quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Como a Al-Qaeda implantou-se no Líbano

Os combates entre o exército e a Fatah Al Islam, que terminaram com dezenas de mortes, revelam que a rede de Bin Laden chegou à antiga "Suíça do Oriente Médio". Seria algo impossível sem a invasão do Iraque pelos EUA e a guerra perdida de Israel, em 2006

Fidaa Itani - LeMonde

“Fomos abruptamente envolvidos em uma luta que não é nossa. Eu preferia não ter que enfrentar o exército libanês”. Foi assim que Chahine Chahine, considerado um dos dirigentes do grupo Fatah Al Islam, dirigiu-se a um negociador, durante o cerco ao campo de refugiados palestinos de Nahr Al Bared, montado pelo exército do Líbano. Até então, ninguém sabia ainda que o tal Chahine Chahine era filho de Osama bin Laden e um alto comandante da Al Qaeda. Sua opinião sobre o combate direto reflete a ambivalência das posições da organização terrorista em relação ao Líbano: o país é um terreno de enfrentamento com os Estados Unidos e seus aliados? Ou deve ser considerado como um simples campo de treino e trânsito dos combatentes da Al Qaeda?

Em 4 de setembro de 2007, dois dias após a tomada do campo, Georges Khury, o diretor de informações do exército libanês, admitiu que os combatentes do grupo Fatah Al Islam eram efetivamente membros da Al Qaeda. Na verdade, as origens dessa organização são antigas no Líbano: ainda nos anos 1990 os tribunais julgaram os “salafistas [1]” por “crime de constituição de células terroristas ligadas à Al Qaeda”.

Os militantes condenados naquela ocasião tinham escolhido o caminho aberto por Salem El-Chahhal, que criou, em 1974, os grupos Muslimun (Muçulmanos) e Shabab Mohammad (Jovens de Maomé). O processo de incorporação foi relativamente rápido. Em 1989, no fim da guerra civil libanesa, os salafistas eram pouco influentes, mas decidiram investir contra outras organizações islâmicas, principalmente a Associação Islâmica de Projetos Beneficentes, conhecida como Al Ahbache [2]. Esses enfrentamentos permitiriam aos grupos salafistas afiarem seu instrumental intelectual e missionário, arregimentando adeptos em inúmeras cidades e aldeias. Sua influência se estendeu entre os formados e assalariados da classe média, assim como entre os que estudam a sharia,a lei islâmica e que obtiveram seus diplomas na Arábia Saudita.

O divisionismo, no entanto, sempre foi um problema para eles. Em 31 de agosto de 1995, um dos grupos salafitas assassinou o xeque Nizar Al Halabi, chefe da Associação Islâmica de Projetos Beneficentes. Esse atentado provocou uma onda de embates dentro da corrente: era a primeira vez que um movimento salafista eliminava um adversário. Membros da organização confessaram o assassinato, garantindo, até o último minuto antes de morrerem, que eram os únicos responsáveis. Porém, as autoridades libanesas e os serviços de informação sírios, que controlavam o país, preferiram ligar o crime a Abdul Karim Saadi, palestino e chefe da organização Usbat Al Ansar, instalado no campo de refugiados de Ain Al Helue, no sul do país.

Formado nos anos 1990, o elo libanês da Al Qaeda é erradicado em 2001. A invasão do Iraque pelos EUA permite reconstruí-lo: surge o Fatah Al Islam

Foi naquele período que se estabeleceram as ligações entre os primeiros salafistas e a organização de Bin Laden. A proposta era simples: ajudar combatentes muçulmanos a entrar em Israel a partir do Líbano. Um grupo, provavelmente tchetcheno, ligado à Al Qaeda, conseguiu que esta tarefa fosse assumida por Bassam — um militante que abandonou seus estudos nos Estados Unidos em 1988 e se formou na jihad mundial no Afeganistão. Embora aceitasse a proposta e criasse o grupo Danniye, Kanj exigiu um prazo de dois anos, para se impor junto ao Hezbollah como força de resistência anti-israelense.

Na época, os negociadores russos, que supervisionavam junto com a Síria a retirada israelense da região sul do Líbano, forneceram às autoridades libanesas e sírias a gravação de uma conversa entre Kanj e os mudjahedins tchetchenos. Essa informação precipitou uma intervenção militar libanesa para erradicar o grupo Danniye durante a madrugada do Ano Novo de 2001. Paralelamente, as autoridades sírias iniciaram uma onda de prisões entre as fileiras dos islamistas radicais, confirmando o caráter transnacional dessa rede.

A Al Qaeda esperou a invasão norte-americana do Iraque, em março de 2003, para conclamar abertamente a criação de grupos no Líbano. Funcionando também como “marca”, a organização de Bin Laden agradava aos dissidentes locais por ter uma estrutura descentralizada, o que permite certa autonomia. No final de 2005, sua presença era bem concreta e as autoridades libanesas conseguiram capturar os primeiros elementos daquela que seria chamada de “rede dos 13”, dirigida pelo libanês Hassan Nabaa. Composta também por sauditas, sírios e palestinos, e operando igualmente na Síria, essa rede servia de apoio à Al Qaeda e à resistência iraquiana.

Seu maior aliado, porém, surgiu apenas em 2006, a partir de uma dissidência do grupo Fatah Al Intifada, que já havia se separado do Fatah de Yasser Arafat e estava ligado ao regime de Damasco. Cerca de 70 militantes se juntaram a um oficial palestino de origem jordaniana, Chaker Al Abssi e se infiltraram em diversos campos de refugiados palestinos, como no de Nahr Al Bared. Uniram-se a outros cinqüenta homens liderados por Chehab Al Qaddur, um libanês que passou a maior parte da vida na clandestinidade, depois que a espionagem síria o capturou em Trípoli em 1986, quando ele só tinha 14 anos. Formava-se assim o Fatah Al Islam.

O grupo se fortalece em 2006, durante a invasão do Líbano por Israel. E decide migrar para o norte, região sunita onde o Hezbollah tem menos influência

Desde o início, o agrupamento recebeu o apoio de um representante do movimento jihadista no campo de refugiados de Ain Al Helue, que lhe garantiu um financiamento da Al Qaeda. O treinamento de alguns de seus integrantes passou para as mãos do responsável militar do grupo Jund Al Cham. Logo depois, em julho de 2006, estourou a “guerra dos 33 dias”, entre Israel e o Hezbollah, e os grupos jihadistas se aproveitaram da confusão para aumentar sua implantação. Também exploraram a decisão tomada pelo “Estado Islâmico no Iraque”, criado pela Al Qaeda, de mandar para fora do país os elementos destituídos de competências militares particulares e aqueles que não conseguiam se misturar à população local. O Fatah Al Islam atrairia muitos desses soldados perdidos, o que provocou uma reação hostil do Fatah original e de outros grupos membros da Organização para a Libertação da Palestina (OLP), que pretendiam “limpar” os extremistas do campo de refugiados palestinos de Ain Al Helue. Sofrendo pressões da OLP e com dificuldades para se esconder do exército libanês, que perseguia os jihadistas acampados próximos aos 12 mil soldados da Finul (Força Interina das Nações Unidas no Líbano), o Fatah Al Islam decidiu refugiar-se no norte, uma zona majoritariamente sunita e, portanto, considerada amiga.

Vários encontros prepararam o terreno dessa migração, não somente com os salafistas locais, mas também com os deputados partidários da Corrente do Futuro, de Saad Hariri, preocupados com a influência do Hezbollah. Chaker Al Abssi, chefe do Fatah Al Islam, reuniu-se com um deputado sunita de Trípoli, que manifestou seus temores de ver o Hezbollah xiita atacar os sunitas [3]. Abssi respondeu que “não permitiria que ninguém prejudicasse os sunitas”, mas também não entraria em conflito com uma força que combate Israel.

Dessa forma, o Fatah Al Islam instalou-se em Nahr Al Bared, onde publicou seu primeiro comunicado, em 27 de novembro de 2006. O campo imediatamente serviu de abrigo para os combatentes ligados à Al Qaeda que entravam e saíam do Líbano, tanto pelos pontos oficiais da fronteira como pelos clandestinos. Alguns deles, depois da passagem por Nahr Al Bared, dispersaram-se para criar suas próprias redes, em zonas de forte densidade sunita. Esses novos integrantes são originários do mundo árabe, mas também da Rússia, da Tchetchenia e da Turquia, entre outros.

No final de 2006, o saudita Ahmed Tuwaijiry, dirigente da Al Qaeda, chegou ao Líbano para se encontrar com a cúpula do Fatah Al Islam e de outros grupos salafistas. As reuniões foram proveitosas e o financiamento dos libaneses cresceu com as doações que chegavam da Arábia Saudita e do Kuait, tanto públicas quanto privadas. Muitos empresários ricos queriam contribuir com a jihad.

Ao mesmo tempo, as associações salafistas tentavam reunir forças para enfrentar a “ameaça xiita” que surgiu com o agravamento da crise política no Líbano e os combates pontuais entre sunitas e xiitas. Os membros locais da Al Qaeda avaliaram que o contexto era favorável para se aproximarem da Corrente do Futuro, aproveitando-se do desejo desta em formar um braço armado, contraponto ao Hezbollah xiita. Apesar de ter consciência dos riscos que correria por manter relações com grupos fundamentalistas, a Corrente do Futuro optou por essa estratégia. A Al Qaeda, por sua vez, provou seu pragmatismo ao explorar a ocasião para conseguir dinheiro para o recrutamento de dezenas de combatentes, organização de sessões de treino no campo de refugiados de Ain Al Helue e formação de espiões para missões nas embaixadas dos países ocidentais e do Golfo.

Em maio de 2007, começa o combate entre exército libanês e o Fatah Al Islam. O grupo foge, após 100 dias de luta e dezenas de mortes. Mas não está liquidado

A Síria preferiu fechar os olhos a essas atividades, deixando seus adversários, da Corrente do Futuro aos jihadistas, pagarem o preço de próprias escolhas. Em contrapartida, ela apertou os torniquetes internos e se livrou de um bom número desses militantes, que optaram pelo refúgio no Líbano. Durante o primeiro semestre de 2007, cerca de vinte grupos ligados à Al Qaeda foram acionados para acompanhar a entrada desses combatentes no país, escoltar dirigentes e organizar a partida de grupos de divulgação na Europa (França, Reino Unido, Países Baixos, Alemanha). O armamento era garantido pelo tráfico via Síria. Assim, em colaboração com o Fatah Al Islam, a Al Qaeda teceu uma vasta rede que não seria desmontada com qualquer vendaval.

O primeiro grande confronto aconteceu na madrugada de 20 de maio de 2007, quando a seção de informação ligada às Forças de Segurança Interna decidiu fazer uma incursão contra o grupo da Al Qaeda em Trípoli. Os homens procurados também eram caçados pelos sauditas por garantirem um apoio técnico aos mudjahidin do Iraque. Eles atuavam sob a proteção do Fatah Al Islam. Rapidamente os combates se estenderam ao campo de refugiados de Nahr Al Bared.

O enfrentamento durou 106 dias, com um saldo de 170 soldados assassinados, além de 47 civis palestinos e 200 combatentes do Fatah Al Islam. Enquanto mais de 150 membros e responsáveis da organização conseguiam fugir, 40 combatentes encontraram a morte enquanto davam retaguarda aos companheiros. A maioria acabou executada com uma bala na nuca ou na cabeça. O exército ocupou o campo de refugiados quando ele já estava vazio e impediu a entrada de todas as missões civis e humanitárias. Nem seus arredores puderam ser fotografados. Os tanques destruíram as construções, escamoteando os vestígios de combate.

Em junho, um mês após o início do conflito, os serviços de segurança libaneses descobriram que o líder Chahine Chahine era, na verdade, Saad, filho do fundador da Al Qaeda. Ele tinha se infiltrado no campo de refugiados alguns dias depois do começo dos enfrentamentos e conquistou a simpatia dos combatentes. O filho de Bin Laden, um dos responsáveis mais ativos da seção de operações da Al Qaeda, começou a colocar em funcionamento células e bases em todo o território.

Apesar dessa derrota militar, os grupos ligados à Al Qaeda não reduziram suas atividades no Líbano. A organização está presente no campo de refugiados palestinos de Ain Al Helue, assim como nas zonas sunitas de Bekaa e em alguns bairros pobres de Beirute. Quando encontrei Chahine Chahine, ou Saad bin Laden, ele me perguntou: “Você acredita realmente que nós somos só 500 combatentes cercados em Nahr Al Bared ?”. Os assassinatos de personalidades políticas e os atentados em Beirute e contra as forças da Finul, assim como as informações conseguidas depois da prisão de mais de 200 membros do movimento salafista-jihadista, confirmam a resposta óbvia: eles não estavam sozinhos e tampouco abandonados.

A Al-Qaeda hesita sobre o Líbano. Rota de passagem para a Europa, e centro de desenvolvimento tecnológico? Ou novo campo de combate contra os EUA?

Mas a organização, como me explicou Chahine Chahine, não viu com bons olhos seu mergulho em um enfrentamento fechado, no interior de um campo de refugiados. O ataque reduziu a margem de manobra da Al Qaeda e deu oportunidade ao exército realizar centenas de perseguições e prisões.

Com a persistência da crise política libanesa e a tendência crescente de todas as facções locais se armarem, a Al Qaeda passou a ter como alternativa esconder-se atrás da Corrente do Futuro, que hoje se dedica a arrolar combatentes sob pretexto de contratações para empresas privadas de segurança. Por este vínculo, a organização já alistou 2400 milicianos e pretende conclamar outros 14 mil, só no norte do Líbano. Por outro lado, os combates de Nahr Al Bared prejudicaram a aliança da Al Qaeda com parte da elite sunita libanesa, que considerou o preço dessa parceria alto demais.

Cansados de um conflito local sem horizonte político, milhares de jovens sunitas olham com inveja os xiitas, que conseguiram monopolizar o esforço de resistência contra Israel. Os atentados da Al Qaeda no Ocidente e suas vitórias no Iraque, mesmo que limitadas, também lhes agradam. Uma nova geração freqüenta as mesquitas, onde é mobilizada pelo pensamento salafista-jihadista, em um contexto de descrédito da estrutura oficial da comunidade sunita, vista por muitos como corrupta. A isto se acrescentam o sentimento de injustiça e a ausência de qualquer perspectiva de solução do conflito com Israel. A Al Qaeda aparece como uma resposta a toda essa descrença. Enquanto o governo e as forças sunitas oficiais aparecem como aliados de Washington, ela consegue atuar, ao mesmo tempo, sobre o medo do xiismo e do Hezbollah, a convicção dos sunitas de que eles são marginalizados e o sentimento anti-norte-americano.

Considerada por alguns um o caminho exemplar a ser seguido, a organização de Bin Laden – não necessariamente todos os grupos que dizem fazer parte dela – parece interessada no Líbano como base de operações, campo de treinamento e de formação, além de ponto seguro de passagem de seus combatentes rumo ao Iraque e à Europa. O país é prioritariamente um terreno de inovação técnica, onde a Al Qaeda pode trabalhar no desenvolvimento de novos instrumentos de combate, como pequenos aviões telecomandados e outros aparelhos explosivos, capazes de escapar do fogo dos blindados norte-americanos no Iraque. Trabalham ainda com programas de informática, que permitem aos responsáveis mundiais da Al Qaeda comunicarem-se e coordenarem suas atividades pela internet, sem serem interceptados pelos serviços locais de informação, nem mesmo pela National Security Agency (NSA) dos Estados Unidos. Nesse contexto, como explicava Chahine Chahine, a Al Qaeda não tem interesse em se envolver nas questões internas libanesas. Mas será que os grupos locais que declaram pertencer à Al Qaeda aceitarão manter-se afastados da cena libanesa? Qualquer que seja a resposta a essa pergunta, uma coisa é certa: o futuro da Al Qaeda no Líbano está garantido.


[1] Os salafistas são muçulmanos radicais. Apesar de conservadores, eles aplicam o ijtihad (esforço de reflexão e interpretação dos textos), reconhecem o valor das ciências e da tecnologia, são socialmente ativos e querem islamizar a sociedade.

[2] Trata-se de um grupo sufi, fundado por Abdullah Al Harari, um etíope – de onde o codinome Ahbach (etíope, em árabe). Esse grupo foi instrumentalizado em diferentes momentos pelos serviços sírios de informação.

[3] O deputado confirmou esse encontro em uma entrevista na televisão. Afirmou que os serviços de segurança libaneses tinham ajudado a organização radical Jund Al Cham a garantir sua transferência do campo de refugiados de Ain Al Helue para o sul, rumo a Nahr Al Bared, para se reunir ali ao Fatah Al Islam. Tudo sob a capa de ação “humanitária”.

Mídia vai fazer campanha de desinformação

por jpereira

Em entrevista, o jornalista Miguel Urbano afirma, no entanto, que as mudanças com a saída de Fidel Castro vão preservar o regime socialista

Em entrevista, o jornalista Miguel Urbano afirma, no entanto, que as mudanças com a saída de Fidel Castro vão preservar o regime socialista


A renúncia de Fidel vai desencadear uma campanha midiática de desinformação de proporções mundiais. Essa é a previsão do jornalista e escritor português Miguel Urbano Rodrigues, integrante do Partido Comunista Português. Segundo ele, a mídia mente ao afirmar que há uma oposição organizada ao regime em Cuba. “As personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos”, afirma Miguel Urbano, que viveu oito anos em Cuba.

Para o jornalista português, o regime socialista cubano seguirá seu próprio caminho, aperfeiçoando-se dentro de sua lógica. Com relação a uma eventual intervenção externa, como já chegou a cogitar o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, Miguel Urbano afirma que considera a hipótese improvável. “Mas estou certo que, no caso de uma agressão desse tipo, o povo cubano lhe daria a resposta de Abril de 61 quando derrotou em Playa Giron o desembarque mercenário idealizado e financiado pelos EUA.


Brasil de Fato – Qual o significado prático para o povo cubano da renúncia do presidente Fidel Castro? O que pode mudar em Cuba?

Miguel Urbano Rodrigues – São os povos o sujeito da Historia. Mas o fator subjetivo em determinadas situações pode pesar muito. Fidel Castro marcou decisivamente o rumo da história do seu país e da América Latina na segunda metade do século XX. Que pode mudar agora? Nada daquilo que o sistema de poder estadounidense desejaria. Fidel já havia transferido o poder executivo para Raul . A sociedade cubana não é estática. Mas as mudanças vão se inserir na continuidade do regime socialista. Não haverá ruptura com as grandes metas fixadas. Somente mudança de estilo como aliás já vinha ocorrendo.


E, do ponto de vista simbólico, a saída de Fidel Castro pode significar o fortalecimento de movimentos contra-revolucionários?

A mídia, sobretudo nos EUA e na Europa, tem difundido a idéia de que em Cuba existe uma oposição organizada com base popular. É uma inverdade. Residi oito anos em Cuba até 2004, e adquiri a certeza de que as personalidades e grupos contra-revolucionários carecem de expressão social. São quase folclóricos. Fazem muito barulho graças à mídia internacional.


Atualmente na sociedade cubana ocorre um debate interno crítico sobre o regime. Existe uma vontade popular de retorno ao capitalismo ou essa é mais uma pressão que vem de fora para dentro de Cuba?

O discurso de Raul Castro no 26 de Julho de 2007 desencadeou um debate intenso na sociedade cubana. Mas deforma o seu significado defini-lo como crítico do regime. Em milhares de reuniões, nas fábricas, nas escolas, nas cooperativas, nos serviços, no Partido, em todas as Províncias, os cubanos, respondendo a um apelo de Raul, debateram grandes problemas nacionais, expressando sem temor idéias, apresentando sugestões, criticando o que se lhes afigura passível de críticas, mas sempre numa perspetiva de aperfeiçoamento do socialismo e nunca de um regresso ao capitalismo.


Não poucas vezes o presidente George W. Bush anunciou que esperava o afastamento de Fidel Castro para colocar em prática um plano para fazer uma suposta "transição democrática" em Cuba, cogitando abertamente ações intervencionistas...

O presidente Bush carece totalmente autoridade moral e intelectual para se apresentar como árbitro do futuro de Cuba. O seu projecto de “transição” para Cuba tem matizes fascistas.

No contexto da grave crise estrutural do capitalismo estadounidense, considero praticamente improvável uma intervenção militar de Washington em Cuba. Mas estou certo de que, no caso de uma agressão desse tipo, o povo cubano lhe daria a resposta de Abril de 61 quando derrotou em Playa Giron o desembarque mercenário idealizado e financiado pelos EUA.


O governo cubano teme que possa ocorrer uma onda internacional conservadora, coordenada pelos Estados Unidos, pressionando para uma mudança de regime em Cuba?

O povo cubano sabe que a simples decisão de Fidel de não retornar à Presidência desencadeará uma campanha midiática de desinformação de proporções mundiais, caracterizada por cenários fantasistas e especulações sobre o tipo de “mudanças” desejadas pelo imperialismo. Mas não creio que leve muito a sério essa inevitável intrigalhada.


Qual o legado que o governo de Fidel Castro deixa para a América Latina e para os povos?

A Revolução Cubana resiste vitoriosamente há quase meio século a uma guerra não declarada. Dez presidentes dos EUA comprometram-se a destruir o socialismo em Cuba. Foram sucessivamente desmentidos pela história. Essa resistência de Cuba não configura apenas a epopéia coletiva do seu povo. Funcionou como estímulo para os povos da América Latina e do Terceiro Mundo. Confirmou que o poder do imperialismo tem limites. Sem a resistência de Cuba, a Revolução Bolivariana na Venezuela não teria sido possível, e processos como aqueles que estão em curso no Equador e na Bolívia seriam inviáveis.

Quando Fidel adoeceu escrevi que via nele um Aquiles cubano. Identifico no grande revolucionário um herói da Humanidade.

Fidel, Paquistão, Obama

É inegável que o afastamento definitivo de Fidel fecha uma era em Cuba e abre outra. Estamos diante de um dos personagens mais extraordinários da história do século XX. No Paquistão e nos EUA, duas eleições também movimentam o tabuleiro político internacional.

Além da independência do Kosovo e de seus desdobramentos e contradições, a cena internacional de hoje (19 de fevereiro) está marcada por três cenários: a renúncia de Fidel, o resultado das eleições parlamentares no Paquistão, e mais um tentativa meio desesperada de Hillary Clinton para roubar a cena de Barack Obama nos Estados Unidos, onde, do lado republicano, a candidatura de John McCain vai se consolidando.

Numa carta dirigida ao povo cubano e divulgada na página do jornal Granma Fidel diz que não se apresentará mais para os cargos de Presidente do Conselho de Estado e de Comandante em Chefe, quando da próxima escolha do mais alto órgão do governo cubano.

Na carta, Fidel diz que quando se afastou do cargo, por doença, em julho de 2006, não o fez de modo definitivo para não dar uma alegria aos seus adversários que tanto fizeram para dele “se desfazer” ao longo do tempo. Porém, assinala, a recuperação da doença, “não isenta de perigos”, deu-lhe tempo para pensar e refletir sobre sua situação e o alcance de suas forças.

Acrescentou que numa mensagem enviada a Randy Alonso, diretor do programa Mesa Redonda da Televisão Nacional e nele divulgada em 17 de dezembro do ano passado, já antecipava discretamente o conteúdo da mensagem de agora, em que renuncia definitivamente àqueles cargos.
“Meu dever elementar não é o de aferrar-me a cargos”, escreveu ele na carta à TV, “muito menos o de obstruir o caminho de pessoas mais jovens, mas sim o de trazer experiências e idéias cujo modesto valor provém da época excepcional que me coube viver.

Penso, como [o arquiteto brasileiro Oscar] Niemeyer que se deve ser conseqüente até o fim”. Diz a seguir que sua consciência o impede de se apresentar para cargos cujas responsabilidades exigem mobilidade e entrega total, o que ele não tem mais condições de dar.

Fidel conclui a mensagem de renúncia alertando que sempre é necessário preparar-se para a pior das eventualidades, porque “o adversário a derrotar é extremamente forte”. Diz ainda que esta não é uma mensagem de despedida, porque continuará a combater como “um soldado das idéias”, e que continuará a escrever sob a rubrica “Reflexões do companheiro Fidel”. Ao final, escreve: “Serei cuidadoso”. E assina: “Obrigado, Fidel Castro Ruz”.

Agora não faltam as aves de arribação do governo norte-americano, na Espanha, e em outros países que vêm no afastamento de Fidel uma “oportunidade para a democracia”. De todo modo, é inegável que o afastamento definitivo de Fidel fecha uma era em Cuba e abre outra. Estamos diante de um dos personagens mais extraordinários da história do século XX, e esperemos que os avanços notáveis que ele ajudou a construir na sociedade cubana não desapareçam depois.

Já nas eleições do Paquistão já se sabe quem perdeu, mas ainda não se sabe muito bem quem ganhou. Dizer que “a oposição” ganhou não quer dizer muita coisa. É certo que o partido do general e ditador Pervez Musharraf, o Partido da Liga Muçulmana – facção Q, foi fragorosamente derrotado nas eleições parlamentares, o que enfraquece e talvez comprometa o poder do governante, que tradicionalmente contou com o apoio do governo norte-americano e que deveria, por incitação deste, criar um governo de coalizão com Benazir Bhutto, morta num atentado ao final de dezembro.

Já o partido de Benazir, o Partido do Povo Paquistanês teve o maior número de cadeiras no Parlamento (pelo menos até o momento, quando ainda falta definir 30 cadeiras de 272), mas não a maioria: ficou até agora com 80 assentos.

Em segundo lugar ficou o Partido da Liga Muçulmana – facção N, liderado pelo antigo primeiro ministro Nawaz Sharif, uma dissidência recente do partido de Musharraf, criada depois que este expulsou juízes não alinhados com ele dos tribunais superiores do país e impôs medidas de censura e controle da imprensa e da mídia. O PLM-N ficou com 64 assentos, uma performance notável para um partido recém criado e que mal teve tempo de escolher candidatos em muitas províncias. Segundo analistas, este na verdade é o fator decisivo nestas eleições e em seu resultado. (ver a análise do comentarista Jason Burke, desde o Paquistão para o The Guardian).

A imagem de Benazir continua dominando o noticiário e talvez corações e mentes, ainda abalados com seu brutal assassinato. Mas o que vem sendo analisado é que a força de seu partido está sobretudo nas áreas rurais e mais tradicionais do país, enquanto o novo partido de Sharif tem bases nas ascendentes classes médias urbanas, baixa, média e alta, para quem a ditadura de Musharraf é insatisfatória mas que tampouco se satisfazem com o apelo do PPP, ainda mais que ele agora não é mais liderado pela contraditória mas carismática Benazir, mas pelo seu marido visto como um aproveitador de oportunidades, para amenizar a qualificação, e sobre quem pesam diversas acusações de corrupção. Assim, tudo vai depender da inclinação do PLM-N, se optar por uma aliança com seus antigos companheiros, ou se optar por uma aliança com o PPP.

É verdade que no enfraquecido partido de Musharraf, que reunia como acontece nesses casos, os caçadores de poderes e favores, as aves já começam a abandonar o navio – também para não usar qualificativos piores.

Do outro lado do mundo, numa eleição que pode ser vital para o futuro paquistanês, entre outras coisas, Hillary Clinton e sua equipe fazem um esforço desesperado peara recuperarem a iniciativa na disputa pela candidatura do Partido Democrata nos Estados Unidos. A equipe de Hillary levanta agora acusações de plágio sobre os discursos de Obama, dizendo que ele se vale seguidamente de trechos de discursos do seu correligionário, Deril Patrick, governador do Massachussets, além de se valer de idéias da proposta econômica da senadora por Nova Iorque para definir a sua.

Diante do favoritismo de Obama em mais duas primárias dessa semana, a equipe da senadora quebra a cabeça para tentar quebrar a de Obama. Vai ser difícil. A acusação, além de irrelevante, mostra uma certa falta, na verdade, de idéias próprias e de iniciativa. Hillary está nas cordas. Mas é claro que ainda não perdeu.

Dexter Gordon (with Bud Powell) - Our Man In Paris (1963)

http://i26.tinypic.com/2h3bk08.jpg


Dexter Gordon (with Bud Powell) - Our Man In Paris (1963)

Personagens:
Dexter Gordon (tenor saxophone);
Bud Powell (piano);
Pierre Michelot (bass);
Kenny Clarke (drums)

Gravado no CBS Studios, Paris, France on May 23, 1963.
Músicas:

1. Scrapple From The Apple
2. Willow Weep For Me
3. Broadway
4. Stairway To The Stars
5. Night In Tunisia, A
6. Our Love Is Here To Stay - (bonus track)
7. Like Someone In Love - (bonus track)

Downloads abaixo:

Parte 1
Parte 2

quarta-feira, 20 de fevereiro de 2008

CUIDADO PARA NÃO SER PRESO COMO "COMBATENTE INIMIGO"

Blog do Azenha

veja os riscos a que você, caro leitor, está sujeito se vier visitar os Estados Unidos:


* É preciso deixar as impressões digitais dos dez dedos ao entrar no país;

* Um funcionário da alfândega pode pedir que você ligue o seu laptop e tem cobertura legal para bisbilhotar o conteúdo, inclusive exigindo que você forneça a senha para arquivos confidenciais. No extremo, pode confiscar o seu computador.

* Se ele suspeitar que você tem ligação com algum grupo terrorista, você pode ser preso independentemente da apresentação de indícios e provas.

* Se você entrar nos Estados Unidos e por acaso for considerado suspeito, o governo pode ouvir as suas conversas telefônicas sem autorização judicial e a companhia telefônica tem imunidade se você decidir processá-la por invasão de privacidade.

* Se você for declarado "combatente inimigo", não tem direito a habeas corpus e, no extremo, pode ser interrogado pela CIA com o uso de um método de tortura chamado de waterboarding, ou afogamento simulado.

* Nesse caso, você não poderá conversar privadamente com seu advogado e todo o correio e as anotações feitas por ele podem ser requisitadas pelo governo. Se o governo tem uma acusação contra você baseada em informações que considera confidenciais, tem o direito de sonegá-las a você e a seu advogado.

* Finalmente, se um míssil Hellfire cair sobre sua casa no Brasil, não estranhe. Os ataques unilaterais contra alvos suspostamente terroristas são o novo modelo para a atuação dos Estados Unidos no Paquistão. Ou seja, eles se dão o direito de atacar sem pedir autorização ao governo do território em que caem os mísseis. E se um civil inocente morrer? Dano colateral.

* É por isso que eu repito: a Venezuela com seus poderosos mísseis é a grande ameaça à paz mundial, já que atropela leis, tratados e acordos internacionais, viola os direitos humanos e, segundo a TV Globo, pode invadir o Brasil a qualquer momento.
E tudo mudou ...

Luiz Fernando Veríssimo

O rouge virou blush
O pó-de-arroz virou pó-compacto
O brilho virou gloss
O rímel virou máscara incolor
A Lycra virou stretch

Anabela virou plataforma
O corpete virou porta-seios
Que virou sutiã
Que virou lib
Que virou silicone
A peruca virou aplique, interlace, megahair, alongamento
A escova virou chapinha
'Problemas de moça' viraram TPM

Confete virou MM
A crise de nervos virou estresse
A chita virou viscose.
A purpurina virou gliter
A brilhantina virou mousse
Os halteres viraram bomba
A ergométrica virou spinning
A tanga virou fio dental

E o fio dental virou anti-séptico bucal
Ninguém mais vê...
Ping-Pong virou Babaloo
O a-la-carte virou self-service
A tristeza, depressão
O espaguete virou Miojo pronto
A paquera virou pegação
A gafieira virou dança de salão
O que era praça virou shopping
A areia virou ringue
A caneta virou teclado
O long play virou CD
A fita de vídeo é DVD
O CD já é MP3
É um filho onde éramos seis
O álbum de fotos agora é mostrado por email
O namoro agora é virtual
A cantada virou torpedo
E do 'não' não se tem medo
O break virou street
O samba, pagode
O carnaval de rua virou Sapucaí

O folclore brasileiro, halloween
O piano agora é teclado, também
O forró de sanfona ficou eletrônico
Fortificante não é mais Biotônico
Bicicleta virou Bike
Polícia e ladrão virou counter strike
Folhetins são novelas de TV
Fauna e flora a desaparecer
Lobato virou Paulo Coelho
Caetano virou um chato
Chico sumiu da FM e TV
Baby se converteu
RPM desapareceu
Elis ressuscitou em Maria Rita?

Gal virou fênix
Raul e Renato,
Cássia e Cazuza,
Lennon e Elvis,
Todos anjos Agora só tocam lira...
A AIDS virou gripe
A bala antes encontrada agora é perdida
A violência está coisa maldita!

A maconha é calmante
O professor é agora o facilitador
As lições já não importam mais
A guerra superou a paz
E a sociedade ficou incapaz...
.... De tudo.

Inclusive de notar essas diferenças.


Katyn


O polonês Andrzej Wajda descreve o famoso e triste massacre de Katyn. Meses depois da invasão nazista na Polônia, em 1939, aproximadamente 15 mil (algumas fontes registram que tenha sido mais de 25 mil) prisioneiros de guerra poloneses são mortos pela polícia secreta soviética nas florestas da cidade de Katyn.
- Está concorrendo ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro.

créditos:Makingoff - robsonmed2004
Gênero:
Drama
Diretor: Andrzej Wajda
Duração: minutos
País de Origem: Polônia
Idioma do Áudio: Polonês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0879843
Qualidade de Vídeo: DVD Screener
Tamanho: 700 Mb
Legendas: Anexas
Artur Zmijewski ... Andrzej
Maja Ostaszewska ... Anna
Andrzej Chyra ... Lt. Jerzy
Danuta Stenka ... Róza
Jan Englert ... General
Magdalena Cielecka ... Agnieszka
Agnieszka Glinska ... Irena
Pawel Malaszynski ... Lt. Piotr
Maja Komorowska ... Andrzej's Mother
Wladyslaw Kowalski ... Professor Jan
Oleg Drach ... Commisar (as Oleg Dracz)
Oleg Savkin ... NKWD Officer (as Oleg Sawkin)
Sergei Garmash ... Maj. Popov (as Siergiej Garmasz)
Antoni Pawlicki ... Tadeusz
Agnieszka Kawiorska ... Ewa

Downloads abaixo:

Arquivo anexado Katyn.2007.XviD.PL.FILioza.FIXed.sub.rar ( 19.96KB ) legendas
Arquivo anexado Katyn.2007.XviD.PL.FILioza.FIXed.torrent ( 13.97KB ) filme



Oposição se isola e base aprova TV Brasil com 336 votos


Em mais uma derrota fragorosa da oposição, a Câmara dos Deputados aprovou na noite desta terça-feira (19), por 336 votos a 103 e 3 abstenções, a medida provisória que cria a Empresa Brasileira de Comunicação (EBC), conhecida como TV Pública ou TV Brasil. O texto ainda pode ser modificado pelos próprios deputados e depende também de aprovação no Senado.



Um acordo entre líderes prevê que 13 destaques - que podem mudar o conteúdo da MP - serão votados nesta quarta-feira (20). Depois disso, o projeto segue para o Senado. Se for aprovado sem modificações pelos senadores, vira lei. Se sofrer alterações, o projeto voltará para a Câmara para nova votação.


O líder do governo na Câmara, deputado Henrique Fontana (PT-RS), disse que vai tentar com os partidos da base e da oposição a redução do número de destaques a serem votados de forma nominal, visando alterar o substitutivo apresentado pelo relator, deputado Walter Pinheiro (PT-BA), à Medida Provisória 398/07, que cria a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), conhecida como TV pública.


"Vamos ponderar que não vale a pena votar um número tão grande de destaques. Agora o interesse de destravar a pauta é um interesse nacional", disse Fontana, que destacou ainda: "Termos uma rede pública de TV a serviço do Brasil é algo importantíssimo". Segundo ele, em outros países a TV pública exerce um papel complementar em relação às redes comerciais e abre espaço para a diversidade cultural.

Um dos pontos aprovados no texto básico é o repasse à TV Pública de recursos do Fundo de Fiscalização das Telecomunicações (Fistel). Esse ponto pode mudar após a votação dos destaques na quarta.


Se os deputados mantiverem o texto básico, 10% do valor arrecadado pelo Fistel das empresas de telecomunicações irão para a TV Pública, o que deve gerar uma receita adicional de R$ 150 milhões. Além desse valor, já estão previstos R$ 350 milhões no Orçamento para a TV.


O líder governista afirmou que as críticas da oposição ao orçamento para a EBC não fazem sentido, porque o financiamento "é razoável", da ordem de R$ 350 milhões neste ano. "É um financiamento menor do que em qualquer rede de televisão comercial que atua no país. Para que se tenha idéia da dimensão, de recursos novos são mais ou menos R$ 130 milhões, porque R$ 220 milhões vêm das estruturas que foram incorporadas", completou.


Outros destaques que precisam ser votados são os que abordam:
- a transferência da sede da TV Pública do Rio de Janeiro para Brasília;
- o veto à veiculação de propaganda comercial e a exibição de marcas privadas;
- a obrigatoriedade de licitação em todas as operações da TV; e
- a contratação de funcionários apenas mediante concurso público.


Anúncios proibidos


No projeto de lei de conversão aprovado, a proibição de veicular na TV Pública anúncios de produtos e serviços ficou mais explícita, tanto para a publicidade institucional quanto para o chamado apoio cultural.


A publicidade institucional poderá ser feita por entidades de direito público ou privado e, diferentemente do texto original, não precisa mais ser vinculada a programas e eventos de utilidade pública. O tempo total destinado a essa publicidade não poderá superar 15% do tempo total de programação.


Já o apoio cultural é definido como o pagamento dos custos de produção de um programa específico ou da programação total, permitindo-se a citação da entidade que deu o apoio e de sua ação institucional.


Programas regionais


Walter Pinheiro incluiu no texto limites mínimos para conteúdos regionais e independentes de 10% e 5% da programação, respectivamente. Os programas devem ser transmitidos entre as 6 e as 24 horas.


Para o relator, a apresentação de programas regionais com percentuais claros é um dos pontos importantes da nova emissora. "Queremos uma TV Pública que possa veicular a rica produção cultural das regiões e estados brasileiros. Uma TV pública não pode ter como prioridade arrecadar, fazer publicidade; essa é a regra da TV comercial", argumentou.


O conteúdo regional é definido como aquele produzido em um determinado estado com a maior parte da equipe técnica e artística de residentes locais. Todas as regiões do País deverão ter programas veiculados. O conteúdo independente é definido em função da empresa produtora. Ela não pode ter vínculo com empresas de radiodifusão.

A TV Brasil está em funcionamento desde 2 de dezembro utilizando as estruturas da Radiobrás e das TVEs do Rio de Janeiro e do Maranhão. A grade da televisão ainda é praticamente a mesma da Radiobrás e só deve ter alterações em abril.


Oposição com medo


A oposição, que age a serviço dos interesses de grandes grupos privados de comunicação, teme o advento de uma nova televisão com caráter público e, por isso, fez o que pôde para tentar barrar a aprovação da MP que cria a TV Brasil. O líder do DEM, ACM Neto (BA), argumenta que a TV não será imparcial e pode ser usada para fazer propaganda do governo. ACM Neto ameaçou radicalizar o boicote contra a TV Brasil no Senado, onde a oposição tem mais força.


O vice-líder do governo, Beto Albuquerque (PSB-RS), rebate e garante que a TV pública não será "chapa branca". "A TV publica nao é emissora para aplaudir governo nenhum, mas oferecer ao cidadao outras alternativas em horários nobres que não a repetição da competição comercial que existe hoje", afirma.

www.vermelho.org.br
Da redação,
com agências

Conheça o site e a programação da TV Brasil: http://www.tvbrasil.org.br/default_br.asp


Ilha das Flores
Jorge Furtado



Título original: Ilha das Flores
Gênero: Comédia/Curta-Metragem/Experimental
Duração: 13min
Formato: RMVB
Qualidade: Média
Idioma: Português

Tamanho: 42 MB
Servidor: Rapidshare
Créditos: Forum - nehemias

Links:
http://rapidshare.com/files/91847631/IdFlores.rar


Sinopse:
Um ácido e divertido retrato da mecânica da sociedade de consumo. Acompanhando a trajetória de um simples tomate, desde a plantação até ser jogado fora, o curta escancara o processo de geração de riqueza e as desigualdades que surgem no meio do caminho.



Elenco:
Ciça Reckziegel
Paulo José (narração)


Premiações:
- Urso de Prata no Festival de Berlim 1990

- Prêmio Crítica e Público no Festival de Clermont-Ferrand 1991

- Prêmio do Público na Competição "No Budget" no Festival de Hamburgo 1991

- Melhor Curta no Festival de Gramado 1989

- Melhor Edição no Festival de Gramado 1989

- Melhor Roteiro no Festival de Gramado 1989

- Prêmio da Crítica no Festival de Gramado 1989

- 1º lugar no Mostra teste 2006


Curiosidades:
- Primeiro filme do diretor Jorge Furtado.


Ficha:
Roteiro: Jorge Furtado
Fotografia: Roberto Henkin, Sérgio Amon
Direção de Arte: Fiapo Barth
Música: Geraldo Flach
Montagem: Giba Assis Brasil
Produção Executiva: Giba Assis Brasil, Nora Goulart
Produção: Nora Goulart
Produtora: Casa de Cinema de Porto Alegre
Contato: Casa de Cinema de Porto Alegre
producao@casacinemapoa.com.br | http://www.casacinepoa.com.br

terça-feira, 19 de fevereiro de 2008

ELES NÃO DESISTEM.....e gostam de torturar...e pregam democracia....mas gostam de bombardear....

Governo Bush insiste no bloqueio contra Cuba pós-Fidel


A mensagem de Fidel Castro, anunciando que deixará no próximo domingo a presidência do Conselho de Estado (o Executivo cubano) não mudará a política dos Estados Unidos, de bloqueio contra Cuba. A persistência do bloqueio mais prolongado da história (foi imposto em 1962) foi confirmada nesta terça-feira (19) pelo presidente dos EUA, George W. Bush, e pelo vice-secretário de Estado, John Negroponte.


Negroponte, indagado sobre o fim do bloqueio, disse que não imagina como o fim das restrições possa ser anunciado "logo". Bush, em visita à África, não se referiu ao bloqueio nas declarações que fez sobre Cuba após a divulgação da mensagem de Fidel.


O atual chefe da Casa Branca, em dificuldades até para influir sobre sua própria sucessão, em novembro, julgou-se no direito de ditar o que deve acontecer em Cuba. Disse que "este deve ser o começo de uma transição", que, "no final", ""deve levar a eleições livres e justas, livres e justas de verdade - não esse tipo de eleições encenadas que os irmãos Castro tentam empurrar como sendo verdadeira democracia".


Candidatos americanos são pró-bloqueio


A nove meses das eleições presidenciais estadunidenses, não se espera mudanças de atitude da administração em Washington. O peso eleitoral dos 1,2 milhões de cubano-americanos, politicamente dominados por sua ala direita, faz com que o bloqueio mais longo da história permaneça como um assunto tabu.


Todos os candidatos com chances de chegar à Casa Branca se declaram favoráveis à continuidade da política restritiva. Apenas o senador democrata Barak Obama acena com mudanças homeopáticas, mesmo assim ressaltando que "uma abertura democrática em Cuba será o objetivo primordial de nossa política".


Barak propõe o fim das restrições a viagens de cubano-americanos que queiram visitar suas famílias na Ilha, e às transferências de dinheiro para seus familiares. Defende também conversações bilaterais entre os governos dos dois países. E acena, mais vagamente, com uma gradual flexibilização do bloqueio, conforme o comportamento de um "governo pós-Fidel".