terça-feira, 11 de março de 2008

Filó Machado - Jazz de Senzala (2003)




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Brasil, 1968 (3): o assalto ao Céu, a descida ao Inferno




Mário Maestri

Sem lenço nem documento

Em 28 de setembro de 1968, no III Festival Internacional da Canção, da Globo, em São Paulo e acompanhado pelos Mutantes, Caetano Veloso apresenta a música "É proibido proibir", vestido de roupas de plástico colorido com colares exóticos no pescoço, enquanto um jovem estadunidense, ainda mais psicodélico, salta e berra no palco, como parte da coreografia. Da competição participava a canção finalista "Caminhando" ("Para não dizer que não falei das flores"), de Geraldo Vandré, que se tornaria uma espécie de hino da resistência. "Vem, vamos embora/ Que esperar não é saber/ Quem sabe faz a hora/ Não espera acontecer". As históricas vaias que recebe Caetano Veloso certamente interpretavam a consciência do público, formado quase exclusivamente por jovens, do distanciamento cada vez maior de parte da intelectualidade da resistência em refluxo. Em 1972, Elis Regina cantaria querer apenas "uma casa no campo, do tamanho ideal …". A defecção de seu parceiro Jair Rodrigues – "O morro não tem vez/ e o que ele fez já foi demais/ Mas olhem bem vocês/ Quando derem vez ao morro/ Toda a cidade vai cantar./" – seria ainda mais bucólica. Nos anos seguintes, apenas alguns artistas continuariam segurando a peteca e cutucando a onça com vara curta. Entre eles, sobretudo Chico Buarque, atacando nem que fosse com um despretensioso roquezinho, no estilo "Você não gosta de mim, mas sua filha gosta", ou com composições clássicas e duras como "Fado tropical", com Ruy Guerra, de 1972-73, ou "Cálice", de 1975, com Gilberto Gil. Seu "Apesar de você", de 1970, tornar-se-ia o hino da luta final contra a ditadura e da esperança de uma reparação dos crimes por ela cometidos que até hoje não se concretizou: "Hoje você é quem manda/ Falou, tá falado/ Não tem discussão"; "Você vai pagar e é dobrado/ Cada lágrima rolada/ Nesse meu penar".

O ano, que nascera sob o signo da vontade popular, concluía-se sob o tacão militar. A resistência iniciava sua descida aos infernos. Em 29 de agosto de 1968, tropas policiais e militares, poderosamente armadas, invadiam a Universidade de Brasília. As cenas registradas pela imprensa lembravam a ação das tropas de ocupação nazistas. Estudantes são obrigados a marchar com as mãos na cabeça e a deitar-se, sob as miras das armas. O golpe seria desferido dias mais tarde. Um anódino pronunciamento do deputado Márcio Moreira Alves, em 2 e 3 de setembro, pedindo o boicote da população ao desfile de Sete de Setembro, serve para que os militares apresentem o pedido de levantamento da imunidade do parlamentar, a fim de instaurarem o processo que desagravaria o pundonor castrense arranhado. Em 12 de dezembro, o Congresso Nacional rechaça o pedido aviltante. No dia seguinte, 13 de dezembro de 1968, o governo liquida o que restava de liberdade democrática. O caso Márcio Moreira Alves era uma justificativa.

No início do ano, em abril, o brigadeiro João Paulo Burnier propusera ao Parasar, serviço de salvamento da Aeronáutica, uma ampla campanha terrorista, com execuções individuais e atentados de massa, para fechar de todo o regime. O plano fora frustrado devido à oposição do capitão-aviador Sérgio Ribeiro Miranda de Carvalho, castigado e reformado pelo seu destemor. O Ato Institucional nº5 cerrou o Congresso, as Assembléias Legislativas, suspendeu o habeas-corpus, fortaleceu a censura, preparou o caminho para a repressão, para o aprisionamento, para a tortura, para a eliminação dos opositores.

O refluxo da mobilização popular tinha raízes muito mais profundas do que a repressão. Elas haviam passado despercebidas a uma oposição formada, em sua grande maioria, por jovens que apenas despertavam para a vida política. Desde inícios de 1968, após anos de recessão, a economia nacional expandia-se. A super-exploração dos trabalhadores, o ingresso de capitais internacionais, a reorientação da produção para a exportação, a abertura de novos mercados, relançavam a produção interna. O desemprego caía, a acumulação de capitais crescia, o empresariado nacional apegava-se ao regime que permitia aumentar fortemente seus ganhos. Agora, para os empresários, falar em democracia e direitos sindicais era uma indecência. Ao contrário, eles pediam, com insistência, mais repressão, chegando a financiar e participar diretamente da tortura, junto a policiais e militares. Nas décadas seguintes, a população nacional pagaria pateticamente a conta social e econômica do Milagre. Em meados de 1968, a expansão econômica e a repressão policial ganhavam vastos setores sociais, sobretudo das classes médias, para uma posição de apatia, se não de apoio inicialmente tíbio, a um regime militar que lhes prometia realizar os mais queridos desejos.

A queda da inflação, financiamentos habitacionais acessíveis e empréstimos a baixo custo permitiam que importantes setores das classes médias conquistassem o sonho da casa própria, do primeiro automóvel, da primeira viagem à Europa. Nos anos seguintes, ao visitar o Velho Mundo, os filhos do Milagre manter-se-iam distantes dos apestados banidos e exilados que eventualmente encontravam. Em 1969, em "Pequeno burguês", Martinho da Vila criticava o movimento estudantil, festejando a possibilidade de formar-se nas universidades pagas, incentivadas pela ditadura: "Dizem que sou burguês/ Muito privilegiado/ Mas burgueses são vocês". Também explícitos eram Dom e Ravel, em 1970, com "Eu te amo, meu Brasil, eu te amo/ Meu coração é verde, amarelo, branco, azul-anil/ Ninguém segura a juventude do Brasil". O claro sucesso de público dessas músicas registrava os novos ventos.

Em um cenário de progressão social, as classes médias fechavam comumente os olhos para a superexploração das classes operárias e para a repressão da oposição. Os militantes, que haviam nadado como peixe na água por entre uma população alçada contra o regime militar, sentiam-se agora como lambaris na frigideira. Nas Universidades, eram apontados com o dedo; antigos companheiros trocavam de calçada, para não serem vistos ou falarem com o famigerado subversivo. A expansão econômica neutralizaria importantes setores operários. Os baixos salários e os altos ritmos de produção foram vistos como uma quase libertação, por trabalhadores recém-chegados do campo. Jornadas de doze e mais horas de trabalho permitiam a aquisição de produtos de consumo durável, antes fora do alcance do orçamento popular — televisor, refrigerador etc. Sobretudo a expansão da indústria metal-mecânica criaria uma jovem aristocracia operária, bem paga relativamente. Ela se confrontaria poderosamente com o regime mais tarde, em fins dos anos 70, quando o retorno da inflação corroeria os salários.

Ousar lutar, ousar vencer

A modernização conservadora do país originaria um funcionalismo público federal bem remunerado, empregado nas grandes estatais, em expansão. O crescimento selvagem do ensino privado superior diminuía a pressão social devido à falta de vagas nas universidades públicas. As universidades federais foram reorganizadas, segundo padrões estadunidenses. Pela primeira vez criava-se uma burocracia acadêmica, bem paga e bem financiada, que mergulharia em grande parte, por mais de uma década, em um calmo e cômodo apoliticismo travestido de neutra cientificidade. Isolados socialmente, insensíveis ao novo contexto nacional, as organizações armadas travaram, a partir de 1969, o combate nas trevas a que se refere Jacob Gorender, em seu livro homônimo, pequeno clássico sobre aqueles duros anos. Presos entre o confronto dos grupos armados e a repressão, as organizações que não haviam se deixado arrastar pela aventura militarista tiveram suas possibilidades de intervenção duramente diminuídas, no contexto do confronto armado que se vivia no país. Incapazes de apresentarem um projeto político que interpretasse as necessidades das amplas massas e apresentasse formas de luta e de organização adaptadas à época, crescentemente isolada, a militância de esquerda caiu combatendo, foi aprisionada, tomou o caminho do exílio ou procurou sobreviver na dura situação de ditadura. Nos mais duros momentos, agoniados pelo peso da derrota, centenas de militantes permaneceram no país, organizando a resistência como podiam.

A ditadura do capital, que parecia vacilar em 1968, manter-se-ia ainda por longos anos, até 1985, quando a mobilização operária e popular conquistaria, finalmente, a redemocratização sem, porém, obter no momento da transição o direito a eleições diretas. Uma nova derrota ao substituir-se o regime militar por um governo que manteve no essencial as modificações institucionais empreendidas nos vinte anos de ditadura, em desfavor das classes subalternas, em favor dos privilegiados. De certo modo, simplesmente "se mudava tudo, para que tudo ficasse igual".

Aprofundada pela vitória da ofensiva neoliberal internacional de fins dos anos 1980, quarenta anos mais tarde, nesse 2008, a derrota de 1968 pesa ainda poderosamente sobre a vida nacional. Aquelas jornadas memoráveis são cada vez mais lembradas para, ainda com nostalgia condescendente, assinalar os muitos erros, os inúmeros enganos, para sugerir que jamais se devia ter combatido, que a batalha fora perdida de antemão – como é o caso de Zuenir Ventura, em seu best-seller ‘1968: o ano que não terminou’.

Neste 2008, permanece singularmente pertinente a concepção que sem "ousar lutar" não é possível vencer e que não há pior derrota que a sofrida sem combate. As jornadas de 1968, no Brasil e no mundo, não constituem simples sucessos históricos a serem narrados. Passados quarenta anos, 1968 permanece como esfinge enigmática, exigindo que sejam desvelados seus complexos sentidos. Como poderoso farol, segue ainda indicando, mesmo muito longe, no horizonte, o caminho seguro a ser seguido.

Mário Maestri é doutor em História pela UCL, Bélgica. É professor do curso e do programa de pós-graduação em História da UPF. Esteve preso, em 1968, quando estudante, e viveu, como refugiado, no Chile e na Bélgica, de 1971 a 1977.

E-mail: maestri@via-rs.net



Isso você não vê na Globo, nem na Veja...

CONTRA A VIOLÊNCIA DE ESTADO

Mais de 200 mil marcham contra Uribe na Colômbia

Em repudio às matanças perpetradas pelos paramilitares, milhares de colombianos protestaram contra o governo de Álvaro Uribe. Multidão chamou presidente de "lacaio imperialista". Jovens enfrentaram a polícia no fim do protesto. Pelo menos dez ficaram feridos.

BOGOTÁ - Como um rio furioso cujas águas tivessem estado represadas por anos, a maior multidão vista nos últimos tempos saiu às ruas de 21 cidades colombianas, no dia 6 de maço, para render tributo às vítimas dos paramilitares e de crimes de Estado.

Nesta capital, pelo menos 200 mil pessoas caminharam pela central Carrera Séptima rumo à Praça de Bolívar, que ficou cheia pelo menos três vezes ao longo de quase cinco horas, durante as quais os manifestantes lançaram duras críticas ao governo do presidente Álvaro Uribe.

As marchas que tinham sido qualificadas por altos funcionários governamentais como “de apoio à guerrilha”, foram uma verdadeira avalanche humana em que a maioria dos manifestantes acusou Uribe de ser aliado dos grupos paramilitares de extrema direita.

“Vamos à rua, derrubar o governo paramilitar”, gritavam centenas de estudantes da Universidade Nacional, enquanto milhares de trabalhadores de empresas estatais acusavam o mandatário colombiano de “fascista, lacaio imperialista”.

Organizadas pelo Movimento Nacional de Vítimas dos Crimes de Estado, as marchas tomaram um rumo inesperado quando os participantes se pronunciaram sobre os mais recentes acontecimentos políticos, incluída a crise diplomática com o Equador e a Venezuela. Inclusive, numerosos manifestantes marcharam ao grito de “Chávez sim, Uribe não”, no meio dos aplausos do grande público que se lotava cada lado da principal avenida da capital colombiana.

Jaime Caicedo, vereador de Bogotá pelo Pólo Democrático (esquerda) disse para La Jornada que a massiva mobilização era uma contundente resposta à idéia vendida pela mídia de que Uribe conta com o apoio majoritário dos colombianos. “Parece que os pesquisadores nunca perguntaram a opinião destas centenas de milhares de colombianos”, ironizou.

No cair da tarde, quando a manifestação na Praça de Bolívar já estava se dissolvendo, centenas de jovens tiveram um enfrentamento com a polícia, que literalmente tinha ocupado o centro da cidade. Os fatos derivaram para uma verdadeira batalha campal que deixou um saldo de pelo menos 10 feridos, vultosos danos em locais bancários e comerciais, e um número indeterminado de detidos.

Um dos organizadores da homenagem às vítimas, Iván Cepeda, filho do senador comunista Manuel Cepeda, assassinado em 1992, confessou para este correspondente que a magnitude da marcha superou suas expectativas e explicou que participaram, além de órfãos e viuvas, milhares de camponeses expulsos de suas terras pelas ações dos grupos paramilitares.

De acordo com cifras de organismos especializados, mais de quatro milhões de pessoas foram vítimas do êxodo forçado após centenas de massacres perpetrados pelos paramilitares. Atualmente, mais de 60 congressistas que apoiaram a eleição de Uribe estão presos ou são investigados por seus vínculos com os esquadrões da morte.

Cepeda acrescentou que também houve homenagens às vítimas dos paramilitares e dos crimes de estado em 150 cidades dos cinco continentes.

La Jornada entrevistou, também, um grupo de jovens associados ao movimento “Filhos e Filhas”. Alejandra Gaviria, cujo pai foi assassinado no início dos anos 80 na cidade de Medellín, disse que não permitirá que este crime seja esquecido. Explicou que até agora o assassinato de seu pai está impune. “Por isso, um dos nossos lemas é: nem perdão nem esquecimento, castigo para os assassinos”.

Também foram destaque nas marchas a grande quantidade de coloridas expressões culturais: pequenas representações da violência, música e dança.

Tradução: Naila Freitas / Verso Tradutores

segunda-feira, 10 de março de 2008

Tim Maia & os cariocas - amigo do rei


Créditos:SomBarato


1.Ter Você É Ter Razão
2.Essa Tal Felicidade
3.Ela É Carioca
4.Lindeza
5.Amigo Do Rei
6.Não Quero Dinheiro, Só Quero Amar
7.Telefone
8.Samba Do Avião
9.Azul Da Cor Do Mar
10.Valsa De Uma Cidade

*contribuição de Paulo Eduardo

"Mate 100 turcos, e descanse…"

Uri Avnery**

Lembrei-me, esta semana, daquela velha história de uma mãe judia, separando-se do filho convocado para servir o exército do czar contra os turcos.

“Não exija demais de você mesmo”, aconselhava ela ao filho. “Mate um turco, e descanse. Mate outro turco, e descanse outra vez…”

“Mas, mamãe”, diz o filho, “E se o turco me matar?”

“Matar você?”, ela grita, indignada. “Por quê? Que mal você fez a ele?!”

Não é piada (e esta não é semana para piadas). Aí está uma lição de psicologia. Lembrei-me dela, ao ler que Ehud Olmert declarou que o que mais o enfureceu foi a explosão de alegria em Gaza, depois do ataque em Jerusalém, no qual foram mortos oito estudantes yeshiva.

Antes disto, semana passada, o exército de Israel matara 120 palestinos na Faixa de Gaza, metade dos quais civis, além de dúzias de crianças. Não foi “mate um turco, e descanse”. Foi “mate 120 turcos, e descanse”. Isto, Olmert não entende.

A GUERRA DOS CINCO DIAS em Gaza (como disse o líder do Hamás) foi mais um curto capítulo da luta entre israelenses e palestinos. Este monstro sanguinário nunca está satisfeito. Quanto mais come, mais sente fome.

Este capítulo começou com o “assassinato seletivo” de cinco altos militantes, dentro da Faixa de Gaza. A “resposta” foi uma chuva de foguetes e, desta vez, não só sobre Sderot, mas também sobre Ashkelon e Netivot. A “resposta” à “resposta” foi a incursão pelo exército de Israel e a matança.

O objetivo declarado foi, como sempre, fazer parar os foguetes. O meio: matar o maior número possível de palestinos, para dar-lhes uma lição. A decisão baseou-se num tradicional conceito vigente entre os israelenses: mate civis, mate e mate, até que os líderes caiam. Cem vezes Israel já tentou esta “solução”; cem vezes fracassou.

Como se faltasse algum exemplo da loucura dos que divulgam este conceito, lá estava, na televisão, o ex-general Matan Vilnai, para “declarar” que os palestinos “trazem a Shoah para eles mesmos”.

A palavra Shoah, em hebraico, só significa uma coisa, em todo o mundo, e só uma: é o holocausto dos judeus, pelos nazistas. A fala de Vilnai incendiou o mundo árabe e provocou uma onda de choque. Também eu recebi dúzias de telefonemas e mensagens de e-mail, de todo o mundo. Como convencer as pessoas de que, no hebraico coloquial, na fala diária, Shoah significa “apenas” uma catástrofe, um grande desastre, e que o General Vilnai, que já foi candidato a presidente, nunca foi o mais inteligente dos homens?

Há alguns anos, o presidente Bush convocou uma “Cruzada” contra o terrorismo. Não sabia que, para centenas de milhões de árabes, a palavra “cruzada” evoca um dos maiores crimes jamais perpetrados na história humana, o horrendo massacre de muçulmanos (e judeus) pelos primeiros “cruzados”, nas vielas de Jerusalém. Um concurso de inteligência, entre Bush e Vilnai, provavelmente, acabaria empatado.

VILNAI NÃO ENTENDE o que significa a palavra “Shoah”, para os diferentes dele; e Olmert não entende por que houve júbilo em Gaza depois do ataque à escola yeshiva, em Jerusalém. Sábios como estes dois dirigem o Estado, o governo e o exército. Sábios como estes dois controlam a opinião pública, porque controlam a mídia. O que há de comum entre todos estes sábios: a mesma insensibilidade, a mesma cegueira, que os impede de ver o que sentem os não-judeus, os não-israelenses. Desta cegueira nasce a incapacidade para entender a psicologia do outro lado; e, depois, tampouco entendem as conseqüências de suas palavras e atos.

A mesma cegueira explica a incapacidade para entender por que o Hamás declarou-se vitorioso na Guerra dos Cinco Dias. Que vitória? Feitas as contas, morreram só dois soldados e um civil israelenses, e foram mortos 120 palestinos, combatentes e civis.

Mas a batalha travou-se entre um dos mais poderosos exércitos do mundo, equipado com o armamento mais moderno que há no planeta, contra umas poucas centenas de combatentes de milícias, com armamento primitivo. A retirada – e este tipo de combate sempre termina em retirada – sempre é uma vitória para o lado mais fraco. Aconteceu na Segunda Guerra do Líbano e aconteceu na Guerra de Gaza.

(Binyamin Netanyahu é autor de uma das “declarações” mais estúpidas da semana; exigiu que o exército de Israel “esqueça os movimentos de atrito e decida o combate”. Numa luta como esta, não há como decidir coisa alguma.)

O resultado real deste tipo de operação não se manifesta em números, em quantidades: tantos mortos, tantos feridos, tais e tais prédios destruídos. O resultado, aí, só tem expressão psicológica, resultados que não podem ser medidos e, portanto, são incompreensíveis para cabeças de generais: quanto ódio acrescentou-se ao ódio existente, quantos novos homens-bomba surgiram, quantos mais juraram vingança e converteram-se em bombas vivas – como o jovem de Jerusalém que acordou uma manhã, esta semana, arranjou uma arma, andou até a escola Mercaz Harav yeshiva, aquele ninho de onde nascem todas as colônias e “assentamentos”, e matou a maior quantidade de israelenses que conseguiu matar.

Agora, as lideranças políticas e militares de Israel reúnem-se para discutir o que fazer, como “responder”. Não tiveram nem terão qualquer idéia nova, porque políticos e generais são incompetentes para gerar idéias novas. Só sabem repetir as idéias de sempre, o que já fizeram centenas de vezes, e fracassaram centenas de vezes e fracassarão sempre.

O PRIMEIRO PASSO para sair deste círculo de loucura é começar a questionar os conceitos e métodos que Israel tem usado nos últimos 60 anos. E recomeçar a pensar, do começo, desde o início.

Isto sempre é muito difícil. E é ainda mais difícil para Israel, porque as lideranças em Israel não têm liberdade para pensar – o pensamento, em Israel, está sempre amarrado ao que pensem os líderes norte-americanos.

Esta semana, foi publicado um documento chocante: o artigo de David Rose em Vanity Fair. Ali está contado como, nos últimos anos, funcionários dos EUA têm ditado cada passo de lideranças palestinas, nos mínimos detalhes. Embora o artigo não toque nas relações EUA-Israel (uma omissão que, de fato, é surpreendente) sabe-se, mesmo que não se leia, que a ação norte-americana, nos mínimos detalhes, é coordenada com o governo de Israel.

Por que chocante? Em termos gerais, não há novidades, no artigo: (a) os norte-americanos mandaram que Mahmoud Abbas mantivesse as eleições parlamentares, para que Bush aparecesse como aquele que levou a democracia ao Oriente Médio. (b) O Hamás foi eleito – o que não se esperava que acontecesse. (c) Os americanos impuseram um boicote aos palestinos, para ‘desconstruir’ o resultado das eleições. (d) Abbas afastou-se um passo da política que lhe foi ordenada, sob auspícios (e pressão) da Arábia Saudita; e fez um acordo como o Hamás. (e) Os americanos cortaram-lhe as asas e obrigaram Abbas a entregar todos os serviços de segurança a Muhammad Dahlan, escolhido pelos norte-americanos para o papel de homem-forte na Palestina. (f) Os americanos deram armas e dinheiro a Dahlan, treinaram seus homens e ordenaram que criasse um golpe militar contra o Hamás na Faixa de Gaza. (g) O governo eleito do Hamás abortou o movimento e respondeu, o próprio Hamás, com um contra-golpe armado.

Até aí não há novidades. Tudo isto já era sabido. A novidade é que esta mistura de noticiário, boatos e apostas inteligentes apareça condensada em relatório bem-informado, formulado a partir de documentos oficiais dos EUA. É prova da abissal ignorância dos EUA, só comparável à abissal ignorância de Israel, quanto aos processos internos da Palestina.

George Bush, Condoleezza Rice, o neoconservador sionista Elliott Abrams e os generais norte-americanos, que nada sabem sobre coisa alguma, competem com Ehud Olmert, Tzipi Livni, Ehud Barak e com os generais israelenses, que sabem, sobre a Palestina, o que caiba do fundo à ponta dos canhões de seus tanques.

Os norte-americanos, enquanto isto, já destruíram Dahlan porque o expuseram como seu agente, na linha do “é um filho-de-puta, mas é o nosso filho-de-puta”. Esta semana, além do mais, Condoleezza detonou um golpe mortal contra Abbas. Ele anunciou, de manhã cedo, que estava suspendendo as negociações (tempo perdido) de paz com Israel – o mínimo que podia fazer, depois das atrocidades que o exército de Israel cometeu em Gaza. Rice, que soube disto quando tomava café da manhã na estimulante companhia de Livni, imediatamente convocou Abbas e ordenou que desdissesse o que acabava de dizer. Abbas obedeceu e expôs-se, ele mesmo, nu em pêlo, ao seu próprio povo.


A LÓGICA não foi dada ao povo de Israel no Monte Sinai. Mas, sim, foi dada no Monte Olimpo, aos antigos gregos. Apesar desta dificuldade local, tentemos aplicar aqui, alguma lógica.

O que o governo de Israel está tentando conseguir, em Gaza? Quer derrubar o Hamás (e, marginalmente, também quer que parem os foguetes e morteiros contra Israel).

Israel já tentou obter o que quer mediante um bloqueio total contra a população palestina, na esperança de que, assim, a população levantar-se-ia contra o Hamás. O plano falhou. O “plano B” seria reocupar toda a Faixa de Gaza. Mas isto custará um alto preço em vidas de soldados, preço mais alto, talvez, do que a opinião pública em Israel está disposta a pagar. Além disto, de nada adiantará, porque o Hamás reaparecerá no momento em que as tropas de Israel se retirarem. (Mao Tse Tung ensinava, como primeira lição na guerra de guerrilhas: “Se o inimigo avança, retrocede. Se o inimigo retrocede, avança.")

O único resultado da Guerra dos Cinco Dias foi o fortalecimento do Hamás e o aumento do apoio que recebe do povo palestino – não só na Faixa de Gaza, mas na Cisjordânia e também em Jerusalém. O Hamás tinha, sim, o que celebrar, naquela festa da vitória. Os foguetes não pararam. E aumentaram a capacidade de fogo e o alcance.

Mas suponhamos que a política de Israel tivesse dado certo e que o Hamás tivesse sido derrotado. E daí? Abbas e Dahlan não podem voltar sobre a cabine dos tanques israelenses como sublocatários da ocupação. Nenhuma empresa de seguros de vida os aceitará como segurados. E, se não voltarem, será o caos, do qual emergirão forças tão extremistas que, hoje, ainda nem as podemos imaginar.

Conclusão: o Hamás está lá. Não pode ser ignorado. Temos de construir um cessar-fogo com o Hamás. Não a partir de uma oferta ridícula, do tipo “se eles pararem primeiro, nós paramos depois”. Cessar-fogo, como o tango, precisa de dois. É preciso que haja um acordo prévio e detalhado que inclua a cessação de todas as hostilidades, armadas e outras, em todos os territórios.

Nenhum cessar-fogo será efetivo se não houver negociações, conversações, que têm de começar logo, e que levem a um armistício de longo prazo (a “hudna”) e à paz. Estas negociações não podem acontecer com o Fatah, e sem o Hamás; nem com o Hamás, e sem o Fatah. Portanto, é preciso que se construa um governo palestino em que se reúnam os dois movimentos. É preciso convocar personalidades que gozam da confiança de todo o povo palestino; Marwan Barghouti, por exemplo.

Não há uma única voz, nem entre as lideranças em Israel nem entre as lideranças nos EUA que se atreva a declará-lo abertamente. Mas esta política é precisamente o avesso, o contrário, da política em curso, pensada por EUA-Israel, e que proíbe até que Abbas converse com o Hamás. Portanto, continuaremos a ver o que temos visto.

Mataremos 100 turcos, e descansaremos. E, vez ou outra, algum turco nos matará, alguns de nós.

Por quê, pelo amor de deus?! Que mal Israel fez a eles?!


**Uri Avnery,85 anos, é membro fundador do Gush Shalom (Bloco da Paz israelense). Adolescente, Avnery foi combatente no Irgun e mais tarde soldado no exército israelita. Foi três vezes deputado no Knesset (parlamento). Foi o primeiro israelense a estabelecer contato com a liderança da Organização para a Libertação da Palestina (OLP) em 1974. Foi durante quarenta anos editor-chefe da revista noticiosa Ha'olam Haze. É autor de numerosos livros sobre a ocupação israelense da Palestina, incluindo My Friend, the Enemy (Meu amigo, o inimigo) e Two People, Two States (Dois povos, dois Estados).


* URI AVNERY, 8/3/2008, "Kill a hundred Turks and rest…", na página de Gush Shalom [Grupo da Paz], em http://zope.gush-shalom.org/home/en/channels/avnery/1205012429/

Brasil, 1968 (2): o assalto ao Céu, a descida ao Inferno

Mário Maestri - CorreioDaCidadania




A cultura é do povo



A explosão de criatividade invadiu as artes, sobretudo a música, o teatro, o cinema, a produção editorial nacionais. Uma estética radical de raízes tupiniquins garantia momentos de glória ao cinema nacional. Nélson Pereira dos Santos filmara o clássico "Vidas Secas", em 1963, e Anselmo Duarte conquistara Cannes com o "Pagador de Promessas", de 1962. O quase menino Glauber Rocha dirigira "Terra em Transe", em 1967, e concluiria, em 1969, "O dragão da maldade contra o santo guerreiro". Filmaria a grande mobilização carioca de 1968 para projeto cinematográfico jamais concretizado. Bertolt Brecht era uma constante nos teatros nacionais com "Os fuzis da senhora Carrar", "Galileu Galilei", "A ópera dos três vinténs", "Mãe coragem e seus filhos". A dramaturgia nacional plantava raízes próprias com "Liberdade, liberdade" e "Arena conta Zumbi", de 1965; "Arena conta Tiradentes", de 1967; e com encenações explosivas como "Roda-viva", de 1968, objeto de ataques de grupos paramilitares direitistas.



Em um país de poucos leitores, com a televisão ainda engatinhando, o combate cultural enfuriava quando se tratava da música popular. Apenas parcialmente inconscientes do papel que cumpriam, Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Vanderléia e a turma da "Jovem Guarda" pregavam a despolitização e só pediam "que você me aqueça nesse inverno e que tudo mais vá para o inferno". A esquerda dominava totalmente o campo, com uma seleção que só aceitava craques: Caetano, Chico, Elis Regina, Jair Rodrigues, Gilberto Gil, Geraldo Vandré, Vinícius de Morais etc. Quando dos festivais da canção, a disputa politizada transformava-se em uma quase batalha campal.



Através da música, debatiam-se os projetos para o futuro do país. Em uma época sem cerimônias, iconoclasta, o público levantava-se contra os monstros sagrados que construía caso ousassem sair da linha, ou do que se pensava que fosse a linha. Em 28 de março de 1968, três dias antes do quarto aniversário do golpe, as polícias militares do Exército e da Aeronáutica invadem o restaurante do Calabouço, no Rio de Janeiro, e disparam à queima-roupa contra os estudantes, matando Édison Luís de Lima Souto, de 18 anos. No dia seguinte, sexta-feira, a antiga capital da República pára para que sessenta mil populares acompanhem a despedida ao secundarista. A resposta é violenta. Por diversos dias, a cidade tornou-se campo de acirrada batalha. De um lado, estudantes e populares. Do outro, polícia e exército. Universitários, secundaristas e populares são mortos. Ao deslocarem-se pelas ruas do Centro, os soldados protegem-se debaixo das marquises dos objetos atirados desde os edifícios. Um policial militar, a cavalo, morre ao receber na cabeça um pesado balde, ainda carregando cimento fresco, lançado desde um edifício em construção.



Cem mil contra a ditadura



A agitação estudantil alastra-se pelo Brasil, com manifestações nas principais capitais. Na quarta-feira, 26 de junho, o movimento alcança seu ápice. No Rio de Janeiro, cem mil manifestantes concentram-se na Cinelândia e desfilam pelo Centro, em uma demonstração permitida pelo governo. Cinqüenta mil pessoas protestam nas ruas de Recife. As grandes manifestações alcançam efeito inesperado. Dias mais tarde, uma comissão da "Passeata dos Cem Mil", do Rio de Janeiro, é recebida em Brasília pelo ditador Costa e Silva. Entre os membros da delegação, encontra-se um representante da UNE, entidade colocada na ilegalidade imediatamente após o golpe. Entretanto, o encontro não tem conseqüências.



A mobilização operária levara a oposição sindical a planejar um amplo movimento grevista para o fim do ano, quando da data-base de importantes categorias. A explosão das manifestações de junho aceleraria a greve. Em 16 de julho, José Ibrahim, presidente do sindicato dos metalúrgicos de Osasco, de 20 anos, ligado à organização militarista VPR, põe-se à frente de uma paralisação da COBRASMA, com ocupação da empresa e aprisionamento dos funcionários graduados, à qual aderem dez mil trabalhadores de outras indústrias. O movimento exige reajuste de 35%, reposição salarial cada três meses e outras reivindicações. A ditadura militar responde violentamente. Centenas de trabalhadores são presos e despedidos. A COBRASMA é invadida. José Ibrahim mergulhou na clandestinidade, de onde partiria mais tarde para o Chile e a seguir para a Bélgica. Zequinha, dirigente operário da COBRASMA, é preso e torturado. Após cinco dias, a greve quebrava-se. Uma segunda paralisação, em Contagem (MG), em outubro, é reprimida com facilidade. A greve geral do fim do ano jamais seria tentada.



No país, decresce a mobilização. Em 12 de outubro, o movimento estudantil, espinha dorsal da oposição, recebe forte golpe. Subestimando a repressão, a direção da UNE reúne, para seu 30° Congresso em um sítio em Ibiúna, cidadezinha do interior de São Paulo, milhares de delegados de todo o país. A prisão dos participantes permite a detenção das direções e o mapeamento das lideranças estudantis do norte ao sul da nação. No mesmo dia em que caía o congresso de Ibiúna, era varado pelas balas de um comando militar da VPR, diante de sua residência em São Paulo, o capitão estadunidense Charles Chandler, funcionário da CIA, ‘estudando’ Sociologia no Brasil.



Os dois acontecimentos ilustravam a orientação que viveria a resistência nos anos seguintes. Ações armadas de grupos de corajosos jovens militantes, isolados socialmente, pretendendo substituir o movimento de massas em refluxo. Em 2 de outubro, na capital mexicana, na Praça das Três Culturas, de duzentos a trezentos estudantes e populares foram massacrados pelo exército e policiais durante concentração, dez dias antes do início dos Jogos Olímpicos, que se realizaram sem quaisquer pruridos morais.



Sobretudo de 1969 a 1973, organizações de esquerda militaristas, inspiradas no foquismo guevarista, lançariam ações espetaculares - assaltos a bancos, seqüestros de embaixadores e de aviões, execuções de torturadores, guerrilhas rurais etc. - sem que os trabalhadores urbanos e rurais aderissem à proposta de luta armada imediata, milhões de anos-luz longe de suas consciências, necessidades e capacidade de organização na época. Isoladas, as organizações seriam dizimadas, uma após a outra, pela repressão, que se estenderia igualmente aos militantes voltados para a organização dos trabalhadores e classes populares. Por esses anos, automóveis da nova classe média ascendente invadiam as ruas, portando o autocolante "Brasil: ame-o ou deixe-o", distribuído pela repressão, simples tradução da consigna direitista estadunidense "America love it or leave it".



Para ler o primeiro artigo da série, clique aqui. Ou acesse via http://www.correiocidadania.com.br/content/view/1497/47/



Mário Maestri édoutor em História pela UCL, Bélgica. É professor do curso e do programa de pós-Graduação em História da UPF. Esteve preso, em 1968, quando estudante, e viveu, como refugiado, no Chile e na Bélgica, de 1971 a 1977. E-mail: maestri@via-rs.netEste endereço de e-mail está protegido contra spam bots, pelo que o Javascript terá de estar activado para poder visualizar o endereço de email

domingo, 9 de março de 2008

Classe média

Vídeo de animação para a música "Classe média", do cantor brasileiro Max Gonzaga

Os negócios nebulosos do Grupo Abril

Entenda o que está por trás de Colômbia x Equador

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Os USA estão pouco se lixando para o narcotráfico e para as Farc. O objetivo deles é matar o Chávez para botar as mãos no petróleo venezuelano. As reservas de petróleo dos USA só duram por mais 8 anos. Os jornais O Globo, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, revista Veja, TV Band, TV Globo, SBT rádio CBN, apóiam a invasão colombiana.

Cláudio Tognolli

Entenda o que está por trás da invasão do Equador pelo exército colombiano, liderado pelos norte-americanos e o serviço secreto de Israel o Mossad, que matou mais de vinte pessoas entre elas o porta-voz das Farc que negociava a libertação de reféns.

1 - Não é a primeira vez que O governo colombiano entra em conflito com as Farc.

2 - Não é a primeira vez que UM governo colombiano entra em conflito com as Farc.

3 - Não é a primeira vez que as Farc entram em território do Equador, Brasil e Venezuela para se proteger e/ou abastecer, sem o conhecimento e o consentimento de seus respectivos governos.

4 - MAS É a primeira vez que o governo colombiano invade território estrangeiro para eliminar tropas das Farc.

5 - Por que agora? Qual a urgência? Por que justamente o líder das Farc mais favorável ao diálogo e aquele que dialogava com a França e com Chávez para a libertação dos reféns?

6 - Até agora, quem mentiu foi o governo colombiano. Disse que havia entrado no Equador em perseguição a uma coluna das Farc em fuga e reagido a tiros daquela. O que se viu no sítio foram sinais de execução de guerrilheiros que dormiam (todos estavam usando pijamas) e foram surpreendidos por tropas bem equipadas, inclusive por ataque aéreo, e treinadas para tal. ...

7 - A operação foi ato pensado e refletido e com retaguarda política de peso. Não havia justificativa para este extremo. As Farc de longe não têm poder para desafiar o governo. O governo não fazia operação para libertar reféns ou ganhar território. Era para eliminar liderança.

8 - Uribe vinha sendo seguidamente colocado contra a parede com as negociações entre Chávez, as Farc e o governo francês. Tinha que engolir o que não queria fazer. Encontrou um meio de acabar com isto em alto estilo. E os EUA? Mantêm Uribe sob proteção.

9 - Além de acabar com sua principal fonte de preocupação ultimamente, as conversações entre as Farc e Chávez, Uribe consegue unir o país em torno de si em momento de crise e retoma sua principal plataforma política, que é a solução militar contra as Farc.

10 - De quebra, pode eliminar também uma futura concorrente política, Ingrid betancourt, que poderia ser libertada e lhe fazer frente, com legitimidade para apresentar-se capaz de bancar um acordo político com as Farc, anulando a principal plataforma de campanha de Uribe.

11 - Os EUA têm na Colômbia de Uribe seu único porto seguro na América do Sul. Ver o aliado enfraquecido não é bom. Um acordo de paz com as Farc também não é bom. Retira dos EUA sua desculpa para permanecer na Colômbia...

12 - A crise política entre as nações é uma mão na roda para os EUA. Provoca instabilidade, torna Uribe ainda mais dependente dos americanos e é desculpa para reforçar sua presença no continente.

13 - O alvo principal dos americanos é a Venezuela. Os americanos não dão a mínima para a coca da Colômbia. Dependendo do desenrolar da crise, os americanos podem achar o que procuravam há muito para eliminar Chávez.

14 - Cabe ao governo brasileiro diagnosticar bem a situação e posicionar-se como mediador e tentar anular o passo americano. É uma grande oportunidade de exercer liderança. Nada de declarações apressadas. O momento é de conversa de bastidor...

Veja abaixo um trecho de texto de uma matéria da conceituada revista norte-americana Newsweek onde fala sobre um relatório da inteligência do Departamento de Defesa dos USA que diz que o Uribe, presidente da Colômbia, tinha e tem envolvimento com os narcotraficantes...continua...

As mídias do Brasil tentam fazer a gente aceitar que as Farc é que são ligadas aos traficantes da Colômbia. (quem for alienado que acredite)

“Da lista negra para uma lista
Uma vez julgado como mau garoto, Uribe é agora um aliado superior.

por Joseph Contreras e Steven Ambrus Newsweek

Edição de 9 de agosto de 2004

Um relatório da inteligência do Departamento de Defesa, datado setembro 1991, que era secreto, mas foi liberado para o público, indica quem é quem no comércio da cocaína da Colômbia.

A lista inclui o mestre do cartel de Medellin, Pablo Escobar, e mais de outros 100 entre assassinos, traficantes e advogados contratados pelo tráfico. No documento na página 82 diz: “Alvaro Uribe Vélez -- um político e senador colombiano se dedicou à colaboração com o cartel de Medellin em níveis elevados do governo.

Uribe foi ligado a um negócio envolvido em atividades do narcotráfico nos Estados Unidos.…. Uribe trabalhou para o cartel de Medellin e é um amigo pessoal próximo de Pablo Escobar Gaviria. “Escobar morreu em uma invasão pela polícia em 1993 . Dois anos atrás nesta semana, Uribe se tornou presidente da Colômbia...

Washington o ama. (The list was obtained by the National Security Archive, an independent U.S. research group.) (…)"

Os USA estão pouco se lixando para o narcotráfico e para as Farc. O objetivo deles é matar o Chávez para botar as mãos no petróleo venezuelano. As reservas de petróleo dos USA só duram por mais 8 anos.

Os jornais O Globo, Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, revista Veja, TV Band, TV Globo, SBT rádio CBN, apóiam a invasão colombiana.

Quase todas essas mídias que citei acima trazem hoje como manchete o " suposto" e inverossímil envio para as Farc pelo Chávez de U$ 300 milhões de dólares, (INVENCIONICE) TUDO NÃO PASSA DE uma tentativa de desviar o foco dos leitores da questão principal que é a invasão de um país por outro o que é gravíssimo.

Tudo o que está escrito aqui, legitima tudo o que o Chávez vem fazendo para proteger a Venezuela, seu povo, se proteger e proteger a América do Sul dos USA...
http://www.newsweek.com/id/54793

Pergunto:
Se a Venezuela não tivesse petróleo será que os USA estariam de briga com o Chávez? NÃO.

Será que se o Afeganistão, Iraque e Irã não tivessem jazidas de petróleo e gás os USA, mesmo assim, teriam arrumado encrenca com esses países? NÃO.

A Arábia Saudita, que tem a maior jazida de petróleo fino do mundo e que é um dos aliados dos USA, e que é uma ditadura deveria também ser invadida pelos USA? Pela lógica acima = SIM.

Ultimamente os USA têm se relacionado como aliado ou inimigo de países que têm jazidas de petróleo e gás? Como aliado, lógico. Será coincidência?

Será que os interesses dos USA são os mesmos da Colômbia e da América do Sul?

Vejam abaixo, trecho do livro da biografia não autorizada do Uribe, feita pelo mesmo jornalista da Newsweek da matéria acima:

Uribe, o narcotraficante

O pai de Álvaro Uribe Velez, Alberto Uribe Sierra, foi narcotraficante detido com o objectivo de o extraditar para os Estados Unidos em 1982 mas, graças às manipulações de Álvaro Uribe filho, foi posto em liberdade, sendo depois, como o declara o mesmo Álvaro Uribe, morto pelas FARC-EP, assim o dizem, pelas suas acções narcoparamilitares.

O jornalista Joseph Contreras, no seu livro "O Senhor das Sombras", "Biografia de Álvaro Uribe", disse que é bem conhecido que o helicóptero que trasladou o cadáver de Alberto Uribe, pai do actual Presidente da oligarquia colombiana, da herdade familiar até Medellin era um aparelho que do Cartel de Medellin, de Pedro Escobar", especificamente.

Ao enterro do fazendeiro, segundo o jornalista Fábio Castillo, assistiu o então Presidente da Republica, Belisário Betancourt Cuartas e uma boa parte da nata da sociedade antioquenha, no meio de velados protestos dos que conheciam os vínculos de Uribe Sierra com a cocaína.

Algum tempo depois o helicóptero Huges 500 de matrícula colombiana HK2704X, propriedade da família de Álvaro Uribe, foi encontrado no maior laboratório de cocaína descoberto na Colômbia, chamado "Traquilandia". Ao ser interrogado sobre o assunto, Uribe, visivelmente acabrunhado, respondeu com a desculpa infantil, que tinham perdido o aparelhito e que se tinham esquecido de participar o desaparecimento.

O mais espantoso (e perigoso) para nós brasileiros é ver grande parte da mídia (GLOBO - SBT - BAND - ESTADÃO - VEJA - FOLHA) apoiarem essa invasão. Prova de que essas "organizações midiáticas" estão atreladas de forma "UNDERSECRET" ao Governo dos Estados Unidos.

Se quiser mais informação deste "narcotraficante e pelego do governo do Her Bush" leia a biografia não autorizada com 260 páginas, que é o resultado do trabalho de investigação de Joseph Contreras, correspondente da revista. Newsweek. Clicando aqui.
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A Barbárie também está no RS.....

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Mulher, o Sindicato dos Jornalistas Profissionais do Rio Grande do Sul denuncia o impedimento, por parte da Brigada Militar, do exercício profissional de jornalistas na cobertura da ocupação, pelas mulheres da Via Campesina, da Fazenda Tarumã, em Rosário do Sul. Repórteres fotográficos e cinematográficos foram impedidos de registrar a agressão sofrida por mulheres e crianças que estavam na manifestação, inclusive tendo equipamentos profissionais apreendidos. Outra jornalista foi retirada do local pelos policiais.

Foto: Eduardo Seidl

Jornalista é conduzida pela BM

Vivemos em uma sociedade democrática de direito e não vamos aceitar as velhas práticas do período da ditadura militar. O Código de Ética dos Jornalistas, em seu artigo 2º, inciso V, aponta que "a obstrução direta ou indireta à livre divulgação da informação, a aplicação de censura e a indução à auto-censura são delitos contra a sociedade". O mesmo Código também identifica, no artigo 6º, ser "dever do profissional opor-se ao arbítrio, ao autoritarismo e à opressão".

Foto: Eduardo Seidl

Repórter tem equipamento apreendido

A Secretaria de Segurança do Estado deve explicações sobre esse fato não só aos jornalistas agredidos no seu direito de trabalhar, mas a toda a sociedade, que foi impedida de ser livremente informada. As constantes denúncias que chegam ao Sindicato revelam que ameaças aos jornalistas têm sido prática constante por parte da Brigada Militar.

Foto: Eduardo Seidl

Manifestante ferida é socorrida

O Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS está atento a esse tipo de comportamento e levará o caso à Federação de Periodistas da América Latina e Caribe que, já em sua Carta de Lima, Peru, de dezembro de 2007, exigia dos governos assumir a responsabilidade de garantir a todos os jornalistas o direito à vida, ao trabalho digno, à liberdade de expressão e o direito cidadão à informação.
* Sindicato dos Jornalistas Profissionais do RS

Publicado por Assessoria de Imprensa às 15:58
http://www.jornalistas-rs.org.br/