Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008
Dexter Gordon - More Than You Know (1975)
Dexter Gordon - More Than You Know (1975)
Personagens:
Dexter Gordon (vocals, tenor e soprano saxophone), Palle Mikkelborg (trumpet, arranger, conductor), Allan Botschinsky, Benny Rosenfeld, Idrees Sulieman (trumpet, flugelhorn), Vincent Nilsson, Richard Boone (trombone), Axel Windfeld (bass trombone), Preben Garnov (french horn), Bent Larson (flute), Erwin Jocobsen (oboe, english horn), Luba Boschenko (harp), Per Walther, Mogens Holm Larsen, Age Knudsen (violin), Bjarne Boie Rasmussen (viola), Erling Christensen (cello), Thomas Clausen (piano), Kenneth Knudsen (synthesizer), Ole Molin (guitar), Niels-Henning Orsted Pedersen (bass), Ed Thigpen, Alex Riel (drums) Klaus Nordsoe (congas, percussion).
Gravado em Copenhagen em fevereiro e março de 1975.
músicas:
1. Naima
2. Good Morning Sun
3. Girl With the Purple Eyes
4. This Happy Madness
5. Ernie's Tune
6. Tivoli
7. More Than You Know
quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008
REVISTA VEJA E O JORNALISMO DE ESGOTO...
Ela quer manipular a Justiça, através dos seus paus-mandados, para calar a voz do jornalista e suas verdades
O jornalista Luis Nassif prestou um grande serviço ao país. Para ser exato, este serviço continua sendo prestado: sua série sobre a revista “Veja” ainda está em curso, chegando até agora ao décimo capítulo.
Trata-se de uma extensa, serena e muito bem escrita descrição do “jornalismo de esgoto” (uma precisa conceituação) praticado por aquela publicação. Por conta disso, dois chupa-caldos que exercem suas funções na redação da “Veja” anunciaram que processarão Nassif. Certamente, não é uma iniciativa pessoal. Aliás, na “Veja” nada é pessoal, exceto os ataques. Há alguns meses, um recordista em condenações por calúnia e difamação que lá opera revelou em entrevista que a “Veja” pagava as indenizações a que ele era condenado. Por isso, ele continua a caluniar e a difamar, ignorando a lei e a Justiça. O que, evidentemente, significa que a “Veja” assume como dela os delitos do elemento, e que este é apenas um pau-mandado. Ela paga para continuar desrespeitando a lei.
Mais desprezo pela Justiça, seria impossível conceber. No entanto, é exatamente a Justiça, que eles afrontam de forma tão despudorada, que pretendem usar contra Nassif – e, precisamente, porque ele disse a verdade.
SINAL
A “Veja” tem uma tiragem semanal de mais de um milhão de exemplares. Além disso, mais de 80% das revistas que se vêem nas bancas são do mesmo grupo. Não falta aos seus donos e feitores o acesso à TV. Aliás, são até proprietários – ou, mais precisamente, testas-de-ferro – de uma rede de canais a cabo, para não falar em seus tentáculos em outras áreas.
Portanto, não faltam à “Veja” meios de se defender ou contestar o que Nassif escreveu. Porém, com tudo isso, eles querem silenciar um jornalista que dispõe apenas de um site na Internet, usando a Justiça - ou, melhor, tendo a pretensão de manipular a Justiça. Naturalmente, também não falta dinheiro a eles para pagar um batalhão de causídicos.
No entanto, trata-se de um sinal de que acabou a época em que “Veja” perpetrava impune e sem limites o “assassinato de reputações” - para usar outra excelente expressão de Nassif. Daí, essa truculência fascista se travestir agora de recursos judiciais, ou seja, da tentativa de fazer com que a Justiça encarne o espírito da injustiça. Eles não mais garantem a si próprios. Por isso, querem usar a Justiça, como se esta existisse para ser capanga de alguns marginais.
É verdade que tal tentativa, ainda que mostre a decadência do jornalismo de esgoto, também mostra que ele permanece sem reconhecer os limites sociais. Naturalmente, a quem não tem esses limites, só é possível passar a reconhecê-los se a sociedade impede que eles possam ser ignorados.
Quando 182 parlamentares constituem uma CPI para investigar os negócios ilícitos do grupo de “Veja” - sua transgressão da lei ao passar o controle da TVA para a Telefónica - e o presidente da Câmara, Arlindo Chinaglia, contra a vontade de todos os partidos da sua própria base e de todas as entidades representativas da população, engaveta a CPI, isso somente serve - como somente serviu - para que os delinqüentes se sintam à solta até para tentar a manipulação da Justiça. Não se defende a sociedade e a ética colaborando com elementos anti-sociais e anti-éticos. Não se convive com o mal, senão combatendo-o, estabelecendo limites. Caso contrário, dentro em breve será preciso se submeter a ele em nome dessa estranha convivência - e vender a alma ao diabo.
A “Veja” é a flor mais pútrida do grupo Civita. E o que é o grupo Civita, hoje acumpliciado com os nazistas do apartheid sul-africano?
A melhor descrição de seus inícios foi feita por Genival Rabelo, um dos pioneiros da publicidade brasileira. Em 1946, a Constituição do Brasil estabeleceu que os órgãos de comunicação não poderiam pertencer a estrangeiros. Não se tratava de nada excepcional. Esse era - e continua a ser - o normal em todo o mundo. Essa proibição existe nos EUA e na maioria dos países – e o motivo é óbvio: não permitir que a população seja manipulada por interesses estranhos e mesmo opostos aos interesses nacionais.
Apenas quatro anos após a Constituição de 1946, emigrou para o Brasil um cidadão americano de nome Victor Civita, trazendo na bagagem alguns contratos de publicação de revistas da Disney. No entanto, sabe-se agora, houve mais do que isso: “O Chase Manhattan Bank [o banco da família Rockefeller], por sugestão do Governo americano, ajudou Victor Civita a se instalar no Brasil. Um advogado aposentado do Chase me contou, em Nova York, que o Governo americano considerava que Victor Civita se tornaria um aliado importante no Brasil. A ligação da Abril com o Chase se manteve depois da morte de Victor Civita, através de seu filho Roberto, e um executivo do Chase no Brasil, Bob Blocker” (cf. P. H. Amorim, “A CIA pagou a conta de FHC?”).
Portanto, era arguta a observação de Genival Rabelo, em seu livro de 1966 (“O Capital Estrangeiro na Imprensa Brasileira”), de que havia algo estranho em um cidadão americano residente em Nova Iorque chegar ao Brasil com o passaporte visado em Washington. Feita há 41 anos, essa observação mostra o quanto o autor estava atento às atividades de Civita, agora sob a proteção da ditadura, que cassou e perseguiu Rabelo.
Em suma, a infiltração de Civita no Brasil era uma burla à Constituição: um cidadão americano chega aqui, com contratos de republicação de revistas americanas, e se naturaliza brasileiro. Passa a monopolizar a propaganda, através das filiais de agências publicitárias americanas. Sustentado pelo principal grupo capitalista dos EUA, com o Chase Manhattan por trás, o sujeito esmaga os concorrentes e instala um monopólio editorial dentro de outro país.
DIFERENÇA
Mas, não era somente a do Brasil, a Constituição que estava sendo burlada. Na Argentina, que também proibia a propriedade de meios de comunicação por estrangeiros, chegou, quase ao mesmo tempo em que Victor Civita apareceu no Brasil, um certo Cesar Civita. Um era irmão do outro. Os dois tinham na mala os mesmos contratos da Disney. E os dois fizeram a mesma coisa. A diferença, naturalmente, é que o Civita da Argentina se naturalizou argentino. Ou seja, até a diferença era igual.
O jornalista Luis Nassif divulgou nota, pedindo aos homens e profissionais dignos que o ajudem a divulgar suas respostas aos ataques do para-jornalismo (mais uma expressão muito adequada) de “Veja”. De nossa parte, Nassif, pode contar conosco.
CARLOS LOPES
Dora Incontri e Alessandro Cesar Bigheto | |||
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As autoridades regionais da localidade peruana de Cuzco, que contam com o apoio dos comerciantes e sindicatos locais, dizem que a lei teria um efeito negativo sobre o ingresso regional e sobre a preservação dos monumentos incas.
Milhares de manifestantes paralisaram esta quinta-feira a capital turística, Cuzco (a 1000 km ao sul de Lima), durante uma protesta contra os futuros desenvolvimentos urbanísticos projetados para as regiões vizinhas às ruínas incas.
Durante os protestos que durara, 24 horas, os manifestantes bloquearam estradas principais que obrigaram a suspender várias excursões e o serviço de trens entre Cuzco e Macchu Picchu.
Os grupos de manifestantes tomaram o controle de várias das principais ruas da cidade, que foram bloqueadas com pedras e pneus queimados.
A pesar de tudo, não se apresentaram enfrentamentos com a policia, que resguarda a cidades, sobretudo no aeroporto internacional “Velas Astete”, que também é protegido por um contingente do Exército Peruano.
A empresa PeruRail, que controla o trem que faz o trajeto da cidade inca de Macchu Picchu, suspendeu seus serviços para assegurar a integridade dos turistas que visitam a antiga capital do Império Inca.
A Lei de Promoção do Desenvolvimento Sustentável de Serviços Turísticos nos Bens Imóveis Integrantes do Patrimônio Cultural da Nação foi revogada pela maioria dos votos na Comissão Permanente do Congresso Peruano.
Essa lei flexibiliza a concessão de licenças ao setor privado em regiões adjacentes a santuários arqueológicos e centros históricos com o propósito de construir infra-estruturas hoteleiras e obriga aos município a conceder as mesmas de forma imediata.
Mas em Cuzco as pessoas guardam profundas suspeitas com respeito ao governo central, e muitos, incluídas as autoridades regionais, argumentam que tal aval só conseguirá que inversores estrangeiros se tornem ricos às custas do patrimônio local.
De qualquer modo, na primeira das duas votações, o Congresso rejeitou o projeto de lei.
O presidente regional de Cuzco, Hugo González, disse que o protesto – convocada para acompanhar a jornada de votação – era necessária para garantir que a normativa não se aprovasse na segunda instancia.
Mas a Ministra de Turismo de Peru, Mercedes Aráoz, assegura que a lei pretendia promover a inversão e que a manifestação foi resultado de um mal-entendido.
Por enquanto os vizinhos de tão importante região turística sul-americana, se encontram à expectativa do que seja ou não aprovado no Congresso e ameaçam em seguir tomando ações de rua em defesa dos seus direitos.
TeleSUR-Bbc-Afp/rf-RN
Versão em Português: Jole de Melo, Cordeiro, Rio de Janeiro.
poesia acróstica
A sensatez caminha na trilha da solução
Trazendo o rumo, à mente, que iremos seguir
Revivendo momentos alegres para sermos felizes
Incondicionalmente para que não percamos o prumo
Como o pai que com seu filho brinca
Instigado só pelo momento
Acostumado com o desafio da vida!!
Carlos Costa
A revolução não será televisionada
INFORMAÇÕES DO ARQUIVO
Áudio: Inglês
Legenda: Português
Tamanho: 441 Mb
Formato: Rmvb
Qualidade: DVDRip
INFORMAÇÕES DO FILME
Ano de Lançamento: 2003
Gênero: Documentário
Duração: 75 min
Classificação etária: Livre
Créditos: CinemaEmCasa
Sinopse: O documentário apresenta os acontecimentos do golpe contra o governo do presidente Hugo Chávez, em abril de 2002, na Venezuela. Dois cineastas estavam na Venezuela realizando, desde setembro de 2001, um documentário sobre o presidente Hugo Chavez e o governo boliviano quando, surpreendidos pelos momentos de preparação e desencadeamento do golpe, puderam registrar, inclusive no interior do Palácio Miraflores, seus instantes decisivos, respondido e esmagado pela espetacular reação do povo.
O Homem Urso - (Grizzly Man)
Documentário sobre a vida e a morte de Timothy Treadwell, ecologista e pesquisador de ursos pardos. Por 13 verões consecutivos, Treadwell foi para o Alasca viver desarmado entre esses animais. Em outubro de 2003, os restos mortais de Treadwell e de sua namorada Amie Huguenard foram encontrados pelo amigo e piloto que deveriam trazê-los de volta. O casal fora devorado por um urso, o primeiro caso registrado de ataque no Parque Nacional e Reserva Katmai, na península do Alasca. Nos últimos cinco anos, Treadwell documentou sua viagem com uma câmera e produziu mais de cem horas de filme. Esse material foi utilizado por Herzog para explorar sua personalidade e levantar questões sobre a difícil relação entre homem e natureza.
Créditos: MakingOff - Santoro
Gênero: Documentário
Diretor: Werner Herzog
Duração: 100 minutos
Ano de Lançamento: 2005
País de Origem: EUA
Idioma do Áudio: Inglês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0427312/
Qualidade de Vídeo: DVD Rip
Resolução: 1024x768
Tamanho: 700 Mb
Legendas: No torrent
Direção e Roteiro: WERNER HERZOG
Produção: ERIK NELSON
Fotografia: PETER ZEITLINGER
Edição: JOE BINI
Música: RICHARD THOMPSON
Prêmios Recebidos: Festival Sundance: Prêmio Alfred P. Sloan.
Melhor filme de não-ficção pelo Círculo dos Críticos de Nova York
Prêmios Indicados: Independent Spirit Awards: Melhor Documentário.
Há muitos tesouros nas quase cem horas de material filmado que o californiano Timothy Treadwell deixou antes de ser devorado por um urso no outono de 2003.
Durante treze anos, Timothy foi todos os verões à reserva de Katmai, no Alaska, onde convivia com os animais. A natureza dessa convivência é uma das preciosidades que ele deixou filmada. Em O Homem-Urso, vemos cerca de duas horas desse material. Na sua maior parte, Timothy age menos como cientista que como um apresentador de algum dos infames programas que redes de televisão bestificantes como o Animal Planet costumam botar no ar.
São programas que denigrem os animais e estupidificam os seres humanos. Timothy, logo se vê, estava acima de Zoboomafoo mas agia como tal. Era uma pessoa que amava os ursos com quem vivia. E que, talvez por isso mesmo, desenvolvia com eles uma relação patológica, não muito diferente dos milhões de seres humanos que procuram atribuir suas próprias qualidades aos animais de estimação.
A diferença é que ursos costumam ser mais perigosos para o convívio humano do que cãezinhos. Por isso há bem mais filmes domésticos sobre cãezinhos do que sobre ursos de estimação. O que Timothy Treadwell filmou durante os seus 13 verões no Alaska é único. Mas a singularidade do que captou não está na forma que ele julgou encontrar para “encantar” as feras e sim no que contém essa relação.
Werner Herzog tem o notável vislumbre de enxergar criticamente o extraordinário material a que teve acesso. Trata-se, é claro, de uma coleção de imagens que, no mínimo pela sua carga profética, chegam a parecer encenadas. São inúmeras as ocasiões, por exemplo, em que Timothy - que filma a si mesmo - anuncia para a câmera: “Se eu fraquejar por um momento, eles irão me agarrar, decapitar, cortar em pedaços”. Na verdade, a cada cinco ou seis cenas editadas, Timothy anuncia a possibilidade de sua morte pelos ursos com quem convive.
Não é uma profecia apenas do autor, mas uma expectativa do senso comum. Está na anedota do escorpião que atravessa o rio antes de picar quem lhe carregou. Numa entrevista a David Letterman, incluída no filme, o apresentador pergunta a Timothy se algum dia lerá nos jornais que ele foi devorado pelos ursos.
Por que haveria de ser de outra maneira? Essa parece ser a pergunta que Herzog formula nas entrelinhas de cada plano que edita. Ele narra seu filme na primeira pessoa e com sua própria voz em off, o que lhe permite fazer esse questionamento diretamente, dizer ao espectador que não está ali para lhe oferecer comiseração através do amplo material coletado de uma morte anunciada. Não, o cineasta não está ali para fazer o que qualquer apresentador de programa vespertino de televisão faria, não está processando seu material com tons melodramáticos ou sensacionalistas. Ele não está tentando entender os ursos, e sim o homem que está por trás dos ursos.
Para isso, Herzog busca ajuda em pessoas que conheceram de perto a relação entre Timothy e seus animais. Como um piloto que costumava levá-lo para a reserva: “Ele tratava os ursos como se fossem pessoas fantasiadas de ursos. Acabou tendo o que mereceu”.
Herzog interpreta com clareza o material que está processando e nisso consiste parte da grandeza de seu filme. Cineasta que promove ao extremo a encenação de obsessões, ele comenta a obsessão de seu personagem: “Já vi essa loucura em sets de filmagem antes”. Está mencionando sua própria relação com pessoas como Klaus Kinski. Está falando de artistas como si próprio. Está dizendo que a diferença entre o homem e as bestas é o número de patas.
O Homem-Urso é muito mais sobre o homem que sobre o urso. Se este é previsível, aquele é repleto de complexidades. Nas imagens filmadas por Timothy Treadwell, Herzog busca a patologia de seu criador. Ela está visível na insistência do californiano em pretender ser australiano, em apresentar-se como “protetor” dos animais – embora muitos ecologistas garantam que os ursos estariam mais protegidos sem a sua presença – e na delicada natureza de seu relacionamento com outros seres humanos, inclusive a namorada (que foi devorada com ele) e a ex-namorada Jewel Palovak, que trabalha na instituição criada por Treadwell. Não há nada de sentimental em relação aos animais e muito menos à natureza – cuja essência cruel é descrita por Herzog numa das melhores linhas do filme.
Em grande medida, O Homem-Urso é a história de um maníaco, que achava que era igual aos ursos e que gostava de agir como os débeis-mentais que apresentam a maioria dos programas das redes de TV por assinatura. Mas que agregava duas particularidades: a de ter a coragem de se aproximar dos ursos que julgava entender e a de filmar tudo isso.
O legado de imagens que Treadwell deixou permitiu a Werner Herzog realizar um dos melhores documentários produzidos nos últimos anos.
Download abaixo:
O_Homem_Urso.torrent ( 28.02KB ) Downloads: 112
A análise é de Idelber Avelar, professor titular de literatura latino-americana e teoria literária em Tulane University (EUA). O artigo foi publicado em seu blog, nesta terça-feira (5). Leia abaixo sua íntegra:
A decadência da Fox News: uma lição para a Veja?
Há uma história nesta campanha eleitoral americana que eu ainda não vi discutida no Brasil - e que os fãs da revista Veja deveriam acompanhar com atenção. É o declínio paulatino da relevância e da audiência da Fox News, a outrora temida cadeia de televisão que redefiniu não só o jornalismo, mas a própria política norte-americana.
A Fox conseguiu o que em 1996 parecia impossível: desbancar a CNN no negócio de notícias via TV a cabo, enquanto realizava a proeza de transformar o extremismo de ultra-direita em suposto centro do espectro político, com um slogan que era o troféu óleo de peroba do século: fair and balanced. Funcionou durante muito tempo e foi decisivo para o roubo de uma eleição presidencial americana (2000) e para o resultado da seguinte (2004). Parece não estar funcionando mais.
A partir de um chamado ao boicote liderado pelo site Fox Attacks e por vários blogueiros e ativistas progressistas, os candidatos democratas tomaram a difícil – mas, viu-se depois, acertada – decisão de ignorar o canal e não aceitar debater lá. Tratá-la como o que ela é, um canal de manipulação e doutrinação extremistas, não um veículo de notícias. Este ano, foi tudo morro abaixo para a Fox. O candidato queridinho da Fox, Rudy Giuliani, amargou uma humilhação atrás da outra nas primárias, perdendo até para o azarão Ron Paul. Teve que abandonar a corrida antes de ser esmagado dentro do seu próprio estado de Nova York, apesar de todos os esforços do canal.
A estrela da Fox, o histriônico Bill O'Reilly, chegou a trocar empurrões com agentes do serviço secreto para tentar se aproximar de Barack Obama, humilhação impensável dois anos atrás. Depois da Fox excluir do seu debate o candidato anti-guerra Ron Paul, mesmo depois de Paul ter conseguido 10% dos votos em Iowa (quase o dobro do queridinho Guiliani), o todo-poderoso âncora da Fox, Sean Hannity, foi perseguido pelos seguidores de Paul aos gritos de Fox News sucks!.
Para piorar a situação, o ex-executivo da Fox, Dan Cooper, vem publicando trechos do livro em que conta toda a lama por trás do projeto do canal de notícias liderado por Robert Ailes, um sujeito capaz de ameaçar uma criança de três anos cujo único crime é ser filha de um jornalista que fez um retrato crítico do seu amado radialista de ultra-direta Rush Limbaugh.
O que os Democratas entenderam, finalmente, é que em alguns terrenos não vale a pena lutar. O resultado do jogo já está dado de antemão, como sabem os que já presenciaram os massacres manipulados que são as “entrevistas” da Fox com qualquer um que não compartilhe o extremismo bélico do canal. Que isso sirva de lição para os que acham válido conversar com determinados veículos, ao invés de seguir o exemplo dos incontáveis brasileiros que já tivemos o gostinho de um dia dizer ao telefone: Você é da Veja? Desculpe, com a Veja eu não falo.
Nas primárias de New Hampshire em 2004, mesmo sem qualquer oposição a Bush, a Fox teve 200.000 telespectadores a mais que a CNN na noite da primária democrata. Em 2008, com um campo de candidatos competitivos entre os Republicanos, a CNN teve 250.000 a mais. Dos dez debates mais assistidos desta campanha, cinco foram na CNN, só dois na Fox. O debate democrata da Carolina do Sul, transmitido pela CNN, bateu o recorde: foi o mais assistido da história das primárias americanas.
O canal de negócios da corporação Fox, o Fox Business Network, que estreava com o intuito de fazer com a CNBC o que a Fox News fizera com a CNN, não consegue mais que ínfimos 6.300 telespectadores, ou 0,05% do mercado, bem longe dos 265.000 da CNBC. A lição me parece clara: Fox subiu com Bush e está caindo com ele.
Fonte: Instituto Humanistas
www.vermelho.org.br
A TV Globo e o deputado federal Rodrigo Maia, presidente do DEM (ex-PFL), foram condenados a indenizar Luiz Carlos da Silva em R$ 100 mil por danos morais. Ele foi exposto no caso do "mensalão" ao ter seu nome divulgado em uma lista de pessoas que estiveram na agência do Banco Rural situada no Brasília Shopping, onde eram realizados os supostos saques de alegadas mesadas pagas a deputados pelo empresário Marcos Valério. A decisão é do juiz da 4ª Vara Cível de Brasília, Robson Barbosa de Azevedo.
A emissora, segundo informações do TJ-DF (Tribunal de Justiça do Distrito Federal), está obrigada também a divulgar o inteiro teor da sentença nos mesmos programas nos quais foi divulgada a lista que originou o dano moral, no prazo de 60 dias, sob pena de multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento da ordem judicial. Os réus ainda podem recorrer da sentença.
O autor da ação diz que, segundo as matérias veiculadas pela TV Globo no dia 15 de julho de 2005, a lista de nomes de pessoas que compareceram à agência bancária na qual Marcos Valério realizava o suposto depósito foi elaborada pelo deputado federal Rodrigo Maia.
Segundo ele, seu nome, com sua qualificação de assessor do deputado Wasny de Roure constou na lista - o que lhe causou vexame e mal-estar por ser fato inverídico. Luiz Carlos da Silva explicou que descobriu posteriormente se tratar de outra pessoa, um homônimo, que nunca exerceu cargo de assessor parlamentar, como era o seu caso. Luiz Carlos da Silva alega ainda que a matéria exorbitou os princípios da liberdade de imprensa, pois não houve cautela diante da dimensão da notícia, que atentou contra seus direitos de cidadão.
No entendimento do juiz Robson de Azevedo, o modo como a notícia foi divulgada, vinculando a lista de nomes ao "mensalão", foi tendencioso, induzindo ao entendimento de que todas as pessoas citadas estavam envolvidas com o suposto esquema objeto de investigações por Comissão Parlamentar de Inquérito, apesar de ter-se ressaltado que Luiz Carlos da Silva não efetuou saques na data em que compareceu à agência bancária.
"Nesses termos, ainda que aplicável a Lei de Imprensa, não se pode olvidar o fato de que o interesse público e o direito à informação não podem subsidiar informações inverídicas e tendenciosas", afirma o magistrado, segundo o qual, se não houve saques pelo autor, a divulgação de seu nome foi precipitada e desnecessária.
Conforme o juiz, a divulgação apressada da lista de nomes, sem a verificação dos motivos da presença das pessoas na agência bancária, que é local público, caracteriza dano de natureza extrapatrimonial, ainda que a imagem das pessoas não tenha sido utilizada.
Para o magistrado, a liberação da lista pelo deputado Rodrigo Maia em favor da emissora de TV, ainda que tenha ressalvado o caráter preliminar da mesma, demonstra a atitude culposa do parlamentar, a quem incumbia a discrição necessária no exercício do mandato que desempenha, tendo em vista sua participação em Comissão Parlamentar de Inquérito para apuração dos fatos. Segundo o magistrado, o mau uso da lista feito pela TV Globo decorreu da atitude inicial do deputado Rodrigo Maia, ao divulgá-la.