Australiano que ficou preso em Guantánamo relata torturas | ||
SIDNEY - O australiano que passou três anos detido no centro de detenção americano de Guantánamo, e também no Paquistão e no Egito, relatou nesta quarta-feira a um tribunal como foi cruelmente torturado na presença de oficiais australianos e americanos. - Amarraram as minhas mãos atrás das costas e algemaram os meus pés. Fiquei nu, estendido com a cara no chão e em cima de mim havia um cachorro. Fizeram coisas sexuais - relatou Mamadouh Habib. Ele disse também que no Egito quebraram os dedos das suas mãos depois de arrancar as suas unhas. O depoimento fez parte de um processo por difamação que Habib move contra o 'Nationwide News', publicado pelo grupo de comunicação News Corp. Um de seus colunistas afirmou que o ex-detido mentiu ao dizer que tinha sido torturado. Habib contou que, no Paquistão, foi drogado durante os interrogatórios. Estava presente um oficial australiano, que ele identificou como Alastair Adams. Os narcóticos, acrescentou, chegaram a fazer que ele perdesse a memória e sentisse que tinha ficado louco. Ao lado de David Hicks, Habib ficou conhecido como um dos "talibãs australianos'. Ele foi detido no Paquistão, em outubro de 2001, levado ao Egito, e acabou no centro de detenção dos Estados Unidos na base de Guantánamo, em Cuba. Acabou libertado em 2005, sem acusações, e devolvido à Austrália. Após a sua saída de prisão, um ex-membro do serviço secreto australiano, Rod Barton, disse ter visto provas de torturas realizadas por oficiais australianos em detidos no Iraque, e informou o Ministério da Defesa. A declaração de Barton contradisse a versão oficial do Governo conservador do ex-primeiro-ministro John Howard, derrotado nas eleições de sábado. Um júri popular concluiu que o artigo no 'Nationwide News' era difamatório. Agora, estuda se Habib tem direito a uma compensação pelos danos. Habib também apresentou uma denúncia no Tribunal Federal de Sydney, acusando oficiais australianos de terem cometido crime de tortura entre 2001 e 2005. | ||
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 29 de novembro de 2007
quarta-feira, 28 de novembro de 2007
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Achei no Worldvix blog, fiz outro up e achei q deveria compartilhar com vcs. Só digo uma coisa, Paulinho da Viola é td de bom!! quem não é fã, vai virar.
FAIXAS:
1.Timoneiro
2.Coração Leviano
3.Amor é Assim
4.Para um Amor no Recife
5.Foi Demais
6.Coração Imprudente
7.Pecado Capital
8.Tudo se Transformou
9.Sinal Fechado
10.Ainda Mais
11.Bela Manhã
12.Talismã
13.Vai Dizer ao Vento
14.Nervos de Aço
15.Eu Canto Samba
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Faixas:
1- Agora só falta você
2- Jardins da Babilônia
3- Doce vampiro - Participação: Cássia Eller
4- Luz del Fuego
5- Nem luxo, nem lixo
6- Alô! Alô! Marciano
7- Eu e meu gato
8- Balada do louco
9- Papai, me empresta o carro - Interpretação: Titãs
10- O gosto do azedo
11- Gita
12- Flagra
13- Desculpe o auê - Participação: Paula Toller
14- Coisas da vida
15- M te vê
16- Mania de você - Participação: Milton Nascimento
17- Lança perfume
18- Ovelha negra
Bom, Madame Lee dispensa comentários... eu sou fã de carteirinha!!
A BELA DA TARDE (1967)
Belle de Jour (França)
Bella di Giorno (Itália)
Direção: Luis Buñuel
Roteiro: Luis Buñuel, Jean-Claude Carrière
Produção: Henri Baum, Raymond Hakim, Robert Hakim
Fotografia: Sacha Vierny
Edição: Louisette Hautecoeur
Design de Produção: Robert Clavel
Figurino: Yves Saint-Laurent
Efeitos Sonoros: Pierre Davoust, René Longuet
País: França, Itália
Gênero: Comédia Dramática
Tempo de Duração: 100 minutos
Prêmios: Festival de Veneza - Prêmio Leão de Ouro (Luis Buñuel)
Festival de Veneza - Prêmio Pasinetti de Melhor Filme
Sindicato dos Críticos de Cinema, França - Prêmio da Crítica de Melhor Filme
Indicações: Academia Britânica - Indicado ao Prêmio de Melhor Atriz (CatherineDeneuve)
RMVB Legendado
Cor
Elenco:
Catherine Deneuve .... Séverine Serizy
Jean Sorel .... Pierre Serizy
Michel Piccoli .... Henri Husson
Geniviève Page .... Madame Anais
Pierre Clémenti .... Marcel
Françoise Fabian .... Charlotte
Macha Méril .... Renee
Muni .... Pallas
Maria Latour .... Mathilde
Francisco Rabal
Sinopse:
A história de Séverine (Catherine Deneuve), jovem rica e infeliz que procura um discreto bordel para realizar suas fantasias sexuais e conseguir o prazer que seu marido não consegue lhe dar.
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As oligarquias contra a democracia
É uma lei de ferro da história: as oligarquias dominantes lutam sempre desesperadamente para não perder o poder que controlam, a ferro e fogo, há séculos. Quando o povo e as forças populares ameaçam esse poder, elas apelam para a violência. Primeiro apelavam diretamente à intervenção militar dos EUA, depois, às FFAA, formadas e coordenadas com os EUA. Agora seguem suas estratégias de violência e obstáculo aos processos de democratização no continente, onde quer que ele se dê, sob a forma que seja.
Essas ações violentas são parte da história do nosso continente. As mais recentes foram os golpes militares, que derrubaram governos eleitos legitimamente pelo povo, para substituí-los por ditaduras militares, demonstrando a tese enunciada acima: no Brasil, na Argentina, no Chile, no Uruguai, na Bolívia, a violência introduziu regimes de terror em todo o cone sul.
São partidos políticos, personagens da política tradicional, grandes empresas privadas, corporações empresariais, que apoiaram e tiveram gigantescos benefícios durante as ditaduras militares, que hoje encarnam a direita latino-americana, disfarçados de democratas, opondo-se aos novos avanços populares. São os mesmos que apoiaram as ditaduras, as intervenções norte-americanas, a violência contra o povo, que agora resistem à vontade democrática da maioria.
Eles estão perdendo em praticamente todas as eleições, quando o monopólio oligárquico da mídia não consegue convencer o povo de que seus interesses representam o país. Perdem na Argentina, no Brasil, no Equador, na Bolívia, na Venezuela. E aí apelam de novo para a violência e as tentativas de ruptura da democracia, quando esta não lhes serve mais, porque o povo passa a reconstruir democracias com alma social.
Órgãos de imprensa que promoveram os golpes militares, apoiaram as ditaduras e se beneficiaram com elas – na Argentina, no Brasil, na Bolívia -, que apoiaram tentativas de golpe – na Venezuela -, que pregaram os processos de privatização que dilapidaram os Estados latino-americanos – agora vestem roupas “democráticas” e pretendem brecar os processos de transformação em curso. Querem contrapor a violência e as ameaças aos movimentos populares que colocam em prática processos de nacionalização, de integração regional, de políticas sociais favoraveis às grandes maiorias da nossa população, sempre desconhecidas pelas oligarquias tradicionais, os direitos dos povos indígenas e negros, das mulheres, dos jovens, crianças e idosos, do meio ambiente, de democratização dos meios de comunicação.
A Bolívia, situada no coração do continente, concentra hoje as principais ações da direita oligárquica contra os processos de democratização que se desenvolvem na América Latina. As oligarquias brancas, que privatizaram os patrimônios fundamentais do Estado e do povo boliviano, que apoiaram regimes ditatoriais e participaram deles, que tentaram impedir, por séculos, que as grandes maiorias indígenas acedessem ao poder, que desenvolvem campanhas racistas sistemáticas de discriminação, tentam agora impedir que a vontade majoritária do povo boliviano realize, pela primeira vez na história desse país, as políticas de um governo dirigido por um líder indígena.
Apesar da campanha eleitoral racista – em que 92% das notícias foram contrárias a Evo Morales e com caráter racista, conforme atestou a comissão internacional de acompanhamento da cobertura de imprensa -, o povo boliviano – de que 64% se reconhece como indígena – elegeu, em dezembro de 2005, a Evo Morales, no primeiro turno, com a maior votação que um presidente boliviano já obteve.
A reação das oligarquias locais não se fez esperar, assim que o governo passou a cumprir sua plataforma de campanha, nacionalizando os recursos naturais, convocando a Assembléia Constituinte, desenvolvendo políticas de distribuição de renda, começando o processo de reforma agrária, avançando na integração latino-americana, reconhecendo os direitos dos povos indígenas. Embora derrotada na grande maioria dos estados, a direita boliviana, apoiada na estrutura de seus partidos tradicionais, conseguiu eleger 6 governadores, mesmo onde Evo Morales havia triunfado e, baseado neles, tenta promover a divisão do país. Ou ameaça com ela, para tentar manter o poder regional sobre a terra, os recursos naturais, os impostos sobre as exportações e o poder para continuar submetendo aos povos indígenas.
Com minoria na Assembleia Constituinte, a direita tenta desestabilizar o pais, mediante mobilizações violentas, com metralhadoras, pistolas, bombas molotov, querendo bloquear o direito soberano e majoritário do povo boliviano de decidir o carater multi-étnico, multi-nacional, da nova Cosntituição. Usam os mesmos métodos violentos de sempre, se valem da atuação da embaixada dos EUA e de governos europeus, que alentam a oposição, preocupados em defender as empresas transnacionais que sempre exploraram a Bolivia, em conluio com essas forças que agora se rebelam contra a vontade popular.
Perder o poder sobre a terra, sobre os recursos naturais, que passam às mãos do povo boliviano, democrático representado pelo governo de Evo Morales, além do reconhecimento dos direitos de autonomia dos povos indígenas – torna-se insuportável para uma oligarquia que acostumou-se à apropriação privada do país para realizar seus interesses particulares.
O povo boliviano se pronunciará sobre o projeto de nova Constituição, aprovado pela maioria dos delegados e dotará ao país, pela primeira vez na sua história, de uma estrutura política e jurídica democrática e pluralista. Conta com o apoio popular na Bolívia e com a solidariedade dos povos e governos democráticos da América Latina.
terça-feira, 27 de novembro de 2007
de Bernardo Bertolucci
Sinopse:Após o suicídio de sua mãe, uma jovem de 19 anos (Liv Tyler) viaja para a Itália, com o propósito aparente de reencotrar alguns amigos e ter seu retrato pintado, mas planeja rever especialmente um jovem com quem ela dera seu primeiro beijo, quatro anos antes. Simultaneamente pretende decifrar um enigma que foi encontrado no diário da sua mãe, mas gradativamente sua presença exuberante transforma a vida dos seus amigos.
Título Original: Stealing Beauty
Gênero: Drama
Origem/Ano: ITA/FRA/UK/1996
Direção: Bernardo Bertolucci
Roteiro: Bernardo Bertolucci e Susan Minot
Formato: rmvb
Áudio: Inglês/Francês/Alemão/Espanhol/Italiano
Legendas: Português
Duração: 118 min
Tamanho: 386 MB
Partes: 4
Servidor: Rapidshare
Créditos: RapaduraAzucarada - Zé Qualquer
Elenco:
Liv Tyler (Lucy)
Carlo Cecchi (Carlo Lisca)
Sinéad Cusack (Diana)
Joseph Fiennes (Christopher)
Jason Flemyng (Gregory)
Anna-Maria Gherardi (Chiarella Donati)
Jeremy Irons (Alex)
Jean Marais (M. Guillaume)
Donal McCann (Ian)
D.W. Moffet (Richard)
Ignazio Oliva (Osvaldo Donati)
Stefania Sandrelli (Noemi)
Francesco Siciliano (Michele Lisca)
Rebecca Valpy (Daisy)
Alessandra Vanzi (Marta)
Rachel Weisz (Miranda)
Links:
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segunda-feira, 26 de novembro de 2007
Sinopse:Uma interessante comparação entre o antigo comércio de escravos e a atual exploração das empresas, através de duas histórias: a de um capitão-do-mato que captura uma escrava fugitiva, e a de uma jovem que descobre que a caridade de um projeto na periferia é, na verdade, uma fachada para esconder um superfaturamento. Baseada na obra Pai Contra Mãe de Machado de Assis.
Gênero: Drama
Origem/Ano: BRA/2005
Direção: Sergio Bianchi
Roteiro: Sabina Anzuategui e Eduardo Benain
Formato: rmvb
Áudio: Português
Duração: 108 min
Tamanho: 352 MB
Partes: 4
Servidor: Rapidshare
créditos:RapaduraAzucarada - Zé Qualquer
Elenco:
Caco Ciocler
Milton Gonçalves
Lázaro Ramos
Caio Blat
Ana Carbatti
Cláudia Mello
Herson Capri
Zezé Motta
Ana Lúcia Torre
Links:
http://rapidshare.com/files/71617722/Cinema_Nacional_-_Quanto_Vale_Ou_E_Por_Quilo.part1.rar
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Por Ricardo Antunes*
O filósofo marxista István Mészáros é um autor referencial para tantos que lutam contra a lógica destrutiva que preside o mundo contemporâneo. Aluno e colaborador direto do filósofo húngaro G. Lukács, com que trabalhou diretamente na Universidade de Budapesp, na primeira metade dos anos 1950, tornou-se, dentre todos os antigos colaboradores de Lukács, o que mais efetivamente contribuiu para a realização de uma obra original, crítica e devastadora em relação às tantas mistificações hoje presentes.
Mészáros iniciou sua vida como operário na Hungria. Quando chegou à Universidade, destacou-se pelo brilhantismo, competência e radicalidade. Sempre calibrando a atuação na Universidade com as necessidades vitais da humanidade e a busca de sua transformação, tornou-se desde logo um espírito anticapitalista excepcional. Dotado de erudição enciclopédica, domina economia política, filosofia e teoria social como poucos. Sua obra dialoga criticamente com toda a produção relevante neste século, navegando dos clássicos aos contemporâneos, dotado de uma força invejável.
Uma breve passagem por sua ampla produção seria bom exemplo. Mas basta dizer que seus livros Marx’s Theory of Alienation (1970), The Power of Ideology (1989) e Beyond Capital (1995) – todos publicados pela Boitempo – apareceram em diversos países, do Norte ao Sul do mundo, incluindo a China, a Índia, o Japão, Oriente Médio, sendo inúmeras vezes reedidada.
István Mészáros é Professor Emeritus da Universidade de Sussex (Inglaterra). Trabalhou também em universidades na Escócia, Itália, Canadá, México, sendo que sua obra ecoa em várias partes do mundo, despertando sempre crescente interesse. Seria impossível, nesta breve nota sobre sua trajetória, falar de tantas teses e proposições que marcam a empreitada de István Mészáros. Destaco, então, três teses, das mais originais em seu pensamento.
Em Para Além do Capital empreendeu uma crítica devastadora às engrenagens que caracterizam o sistema do capital. Desde logo o autor, fortemente inspirado em Marx, em contraste com a totalidade da literatura sobre o tema, diferencia capital e capitalismo. O primeiro antecede ao capitalismo e é a ele também posterior. O capitalismo é uma das formas de realização do capital, a forma dominante nos últimos três séculos. Mas, assim como existia capital antes do capitalismo, há capital após o capitalismo (o que o autor denomina como capital pós-capitalista), vigente na URSS e demais países do Leste Europeu, durante várias décadas deste século XX. Estes países, embora pós-capitalistas, foram incapazes de romper com o domínio do capital.
Isso porque, para Mészáros, o sistema de metabolismo social do capital tem seu núcleo central formado pelo tripé capital, trabalho assalariado e estado, três dimensões fundamentais e inter-relacionadas, sendo impossível superar o capital sem a eliminação do conjunto dos elementos que compreende este sistema. Não basta, portanto, eliminar um ou mesmo dois dos pólos do sistema do capital, mas é preciso eliminar os seus três pólos. E essa tese tem uma força explicativa que contrasta com tudo que se escreveu até o presente, sobre o desmoronamento da URSS.
Segunda tese: sendo um sistema que não tem limites para a sua expansão, o capital acaba por tornar-se incontrolável e essencialmente destrutivo. A produção e o consumo supérfluos, a destruição ambiental em escala global, o desemprego e a precarização do trabalho, ambos estruturais, para não falar da política bushiana da “guerra permanente”, são exemplares. Expansionista, destrutivo e, no limite, incontrolável, a forma dominante do sistema do capital é, então, a da crise endêmica, cumulativa, crônica e permanente, o que (re)coloca, como imperativo atual, frente ao espectro da destruição global, a alternativa socialista. Mais um claro contraste com quase tudo que conforma a mesmice do pensamento dominante.
Terceira tese: qualquer tentativa de superar este sistema de metabolismo social que se restrinja à esfera institucional e parlamentar está fadada à derrota. Só um vasto movimento de massas, radical e extraparlamentar, pode ser capaz de destruir o sistema de domínio social do capital e sua lógica destrutiva. Os exemplos aqui são abundantes e bastaria lembrar a derrota cabal do PT e seu governo.
Muitas outras teses poderiam ser indicadas, mas o espaço aqui não permite. Fique a sugestão para que os jovens aceitem o convite para ler uma das obras mais originais, instigantes e críticas, elaboradas por um autor assumidamente de esquerda, neste período que (quase) se parece com o tempo das trevas. Até porque, conforme o sugestivo título do novo livro de István Mészáros - O Desafio e o Fardo do Tempo Histórico - a humanidade não tem mais muito tempo pela frente...
* Professor Titular de Sociologia do IFCH/UNICAMP e autor de O Caracol e sua Concha (Boitempo), Os Sentidos do Trabalho (Boitempo), Uma Esquerda Fora do Lugar (Ed. Autores Associados) e Adeus ao do Trabalho? (Cortez), dentre outros livros.
1968 - Rauzito E Os Panteras
1971 - Sessão das Dez
1973 - Krig-ha Bandolo
1973 - Os 24 Maiores Sucessos Da Era Do Rock
1974 - Gita
1975 - Novo Aeon
1976 - Há 10 Mil Anos Atrás
1977 - Raul Rock Seixas
1978 - Mata Virgem
1978 - O Dia Em Que A Terra Parou
1979 - Por Quem Os Sinos Dobram
1980 - Abre-te Sésamo
1983 - Raul Seixas
1983 - Raul Vivo
1984 - Metrô Linha 743
1985 - Let Me Sing My Rock N Roll
1986 - Raul Rock Seixas 2
1987 - Uah-Bap-Lu-Bap-Lah-Be n-Bum
1988 - A Pedra Do Gênesis
1989 - A Panela Do Diabo
1992 - O Baú Do Raul
1995 - Se O Rádio Não Toca
1998 - Documento
1998 - MPB No JT Ao Vivo
Fonte: http://www.baixenamoleza.com
Assim se colonizou a África negra
No século 16, na maior parte das regiões da África subsaariana, existiam cidades de tamanho considerável para a época (de 60 mil a 140 mil habitantes ou mais), aldeias grandes (de mil a 10 mil habitantes), parte de reinos e impérios notavelmente organizados, territórios de habitat disperso denso. É isso que revelam os vestígios e escavações arqueológicas, bem como as fontes escritas, tanto externas (árabes e européias, anteriores a meados do século 17) como internas (autóctones, escritas em árabe, língua da religião, ou no latim da Europa). A agricultura, criação de animais, caça, pesca, artesanato muito diversificado (tecidos, metais, cerâmica etc.), navegação fluvial e lacustre, comércio local e distante, com moedas específicas, eram bem desenvolvidos e ativos.
O nível intelectual e espiritual era análogo ao do Norte da África na mesma época. O grande viajante árabe do século 14, Ibn Battuta, louva a segurança e a justiça encontrada no império do Mali. Antes da utilização de armas de fogo, o comércio árabe permanecia secundário em relação à atividade econômica e ao volume da população. Leão, o Africano (início do século 16), menciona que o rei de Bornu (região chadiana) organizava apenas uma expedição por ano para capturar escravos [1].
A partir do século 16, a situação modifica-se radicalmente. Os portugueses penetram ao sul da foz do rio Congo, conquistam Angola, destróem os principais portos da costa oriental e alcançam o atual território de Moçambique. Os marroquinos atacam o império songai, que resiste durante nove anos. Os agressores dispõem de armas de fogo; os subsaarianos, não. Milhares de habitantes são mortos ou capturados e condenados à escravidão. Os vencedores se apossam de tudo: homens, animais, provisões, objetos preciosos e o que mais possam pegar.
Reinos e impérios são pulverizados em principados — levados a guerrear com freqüência cada vez maior, a fim de ter prisioneiros que possam ser trocados, principalmente por fuzis, indispensáveis na defesa e no ataque. Populações são deslocadas — provocando novos choques, campos de refugiados, a propagação de um estado de guerra latente até o coração do continente. As investidas militares multiplicam-se, ao ponto de atingir, no nordeste da África Central do início do século 19, o número de 80 por ano, segundo o erudito tunisiano Mohamed el Tounsy, que viajou por Darfur e Ouaddaï (atual Chade) nessa época [2]. A porcentagem de cativos em relação ao conjunto da população aumenta continuamente, entre o século 17 e o fim do 19. “Distritos outrora densamente povoados foram reconquistados pelo mato” ou pela floresta [3].
A partir das invasões portuguesa e marroquina,
toda a estrutura social entra em colapso
O tecido sócio-econômico e político-administrativo, que fora constituído aos poucos, se corrompe e arruína inteiramente. Nos locais onde o cultivo de alimentos e a obtenção de água são difíceis, as pessoas vêem-se, com freqüência, reduzidas à auto-subsistência. Uma regressão enorme ocorre em todos os domínios. O destino dos cativos se agrava. Uma nova categoria social nociva emerge: a dos agentes comerciais, dos encarregados de caravanas, dos intérpretes, dos intermediários, dos abastecedores — os “colaboracionistas” da época, enfim. Alguns príncipes tentam, em vão, se opor a esse comércio cada vez maior de seres humanos. Mas o rei de Portugal responde negativamente às cartas de protesto de Alfonso, o rei do Congo — convertido ao cristianismo. Um de seus sucessores é reduzido ao silêncio pelas armas. O mesmo em Angola.
O posto de comércio francês no Senegal fornece armas aos mouros para que ataquem o damel [4], que não autoriza a passagem das caravanas de escravos. É portanto a demanda externa que provoca uma enorme disseminação e proliferação da escravidão na África negra.
No começo, os reis entregavam apenas os condenados à morte. Mas os portugueses desejam efetivos mais volumosos, que eles próprios se encarregam de capturar, atacando sem qualquer outro pretexto. De 1575 a 1580, Dias Novais, primeiro governador de Angola, expedia cativos a um ritmo de 12 mil por ano em média [5]. É duas vezes mais, só partindo de Angola, que todo o tráfico transaariano na mesma época, se tomarmos como referência, por exemplo, os números colhidos pelo historiador norte-americano Ralph Austen.
No século 17 e, principalmente, no 18, a maior parte dos armadores europeus — sobretudo os holandeses, ingleses e franceses — dedica-se a tal tráfico marítimo ultra-lucrativo. Na segunda metade do século 18, atingem-se números extraordinários: exceto nos anos de guerra entre franceses e ingleses, centenas de navios embarcam de 150 mil a 190 mil cativos por ano [6]. A insegurança generalizada e crescente multiplica a penúria, fome, doenças locais e, pior de tudo, doenças trazidas de fora — particularmente, a varíola. As endemias se instalam e as epidemias se alastram.
Guerras, tráfico de escravos, queda da natalidade: um enorme déficit demográfico reduz a um quarto a população
Surge um enorme déficit demográfico. Ele é devido, em primeiro lugar, a todos os que morreram por causa dos ataques e durante as transferências do interior para os pontos de partida e os entrepostos; aos que se suicidaram e aos revoltosos executados no momento do embarque; aos óbitos resultantes da multiplicação das investidas e das guerras internas provocadas pela desarticulação de entidades políticas, pela fuga das populações, pela vontade cada vez maior de fazer prisioneiros; aos mortos pela fome (após pilhagem de colheitas e estoques) e por doenças de todo tipo; aos que padecem devido à introdução de armas de fogo e álcool adulterado, ao retrocesso da higiene e dos conhecimentos adquiridos.
A todos esses mortos somam-se os cativos e cativas arrancados do subcontinente. O próprio número de nascimentos entra em queda, devido à desarticulação da sociedade. Como durante a Guerra dos Cem Anos, que levou a França a perder metade de sua população, o decréscimo se fez de maneira irregular, variando conforme a região. Acentua-se fortemente a partir do fim do século 17. De meados do século 18 em diante, o decrescimento global é maciço e rápido.
É possível avaliar esse decrescimento? Para medir os efeitos demográficos da Guerra dos Cem Anos na França, comparamos o número de residências existente antes da guerra com o número contabilizado depois. Na África, tanto quanto na Índia, não dispomos de registros de batismos e outros, mas sabemos, a partir dos viajantes e exploradores do século 19, que, na parte ocidental, as maiores aglomerações não contavam com mais de 30 mil a 40 mil habitantes. Eram, portanto, cerca de quatro vezes menores do que as maiores cidades do século 16.
Segundo os mesmos testemunhos, pode-se observar que a diferença era ainda maior entre a população rural ou entre o número de combatentes que um príncipe ou um líder guerreiro podia arregimentar. Será a relação aproximada de 4 para 1, observada na África Ocidental, representativa da diminuição do conjunto da população africana negra entre os séculos 16 e 19? Do cabo das Palmas [7] ao sul de Angola, as perdas foram ainda mais elevadas. Gwato (Ughoton), o porto de Benin, contava 2 mil residências quando os portugueses lá chegaram e não mais que 20 ou 30 quando os exploradores do século 19 apareceram [8]. O historiador norte-americano William G. Randles mostra que a população de Angola havia igualmente se reduzido em proporções imensas [9]. Por outro lado, as regiões do Chade, no interior, permaneceram bastante povoadas até cerca de 1890 — com cidades de 3 mil habitantes em 1878.
A mesma destruição da Guerra dos Cem Anos na Europa,
porém por mais de três séculos...
No atual Sudão, o despovoamento começa com a dominação escravista do paxá egípcio Mohammed Ali, em 1820. Na África Oriental, os planaltos elevados, como em Ruanda e Burundi, permanecem densamente povoados, em torno de 100 habitantes por quilômetro quadrado, contrariamente ao que se deu na região do lago Niassa. Na África do Sul, a partir da primeira metade do século 19, a ação dos ingleses se soma à dos bôeres [10] para dizimar as populações autóctones. No conjunto, parece razoável considerar que a população da África negra era, no século 19, três a quatro vezes menor do que no século 16.
Mas será possível saber o tamanho da população da África negra perto de meados do século 19? A conquista colonial (artilharia contra fuzis de tráfico), o trabalho forçado multiforme e generalizado, a repressão das numerosas revoltas por meio do ferro e do fogo, a subalimentação, as diversas doenças locais e, de novo, as doenças importadas e a continuação do tráfico oriental reduziram ainda mais a população que baixara para quase um terço, já em 1930. Nessa época, medidas administrativas e sanitárias propiciaram a retomada do crescimento demográfico, que foi cada vez maior.
Essa avaliação foi possível porque, com a presença européia no interior dos territórios, certos dados estatísticos foram acrescentados às fontes narrativas [11]. Em 1948-1949, um recenseamento geral e coordenado foi efetuado em toda a África subsaariana. Após a correção por falta de declaração, a população foi estimada em, aproximadamente, 140 a 145 milhões de pessoas. Pode-se supor que, em 1930, a população somava de 130 a 135 milhões de indivíduos. Esses representavam, então, dois terços da população aproximada das décadas de 1870-1890 — cerca de 200 milhões. Segundo o resultado de minhas pesquisas, a população era da ordem de pelo menos 600 milhões (uma média de 30 habitantes por km2) no século 16 . Os números antigos de 30 a 100 milhões são totalmente imaginários, como bem o mostrou Daniel Noin, ex-presidente da Comissão de População da União Geográfica International (IGU, segundo as iniciais em inglês) [12].
Entre meados do século 16 e 19, a população subsaariana decaiu em cerca de 400 milhões. Desse total, a porcentagem dos que foram deportados do litoral e do Sahel é impossível de precisar, em função do volume do contrabando e do número muito elevado de clandestinos, antes e depois da proibição do tráfico. Segundo diversas fontes e pesquisas, os números oficiais para o tráfico europeu são, na realidade, o dobro [13]. As estimativas do tráfico árabe são também aleatórias. Para fornecer uma ordem de grandeza, digamos que o número, para os dois tráficos somados, deva se situar entre 25 e 40 milhões. Continua ainda um tanto discutível, mas não resta dúvida que as estimativas frágeis não dão conta da enormidade das dissimulações. Cerca de 90% da perda de população deveram-se a mortes ocorridas na própria África. Isso se explica pela situação de grave insegurança no conjunto do território, que persistiu por quatro séculos, resultado dos efeitos destrutivos, diretos e indiretos, de dois tráficos simultâneos, cada vez mais intensos.
Uma Guerra dos Cem Anos que durou três séculos, com as armas da Guerra dos Trinta Anos, e depois as dos séculos seguintes. A conquista e a ocupação colonial determinaram, de forma permanente, a dependência do exterior, tanto cultural como econômica, e tornaram, problemática, a reestruturação do conjunto subsaariano e de cada uma de suas regiões. Não faz nem dez anos que a África negra recuperou o nível populacional que detinha no século 16. E o fez de forma muito desequilibrada, devido à congestão das capitais.
[1] Jean-Léon l’Africaine, Description de l’Afrique, Paris, Adrien-Maisonneuve, 1956.
[2] Pierre Kalck, Histoire de la République centrafricaine, Paris, Berger Levrault, 1995.
[3] Charles Becker, "Les effets démographiques de la traite des esclaves en Senegambie", em De la traite de l’esclavage, actes du Colloque de Nantes, t. 2, Nantes-Paris, CRHMA e SFHOM, 1988.
[4] Título dado aos soberanos animistas do reino de Cayor (Senegal).
[5] William G. Randles, De la traite à la colonisation: les Portugais en Angola, em Annales ESC, 1969.
[6] Idem.
[7] Localizado na fronteira entre o que são hoje a Libéria e a Costa do Marfim, margem Norte do Golfo da Guiné (Nota da edição brasileira)
[8] Raymond Mauny, Les siècles obscurs de l’Afrique, Paris, Fayard, 1970
[9] Charles Becker, op. cit.
[10] Colonizadores holandeses (e franceses).
[11] Wiliam Randles, op. cit.
[12] Idem.
[13] Daniel Noin, La population de l’Afrique subsaharienne, Éditions Unesco, 1999.