a maioria do partido está no governo. Como no caso da propaganda contra as privatizações no segundo turno da eleição presidencial, são palavras ao vento.
A ética na política e a luta pela mudança no modelo econômico excludente, bandeiras que animaram o petismo na sua fase heróica e polarizaram parcela significativa da cidadania brasileira, já não estão mais ao alcance do PT. Nenhuma resolução de crítica ao modelo econômico que o partido nasceu e cresceu combatendo foi aprovada no congresso. Ninguém pediu a cabeça do Meirelles. O famoso “bloco de esquerda”, que animava os debates na bancada federal, não existe mais. A matriz de pensamento do partido, antes ancorada no dinamismo dos movimentos da sociedade, agora está acoitada na máquina do Estado, onde o continuísmo conservador define as bases da diretriz.
Afastado de sua identidade histórica, desvinculado da base social que lhe fornecia vitalidade, ao partido foi reservado o trabalho sujo de uma “governabilidade” atrelada ao intestino grosso da pequena política. Para que o presidente siga limpo como um “santo de bordel”, tudo que é feio e torto é debitado nas contas do partido. Este, sempre passivo, aceitou a condição de almoxarifado de bodes expiatórios. Basta ver a situação atual da vistosa “cadeia de comando” que ocupou na primeira hora o cerne do governo e que ocupa agora, por decisão do Supremo Tribunal Federal, o banco dos réus.
O PT saiu de si mesmo e agora veste o figurino clássico da velha política conservadora. Desfila desajeitado no descompasso de quem perdeu o rumo da trajetória própria. Resolveu aprender com os antigos adversários. E, como cristão novo, precisa praticar com ênfase redobrada aquilo que sempre combateu. Cospe no prato que comeu e come com apetite voraz no prato que cuspiu. Uma tristeza. Assim como as estrelas mortas, ele ainda maneja raios de luz do que não mais existe como pólo ativo. Conserva, portanto, algum poder de iludir, mas já trocou definitivamente de identidade. A galeria dos partidos da ordem, como diria o genial Carlito Maia, ostenta mais um “grandalhão indolente”.
Léo Lince é sociólogo.
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se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata!
Fácil é ouvir a música que toca. Difícil é ouvir a sua consciência, acenando o tempo todo, mostrando nossas escolhas erradas.
Fácil é ditar regras. Difícil é seguí-las. Ter a noção exata de nossas próprias vidas, ao invés de ter noção das vidas dos outros.
Fácil é perguntar o que deseja saber. Difícil é estar preparado para escutar esta resposta, ou querer entender a resposta.
Fácil é chorar ou sorrir quando der vontade. Difícil é sorrir com vontade de chorar ou chorar de rir, de alegria. Fácil é dar um beijo. Difícil é entregar a alma, sinceramente, por inteiro.
Fácil é sair com várias pessoas ao longo da vida. Difícil é entender que pouquíssimas delas vão te aceitar como você é e te fazer feliz por inteiro.
Fácil é ver o que queremos enxergar. Difícil é saber que nos iludimos com o que achávamos ter visto. Admitir que nos deixamos levar, mais uma vez, isso é difícil.
Fácil é dizer "oi" ou “como vai”? Difícil é dizer "adeus", principalmente quando somos culpados pela partida de alguém de nossas vidas...
Fácil é abraçar, apertar as mãos, beijar de olhos fechados. Difícil é sentir a energia que é transmitida. Aquela que toma conta do corpo como uma corrente elétrica quando tocamos a pessoa certa.
Fácil é julgar pessoas que estão sendo expostas pelas circunstâncias. Difícil é encontrar e refletir sobre os seus erros, ou tentar fazer diferente algo que já fez muito errado.
Fácil é ser colega, fazer companhia a alguém, dizer o que ele deseja ouvir. Difícil é ser amigo para todas as horas e dizer sempre a verdade quando for preciso. E com confiança no que diz.
Fácil é analisar a situação alheia e poder aconselhar sobre esta situação. Difícil é vivenciar esta situação e saber o que fazer. Ou ter coragem pra fazer.
Fácil é demonstrar raiva e impaciência quando algo o deixa irritado. Difícil é expressar o seu amor a alguém que realmente te conhece, te respeita e te entende. E é assim que perdemos pessoas especiais.
Copiado de:AmigosDoFreud
Segundo especialistas, é quase certo que o número tenha aumentado desde 2003.
Muitos especialistas defendem a tese de que a elevação seria reflexo de uma situação em que os médicos estariam aplicando o diagnóstico às crianças de modo mais incisivo e não acham que a ocorrência do transtorno tenha aumentado.
Contudo, a magnitude do aumento surpreendeu muitos psiquiatras. Segundo eles, é provável que isso intensifique a discussão sobre a validade do diagnóstico, que sacudiu a psiquiatra infantil.
O transtorno bipolar se caracteriza por oscilações extremas de humor. Até relativamente pouco tempo, achava-se que ele surgia quase exclusivamente na fase adulta. No entanto, na década de 90, os psiquiatras começaram a procurar com mais atenção pelos sintomas em pacientes mais jovens.
Alguns especialistas afirmam que a maior conscientização, comprovada no aumento do número de diagnósticos, permite que as crianças portadoras do transtorno obtenham o devido tratamento.
Outros dizem que o transtorno bipolar é falso positivo, ou seja, incorretamente diagnosticado quando não está presente. O termo bipolar, como afirmam os críticos, tornou-se o diagnóstico da ordem do dia, um conceito vago aplicado a quase toda criança de personalidade explosiva e agressiva.
Após a classificação das crianças, acrescentam os especialistas, elas são medicadas com remédios psiquiátricos fortes com poucos benefícios comprovados em crianças e com possíveis efeitos colaterais graves como ganho rápido de peso.
No estudo, pesquisadores de Nova York, Maryland e Madri analisaram uma pesquisa do Centro Nacional de Estatísticas em Saúde referente às consultas no consultório, focada em médicos em práticas particulares ou em grupo. Os pesquisadores calcularam a quantidade de consultas em que os médicos registraram o diagnóstico de transtorno bipolar e descobriram que eles aumentaram, de 20.000 em 1994 para 800.000 em 2003, cerca de 1%.
A difusão do diagnóstico representa prosperidade para os fabricantes de remédios, ressaltam alguns psiquiatras, porque os tratamentos, em geral, incluem remédios que podem ser de três a cinco vezes mais caros do que os receitados para outras doenças como depressão ou ansiedade.
"Acho que o aumento demonstra que a área está amadurecendo em se tratando da identificação do transtorno bipolar em crianças, mas a enorme polêmica reflete o fato de que não amadurecemos o suficiente", declarou John March, diretor de psiquiatria infantil e adolescente da faculdade de medicina da Universidade de Duke, que não participou da pesquisa.
"Do ponto de vista do desenvolvimento", explicou March, "simplesmente não sabemos com qual precisão podemos diagnosticar o transtorno bipolar ou se aqueles que são diagnosticados aos 5, 6 ou 7 anos serão adultos portadores da doença. Esse rótulo pode ou não refletir a realidade."
A maioria das crianças enquadradas no diagnóstico não desenvolve as características clássicas do transtorno bipolar em adultos como a mania, como descobriram os pesquisadores. Elas têm muito mais probabilidade de se tornarem depressivas.
O aumento torna o transtorno mais comum entre as crianças do que a depressão clínica, segundo os autores. Os psiquiatras fizeram quase 90% dos diagnósticos, e dois terços dos pacientes mais novos eram meninos, como mostra o estudo, publicado na edição de setembro do Archives of General Psychiatry. Cerca de metade dos pacientes foi identificada como portadora de outras complicações mentais, com mais freqüência o transtorno do déficit de atenção.
Os tratamentos para crianças quase sempre incluem remédios. Cerca de metade recebeu medicamentos antipsicóticos como o Risperdal da Janssen ou o Seroquel da AstraZeneca, ambos desenvolvidos para o tratamento da esquizofrenia. Um terço foi receitado com os chamados estabilizadores de humor, com mais freqüência o remédio para epilepsia Depakote. Antidepressivos e estimulantes também eram comuns. A maioria das crianças tomou uma combinação de dois ou mais remédios e quatro em cada 10 foram tratadas com psicoterapia.
Os corantes e aditivos artificiais utilizados normalmente em produtos alimentícios infantis exacerbam a hiperatividade nas crianças, inclusive naquelas que não sofrem do transtorno, segundo um artigo publicado hoje na revista médica "The Lancet".
Um grupo de cientistas da Universidade de Southampton (sul da Inglaterra) estudou os efeitos dos aditivos nas alterações do comportamento infantil em um grupo de quase 300 crianças -- 153 delas de 3 anos e outras 144 de 8 e 9 anos. As crianças receberam em alguns casos duas misturas de bebidas diferentes, que incluíam diferentes aditivos e em outros, um placebo.
Entre as substâncias estão o conservante benzoato de sódio (E211), utilizado em refrigerantes como Pepsi Max, Fanta e Sprite, e os corantes artificiais E110, E102, E122, E124, E129 e E104, presentes em muitas balas e doces consumidos diariamente pelas crianças britânicas. O E110, por exemplo, é utilizado no salgadinho Doritos e o E122 na Fanta.
Essa não foi a primeira pesquisa a estabelecer ligação entre os aditivos e a hiperatividade nas crianças, mas desta vez foram estudados maiores de três anos e nem todos sofriam com o transtorno de conduta. Os especialistas detectaram indícios de hiperatividade nas crianças que tinham consumido as bebidas que incluíam aditivos, como um comportamento inquieto, perda de concentração, incapacidade para brincar com só um brinquedo ou completar uma tarefa.
A mistura A, que incluía maiores níveis de aditivos, causou "significativos efeitos adversos" em todas as crianças de três anos, que, no entanto, reagiram de forma mais variável à mistura B, que continha a média diária de aditivos consumidos pelas crianças britânicas. As crianças mais velhas mostraram um significativo efeito adverso quando tomavam uma ou outra combinação.
A Agência de Controle Alimentício britânica (FSA, na sigla em inglês) rejeitou os apelos para proibir esses aditivos, mas fez uma advertência aos pais sobre os riscos desses ingredientes se seus filhos mostrarem indícios de hiperatividade. A FSA assegura que cabe às autoridades da União Européia legislar sobre os aditivos.
Na apresentação dos resultados do relatório, o diretor da pesquisa, Jim Stevenson, considerou que poderiam ser tomadas medidas rápidas contra os corantes artificiais, mas que levaria mais tempo para eliminar o uso do benzoato de sódio como conservante. O negócio mundial de aditivos está avaliado em mais de US$ 25 bilhões anuais, segundo o jornal britânico "The Guardian".
Fonte:G1
Os super-revolucionários
(Traduzido pela Equipe de Serviços de Tradutores e Intérpretes do Conselho de Estado — ESTI)
LEIO cuidadosamente todos os dias as opiniões sobre Cuba de agências tradicionais de imprensa, incluídas as dos povos que fizeram parte da URSS, as da República Popular China e outras. Chegam-me notícias de órgãos de imprensa escrita da América Latina, Espanha e do resto da Europa.
O quadro é cada vez mais incerto perante o temor de uma recessão prolongada como a dos anos posteriores a 1930. O governo dos Estados Unidos recebeu no dia 22 de julho de 1944 os privilégios outorgados em Bretton Woods à potência militar mais poderosa, emitir o dólar como moeda internacional de câmbio. A economia desse país estava intacta depois da guerra, em 1945, e dispunha de quase 70 por cento das reservas em ouro do mundo. Nixon decidiu unilateralmente, em 15 de agosto de 1971, suspender a garantia em ouro por cada dólar emitido. Com isso, financiou a matança de Vietnã numa guerra que custou mais de 20 vezes o valor real das reservas em ouro que ainda lhe restavam. Desde essa altura a economia dos Estados Unidos baseia-se à custa dos recursos naturais e das poupanças do resto do mundo.
A teoria do crescimento continuo do investimento e do consumo, aplicada pelos mais desenvolvidos aos países onde a esmagadora maioria é pobre, rodeada por luxos e esbanjamentos de uma exígua minoria de ricos não é apenas humilhante senão também destrutiva. Esse saque e suas desastrosas conseqüências é a causa da rebeldia crescente dos povos, embora uns poucos conheçam a história dos fatos.
As inteligências mais dotadas e cultas se incluem na lista de recursos naturais e estão tarifadas no mercado mundial de bens e serviços.
O que acontece com os superrevolucionários da chamada extrema esquerda? Alguns o são por falta de realismo e pelo agradável prazer de sonhar coisas doces. Outros não têm nada de sonhadores, são peritos na matéria, sabem o que dizem e para que o dizem. É uma armadilha bem armada na qual não se deve cair. Reconhecem os nossos avanços como quem concede esmolas. Carecem realmente de informação? Não é assim. Posso-lhes assegurar que estão absolutamente informados. Em determinados casos, a suposta amizade com Cuba lhes permite participar em numerosas reuniões internacionais e conversar com quantas pessoas do exterior o do país desejem fazê-lo, sem nenhum impedimento de nosso vizinho imperial a só 90 milhas das costas cubanas.
O que aconselham à Revolução? Veneno puro. As fórmulas mais típicas do neoliberalismo.
O bloqueio não existe, pareceria uma invenção cubana. Subestimam a mais colossal tarefa da Revolução, a sua obra educacional, o cultivo maciço das inteligências. Sustentam a necessidade de pessoas capazes de viver realizando trabalhos simples e rudes. Subestimam os resultados e exageram os gastos em investimentos científicos. Ou algo pior: ignora-se o valor dos serviços de saúde que Cuba oferece ao mundo, onde na verdade com modestos recursos, a Revolução despia o sistema imposto pelo imperialismo, que carece de pessoal humano para realizá-lo. Aconselham-se investimentos que são ruinosos, e tais serviços como o alugel, são praticamente de graça. De não ter-se detido oportunamente os investimentos estrangeiros nas moradias, construiriam dezenas de milhares sem mais recursos do que a venda prévia das mesmas aos estrangeiros residentes em Cuba ou no exterior. Além disso, eram empresas mistas regidas por outra legislação criada para empresas produtivas. Não existiam limites para as faculdades dos compradores como proprietários. O país forneceria os serviços a esses residentes ou usuários, para o qual não se requerem os conhecimentos de um cientista ou de um especialista em informática. Muitos desses alojamentos podiam ser adquiridos pelos órgãos de inteligência inimigos e os seus aliados.
Não se pode prescindir de algumas empresas mistas, porque controlam mercados que são imprescindíveis. Mas, também não se pode inundar com dinheiro o país sem vender soberania.
Os superrevolucionários que receitam tais medicamentos ignoram de forma deliberada outros recursos verdadeiramente decisivos para a economia como é a produção crescente de gás, que já purificado se transforma numa fonte inestimável de eletricidade sem afetar o meio ambiente o que produz centenas de milhões de dólares anuais. Da Revolução Energética promovida por Cuba, de vital e decisiva importância para o mundo, não se diz uma palavra. Chegam ainda mais longe: vêem na produção canavieira uma cultura que se manteve em Cuba com mão-de-obra semi-escrava, uma vantagem energética para a ilha, capaz de contrarrestar os elevados preços do diesel que esbanjam sem limites os automóveis dos Estados Unidos, da Europa Ocidental e de outros países desenvolvidos. Estimula-se o instinto egoísta dos seres humanos, enquanto os preços dos alimentos duplicam-se ou triplicam-se.
Ninguém foi mais crítico do que eu da nossa própria obra revolucionária, mas nunca me verão esperando favores ou perdões do pior dos impérios.