Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 25 de janeiro de 2008
Ilha das Flores
Créditos: MakingOff - DJB
Gênero: Documentário
Diretor: Jorge Furtado
Duração: 12 minutos
Ano de Lançamento: 1989
País de Origem: Brasil
Idioma do Áudio: Português
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0097564
Qualidade de Vídeo: Outro
Vídeo Codec: XVID
Resolução: 576 X 432
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 29.970 FPS
Tamanho: 354 Mb
Legendas: Sem Legenda
Premiação:
17º Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1989:
Melhor filme de curta metragem (júri oficial, júri popular
e prêmio da crítica), Melhor roteiro, Melhor montagem
e mais 4 prêmios regionais
(Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Roteiro
e Melhor Montagem).
40º International Filmfestival, Berlim, Alemanha, 1990:
Urso de Prata para curta metragem.
Prêmio Air France, Rio de Janeiro, 1990:
Melhor curta metragem brasileiro.
Prêmio Margarida de Prata (CNBB), Brasília, 1990:
Melhor curta-metragem.
3º Festival Internacional do Curta-metragem,
Clermont-Ferrand, França, 1991:
Prêmio Especial do Júri, Melhor Filme (Júri Popular).
American Film and Video Festival, New York, 1991:
Blue Ribbon Award.
7º No-budget Kurzfilmfestival, Hamburgo, Alemanha,
1991: Melhor Filme.
Festival International du Film de Region, Saint Paul,
França, 1993: Melhor Filme.
Exibido na mostra "Os 10 Melhores curtas brasileiros
da década de 80", no Cineclube Estação Botafogo,
Rio de Janeiro, 1990.
Download via Torrent:
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Emir Sader
- Não há mais incas, somos todos andinos.
Eu perguntava pelo destino dos 6 milhões de incas que habitavam Cusco, a capital do Império Inca - cujo nome quer dizer, literalmente, “umbigo do mundo“, - quando chegaram os colonizadores espanhóis.
Eles eram cerca de 6 milhões, tinham uma das civilizações mais avançadas do mundo na época. Foram dizimados. Em 5 anos estavam reduzidos a 1,6 milhões, escravizados. Todos os que compunham a elite - política, religiosa, científica, cultural, militar -, uns 300 mil, foram liquidados em pouco tempo, cortando as possibilidades de sobrevivência daquela civilização.
Todos os conhecimentos acumulados em astronomia, em arqueologia, em culinária, em religião, em agricultura, foram liquidados.
Como se fica sabendo perto dali, em Machupicchu - “Montanha Velha“, - os incas sabiam da circulação da terra em torno do sol, antes de Galileu. Muitos viviam mais de 100 anos, a ponto de que a Universidade de Machupicchu tinha professores de 120 anos.
Em Machupicchu viviam uns 600 ou 700 indígenas, até que um antropólogo norte-americano, Hiram Bingham, “descobriu” a cidade em 1911, levado por um menino que vivia no local. Quando os espanhóis tomaram Cusco, o chefe inca retirou-se para Machupicchu, reuniu todo o ouro e a prata e, para não entregá-la para os colonizadores, fugiu na direção da Amazônia. Daí nasceu o mito de Eldorado, que seria a cidade fundada e construída só de ouro e prata. O chefe inca conseguiu matar ao chefe dos colonizadores, Francisco Pizarro, em um combate.
Como reação recente ao papel de Pizarro, sua estátua foi retirada da principal praça de Lima e deixada em um parque central. Quanto ao antropólogo dos EUA, sob acusações de que teria roubado lingotes de ouro remanescentes e de que não foi o “descobridor” de Machupicchu, como confirma livro de seu filho, baseado em seus próprios diários. A luta dos habitantes locais agora é tirar-lhe esse título falso e atribuí-lo aos indígenas que já viviam em Machupicchu quando ele chegou, especialmente a Agustin Lizárraga, que em 1900 já havia chegado a Macchupicchu, mas também a seus conterrâneos Melchior Arteaga, Justo Ochoa, Gabino Sanchez e Enrique Palma.
Pela destruição causada por aqueles de quem é descendente o rei da Espanha - que, talvez pelas tragédias que produziram entre nós, quer que nos calemos -, é difícil imaginar o que seria o Peru de hoje - assim como a Bolívia, o Equador, a Guatemala, o México, o Chile, a Colômbia, entre outros de nossos países, se os povos originários não tivessem sido destruídos e, com eles, suas civilizações, suas culturas, suas formas de vida. Teriamos uma América Latina ainda mais diversificada e relações de igualdade com os países europeus, caso estes não tivessem se enriquecido com os massacres que promoveram na colonização.
Aliás, como deveriamos chamar à destruição das civilizações originais e a escravidão desses povos e dos negros, trazidos à força da África, para ser escravos e produzir riquezas para as potências européias? Massacres? Limpezas étnicas? Crimes contra a humanidade? Foi com esses banhos de sangue que o capitalismo chegou às Américas, trazido pelos colonizadores europeus. Esses mesmos que gostaríamos que nos calássemos sobre as barbaridades que eles cometeram contra nossas civilizações.
quinta-feira, 24 de janeiro de 2008
JETHRO TULL & YES
Uploader: Mutumutum
Créditos: lagrimapsicodelica
Galléira e amantes do rock progressivo:
Segue mais duas coletâneas fodásticas pra vcs, de duas bandas monstras do rock progressivo.
Espero que curtam
Highlights (The Very Best of YES)
1. Survival
2. Time And A Word
3. Starship Trooper: a. Life Seeker, b. Disillusion, c. Wurm
4. I've Seen All Good People: a. Your Move, b. All Good People
5. Roundabout
6. Long Distance Runaround
7. Soon
8. Wonderous Stories
9. Going For The One
10. Owner Of A Lonely Heart
11. Leave It
12. Rhythm Of Love
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Very Best of Jethro Tull
1. Living In The Past
2. Aqualung
3. Sweet Dream
4. The Whistler
5. Bungle In The Jungle
6. Witches Promise
7. Locomotive Breath
8. Steel Monkey
9. Thick As A Brick
10. Bouree
11. Too Old To Rock 'N' Roll
12. Life Is A Long Song
13. Songs From The Wood
14. A New Day Yesterday
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A barbárie está em Davos
Este ano o Forum Social Mundial será marcado por mobilizações simultâneas em todo o mundo como um contraponto ao Fórum de Davos. A luta contra a primazia do cálculo financista sobre a vida e da compreensão desta como mero apêndice do lucro é crucial para o futuro da humanidade. A análise é de Gilson Caroni Filho.
Gilson Caroni Filho - cartamaior
A história não caminha com a linearidade que alguns acreditam. Por vias transversas muitas previsões, acabam se confirmando. Não enquanto afirmação de um mundo acabado, síntese última, corolário dos corolários. Assim, talvez Fukuyama tenha acertado o desfecho de tramas que, durante décadas, marcaram Davos como epicentro de uma lógica destrutiva.
Se for fato que o capitalismo contemporâneo consolidou-se pela ação de forças e condições materiais identificáveis, temos um sistema passível de intervenção. Se, tal como as formações que lhe antecederam, o mundo do capital foi formado em circunstâncias históricas determinadas, sua superação não só é factível como desejável. Em suma, o lema "um outro mundo é possível" está longe de prenunciar que cinco mil organizações, redes e movimentos de 150 países tenham ido, há dois anos, a Porto Alegre participar de uma festiva "feira ideológica", como destacou a grande imprensa na ocasião. Um happening dos que não agregam valor e são incapazes de avançar além de protestos inconseqüentes. Essa foi a visão que deu a tônica da cobertura.
A necessidade, destacada por Emir Sader, em 2005, de buscar formulações propositivas, deixando para trás "concepções liberais de ONGs que tratam de restringir a luta por uma nova era ao que chamam de "sociedade civil" continua atual. Outro ponto que merece destaque é a importância de se desvencilhar da armadilha ideológica que propõe articulação superestrutural sem intervenção nas relações de dominação. Não há dúvida que é hora de transformar a massa crítica acumulada em uma teoria geral do capitalismo contemporâneo que se pretende combater.
Não se trata de, como destacou, à época, o sociólogo belga François Houtart, fazer do Fórum Social Mundial uma "Quinta Internacional", mas transformá-lo no norte de ação para os vários tipos de atores que dele participam.
Se nos restringirmos, pelos limites exigidos para a publicação desse artigo, à América Latina, teremos um quadro esclarecedor da necessidade de um pensamento crítico que corresponda às exigências da realidade histórico-social do subcontinente. Após duas décadas de neoliberalismo, presenciamos, até bem pouco tempo, economias estancadas pela reconversão de suas estruturas produtivas, taxas recordes de desemprego e a mais alta porcentagem de pobreza da história da região. Pagamentos de juros externos equivalentes a 2,4% do PIB regional superaram, por cinco anos consecutivos, os créditos obtidos.
Foi dessa desdita que surgiu o cenário contra-hegemônico e seus novos atores. Os movimentos indígenas que, em alguns países, exigiram a redefinição de Estado Nacional, os piqueteros que, face à crise argentina obtiveram adesão de segmentos médios, e o MST que, longe de se limitar a uma demanda por redistribuição de terras, continua lutando por uma nova gestão de propriedade e de governo.
São subjetivações sociais, forças emergentes ainda desprovidas da capacidade que, segundo Gramsci, definiria hegemonia: a de exercer uma direção intelectual e moral sobre o conjunto da sociedade. É para elas que o colossal conjunto de redes que compõe o FSM pode, pela articulação horizontal, fortalecer a consciência internacionalista que viabilize ganhos políticos vindouros. O que vemos hoje no Brasil, Argentina, Venezuela, Argentina, Bolívia e Equador é o embrião do que poderemos ser mais à frente.
A luta contra a primazia do cálculo financista sobre a vida e da compreensão desta como apêndice da geração de valor é crucial para o futuro da humanidade. O capital global e seu Estado hegemônico têm imperativos infinitos de expansão. A necessidade de controlar a maior quantidade possível de recursos naturais estratégicos é, juntamente com o uso indiscriminado de sua capacidade militar, a materialidade solicitada pela reprodução ampliada. Os déficits gêmeos e a desvalorização do dólar não apontam para o surgimento de novos blocos capitalistas que lhe tomariam a primazia.Não é confiável apontar no surgimento de novos centros de poder.
Uma nova ordem monetária com o euro fazendo o papel de moeda-petróleo só seria exeqüível com equilíbrio bélico. O refinanciamento da dívida estadunidense pode levar de roldão toda a economia capitalista. Portanto, não esperemos que venha da Europa, pelo menos no atual bloco histórico, qualquer resistência efetiva à sanha imperialista.
O que preside Davos é um pseudo-rigorismo da matematização dos problemas sociais. Não se sabe se lhe contaram da ameaça que representa o capital orbital de US$ 3 trilhões que gravita em torno do planeta. É provável que a pressão política do FSM tenha levado lideranças governamentais e corporativas a anunciar,sem qualquer compromisso de levar a cabo, a taxação de transações financeiras e a tributação de paraísos fiscais. Mas passados três anos a proposta desapareceu de cena.
Contudo, apesar de qualquer esforço cênico-diplomático, a ponte entre os dois fóruns é historicamente inviável. Não há como unir um "outro mundo possível" com a terra sem sonhos do capitalismo. A sociedade fundada na lei do valor não pode mais superar a si própria. Para eles a história só pode ser escrita como barbárie. É isso que estará sendo discutido dia 26 por todos que apostam no futuro.
Crueldade
Bourdoukan
Pelo menos 800 mil pessoas estão no escuro. A catástrofe está afetando hospitais, clínicas, poços de água, casas, fábricas, enfim, todos os aspectos da vida.
Iván Márquez-Integrante do Secretariado do Estado Maior das FARC EP.
Esta luta vem desde o assassinato político de Jacobo Prías em Gaitania. Do sangue do líder Marquetaliano, tiroteado por agentes do Estado, vêm as FARC. A reclamação de justiça de seus companheiros, encabeçados por Manuel Marulanda Vélez, foi respondida pelo regime frente-nacionalista com o ataque militar a Marquetalia em 1964. E os gringos[1] participaram na agressão.
Desde sua gênese é inquestionável que as FARC surgem como resposta à violência exercida desde o Estado. Desde esse então brilha inextinguível, a causa política de seu alçamento.
Como uma constância histórica do caráter político de sua luta o Programa Agrário dos Guerrilheiros das FARC, proclamado em 20 de julho de 1964, corrigido e ampliado pela Oitava Conferência Nacional de Guerrilheiros, explica:
“Nós somos revolucionários que lutamos por uma mudança de regime. Mas, queríamos e lutávamos por essa mudança usando a via menos dolorosa para nosso povo: a via pacífica, a via democrática de massas. Essa via nos foi fechada violentamente com o pretexto fascista oficial de combater supostas “repúblicas independentes”, e como somos revolucionários que de uma ou outra maneira jogaremos o papel histórico que nos corresponde, tocou-nos procurar outra via: a revolucionária armada para a luta pelo poder”.
“...Por isso as FARC – EP constituíram-se numa organização política militar que recolhe as bandeiras bolivarianas e as tradições libertárias do nosso povo para lutar pelo poder e levar à Colômbia ao exercício de sua soberania nacional e fazer vigente a soberania popular. Lutamos pelo estabelecimento de um regime democrático que garanta a paz com justiça social, o respeito aos direitos humanos e um desenvolvimento econômico com bem-estar para todos aqueles que moramos na Colômbia”.
Com sua estratégia ao novo poder e o fogo de Bolívar na procura da felicidade do povo, as FARC podem proclamar com o Libertador que “a insurreição pela sua natureza é um ato legítimo” e que “quando o poder é opressor, a virtude tem direito a derrocá-lo”.
II
Como dizíamos, desde o começo esteve a Casa Branca. E segue hoje em escalada. Sempre com um pretexto, como um camaleão mimetizando em cada momento histórico sua cobiça colonial, seus cálculos matemáticos, assustando com “bichos papões” e espantalhos para justificar a intervenção, sua ingerência violenta no conflito interno da Colômbia. Na década de 60, a “ameaça comunista”. Depois, o “inimigo interno”.
Nos 80, a cocaína, o narcotráfico. E a partir de 2000, o terrorismo. Todos os subterfúgios, com um denominador comum: o espólio, o predomínio.
De fato impedir, uma nova Cuba no continente foi o pretexto para o envolvimento dos Estados Unidos na Operação Marquetalia que em 1964 marcara o surgimento das FARC. O Plano LASO (Latin American Security Operation), e a aliança para o Progresso, atuaram nesse contexto como cavalos de Tróia dos gringos.
A denominação “defesa hemisférica” só nos deixou sangue e saqueio. O continente foi infestado de ditaduras de morte, e desaparições por conta do “inimigo interno” e a “Segurança Nacional”. Já o tinha advertido o Libertador Simón Bolívar: “jamais uma política tem sido mais infame que a dos norte-americanos dirigida a nós”.
III
Utilizada como arma contra-insurgente, a cruzada anti-narcóticos é mentira, fraude, barulho de grandes meios, guerra suja. É um conto para ingênuos, uma campanha estéril que jamais poderá despojar de sua natural auréola política à guerrilha.Reafirma, sim. Um traço, talvez o mais destacado da política de Washington: a dupla moral.
Pareceria que os fios estivessem manejados pelo espírito de um renovado coronel Oliver North. Conjuga a repressão irracional dos narco-cultivos, na Colômbia, com o favorecimento impudico dos capangas gringos da distribuição, o livre comércio de seus precursores químicos e a criminosa aspersão do agente laranja da corporação Monsanto, infelizmente, com o beneplácito de governos estúpidos, sem sentido de pátria, que, além do mais, facilitam o posicionamento dos Estados Unidos para o assalto neocolonial al continente.
Da a impressão, que de acordo a como está a execução do “Plano Patriota” do Comando Sul contra as FARC, já não necessitam do tapa-rabo da luta anti-narcóticos para encobertar sua ingerência no conflito interno da Colômbia.
Esta percepção surge do ambiente de sossego em que se move hoje o cartel da moto-serra e cocaína de Ralito – o para-militarismo de Estado – que faz muito tempo relevou do negócio os cartéis de Medellín e Cáli.
O que realmente tem existido na Colômbia é uma “narco-cracia”, tal como o expressara faz alguns anos num arrebato de sinceridade, Joe Toff, funcionário da agência anti-drogas do governo dos Estados Unidos. O general Bonett era comandante da III Brigada do exército quando o cartel de Cáli estava na crista da onda, e o general Bedoya era o comandante da VII Brigada quando se estenderam os cultivos de coca pelas planícies orientais. E houve Presidentes e congressistas que emudeceram não por temor às balas que assassinaram Galán, mas, porque suas campanhas políticas tinham sido suculentamente financiadas com dinheiros da máfia.
E poderíamos falar de um Presidente que lhes abriu a “janelinha sinistra” do Banco da República para que legalizassem seus dólares e lhes permitiu como prisão um “hotel de cinco estrelas”. Ou do Presidente Uribe, que exercendo como diretor da Aerocivil lhes autorizou a operação de pistas remotas na selva, mas, faríamos como tantos detalhes um rosário.
Sim, definitivamente a luta anti-drogas na Colômbia é uma farsa. No marco da audiência pública internacional sobre cultivos ilícitos e meio-ambiente auspiciada pelas FARC e o governo de Pastrana, o Comandante em Chefe Manuel Marulanda Vélez, apresentou uma fundamentada proposta de substituição de cultivos de coca com planos de desenvolvimento e alternativas rentáveis para os camponeses, que sugeria o área de Cartagena del Chairá como município piloto para sua experimentação, e oferecia os bons ofícios de unidades guerrilheiras para que percorressem as zonas rurais persuadindo aos cultivadores das bondades do projeto, mas, o governo nunca aceitou, porque o que lhe importa não é a solução racional do problema, porém, manter uma desculpa artificiosa que lhe permita explicar a intromissão gringa no conflito da Colômbia.
IV
A partir do 11s, da pavorosa destruição do World Trade Center, e no meio do estrondo sem trégua da morte e as bombas estadunidenses no Iraque e Afeganistão, e dos berros histéricos dos falcões, Washington e Bogotá convieram qualificar de terrorista, sem fundamento e com perfídia, à insurgência colombiana.
O propósito imediato, justificar a intervenção militar aberta dos Estados Unidos na Colômbia sem máscaras e sem rodeios: uns para impor a re-colonização, os outros para manter-se no poder.
Por isso, agora se atua a cara descoberta com o “plano Patriota” ideado no Comando Sul.
Nenhuma autoridade tem o maior terrorista da história – o governo dos Estados Unidos – para desvirtuar causas políticas inconfundíveis. Por algo todos os anos em agosto, o mundo lembra a barbaridade de Truman no Japão.
O alçamento armado das FARC está amparado no direito universal que assiste a todos os povos do mundo de alçar-se contra a opressão e regimes injustos. Sua luta é por uma nova ordem, um novo Estado que garanta a justiça social, a paz, o exercício da democracia verdadeira, a soberania do povo, a independência. E nessa luta está o projeto de Bolívar reafirmando seu caráter político. E a isto jamais poderá se lhe chamar de terrorismo.
Que ninguém venha inverter nossos valores e tergiversar a história para favorecer a geopolítica de Washington erigida sobre o saqueio e o bussines! NÃO pode equiparar-se como o terrorismo uma luta altruísta que persegue o bem comum, um novo projeto de sociedade baseado na justiça.
O Plano estratégico das FARC denominado Campanha Bolivariana por uma Nova Colômbia alude a toma do poder. Não procura causar-lhe pânico ou terror à população pela que combate. No seu documento “Recomendações à População Civil” as FARC orientam evitar que os quartéis militares e de polícia sejam localizados perto de residências civis ou lugares de concentração pública. Impedir que militares e policiais usem seus veículos particulares ou de serviço público. Abster-se de abordar transportes militares de qualquer tipo. Conservar no mínimo uma distância de 500 metros respeito de veículos e caravanas militares. Não servir de guia a patrulhas da força pública, nem ingressar a guarnições militares ou de polícia ou dormir nelas. Que os veículos de imprensa e de organismos humanitários em zonas de combate transitem com distintivos perfeitamente visíveis e a mínima velocidade. Mais claro impossível.
Numa confrontação bélica como a que se livra na Colômbia o ataque à infra-estrutura do Estado não pode confundir-se com terrorismo porque isso tem sua explicação na afetação das fontes de financiamento da guerra do Estado contra o povo. A qualificação de terrorista à luta das FARC não deixa de ser uma bobagem que só empurra o conflito social e armado até um beco sem saída, sem solução diplomática.
O grave é que o regime da Colômbia está assimilando oposição com terrorismo, simpatia com o terrorismo, tropel estudantil com terrorismo, marcha de protesto com terrorismo. Por isso as redadas massivas, os assassinatos, as desaparições por conta de funcionários do Estado.
Ao tempo que vamos não é estranho que amanhã Bolívar seja proscrito ainda mais, e qualificado também como terrorista.
V
A luta que livram as FARC, que é o povo em armas, merece a solidariedade espiritual e material dos povos do mundo. Esta não pode ser paralisada por campanhas mediáticas fraudulentas ou por temor às represálias de Washington. Não há que esquecer que desde as lutas de nossa primeira independência a Casa Branca castigava com prisão os seus súbditos ou cidadãos que ajudassem às guerrilhas de Bolívar no seu enfrentamento contra Espanha. E isto não pode alongar-se indefinidamente.
As FARC, com sua plataforma de reconciliação e reconstrução nacional, com sua cobertura de todo o país e mando centralizado no seu Estado Maior, são uma força beligerante que deveria ter o reconhecimento de muitos governos do mundo, com a certeza de que seu gesto independente facilitaria pontes à solução política do conflito.
A guerrilha bolivariana das FARC necessita que as vozes dos povos se multipliquem exigindo: fora os gringos da Colômbia, fora assessores militares! Liberdade para Simón e Sonia, combatentes bolivarianos, prisioneiros do Império! Requer-se pressionar mais ao governo da Colômbia para que aceda à troca de prisioneiros, que se manifeste a solidariedade com a grande batalha que livra o povo da Colômbia pela justiça social, a independência e a dignidade.
Esta luta que vem desde Marquetalia prosseguirá com a ajuda dos povos até a vitória, e não descansará porque há muito por fazer e porque temos que concretizar entre todos o sonho da unidade, da integração dos povos do Libertador Simón Bolívar.
Nesta hora de decadência do império com seus pés de barro, verdes como o dólar, e de ascenção do sol bolivariano, deve iluminar-nos a irmandade e a solidariedade.
ABP
Marquetalia – zona rural da cordilheira colombiana que fica ao sul de Tolima.
Gringo – denominação pejorativa que os latinos hispano-falantes dão aos estadunidenses.
Versão em português: Raul Fitipaldi de América Latina Palavra Viva.
O Cachorro - El Perro
Gênero: Drama
Diretor: Carlos Sorin
Duração: 97 minutos
Ano de Lançamento: 2004
País de Origem: Argentina
Idioma do áudio: Espanhol
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0420548
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Vídeo Codec: XviD
Vídeo Bitrate: 890 Kbps
áudio Codec: MP3
áudio Bitrate: 112
Resolução: 480x272
Formato de Tela: Widescreen
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 703 Mb
Legendas: No torrent
Elenco:
Juan Villegas (Juan "Coco" Villegas)
Walter Donado (Walter Donado)
Gregorio (Le Chien Bombén)
Rosa Valsecchi (Susana)
Mariela Díaz (Filha de Coco)
Sabino Morales (Sabino)
Claudina Fazzini (Claudina)
Kita Ca (Mãe de Claudina)
Mais detalhes
- FIPRESCI Prize, San Sebastián International Film Festival
- Nomeado, Golden Seashell, San Sebastián International Film Festival
- Nomeado, Melhor Fotografia, Argentinean Film Critics Association Awards
- Nomeado, Melhor Diretor, Argentinean Film Critics Association Awards
- Nomeado, Melhor Filme, Argentinean Film Critics Association Awards
- Nomeado, Melhor Revelação Masculina, Argentinean Film Critics Association Awards
- Nomeado, Melhor Som, Argentinean Film Critics Association Awards
Mais detalhes
- O diretor Carlos Sorin, assim como havia feito anteriormente em Histórias Mínimas, preferiu trabalhar com pessoas sem formação em arte dramática. Desta forma foram realizadas seleçoes de atores em praticamente todas as províncias argentinas
- As filmagens ocorreram em cenários naturais da Patagônia, entre os meses de novembro e dezembro de 2003 Fonte
- Para ver mais screenshots do filme clique aqui
Apropriando-se de um orçamento modesto, O Cachorro é um filme que se vira com o pouco que tem ? e faz bem feito. As câmeras, quase sempre sem suporte, tornam-se aliadas constantes do diretor Carlos Sorín; ao se posicionarem sempre muito perto dos atores, dando grande enfoque para suas expressões, elas transmitem ao espectador a sinceridade das atuações e a bondade das personagens. As composições musicais de Nicolas Sorín entram e saem estrategicamente, simples, porém belas, disputando com momentos inteiros sem trilha sonora; aí, os momentos de silêncio sÃo, também, bastante expressivos. Mais detalhes
Downloads abaixo:
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Em novembro de 2000, vinte e cinco anos após o fim da guerra na Indochina, Bill Clinton tornou-se o primeiro presidente dos Estados Unidos, depois de Richard Nixon, a visitar o Vietnã. Enquanto a cobertura da viagem pela mídia tratava do paradeiro de cerca de dois mil soldados norte-americanos ainda classificados como desaparecidos em ação, um pequeno ato de grande significado histórico passou quase despercebido. Num gesto humanitário, Clinton liberou um amplo banco de dados da Força Aérea sobre a campanha de bombardeio promovida pelos Estados Unidos na Indochina entre 1964 e 1975. Gerado por um sistema de alta tecnologia desenvolvido pela IBM, o banco de dados proporciona informações abrangentes sobre as surtidas efetuadas no Vietnã, Laos e Camboja.
O presente de Clinton destinava-se a facilitar a busca de explosivos não-detonados deixados no rastro dos bombardeios de saturação que varreram a região. Espalhado pelo campo, frequentemente submerso em terrenos de cultivo alagados, esse material bélico continua a despertar graves preocupações de ordem humanitária. Ele tem causado mutilações e mortes entre os camponeses, além de tornar terras valiosas praticamente imprestáveis. As organizações de desenvolvimento e de remoção de minas fizeram bom uso dos arquivos da Força Aérea nos últimos seis anos, mas não chegaram a sondar toda a profundidade de suas abismais implicações.
O banco de dados, ainda incompleto (ele apresenta vários períodos “obscuros”), revela que, de 4 de outubro de 1965 a 15 de agosto de 1973, os Estados Unidos lançaram sobre o Camboja uma quantidade de bombas muito maior do que se estimava até agora: 2.756.941 toneladas, totalizando 230.516 surtidas sobre 113.716 locais. Mais de 10% desse bombardeio foi indiscriminado: 3.580 locais apresentavam alvos “desconhecidos” e 8.238, simplesmente não apresentavam alvos. O banco de dados revela, também, que o bombardeio começou durante a presidência de Lyndon Johnson e não de Richard Nixon – portanto, quatro anos antes do que geralmente se supunha.
O impacto do bombardeio, objeto de muita discussão nas últimas três décadas, mostra-se agora mais claro do que nunca. A matança de civis no Camboja jogou um povo exasperado nos braços de um movimento guerrilheiro que até então recebera um apoio relativamente limitado da população, provocando a expansão da guerra do Vietnã no interior do Camboja, um golpe de estado em 1970, a rápida ascensão do Khmer Vermelho e, em última instância, o genocídio cambojano.
Ponto comum com o Iraque: recurso ao poder aéreo para combater uma insurgência heterogênea e volátil
Os dados demonstram que a forma pela qual um país decide retirar-se de um conflito pode ter conseqüências desastrosas, consideração que também se aplica aos conflitos armados da atualidade, inclusive, as operações militares dos Estados Unidos no Iraque. Apesar de muitas diferenças, a guerra no Iraque e o conflito cambojano apresentam em comum um ponto crucial: o crescente recurso ao poder aéreo para combater uma insurgência heterogênea e volátil.
Em 9 de dezembro de 1970, o presidente Richard Nixon telefonou para o seu conselheiro em assuntos de segurança nacional, Henry Kissinger, a fim de discutir a campanha de bombardeio do Camboja, então em andamento. Teatro secundário da guerra do Vietnã, iniciada em 1965 durante a presidência de Johnson, o Camboja – um reino neutro até nove meses antes do telefonema de Nixon, quando o general pró-EUA Lon Nol tomou o poder – já tinha recebido quase meio milhão de toneladas de bombas naquela altura (475.515 t). A primeira série de bombardeios intensivos, a Operação Menu, desfechada contra alvos localizados nas proximidades da fronteira com o Vietnã – rotulados Breakfast, Lunch, Supper, Dinner, Dessert e Snack [1] pelos comandantes norte-americanos – tinha sido concluída em maio, pouco depois do golpe de estado que derrubou o príncipe Sihanouk.
Nixon enfrentava uma crescente oposição do Congresso às suas políticas para a Indochina. A invasão do Camboja por terra, realizada por uma força conjunta dos Estados Unidos e do Vietnã do Sul em maio-junho de 1970, fracassara em seu objetivo de destruir as forças comunistas vietnamitas e agora Nixon queria uma escalada secreta dos ataques aéreos, a fim de neutralizar o comando móvel do Viet Cong/Exército Norte-Vietnamita (VC/ENV) nas selvas cambojanas. Após ter dito a Kissinger que faltava espírito de iniciativa à Força Aérea, Nixon exigiu a escalada do bombardeio no interior do Camboja: “Eles têm de ir fundo, mas fundo mesmo... Mandem tudo o que possa voar para lá e arrebentem eles! Não há restrição de milhas, não há restrição de verbas. Ficou claro?”
Kissinger sabia que a ordem de Nixon atropelava a promessa feita por ele ao Congresso, de que os aviões dos EUA não iriam além de 18 milhas da fronteira vietnamita; as suas próprias assertivas à nação, de que nenhum alvo situado a menos de um quilômetro de qualquer povoado seria bombardeado, e o parecer de setores das forças armadas, segundo os quais os ataques aéreos equivaliam a cutucar uma caixa de marimbondos com uma vara. Titubeante, Kissinger respondeu: “O problema, senhor presidente, é que a Força Aérea foi organizada para travar uma batalha aérea contra a União Soviética. Ela não está preparada para esta guerra... na verdade, não está preparada para nenhuma das guerras que possivelmente teremos de lutar.”
"Ele [Nixon] quer uma campanha de bombardeio maciço no Camboja. É uma ordem, deve ser cumprida"
Cinco minutos depois de terminada a conversação com Nixon, Kissinger chamou o general Alexander Haig para transmitir-lhe as novas ordens do presidente: “Ele quer uma campanha de bombardeio maciço no Camboja. Ele não quer ouvir nada. É uma ordem, deve ser cumprida. Qualquer coisa que voe contra qualquer coisa que se mova. Entendeu bem?”. A resposta de Haig, a custo audível na gravação, soa como uma risada.
O bombardeio do Camboja pelos Estados Unidos continua sendo um tema polêmico e emblemático. Ele contribuiu para mobilizar os movimentos pacifistas e, ainda hoje, costuma ser mencionado como um exemplo dos crimes de guerra cometidos pelos Estados Unidos. Autores como Noam Chomsky, Christopher Hitchens e William Shawcross surgiram como intérpretes políticos influentes depois de terem condenado o bombardeio e a política externa que ele simbolizava.
Do final da guerra do Vietnã para cá, estabeleceu-se um certo consenso quanto à amplitude do envolvimento norte-americano no Camboja. Os detalhes são controvertidos, mas a história começa para valer em 18 de março de 1969, quando os Estados Unidos lançaram a operação Menu. Seguiu-se a ofensiva terrestre conjunta EUA-Vietnã do Sul. Nos três anos seguintes, os Estados Unidos continuaram com os ataques aéreos ordenados por Nixon, atingindo cada vez mais fundo o território do Camboja, inicialmente para destruir o VC/ENV, e, em seguida, para proteger o regime de Lon Nol contra um número crescente de forças comunistas cambojanas. O Congresso cortou o financiamento para a guerra e impôs a suspensão do bombardeio em 15 de agosto de 1973, em meio a pedidos de impeachment para Nixon por sua conduta fraudulenta ao ordenar a escalada da campanha.
Graças ao banco de dados, sabe-se, agora, que o bombardeio do Camboja começou em 1965, durante o governo Johnson, e não em 1969. Esse último ano assinalou não propriamente o início da campanha, mas a sua escalada sob a forma de bombardeios de saturação. Entre 1965 e 1968, os Estados Unidos já tinham lançado 2.565 surtidas e 214 toneladas de bombas no Camboja. Esses ataques iniciais tiveram provavelmente uma finalidade tática, de apoio às quase duas mil incursões terrestres realizadas em sigilo pela CIA e pelas Forças Especiais naquele período. A frota de B52 – bombardeiros de longo alcance, capazes de transportar uma potente carga de bombas – não foi acionada então, seja porque a sua utilização poderia pôr em risco vidas cambojanas e comprometer a neutralidade do país, seja porque a eficácia estratégica dos bombardeios de saturação era considerada limitada.
Nixon optou por um curso de ação diverso e, de 1969 em diante, a Força Aérea começou a enviar os B52 contra o Camboja. A nova justificativa apresentada para o bombardeio era a de que ele manteria as forças inimigas acuada durante o tempo suficiente para os Estados Unidos se retirarem do Vietnã. O general norte-americano Theodore Mataxis caracterizou a manobra como “uma ação de contenção... O grupo vai pela estrada, tendo os lobos no seu encalço; então, atiramos fora um troço qualquer e deixamos que eles mastiguem.” Como corolário, os cambojanos foram transformados em carne de canhão para proteger vidas norte-americanas.
Tiro pela culatra: os bombardeios dão ao pequeno Khmer Vermelho as condições para a chegada ao poder
A última fase da campanha, de fevereiro a agosto de 1973, teve por objetivo deter o avanço do Khmer Vermelho sobre a capital cambojana, Phnom Penh. Temendo a queda iminente do primeiro dominó do Sudeste Asiático, os EUA partiram para uma escalada da guerra aérea sem precedentes na história – um bombardeio maciço de B52 que se alastrou das cercanias densamente povoadas de Phnom Penh para quase todas as regiões do país. A verdadeira amplitude do bombardeio permanecia ignorada até agora.
Os dados liberados por Clinton mostram que a carga total de bombas lançadas durante o período em questão foi quase cinco vezes maior do que os números geralmente aceitos. A fim de situar em perspectiva o total retificado de 2.756.941 toneladas, os Estados Unidos lançaram pouco mais de 2 milhões de toneladas de bombas durante toda a II Guerra Mundial, incluídas as duas bombas atômicas sobre Hiroshima e Nagasaki (de 15 e 20 mil toneladas, respectivamente). O Camboja terá sido o país mais bombardeado em toda a história.
Um B52-D “Big Belly” comporta uma carga útil de até 108 bombas de 225 quilos, ou 42 bombas de 340 quilos, lançadas sobre um alvo de aproximadamente 500 x 1.500 metros. Em muitos casos, as aldeias cambojanas foram atingidas por dezenas de cargas durante horas a fio. O resultado foi a destruição quase total. Um oficial norte-americano afirmou na época: “Tinham-nos dito, como disseram a toda a gente... que os tapetes de bombas eram totalmente devastadores, que nada sobrevivia a um raide de B52.” Anteriormente, o total de vítimas civis provocadas pelo bombardeio era estimado entre 50 e 150 mil mortos. Diante, porém, da quintuplicação da tonelagem revelada pelo banco de dados, esse número foi seguramente maior.
A campanha de bombardeio do Camboja teve dois efeitos colaterais imprevistos que acabaram interagindo para produzir exatamente o efeito-dominó que a intervenção dos EUA no Vietnã pretendia impedir. Primeiro, ela obrigou os comunistas vietnamitas a embrenhar-se no Camboja, colocando-os em estreito contato com os insurgentes do Khmer Vermelho. Segundo, ela empurrou o povo cambojano para os braços do Khmer Vermelho, um movimento que a princípio parecia ter reduzidas chances de êxito revolucionário. O próprio Pol Pot [2] admitiu que o Khmer Vermelho se resumia então a “menos de cinco mil guerrilheiros mal armados... espalhados pelo território do Camboja, inseguros de sua estratégia, tática, lealdade e liderança.”
Anos depois do fim da guerra, o jornalista Bruce Palling perguntou a Chhit Do, um ex-comandante do Khmer Vermelho, se as suas forças tinham se utilizado do bombardeio para alimentar a propaganda anti-EUA. Chhit respondeu:
Depois de um bombardeio, eles sempre levavam a gente para ver as crateras, para ver como elas eram grandes e fundas, para ver como a terra ficava revolvida e estorricada... Às vezes, os pobres-diabos cagavam nas calças, literalmente, quando vinham as bombas e granadas mais pesadas. Eles simplesmente saíam do ar, ficavam mudos, andando sem destino durante três, quatro dias... Aterrorizado e um tanto abalado, o povo estava preparado para acreditar naquilo que lhe diziam. Foi por causa de sua revolta com o bombardeio que eles continuaram a colaborar com o Khmer Vermelho, a engrossar as suas fileiras, a mandar os filhos embora de casa para se apresentarem como voluntários... Quando as bombas caíam e matavam criancinhas de colo, seus pais aderiam em peso ao Khmer Vermelho.
O governo Nixon sabia que o Khmer Vermelho estava ganhando os camponeses para a sua causa. O Diretório de Operações da CIA, após investigações conduzidas ao sul de Phnom Penh, informou, em maio de 1973, que os comunistas estavam “utilizando os danos causados pelos ataques de B52 como peça principal de sua propaganda.” Mas esse fato parece não ter recebido prioridade nas considerações de ordem estratégica.
Impotência do Congresso: por meio da mentira, Nixon prolonga ataques e guerra durante anos anos
O governo Nixon manteve o bombardeio em segredo por tanto tempo, que as discussões sobre o seu impacto tiveram lugar tarde demais. Somente em 1973 o Congresso, irritado com a devastação causada pela campanha e com a fraude sistemática utilizada para acobertá-la, decretou a sua suspensão. Mas então, o estrago já tinha sido feito. O Khmer Vermelho, contando com mais de 200 mil soldados e milicianos por volta de 1973, tomou Phnom Penh dois anos depois. E não parou, submetendo o Camboja a uma revolução agrária maoísta e ao genocídio que matou mais de 1,7 milhão de pessoas.
A Doutrina Nixon partia do pressuposto de que os Estados Unidos poderiam suprir um regime aliado com os recursos necessários para enfrentar desafios internos ou externos, enquanto as suas tropas terrestres eram desengajadas ou, em certos casos, simplesmente se mantinham de prontidão nas proximidades. No Vietnã, ela implicou desenvolver a capacidade de combate do exército sul-vietnamita enquanto as unidades norte-americanas se retiravam gradualmente do terreno. No Camboja, Washington forneceu ajuda militar para sustentar o regime de Lon Nol de 1970 a 1975, enquanto a força aérea dos EUA executava a sua campanha de bombardeio maciço.
A estratégia dos Estados Unidos no Iraque poderá sofrer uma mudança de curso semelhante. Seymour Hersch, escrevendo na revista New Yorker em dezembro de 2005, notou que um aspecto fundamental dos planos de redução de tropas dos EUA seria a sua substituição pelo poder aéreo. “Pretendemos apenas modificar a proporção das forças empenhadas em combate – infantaria iraquiana com apoio dos Estados Unidos e maior utilização do poder aéreo,” afirmou Patrick Clawson, vice-diretor do Washington Institute for Near East Policy (WINEP).
Os críticos argumentam que a primazia do poder aéreo poderá causar um número ainda maior de vítimas civis, acabando por favorecer a insurgência no Iraque. Andrew Brookes, ex-diretor de estudos do poder aéreo da Escola do Estado-Maior da Real Força Aérea (RAF), disse a Hersch, “Não acho que o poder aéreo seja uma solução para os problemas enfrentados no Iraque, em absoluto. A substituição de tropas terrestres pela força aérea não funcionou no Vietnã, funcionou?”.
É verdade que os ataques aéreos são mais precisos hoje do que eram durante a guerra da Indochina — portanto, ao menos em teoria, alvos não-identificados seriam atingidos com menos freqüência e o número de vítimas civis tenderia a cair. No entanto, a morte de civis tem sido a norma nas campanhas do Iraque e do Afeganistão, e o mesmo se verificou durante o bombardeio do Líbano pelas forças de Israel em julho-agosto de 2006. Tal como sucedeu no Camboja, os prováveis beneficiários serão os movimentos de insurgência. Para citar um exemplo, em 13 de janeiro de 2006, um ataque desfechado por aviões teleguiados não-tripulados, Predator, contra uma aldeia situada na zona da fronteira paquistanesa matou dezoito civis, entre eles, cinco mulheres e cinco crianças. Essas mortes reverteram as expectativas favoráveis geradas pelos bilhões de dólares investidos naquela região do Paquistão após o terremoto devastador de meses antes. A questão vem a propósito: os bombardeios compensarão os riscos estratégicos?
Se a experiência do Camboja nos ensinou algo, foi que a subestimação da mortandade de civis resulta em parte de uma incapacidade de compreender como as insurgências se processam. Os motivos que levam a população local a colaborar com tais movimentos não se encaixam nas digressões estratégicas do tipo daquelas praticadas por Kissinger e Nixon. Aqueles que tiveram as suas vidas arruinadas não se preocupam com as razões de ordem geopolítica por trás dos ataques; eles tendem a responsabilizar os atacantes. O fracasso da intervenção dos Estados Unidos no Camboja reside não somente na mortandade de civis causada por uma campanha de bombardeio jamais vista em toda a história, mas também na sucessão de fatos que ela desencadeou, quando o regime do Khmer Vermelho se ergueu das crateras de bombas com trágicas conseqüências. A evolução dos acontecimentos no Iraque poderá tomar um rumo semelhante.
Tradução: Hugo Mader