Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008
quarta-feira, 27 de fevereiro de 2008
A pegada desse cara é embaçada, e ainda tem o Grant Green
e Paul Chambers pra deixar o som mais redondo.
Esse disco do Hank Mobley é fora de serie.
Recomendadíssimo mesmo!
1. Hank Mobley - Workout
2. Hank Mobley - Uh huh
3. Hank Mobley - Smokin'
4. Hank Mobley - The best things in life are free
5. Hank Mobley - Greasin' easy
6. Hank Mobley - Three coins in a fountain
A princípio, bastaria ter saúde, dinheiro e amor, o
que já é um pacote
louvável, mas nossos desejos são ainda mais
complexos.
Não basta que a gente esteja sem febre: queremos,
além de saúde, ser
magérrimos, sarados, irresistíveis.
Dinheiro? Não basta termos para pagar o aluguel, a
comida e o cinema:
queremos a piscina olímpica e uma temporada num spa
cinco estrelas.
E quanto ao amor? Ah, o amor... não basta termos
alguém com quem podemos
conversar, dividir uma pizza e fazer sexo de vez em
quando. Isso é pensar
pequeno: queremos AMOR, todinho maiúsculo. Queremos
estar visceralmente
apaixonados, queremos ser surpreendidos por
declarações e presentes
inesperados, queremos jantar à luz de velas de
segunda a domingo, queremos
sexo selvagem e diário, queremos ser felizes assim e
não de outro jeito.
É o que dá ver tanta televisão.
Simplesmente esquecemos de tentar ser felizes!
01. os buzios
02. e viemos nascidos do mar
03. a voz que canta a nossa história
04. Águas do sul
05. o fado da procura
06. rosa cor de rosa
07. primeira vez
08. não fui eu
09. mapa do coração
10. aguarda-te ao chegar
11. até ao fim do fim
12. fado das horas incertas
13. vaga no azul amplo solta
14. velho anjo
15. a sós com a noite
Créditos:PirataTuga
Estamos apoiando também....
PESQUISA COM CÉLULAS EMBRIONÁRIAS NÃO É INCENTIVO AO ABORTO; ASSINE A PETIÇÃO
Em março de 2005, o Congresso Nacional aprovou a Lei 11.105, que autoriza o uso de células-tronco embrionárias em pesquisa e tratamento de doenças hoje incuráveis. O placar foi estrondoso: 96% dos senadores e 85% dos deputados federais deram-lhe a vitória. O presidente Luís Inácio Lula da Silva rapidamente a sancionou. Só que ela foi parar no Supremo Tribunal Federal (STF), porque o então procurador geral da República,
Finalmente, na próxima semana, dia 5 de março, a ação irá a julgamento. Contra a lei, a Igreja Católica, representada pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). A favor, grande parte da sociedade brasileira, associações de portadores de várias doenças e familiares e 16 mil cientistas. São membros de 50 sociedades científicas, entre as quais a Academia Brasileira de Ciências, a Federação de Sociedades de Biologia Experimental e a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência.
De um lado, o obscurantismo, que prefere preservar embriões congelados que sobram nas clínicas de fertilização assistida. Do outro, o direito à liberdade de pesquisa, ao progresso de tratamentos e à esperança de cura ou melhor qualidade de vida para milhares de brasileiros com
Herbert, 47 anos, ficou paraplégico após acidente
E você, o que acha? Veja as fotos abaixo. Chocam, mesmo! Mas estas imagens ajudam a reforçar o absurdo e a desumanidade que representariam a revogação da atual lei. As duas primeiras são do João: aos 6 anos, fofinho como todo menino da sua idade, e recentemente. A terceira é de um tubo de congelação, onde o embrião fica armazenado nas clínicas de fertilização assistida.
Mentiras sobre o uso das células-tronco embrionárias estão sendo disseminadas a torto e a direito. É fundamental, portanto, colocar a questão em pratos limpos. É, de novo, pela vida de milhares de Herberts, Marcelos, Joões...
Células-tronco embrionárias: a rejeição delas é mentira
As células-tronco embrionárias são encontradas em embriões humanos de até 14 dias. São as únicas capazes de formar os 216 tipos de tecidos do corpo humano – inclusive neurônios, as células nervosas -- e de produzir cópias idênticas de si mesmas.
Por isso, as pesquisas com as células embrionárias (é o seu outro nome) sugerem que elas realmente representam uma possibilidade de tratamento para inúmeras condições que desafiam a medicina. Por exemplo: 1) doenças neuromusculares, algumas letais, como a distrofia muscular de Duchenne do João e as escleroses múltipla e lateral amiotrófica; 2) doenças que afetam o sistema nervoso central (cérebro), como o mal de Parkinson; 3) pessoas com lesão da medula espinhal por acidentes, como Herbert Vianna, ou armas de fogo, como
Os cientistas não sabem ainda quando isso será realidade, mas têm certeza: as células-tronco embrionárias são a esperança para curar ou melhorar a qualidade de vida de portadores dessas doenças.
Conseqüentemente, a
Embriões excedentes em clínicas de fertilização, o alvo
A reprodução assistida permite que casais, que não conseguem engravidar por meio da relação sexual, tenham filhos. É a fertilização in vitro, uma opção quando a natureza falha. O “encontro” dos óvulos e espermatozóides se dá em laboratório, fora do organismo materno. Caso haja fecundação, formam-se embriões. Aí, dois ou três são implantados no útero e os restantes congelados. No instante em que isso ocorre, os embriões não são visíveis a olho nu -- são menores que um ponto na letra i. Não têm bracinho, mãozinha, carinha, perninha, corpinho, ao contrário do fazem crer alguns opositores do uso das células-tronco embrionárias.
Outra mentira difundida: os cientistas acabariam utilizando todos os embriões disponíveis em clínicas de reprodução assistida. Primeiro, os cientistas que apóiam as pesquisas defendem as restrições previstas na Lei 11.105. Segundo, a própria lei é rigorosa. Ela estabelece que apenas poderão ser usados em pesquisas e tratamento:
* Os embriões que sobram nas clínicas de fertilização assistida. São embriões inviáveis para a reprodução, pois têm, por exemplo, doenças genéticas.
* Ou os congelados há mais de três anos. É que, com o passar dos anos, os embriões deterioram-se, perdendo o “prazo de validade”. Após três anos a probabilidade de gerar um ser humano é quase zero.
Importante: em qualquer dessas circunstâncias, os embriões só serão usados em pesquisas com consentimento prévio dos genitores. Portanto, casais
Falso problema ético, desinformação ou hipocrisia
A lei 11.105 é taxativa. É proibida a produção de embriões produzidos especificamente para a pesquisa. Somente podem ser utilizados os congelados há mais de três anos e os inviáveis.
Ou seja, são embriões que nunca serão implantados em um útero humano. Logo, não tem sentido discutir neste caso a questão do início da vida, como defendem os opositores das pesquisas com células embrionárias. É um falso problema ético. Insistir sugere desinformação ou hipocrisia.
Tem mais. Se esses embriões não forem utilizados em pesquisas serão descartados. Em português: a revogação da lei não mudaria em nada o destino inglório deles – o lixo; em compensação, prejudicaria o futuro de milhares de crianças, adolescentes, adultos e idosos, que precisam urgentemente que as pesquisas com células embrionárias avancem no Brasil.
“Ah, mas tem gente defendendo a adoção dos embriões. Não é uma saída?"
Não. A proposta é absurda. Se nos orfanatos brasileiros sobram milhares de crianças à espera de adoção, como é possível alguém pensar em adotar um tubinho? Tudo bem, embrião congelado não dá trabalho. Você não tem que dar mamadeira, educar, dar banho, levar à escola, às festas dos amiguinhos. É só pagar a clínica de reprodução assistida para guardá-lo. Mas será a opção a mais digna e humana? Por que não utilizá-los de forma ética e responsável em benefício do futuro e da evolução da humanidade, salvando vidas? Detalhe: a maioria dos casais que tem embriões congelados se recusa a doá-los para implantação em outro útero.
Pesquisa com embriões congelados não é aborto!
Opositores da Lei 11.105 também apregoam que as pesquisas com células embrionárias seriam aborto. É mentira.
A questão do aborto, porém, é igualmente importante. É problema de saúde pública no Brasil. O seu debate tem que ser feito separadamente do das células embrionárias, pois envolve outras questões éticas, jurídicas e de saúde.
Células reprogramadas podem provocar tumores
Os opositores das pesquisas com células-tronco embrionárias alardeiam que existem mais de 65 doenças sendo tratadas com células-tronco adultas. Infelizmente, é outra mentira. Basta consultar as mais respeitadas publicações científicas do mundo para descobri-la.
“Mas e o anúncio de que as células de pele podem ser programadas para se comportarem como embrionárias... Elas não seriam o recurso para se dispensar o uso de embriões em pesquisas?”
Realmente, trabalhos recentes sugerem que células-tronco adultas, como as da pele, podem ser programadas para se comportarem como embrionárias. Mas os
Além disso, as células reprogramadas estão associadas a:
* maior risco de geração de tumores;
* introdução de um vírus no organismo, cujos efeitos são imprevisíveis;
* ativação de mutações que se acumulam nas células-tronco adultas (mas estão silenciadas) e que podem ser muito patogênicas em tecidos derivados de células-tronco embrionárias reprogramadas.
O motivo desses riscos é o fato de a reprogramação das células adultas ir na
Agora, experimente pegar a calça pronta e transformá-la em saia. A roupa pode ficar com um furinho ou outra imperfeição que já existia na calça, mas você não via. É possível, inclusive, que ela fique tão comprometida que você não poderá usá-la. A roupa pronta equivale à célula-tronco adulta. É impossível prever no que resultará ao ser transformada em embrionária.
Academias de ciências dos Estados Unidos e da Itália apóiam
Conclusão: tanto as pesquisas
É a opinião majoritária dos cientistas, aqui e no exterior. Isso inclui as academias de ciências ao redor do mundo, entre as quais a dos Estados Unidos e a da Itália, onde fica o Vaticano, a sede mundial da Igreja Católica.
A luta pela vida está acima de todos os credos religiosos
É preciso que fique bem claro: respeitamos todos os credos religiosos; defendemos a liberdade e a tolerância religiosa. Consideramos, porém, que a liberdade de pesquisa não pode ser restringida por questões religiosas num Estado laico, como é do Brasil. Não se pode misturar ciência com religião. A junção é obscurantismo.
Não à toa 41 mil brasileiras e brasileiros – de diferentes níveis socioeconômicos, profissões, etnias, crenças religiosas, inclusive católicos – assinaram a petição Pró-células-tronco embrionárias, destinada ao Supremo Tribunal Federal. A petição representa a voz sociedade civil. O Viomundo ajudou a divulgá-la desde o início.
Faça o mesmo. Quem quiser apoiá-la, ainda dá tempo. Hoje são os Herberts, os Marcelos e os Joões que precisam que as pesquisas com células-tronco embrionárias prossigam. Amanhã talvez seja um de nós ou alguém muito querido.
Portanto, as Ministras e os Ministros do STF terão, no dia 5 de março, a chance de tomar uma decisão histórica: aprovar – já! -- a liberação das pesquisas com células-tronco embrionárias, e ajudar os cientistas a mudar a vida de milhares de brasileiros que hoje padecem e outros tantos que adoecerão nos próximos dias, meses e anos. A questão não é só de humanidade. É também de soberania científica do País. A não-aprovação das pesquisas com células tronco embrionárias excluirá irreversivelmente o Brasil desses avanços da ciência e da medicina.
Senhoras Ministras e senhores Ministros, por favor, não joguem a esperança no lixo! É por todos nós e pelas futuras gerações.
A cientista Mayana Zatz, professora de Genética da USP, assina embaixo. Ela é a porta-voz da Academia Brasileira de Ciências no tema células embrionárias e há 30 anos trabalha com doenças neuromusculares letais ou altamente incapacitantes. Já viu milhares de crianças, jovens e adultos afetados morrerem sem qualquer chance de cura. Daí o seu desejo: “Que a esperança vença o obscurantismo”.
Solidariamente é também o anseio desta repórter e o do Azenha. Ah, quer assinar a petição e passá-la adiante? É só clicar abaixo:
Todos vivemos sob a ameaça constante de nossa própria aniquilação. Parece que buscamos a morte e a destruição tanto como a vida e a felicidade. Estamos como impulsionados a assassinar e a ser assassinados, igual que a viver e deixar viver. Só mediante a mais ultrajante violação de nós mesmos, conseguimos aperfeiçoar nossa capacidade de vida, adaptados a uma civilização dirigida para a sua própria destruição.
Por isso temos tanto medo de viver e de amar como de morrer.
Povos cuja cultura foi alterada para a domesticação e o conformismo por décadas de ocupação, carecem de clareza e consciência de objetivos prioritários, que r lhes permite ver as próprias polaridades, paradoxos não resolvidos e assim, desconfiaremos uns dos outros, sentiremos que nos querem fazer dano e tentaremos fazê-lo.
Enquanto se invistam milhões em congressos e aparelhagem de paz, ou bobagens destrutivas, enquanto não nos valorizarmos, enquanto não apreciarmos o desenvolvimento intelectual, educativo, social para a transformação individual primeiro, coletiva depois e, conseguir tornar-nos pessoas livres seguiremos como estamos cheios de conflitos.
Todas as escolas, universidades devem se comprometer em resgatar o homem marginal, que tanto abunda em suas salas de aula em qualidade de alunos e professores, para levar essa transformação para o mesmo povo.
O homem de hoje, o capitalista de ontem, neoliberal específico como resultado do costumbrismo explorador, com avanços modernos que a ciência descobre segue sendo um marginal. Temos construído os últimos gritos de conforto e comodidade, ficamos à margem, fora sem nos levarmos em conta, assim a existência não tem sentido ao perder a consciência, o contato com nós mesmos.
O fenômeno se manifesta de maneira mais profunda nas grandes cidades, cópias das grandes urbes dos países desenvolvidos. Conglomerados de prédios, escritórios, centros comerciais, avenidas, autopistas, tudo em função da comodidade, rapidez e efetividade procurando o comprador compulsivo para o desperdício e, o homem cada vez mais só, adoecendo, se suicidando, em conflito consigo mesmo, acompanhado das pílulas e a televisão, sempre se guardando, receando a sua permanente falta de fé no ser humano, fundamentalmente em si próprio.
O pobre homem vive em locais luxuosos, com veículos de luxo, muitos com motoristas e empregados tratados com discriminação, roupa importada com nomes alheios, indo a festas com outros pobres homens, onde se anula, se elogia, se critica a vida de todos, sem mais entretenimento que uma viagem de drogas ou álcool, uma sedução furtiva designada no geral à decepção, confirmando mais uma vez sua pouca fé na humanidade. Quando não se sabe viver no presente, o futuro resulta ser sempre uma ameaça trágica. Assim foi no passado, assim poderá ser no futuro.
Dividir para vencer é o slogan imperial em ação desde faz um século ou mais para povos colonizados.
Se você confia lhe traem; se fala, lhe mal interpretam. Você sempre brigará por seus direitos, viver com medo e apreensão será uma constante. A violência, o sadismo, a vingança são parte permanente da vida dessas grandes cidades capitalistas, depósito de todas essas ingratidões e inconsciências que são parte da natureza humana em grandes proporções.
Se você decide deixar de ser marginal, se encontrará com as mais variadas desculpas para impedir-lhe as saídas. As travas da capitalização, por ser pobre, mal vestido, por ser veado, por ter cometido erros, por ser mulher, por estar grávidas, por ser de tal ou qualquer religião, por ser negro, por ser de tal partido, por ser mãe solteira, por ter sido guerrilheiro. É tanta a criatividade demonstrada pelos marginais para impedir que escapassem de tua ignorância mental e desestima. Impedir-lhe o crescimento e desenvolvimento é a estratégia, é quase inútil falar constantemente de paz, amor, prazer; você encontrará a negação do ser. São pequenos os grupos que procuram alternativas, poucos os que forcejam para sair desses novos campos de concentração férteis de mentiras e enganos.
No nosso assim chamado terceiro mundo, de grotesco modelo cultural, imperial, nos impõe que seres entediados existencialmente presos em ser peões carentes de sentido planificam, educam, orientam, fazem leis e se atrevem a corrigir as condutas de outros. Um marginal escravo mental planifica uma cidade sem árvores, uma comunidade sem espaço para correr e desfrutar, não atende as necessidades de outros porque desconhecem as suas próprias. Pendurando nas paredes dos escritórios, diplomas sem vida, com muitos programas ou modelos de exploração para os povos, e muito poucas mudanças para os outros.
No entardecer estes marginais especialistas voltam para suas casas, fecharão a cortina do autêntico, então voltarão a falar mal, esquivos, rancorosos, tomarão suas doses diárias de calmantes, brigarão com a família para lhes lembrar quem manda, levantarão cansados e entrarão sérios no escritório fazendo muito para que nada aconteça.
Este é o programa imposto de inconsciência para o terceiro mundo, onde os organismos de independência lhe dizem o que fazer, como fazê-lo e quando. Os títeres governantes de turno, os partidos políticos, os organismos públicos são ineficazes, porque sua militância, suas bases não são efetivas. As famílias não são efetivas porque seus pais e filhos o são. O sistema é medíocre porque seus componentes são marginais e, assim todos os povos aprendem a não serem efetivos, marginais de seus líderes e dirigências.
Nações, Estados, sociedades marginadas econômica, educativa, cultural, social, ecologicamente excluídas dos valores dos próprios costumes, povos que estão nos próprios países que não estão dentro deles, presos em duas culturas sem pertencer a nenhuma delas.
Escrevo em um sentido geral que direta ou indiretamente abrangem todas as formas possíveis de marginalidade. Ficamos ali no etimológico, estamos à margem e assim permanecemos. Marginalidade que não é necessariamente pobreza ainda que em nosso o seja, historicamente faz dela uma constante forma de vida como posição existencial, multidimensional. É um status de pobreza mental, de negação da própria experiência sul-americana, não consciência, não contato com as necessidades e objetivos nacionais e pessoais.
Versão em português: Tali Feld Gleiser de América Latina Palavra Viva.
Créditos: Fórum - dylan dog
Formato: RMVB
Áudio: Sueco
Legendas: Português (embutidas)
Duração: 1:31
Tamanho: 425 MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare
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Diretor: Ingmar Bergman
Roteiro: Ingmar Bergman
Fotografia: Gunnar Fischer
Montagem: Oscar Rosander
Produtores: Allan Ekelund e Svensk Filmindustri
Elenco:
Victor Sjöstrom — Professor Isak Borg
Bibi Andersson — Sara
Ingrid Thulin — Marianne Borg
Gunnar Björnstrand — Evald Borg
Jullan Kindahl — Agda
Folke Sundquist— Anders
Björn Bjelfvenstam — Viktor
Um professor aposentado viaja de automóvel de Estocolmo até a universidade em que lecionou, a fim de receber um título honorífico. Durante a viagem, um pesadelo desencadeia uma série de associações mentais que o fazem recordar episódios de sua longa vida. Belo estudo da velhice e da compulsão do ser humano para as recordações. O filme não vale para quem quer só diversão: é esplêndido, mas sério e difícil. Destaca-se pelo excelente uso do flashback, ótima fotografia em preto-e-branco, direção muito criativa de Bergman e interpretação brilhante do antigo diretor Sjöstrom como o velho professor. Vencedor do Urso de Ouro em Berlim.
Artigo: www.mnemocine.com.br/cinema/crit/bergman_claudia.htm
Crítica: http://epipoca.uol.com.br/filmes_critica.php?acao=D&idf=8866&idc=2307
IMAGENS:
terça-feira, 26 de fevereiro de 2008
Por Tali Feld Gleiser.
Antrop. O conjunto complexo dos códigos e padrões que regulam a ação humana individual e coletiva, tal como se desenvolvem em uma sociedade ou grupo específico, e que se manifestam em praticamente todos os aspectos da vida: modos de sobrevivência, normas de comportamento, crenças, instituições, valores espirituais, criações materiais, etc. (Dicionário Aurélio).
f. Conjunto de conhecimentos que permite que uma pessoa desenvolva seu julgamento crítico. (Real Academia Espanhola).
Parece que o julgamento crítico dos membros do Mercosul desapareceu definitivamente.
Em dezembro de 2007 firmou-se em Montevidéu um TLC entre este organismo e o estado de Israel. É uma vergonha para nós, habitantes desses países e latino-americanos um TLC e mais ainda com Israel.
O Brasil, destino de 77% das vendas israelenses aos membros do Mercosur, de acordo com o Ministro das relações exteriores Celso Amorim, foi além do TLC. Em recente vista a Israel, o Ministro assinou um acordo de cooperação cultural com esse país. Pergunto-me que tipo de cultura nos poderá transmitir um país cujo currículo escolar “alimenta o ódio aos árabes em geral e aos palestinos em particular, despojando-os de sua humanidade e descrevendo-os como selvagens, violentos, terroristas, retrasados, criminosos, sujos e animalizados”.[1]
“As crianças israelenses aprendem que a Terra Prometida de Deus tinha sido roubada por ladrões pagãos (árabes e muçulmanos) e que é um dever religioso cumprir o desejo religioso de Deus de limpar a Terra Prometida destes pagãos e construir uma casa para Deus”.[2] Ninguém pode reclamar que o estado de Israel não siga estes preceitos religiosos. Os goyim (não judeus) têm que desaparecer da terra prometida só para o povo escolhido por Deus.
Talvez o governo brasileiro pensasse que Israel poderia lhe ensinar como confinar os pobres em territórios onde falta literalmente tudo. Sabe-se que as favelas brasileiras são locais inabitáveis, mas, graças à cultura israelense de esmagar as casas com bulldozers, de destruir milhares de mesquitas e todo vestígio da sua cultura, as favelas poderiam ser urbanizadas, varrendo do mapa construções e habitantes. Negros, indígenas e minorias em geral deteriam de vez a sua mobilização popular já quase inexistente. Para que discutir as cotas raciais nas universidades brasileiras se o exemplo sionista for seguido?
E para que discutir a militarização das favelas se com a venda de armas e os sábios conselhos dos serviços de inteligência israelenses seria possível aplicar bombas de fragmentação que acabariam com todos os problemas? Ou que tal importar paramilitares colombianos treinados pelo Mossad para acabar com o pouco que resta dos movimentos populares no Brasil? Muros? Não precisamos. O muro permanente que divide a sociedade brasileira faz com que seja um dos países com maior concentração de renda.
Engana-se o governo brasileiro se acredita que assinar um tratado de cultura com Israel é respeitar a devoção histórica do povo judeu à cultura e o uso do conhecimento em prol da raça humana. O estado de Israel não tem nenhuma dessas características. Pelo contrário, quanto mais alienado e temeroso forem os israelenses-judeus, mais fácil será manter a apartheid e os privilégios de uns poucos. Israel pode nos transmitir como desconhecer sua própria história. Será que para o governo brasileiro é disso que o povo brasileiro precisa?
[1] Eli Bodia, pesquisador israelense da Universidade de Haifa. Estudo sobre o currículo acadêmico de história intitulado "A luta israelense nos livros de história acadêmicos hebreus".
[2] Elias Akleh. O terrorista sistema educativo israelense. www.rebelion.org
O atual governo e suas políticas são inimigos do avanço das esquerdas e das verdadeiras transformações sociais
O governo Lula corrói a esquerda silenciosamente, por dentro, nas entranhas, como o câncer. É diferente do que acontece quando se tem a luta aberta contra a direita, quando é possível identificar mais claramente os inimigos. Dizer o óbvio, que a direita é mais truculenta do que a geléia geral do governo Lula, não contribui para definir a tática da esquerda. A geléia geral é sim menos truculenta, mas é mais danosa na medida em que age no interior das fileiras da esquerda, divide as forças, acomoda, corrompe, coopta, quebra a capacidade crítica e a combatividade. A direita no governo é mais dura nas bordoadas, mas causa menos danos à essência dos compromissos políticos e éticos da esquerda.
O raciocínio esquemático de setores da esquerda costuma enfatizar que fazer oposição ao governo Lula é apostar no pior, e que o pior só favorece os inimigos da esquerda. De acordo com esse raciocínio, é preferível engolir o governo Lula e a política hegemônica do PT do que entregar o governo para o PSDB-DEM e caterva. Se os inimigos verdadeiros são o capital, a burguesia e seus representantes, no momento atual a situação é altamente favorável aos inimigos, já que o modelo econômico mantido pelo governo Lula – e os grandes negócios do Estado com o empresariado – tem permitido a mais estupenda acumulação, total liberdade de atuação, entrega dos recursos naturais e do patrimônio nacional – praticamente sem restrições.
Nunca o capital viveu uma situação tão vantajosa nos mais de cem anos de República. Além disso, contribui para deixar o inimigo à vontade o fato real e concreto de que a força hegemônica nas esquerdas, o PT, consente com as políticas do governo Lula e não oferece nenhuma resistência à espoliação capitalista. O capital está nadando de braçada justamente porque a esquerda dividida fornece um ambiente de “tranqüilidade e paz” para o avanço do capital sobre as forças do trabalho.
O raciocínio político que precisa ser colocado na conjuntura não pode ser obviamente em cima das eventuais benesses – circunstanciais e passageiras – proporcionadas pelo atual governo. Mesmo porque não existe nada sob controle no jogo eleitoral. Essa visão é essencialmente fisiológica, na medida em que contempla vantagens e desvantagens da atual aliança com o capital, seja nas políticas assistencialistas, na suposta contenção da selvageria ou nas inúmeras sinecuras a setores da militância antes ignorados e excluídos. Não dá para confundir estratégia política com lealdade e gratidão.
O que precisa ser verificado realmente é a análise se tais ações de governo contribuem ou não para a organização e o acúmulo de forças no campo popular e das esquerdas. E está claro, até o presente momento, desde 1º de janeiro de 2003, que o governo do PT com as forças conservadoras e de direita tem contribuído muito mais para reorganizar esses setores dominantes, revitalizar antigas oligarquias, vitaminar os grupos empresariais – do que fortalecer o outro lado.
Pela lógica dos amigos e inimigos, podemos afirmar que o atual governo e suas políticas são inimigos do avanço das esquerdas e das verdadeiras transformações sociais. É claro que no balanço das relações clientelistas com a sociedade, o atual governo tem ampla vantagem em relação aos anteriores. Mas no processo de lutas de médio e longo prazo, o atual governo é mais corrosivo do que uma eventual articulação das esquerdas para o enfrentamento aberto contra as forças do capital.
A reunificação e o avanço das forças de esquerda, com o respaldo do movimento social popular, só pode acontecer no momento de convergência da análise centrada no combate às oligarquias, ao capital e ao imperialismo; na proposta de construção de uma nova sociedade sem oprimidos e sem explorados. Se o governo federal não soma nesse processo, não viabiliza avanços contra os verdadeiros inimigos do povo brasileiro, o terreno da luta e da aglutinação só são possíveis no campo da oposição. Fazer oposição ao governo, portanto, não é escolher o pior, é impedir que o pior continue inviabilizando a articulação de forças no campo das esquerdas, é estabelecer uma fronteira clara – para ser facilmente identificada pelo povo – entre aquilo que fortalece o modelo hegemônico do capital e o que constitui a alternativa nacional, popular e socialista.
Não dá mais para ficar jogando fumaça no quadro político. O caminho precisa ganhar nitidez.
Hamilton Octavio de Souza é jornalista e professor da PUC-SP.