quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Kiko Dinucci e Bando Afromacarrônico - Pastiche Nagô (2008)




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A reação dos donos e a IV Frota norte-americana – militares brasileiros prendem, torturam, estupram e matam no Haiti


Laerte Braga

Um dos principais centros norte-americanos de estudos de estratégias voltadas para a América Latina no Departamento de Estado dos EUA entende que não há necessidade de dar continuidade ao projeto “fábrica de imbecis”. Já atingiram a um patamar que basta manter. Vai ser o suficiente para manter também o controle da região.



“Fábrica de imbecis” é veiculado pela mídia comprada e moldada aos interesses dos principais grupos políticos, econômicos e militares dos EUA, o complexo militar/industrial a que se referiu o ex-presidente Eisenhower (por sinal general). Insere-se no conjunto de políticas daquele país para com países latino-americanos e se espalha por todos os setores de atividades.



A última ação efetiva e concreta dos norte-americanos foi um seminário para estudar formas de influenciar na reforma política anunciada pelo presidente Lula. Querem evitar surpresas como as que aconteceram na Venezuela, na Bolívia, no Equador e no Paraguai.



Veio em seguida à decisão do presidente George Bush de recriar a IV Frota. Atuou na década de 50 e até a metade da década de 60 do século passado, vigiando e assegurando a “democracia”, mesmo que travestida de ditaduras cruéis e sanguinárias como as que dominaram a região até a metade dos anos 80.



Num magnífico trabalho publicado no antigo JORNAL DO BRASIL, Marcos Sá Corrêa mostrou, com base em documentos liberados nos EUA, que a frota estava em águas territoriais brasileiras em 1964 para ajudar os nossos generais golpistas caso houvesse algum imprevisto, permitindo a eles “garantir a democracia” no golpe que prendeu, torturou e matou. Continuam impunes e Jobim, ministro de Lula, já garantiu que vão continuar impunes.



A preocupação agora é garantir que esse arremedo de democracia que temos seja mantido sem maiores atropelos e assim a bandeira do Tio Sam possa tremular em cada general heleno da vida, seja “ministro da defesa” da VALE, ou em cada gilmar mendes, na tarefa de garantir a ação de banqueiros e que tais no processo político brasileiro. Isso em relação ao Brasil.



Na Argentina, por exemplo, contam com a dedicação dos colonos ingleses que ocupam as ilhas Malvinas e lá constroem um aeroporto clandestino para o caso de operações destinadas a manter a tal “democracia”.



Há uma diferença visível a olho nu entre o presidente Chávez da Venezuela e o presidente Lula do Brasil. Chávez foi a Espanha, “fez as pazes” com o rei Juan Carlo, ganhou uma camisa com a inscrição “por que non te calas” e chegando a Caracas anunciou que vai recomprar o banco da Venezuela, privatizado nos idos de 90 do século passado, por governos semelhantes ao de FHV (Fernando Henrique Vende).



Com um detalhe. Quando o banco Santander (espanhol) soube do interesse do governo da Venezuela anunciou que não quer vender o Banco da Venezuela, ao contrário do que havia anunciado e assinado na bolsa de valores de Caracas.



Lula, aqui, pegou o telefone e ligou para Bush. Foi prestar contas do fracasso da chamada Rodada de Doha e dizer ao norte-americano que espera que resultados sejam alcançados na próxima reunião. O ministro Reinold Sthephanie, que criticou a política do presidente através do chanceler Celso Amorim na reunião dos 135 países que participaram da rodada, continua no cargo.



Diferença de atitude. E atitude em se tratando de presidentes de república quer dizer muita coisa.



A IV Frota é uma intervenção direta dos EUA na América do Sul. Uma ação golpista e militar.



A prática de cooptar militares de alta patente em países como o Brasil nos custa essa submissão quase que absoluta aos interesses norte-americanos e agora europeus (EUA e Comunidade Européia agem em comum nos interesses gerais dos dois grupos).



Interesses norte-americanos e europeus dizem respeito a política, economia e isso implica em controle dos movimentos sociais (criminalização). Imbecilização das pessoas através da mídia comprada e controlada (inclusive com participação societária, lei votada no governo FHV).



Pedro Bial já está pronto para o BBB-9.



Transformação do Estado em instituição inerte no processo de mudanças efetivas, em estrutura institucional privatizada, hoje com os pés e as mãos no Executivo, no Legislativo e no Judiciário.



No caso específico do Brasil não temos o controle da Região Amazônica não é porque reservas indígenas estejam demarcadas, ou para ser demarcadas. É em função de latifundiários associados a grupos estrangeiros, com apoio de militares brasileiros, governos e policiais estaduais e empresas privatizadas como a VALE.



Lula já disse que quer fazer um acordo com os “principais desmatadores” da floresta Amazônica visando “diminuir o desmatamento e criar condições para o desenvolvimento sustentável”. Balela inventada para justificar a internacionalização da área. Não existe isso.



A principal força de defesa dos índios na Amazônia é o CIMI (Conselho Missionário Indígena), que não tem nada a ver com ONGs estrangeiras. O principal fator de dominação é o SIVAM (SISTEMA DE MONITORAMENTO DO ESPAÇO AÉREO AMAZÔNICO), por onde passeiam aviões norte-americanos no esquema do “Plano Colômbia”, denominação que deram ao produto intervenção e controle.



Foi o primeiro grande “negócio” do governo de FHV (Fernando Henrique Vende). Valeu chantagem, demissão de ministro, na esteira do favorecimento à “empresa” dos EUA que opera o sistema e permite que militares brasileiros varram, limpem e façam previsão do tempo no pressuposto da colaboração.



Têm, os norte-americanos, a chancela do comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno, um dos conferencistas preferidos do sistema FIESP/DASLU.



O que os norte-americanos chamam de “fábrica de imbecis” é o que a mídia veicula diariamente no objetivo de transformar seres humanos em robôs e máquinas, dispostos a se deixarem encaçapar nas tacadas que começam em Washington e terminam nas mesas de torneios de sinucas com prêmio superfaturado em lojinhas de achaques do “quero o meu” cá embaixo. Ou nos hotéis que pilantras transformam em sedes enquanto vendem terrenos a cunhados.



É o modelo. O efeito cascata. Do que há quem faça e quem deixe fazer.



O sujeito acredita piamente que quando entra numa loja, ou vai trabalhar numa associação de pilantragem está sendo cidadão, cumprindo seu dever e vivendo a vida como a vida deve ser vida no mundo que se convencionou chamar de real, o mundo do tudo é normal. Tem bom dia, sorriso e dedicação. E por baixo dos panos tem as foto montagens da realidade. Tanto podem ser as armas químicas e biológicas que não existiam no Iraque, quanto a pornografia barata de figuras padrão Pastinha.



O jornal O GLOBO – THE GLOBE –, um dos principais porta-vozes desse modelo no Brasil, noticiou que o engenheiro Steve Norris criou um robô pufe. O robô segue o dono pelo calor que sai do corpo do suposto ser humano e se presta a servir de assento. Os mais espertos já estão colocando pequenas geladeiras no interior do robô pufe. Enquanto estão assentados bebericam.



A idéia do norte-americano surgiu quando percebeu o tédio, diz o jornal, de ficar esperando a mulher fazer compras.



O perigo está em algum especialista recomendar que todos voltemos a andar de quatro como forma de alcançarmos elevação e status e de repente, as ruas fiquem coalhadas de quadrúpedes.



Meu medo é numa situação dessas o Lula telefonar para Bush e pedir uma reunião. E Bush dizer que venezuelanos, bolivianos, equatorianos, paraguaios, cubanos e nicaragüenses não compreendem o espírito da modernidade e por isso precisam refletir e voltar aos “bons tempos”. Insistem em ser bípedes.



O chicote e o pelourinho neste momento têm outra forma. A “fábrica de imbecis”.



O professor universitário e arquiteto haitiano, dirigente da Central Sindical Ovrière, Didier Dominique, está no Brasil. Entregou a OAB (perda de tempo, ainda se imagina os tempos de Raimundo Faoro, já se foram), documentos que comprovam que militares brasileiros prendem, torturam e estupram mulheres haitianas e asseguram os privilégios das elites que sempre se valeram das ditaduras.



Uma das denúncias, dentre as muitas apresentadas diz respeito ao governo Lula (que carrega essa mancha inapagável). "O filho do vice-presidente José Alencar, que é empresário do setor têxtil, esteve no Haiti. Várias marcas, como Levis, Nike, estão disputando a instalação de fábricas numa zona franca, para aproveitar a mão-de-obra mais barata das Américas. Um operário haitiano custa, em média um dólar e setenta e cinco centavos por dia. Penso que a situação de miséria extrema a que o nosso povo está sendo submetido é proposital, para favorecer os interesses das empresas, forçando o trabalhador a aceitar qualquer pagamento".



O que tropas brasileiras garantem no Haiti é isso. Recolonização, negociatas, pilantragem. O general heleno foi comandante lá durante um período. Aliás, não completou o seu tempo por lá, fez besteira demais, teve que ser substituído.



E mais: "A miséria é extrema. Não há luz, a água é escassa, falta comida, não há coleta de lixo. E não vi uma única escola, um único posto de saúde, que tenha sido construído pela missão da ONU. É apenas uma missão militarizada. Afinal, que tipo de solidariedade é essa?"


> Laerte Braga é jornalista. Nascido em Juiz de Fora, trabalhou no Estado de Minas e no Diário Mercantil.

Ilustração: Táia Rocha

Abusos invisíveis

Cristovan Buarque

Nos últimos dias, o sistema judiciário fez duas
descobertas: existem algemas no Brasil e o uso
delas é um abuso, ainda mais grave quando na
frente da televisão.
A descoberta tem uma explicação: as algemas
eram invisíveis enquanto os presos eram pobres e
sem camisas. Descobriram que há abuso no uso
de algemas. Pena que não estejamos descobrindo
outros abusos, porque eles ainda não chegaram
aos ricos.
Durante séculos, nosso país utilizou o seqüestro
de africanos para servirem como trabalhadores
em nossa agricultura e ninguém via como seqüestro.
Se um único brasileiro branco e livre
fosse seqüestrado na África e levado para outro
continente, a elite empresarial brasileira daquele
tempo logo descobriria que havia um abuso na
retirada de uma pessoa de sua casa para levá-la
e vendê-la para o trabalho forçado. Esses mesmos
escravos eram sujeitos à tortura, às penas de
trabalho forçado, e à venda de seus filhos, como
também às chibatadas. Mas era com os pobres,
excluídos, que o abuso ficava invisível. Não era
visto. O sistema judiciário daquele tempo ainda
não tinha descoberto que isso acontecia.
No século 21 ainda existem prisões diferenciadas
para pessoas que cometeram o mesmo tipo
de crime. Quando, raramente, um criminoso rico
vai preso e fica preso, tem direito a uma prisão
especial, diferente das infernais prisões onde são
jogados os criminosos pobres. Por isso, não é visto
ainda como abuso colocar um preso pobre nas
condições das prisões comuns. Se algum dia, um
rico for preso e não tiver um diploma superior,
provavelmente o sistema judiciário brasileiro vai
fazer outra grande descoberta: o abuso da má
qualidade das prisões do brasileiro comum. *Senador
Cerca de 15 milhões de adultos não sabem ler e
outros 30 milhões não entendem o que lêem, porque
os analfabetos, todos eles, são filhos de famílias
humildes. Se um dia aparecesse um rico analfabeto,
certamente o sistema judiciário faria a grande
descoberta de que o poder público é omisso ao
deixar que isto aconteça no Brasil. Mas, os analfabetos
são pobres, invisíveis.
Estima-se que a cada minuto de ano letivo (200
dias, com 4 horas) 60 crianças abandonam a escola.
Isso não é visto como abuso. Porque o abuso
não é visto. Se uma única criança rica fosse impedida
de estudar, o abuso seria rapidamente descoberto
e provavelmente tratado. Como acontece
quando faltam remédios para as doenças que vitimam
os ricos e os pobres, mas sem qualquer
criminalização das autoridades quando os hospitais
públicos ficam superlotados.
As autoridades do Poder Judiciário têm duas
desculpas para explicar a invisibilidade dos abusos.
A primeira, é que só podem agir quando
provocadas por um advogado, e estes só trabalham
para os ricos. O Poder Judiciário, portanto estaria
isento. Não teria culpa de que os defensores
públicos sejam poucos, e de que os advogados mais
competentes não trabalhem para os pobres. Esquecem
de dizer que além da competência, influi também
a rede de conexões que o advogado tem. A
segunda justificativa é que a culpa é do Poder
Legislativo que faz leis imperfeitas.
A culpa é de todos nós que aceitamos um país
onde há dois tipos de pessoas: os incluídos,
beneficiários da lei, e os excluídos, vítimas da lei:
A culpa é de todos que toleramos os abusos invisíveis.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

Ella Fitzgerald & Louis Armstrong - Porgy & Bess
1958 - 320 Kbps - Mp3 - Jazz - Time: 66:04
https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiYsJPgCG1Xnjhde01MCrRtRz-M2i19RymyiXFY4rCTVAOV4dZwimX6DrmzjI4Toe-GcFbXilhq5Z36Pk_HOLu8rszmVoME7jaFTMYDJFAXqR79WZUZSRS3x1odV15HdS2kqJLQLXOaOIk/s320/Front4.jpg


1. Porgy And Bess: Overture Louis Armstrong 10:50
2. Summertime Louis Armstrong 4:58
3. I Wants To Stay Here Ella Fitzgerald 4:36
4. My Man's Gone Now Ella Fitzgerald 4:00
5. I Got Plenty O' Nuttin' Ella Fitzgerald 3:51
6. Buzzard Song Ella Fitzgerald 2:57
7. Bess You Is My Woman Now Ella Fitzgerald 5:28
8. It Ain't Necessarily So Ella Fitzgerald 6:33
9. What You Want Wid Bess? Ella Fitzgerald 1:59
10. A Woman Is A Sometime Thing Louis Armstrong 4:47
11. Oh, Doctor Jesus Ella Fitzgerald 1:59
12. Porgy And Bess: Medley: Here Come De Honey Man / Crab Man / Oh, Dey's So Fresh And Fine Louis Armstrong 3:29
13. There's A Boat Dat's Leavin' Soon For New York Ella Fitzgerald 4:53
14. Bess, Oh Where's My Bess? Louis Armstrong 2:35
15. Oh Lawd, I'm On My Way Louis Armstrong 2:57

Créditos: HeverCosta
Downloads abaixo:

Parte 1
Parte 2
Por que permitem EUA e Israel competir nas Olimpíadas?


A direita hidrófoba, comandada a partir de sua sede mundial, os Estados Unidos, usa sua imprensa "livre" para disparar as baterias contra a China, às vésperas da abertura oficial dos Jogos Olímpicos de Pequim. Com isso ela oculta os motivos, muito mais sérios e palpáveis, que serviriam para banir Estados Unidos e Israel da vida esportiva internacional.

Por Humberto Alencar



Desde março deste ano, após os atos terroristas cometidos pelos separatistas comandados pelo dalai-lama no Tibete, os Estados Unidos têm discretamente e "extra-oficialmente" apoiado as ações pró-boicote disparadas ao redor do mundo por Ongs e mídias sustentadas pelo seu governo, como por exemplo a Repórteres Sem Fronteira e a seita Falun Gong, que cometeu atos criminosos durante a viagem da tocha olímpica ao redor do planeta.


E-mails apócrifos, construidos por essa direita, têm sido redistribuídos nos últimos dias por milhares de pessoas ingenuas a favor do boicote às Olimpíadas, porque a China "fere" os direitos humanos e "pratica" crueldades contra os animais. Pobres animais.


Um deles, que rola na internet brasileira há já algum tempo, é constituído por algumas imagens chocantes. Uma delas mostra um suposto bebê na sarjeta, morto, enquanto pessoas caminham sem dar importância ao fato.


Realizando uma busca na Internet, descobre-se que as supostas fotografias teriam sido feitas em 2001, há sete anos, portanto, na província de Hunan e teriam sido motivo de um "artigo" na revista de futilidades Marie Claire.


A revista alegou na epoca que a criança, uma menina, teria sido abandonada para morrer por causa da política populacional conduzida pelo governo chinês, que "proíbe" um casal ter mais de um filho.


A Marie Claire cometeu uma falta no jornalismo correto, que não recomenda construir suposições a partir de um quadro que não possibilite encontrar informações precisas. Mas, quem disse que a mídia ocidental pratica um jornalismo correto?


Na suposição, deixaram de lado o combate exercido pelo governo chinês aos costumes ancestrais feudais, que fizeram pais assassinar bebês meninas ao longo dos séculos, privilegiando filhos masculinos. Costume defendido pelos senhores feudais, é claro, já que os meninos seriam "mais úteis" que as meninas.


A educação na China reduziu de forma colossal o infanticídio, mesmo assim ainda existem aqueles que preferem viver à margem. Mas eles não são apenas chineses. São alemães, por exemplo. Vejamos o caso, recente, de outro bebê, abandonado à morte.


Bebês também são abandonados nas ruas das cidades do mundo "livre", ainda mais na maior potência européia da atualidade a Alemanha.


Em 5 de junho deste ano um bebê foi encontrado morto, na sarjeta de uma das ruas de Halle, na Alemanha "livre", e teria ficado ali por horas, até a polícia recolher o cadáver. Reportagem distribuída pela agência Associated Press conta que o bebê foi achado morto, mas que a taxa de infanticídio na Alemanha é semelhante à dos demais países europeus. Onde estão as fotografias?


A Alemanha é tão desenvolvida no aspecto "bebês abandonados" que criou uma "Caixa para Bebês", onde as mães arrependidas podem abandonar seus rebentos sem deixá-los à morte, como costumeiramente fazem. A tal caixa foi inaugurada em 2000.


Lançada por uma associação de apoio à infância, a Sternipark, a tal "Babyklappe", como é conhecida, recebe cerca de 78 bebês por ano na cidade portuária de Hamburgo, no norte do país.


Juergen Moysich, diretor da associação, reconheceu em declarações à mídia "livre", que continuam a aparecer todos os anos, na Alemanha, 20 bebês abandonados mortos.


Cadê as fotografias? Cadê os defensores dos direitos humanos e a campanha pelo boicote ao Mundial de Futebol disputado na Alemanha em 2006?


É preciso dizer algo sobre bebês abandonados à morte no Brasil?


Voltemos à China, ao boicote proposto por Estados Unidos e seus vassalos midiáticos. Tudo é motivo de protesto. Rodízio de carros em Pequim é totalitarismo. Nevoeiros costumeiros em Pequim são fotografados e exibidos como a "poluição comunista".


Até a arquitetura do estádio Ninho de Pássaro é motivo de críticas, como se os estádios tivessem de reproduzir fielmente os obsoletos Bowl americanos, de arquitetura "vintage".


Vamos então seguir a lógica do boicote e defender a exclusão, pelo Comitê Olímpico Internacional (COI) e pela Federação Internacional de Futebol Associado (FIFA), dos Estados Unidos e de Israel. Não faltam motivos para pedir a exclusão desses países.


Em relação aos Estados Unidos, é fácil. Invadiu dois países entre 2001 e 2003, um deles de forma absolutamente ilegal (Iraque) e outro por supostamente abrigar um terrorista internacional (Afeganistão).


Os EUA ocupam militarmente o Iraque há quase seis anos e são os responsáveis pela morte de quase um milhão de iraquianos. Cerca de quatro mil afegãos são mortos, em média, a cada mês, nos quase sete anos de ocupação, de acordo com dados publicados pelo site de investigação Unknown News e também pela prestigiosa revista médica britânica The Lancet.


É preciso lembrar que a invasão e posterior ocupação do Iraque é ilegal, pois não foi autorizada pelo Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas.


Argumentar pela exclusão de Israel dessas duas entidades esportivas mundiais também é fácil. Basta lembrar os 41 anos de ocupação ilegal dos territórios palestinos em seguida à guerra de 1967. Basta lembrar os milhares de palestinos mortos durante a ocupação, as guerras desferidas contra o Líbano (A mais recente, de 2006, matou mais de 1.000 civis, a maior parte deles composta por crianças, com suas bombas fornecidas e subsidiadas pelo Pentágono).


Basta COI e Fifa acessarem o site das Nações Unidas e baixarem as dezenas de resoluções da ONU direcionadas a paralisar o genocídio cometido por Israel, olimpicamente ignoradas pelo governo sionista e por seu tutor, os Estados Unidos. Basta as autoridades esportivas visitarem, in loco, a Faixa de Gaza, onde Israel construiu o maior campo de concentração do planeta.


O que dizer do protesto que ciclistas "olímpicos" americanos fizeram ao chegar à China, portando máscaras anti-poluição? Quer maior hipocrisia? Os EUA respondem por 25% da poluição mundial, devido ao intenso uso de energia fóssil e ao atraso tecnológico de suas principais indústrias. Não seria o caso de seus ciclistas usarem máscaras em casa também? Durante o banho, por exemplo?


A ciclista Jennie Reed, cujo rosto ilustra hoje uma das matérias anti-China publicadas pela avassalada Folha de S.Paulo, deve considerar que seu país é um "paraíso ambiental", para portar uma máscara em Pequim.


Logo eles, os americanos, que realizaram quatro olimpíadas e que, na última, deram um gigantesco mau exemplo de organização. Até o direitista Diário de Notícias lisboeta faz críticas aos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996. "Foram um mau exemplo de organização e de verdadeiro espírito desportivo", diz o vetusto jornal.


"Os americanos fizeram daquele evento uma grande manifestação de chauvinismo", prossegue.


"Todas as competições em que participasse um americano eram consideradas importantes. Todas as outras, nem que caíssem recordes do mundo, se não fosse um atleta americano a batê-lo era como se não tivesse acontecido".


"E foi naqueles mesmos Jogos que o terrorismo voltou para atormentar a história das Olimpíadas, 24 anos depois de Munique, com um atentado à bomba no Parque Centenário Olímpico, tirando a vida de duas pessoas, deixando feridas mais de uma centena e que permanece até hoje sem explicações" arremata o Diário de Notícias, em artigo publicado nesta quarta feira.


Não custa lembrar que uma das Olimpíadas, a de 1984, foi realizada na cidade que alterna com Pittsburgh o "honroso" título de mais poluída dos Estados Unidos: Los Angeles.


Então, por que os defensores do boicote às Olimpíadas de Pequim não passam agora a defender a exclusão de Estados Unidos e Israel das competições internacionais? Exemplos não faltam: o COI e a Fifa excluíram das competições a África do Sul durante o regime do Apartheid. O terrorismo de Estado praticado pelos governos americano e israelense não justificam sua exclusão?


E Guantânamo, com seu campo de concentração em que são detidos ilegalmente dezenas de presos das ilegais agressões americanas, em condições que deixariam indignados até os guardas nazistas de Auschwitz?

terça-feira, 5 de agosto de 2008

A HISTORIA DAS COISAS



Mais de dois milhões de pessoas já assistiram a esse pequeno documentário, mas até agora eu não havia encontrado uma versão com legendas em português, e por isso não havia postado nada aqui.

O filme é um murro no estômago do consumismo, do "American way of life" (estilo americano de vida) e das grandes corporações. Vale a pena assistir até o fim.

Para quem é fluente em inglês (fluente MESMO, porque a apresentadora fala muito rápido), vale a pena visitar o site original do projeto, onde o vídeo é apresentado de forma mais interativa.

Créditos: AtitudeVerde

GOSTO DE CEREJA

Ta'm e Guilass, Abbas Kiarostami



Formato: rmvb
Áudio: Árabe
Legenda: Português
Tamanho: 317 MB (04 partes)
Servidor: RapidShare

Créditos: F.A.R.R.A.- fishii1411

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Sinopse:
Homem viaja pelos campos, tentando angariar trabalhadores avulsos para satisfazer desejos reprimidos, que se situam perigosamente na linha entre o amor proibido e a morte. O diretor Abbas Kiarostami aborda a questão do tabu da homossexualidade na sociedade muçulmana. Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes.



Ficha Técnica:
Título Original: Ta'm e Guilass
Gênero: Drama
Tempo de Duração: 91 minutos
Ano de Lançamento (Irã): 1997
Site Oficial: www.zeigeistfilm.com/current/tasteofcherry/cherry.html
Estúdio: Abbas Kiarostami Productions / CiBy 2000
Distribuição: Zeitgeist Films
Direção: Abbas Kiarostami
Roteiro: Abbas Kiarostami
Produção: Abbas Kiarostami
Direção de Fotografia: Homayun Payvar
Edição: Abbas Kiarostami

Elenco:
Homayon Ershadi (Sr. Badii)
Abdolrahman Bagheri (Sr. Bagheri)
Afshin Khorshid Bakhtiari (Soldado)
Safar Ali Moradi (Soldado)
Mir Hossein Noori (Seminarista)

Premiações:
• Vencedor da Palma de Ouro no Festival de Cannes, empatado com Unagi.

Fonte: http://www.adorocinema.com/

CONCEIÇÃO LEMES: FAÇA O TESTE PARA SABER SE VOCÊ BEBE "COM MODERAÇÃO"

Blog do Azenha

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Dra. Laura explica o que é "beber com moderação"

por CONCEIÇÃO LEMES

Final de tarde, travessa da Avenida Paulista, São Paulo. Toda sexta-feira um grupo de amigos se reúne num freqüentado bar da região para relaxar, comemorar, conversar. Num desses happy hours, regado a muitas cervejas e caipirinhas de vodca, pegou fogo o debate sobre a Lei nº 11.705, de 19 de junho de 2008 – a “lei seca”. Ela estabelece que o nível de concentração de álcool no sangue do motorista é zero. Quem for flagrado dirigindo, após beber qualquer quantidade de bebida alcoólica, é multado em R$ 955 e perde a carteira de habilitação por 12 meses.

“Conversa vai, conversa vem, bebo duas a três cervejas [das grandes]”, diz Renato Campos*, 31, operador de um banco de investimentos. “Se a noite está quente, gostosa, vai mais. Extremamente gelada, não dá para resistir.”

“Cerveja não me desce bem. Prefiro caipirinha de vodca. Esta é a segunda hoje. Hummmmmm... Está ótima. Quer experimentar?”, convida Patrícia de Castro*, 27, promotora de eventos. “Mas o que eu gosto mesmo é de Proseco. A gente vai tomando, tomando, tomando... não sente. Desce como uma luva.”

“Normalmente, paro na segunda latinha de cerveja”, conta Luíza Junqueira*, 29, designer. “Álcool sobe muito rápido para mim. Hoje, tomei uma só.”

“Como você está vendo, aqui é todo mundo é amador. Bebo cinco, seis cervejas, e não sinto nada”, afirma João Arruda*, 34, gerente de uma operadora de telemarketing. “Se eu dirijo depois? Tranqüilamente. Meus reflexos não mudam em nada!”

Luíza voltou para casa de táxi. Renato e João dirigiram os próprios carros. “Ah, agora à noite, quem vai parar a gente para fazer o teste do bafômetro?”, desdenham. Patrícia pegou carona com um amigo, que passou para pegá-la. Detalhe: os quatro acham que bebem com moderação. Tremendo engano.

“Luíza, além de não correr o risco de ser autuada, é a única que realmente bebe com moderação”, alerta a médica psiquiatra Laura Helena Andrade. “Renato, João e Patrícia são bebedores ‘pesados’, mesmo que consumam bebida alcoólica apenas uma vez por semana nos níveis mencionados.” Laura é autora de uma pesquisa sobre o padrão de consumo de álcool e seus riscos na cidade de São Paulo, coordena o Núcleo de Epidemiologia do Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas e é professora colaboradora da Faculdade de Medicina da USP.

VOCÊ BEBE MODERADA OU ‘‘PESADAMENTE”?

Pensou em dificuldades com bebida alcoólica, a imensa maioria das pessoas pensa automaticamente em alcoolismo: a dependência que vem com o uso crônico, por tempo prolongado. Ou seja, só considera problema quem fica doente por causa do álcool. Mas existe outro problema que é o padrão de beber da população.

“A ‘lei seca’ visa proteger não apenas o já doente, que é minoria, mas uma porção de gente que, numa sentada, bebe a ponto de se intoxicar, se expondo a comportamentos de risco”, ressalta a professora Laura. “É o heavy drinking, ou beber ‘pesado’.” Segundo o Ministério da Saúde, só em 2007 ocorreram no Brasil 17 mil acidentes devido à ingestão de álcool. Em mais de um mês de vigência da “lei seca”, os acidentes nas estradas brasileiras caíram. Vidas foram salvas.

“O que é o heavy drinking, ou beber ‘pesado’”?

Bem, desde que você não vá dirigir, tudo bem, de vez em quando, se reunir com amigos, parceiros, familiares para celebrar, conversar, comer e “tomar alguma coisa”. Em geral, em pequenas doses, o álcool deixa as pessoas mais relaxadas, alegres e descontraídas, sem ameaçar a saúde. É o famoso beba com moderação.

E você, bebe com moderação? Pelo sim, pelo não, que tal fazer um teste bem simples preparado pela doutora Laura? Vamos lá? Primeiro, os homens. Pensem no consumo de bebida alcoólica no último mês. Você lembra de ter consumido em um único happy hour, balada, festa, evento:

1) Cinco latinhas de cerveja ou de garrafa pequena (long neck)?

2) Três garrafas normais de cerveja?

3) Cinco doses de uísque, vodca, aguardente ou rum? Uma dose, aqui, é aquela medida de dosador de destilados, que contém 36 ml. Normalmente, a “dose” de bares e restaurantes contém duas doses de destilado.

4) Três caipirinhas de vodka ou de aguardente? Em geral, são usadas duas ou mais doses do destilado para fazer uma caipirinha.

5) Cinco taças ou copos de vinho?

Agora, as mulheres. Pensem também no consumo de bebida alcoólica no último mês. Você lembra de ter consumido num único happy hour, balada, festa, evento:

1) Quatro latinhas de cerveja ou de garrafa pequena (long neck)?

2) Duas garrafas normais de cerveja?

3) Quatro doses de uísque, vodca, aguardente ou rum? Vale a explicação dada na pergunta dirigida aos homens.

4) Duas caipirinhas de vodka ou de aguardente? Lembre-se de que, em geral, são usadas duas ou mais doses do destilado para fazer uma caipirinha.

5) Quatro taças ou copos de vinho?

“Se respondeu não às cinco questões, significa que é você um (a) bebedor (a) moderado (a)”, diagnostica Laura. “Já o sim a qualquer uma das alternativas indica que você ultrapassou o limite da moderação; é um (a) bebebor (a) ‘pesado’ (a), ainda que ocasional.”

O chamado heavy drinking, ou beber “pesado”, significa o homem consumir cinco doses de álcool numa sentada; a mulher, quatro, já que seu organismo é naturalmente mais suscetível aos efeitos do álcool. “Uma vez por mês já é suficiente para se dizer que a pessoa tem padrão heavy”, justifica Laura. “Ele é bastante freqüente.”

Uma dose de álcool equivale ao consumo de uma latinha de cerveja (350 ml) ou de uma taça de vinho (de 120 ml) ou de uma dose de uísque, rum, vodca, aguardante ou outro destilado (36 ml). Num daqueles copinhos tradicionais de pinga, uma dose de destilado “pega” um pouco acima da segunda listra.

“Então se eu beber todo dia três doses sou bebedor moderado?”

Não. Considera-se que um homem beba com moderação quando não ultrapassa 14 doses por semana; a mulher, 7 doses. “Acima disso por semana”, adverte Laura, “é um padrão de beber de risco, que pode levar à dependência.”

Laura pesquisou 1.464 moradores acima de 18 anos de Vila Madalena e Pinheiros (bairros de classe média alta) de São Paulo: 12% dos homens e 5,5% das mulheres eram bebedores “pesados” episódicos. A pesquisa analisou também quantos tinham padrão heavy e freqüente, isto é, bebiam “pesado” pelo menos três vezes por semana. O resultado: 14,3% dos homens e 5,4% das mulheres eram bebedores “pesados” freqüentes.

PADRÃO HEAVY E RISCOS LIGADOS À INTOXICAÇÃO

“É incrível como boa parte dos bebedores ‘pesados’ não tem noção de que ultrapassam o limite da moderação”, observa Laura. “Tanto o padrão heavy ocasional quanto o heavy e freqüente estão associados diretamente a vários problemas devido à intoxicação ou à ação biológica do álcool , independentemente de gênero.”

A lista de possíveis conseqüências imediatas da intoxicação pelo álcool é extensa:

* Estimula a violência doméstica e de rua.

* Favorece acidentes de trânsito (carro, moto, bicicleta, atropelamentos), no trabalho (operação de máquinas) e em casa (quedas). É que, mesmo em baixas doses, diminui os reflexos e a coordenação motora.

* Contribui para relação sexual sem proteção, ou seja, sem camisinha. Aumenta, assim, o risco de HIV, outras doenças sexualmente transmissíveis e de gravidez não planejada.

* Prejudica a memória e o raciocínio.

* Aflora ou agrava dificuldades emocionais.

* Pode causar arritmia cardíaca: alteração dos batimentos cardíacos, causando palpitação; às vezes, essa alteração leva à morte.

“O padrão heavy nem sempre leva à dependência”, frisa Laura. “Porém, há risco, sim, de a pessoa perder o controle. E, ‘apesar dos problemas por causa da bebida’, continuar bebendo. É o que denominamos abuso do álcool. Se continuar bebendo assim, pode chegar à dependência..”

BEBA COM MODERAÇÃO. NUNCA DIRIJA DEPOIS!

Por tudo isso, atenção:

1) Se não bebe, não se sinta compelido (a) a começar só porque os seus amigos bebem.

2) Se beber, faça-o – sempre! -- com moderação. A Organização Mundial da Saúde (OMS) considera como de baixo risco até duas doses de álcool por ocasião/dia para um homem e uma dose/dia para mulher.

3) Se estiver grávida, nem uma dose de bebida alcoólica. Há maior risco de aborto e de malformações.

4) Bebida alcoólica também é contra-indicada a quem sofre de doença no fígado ou no pâncreas, utiliza remédios que interagem com o álcool, como antidepressivos, ansiolíticos, antialérgicos e certos antibióticos.

5) Ao beber, faça-o junto com as refeições. O alimento ajuda a competir com o álcool na hora da absorção, tornando-a mais lenta.

6) Beba devagar. Beber deve ser para celebrar, confraternizar, e não para afogar as mágoas e tristezas nem resolver desencantos e dificuldades. O maior espaçamento entre os drinques faz a metabolização do álcool ocorrer aos poucos.

7) Se beber qualquer que seja a quantidade, não dirija carro ou moto nem ande de bicicleta “Em hipótese alguma”, reforça a professora Laura Helena Andrade. Vá de metrô, ônibus, táxi, ou peça a alguém que não bebeu para guiar. Você protege a sua vida, a das pessoas de quem gosta e a de quem está passando por perto. Afinal, bebida é para ser curtida e não para causar infelicidade, dor, sofrimento.

* Esses nomes não os verdadeiros dos entrevistados; por solicitação deles, a repórter trocou-os.

Para CTB, retrocesso no piso dos professores é inaceitável


Depois de uma luta intensa e longa pela aprovação do piso nacional dos professores, secretários de educação querem revisão da lei. A lei que instituiu o piso nacional da rede pública, sancionada pelo presidente Lula no último dia 16, foi discutida na 3ª Reunião do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed).


Segundo Valéria Silva, dirigente nacional da CTB e diretora do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Pernambuco, a intenção do Consed é um absurdo inaceitável.

“Sabíamos que a adoção do novo piso nos estados e municípios não seria uma luta fácil, mas agora o Consed vai além ao anunciar a intenção de entrar com Ação Direta de Inconstitucionalidade (Adin)”, diz ela.

Para Valeira, estes questionamentos do Consed revelam que educação nunca foi uma prioridade dos governantes brasileiros. “Este projeto foi discutido por longos 13 meses no Congresso Nacional, os professores reivindicavam um piso superior a esse mas resolveram apoiar o projeto e agora são ameaçados pelo Consed”, afirma. “Isso é inaceitável”, enfatiza.

Ela lembra que esta investida mostra como é nefasta esta política econômica que privilegia interesses financeiros em detrimento das necessidades da população. “É preciso ver quanto que estados e municípios estão pagando de juros e encargos de suas dívidas, nesta ciranda financeira instituída pelo neoliberalismo, para se discutir a questão com realismo”, destaca Valéria.

Outros fatores

Além do piso de R$ 950, o projeto estabelece que um terço da carga horária do professor deve ser reservado para atividades fora de sala de aula, como planejamento e coordenação. Mas uma resolução anterior do Conselho Nacional de Educação (CNE) prevê que esse tempo deve variar entre 20% e 25% da carga total.

Com mais tempo de atividades fora de sala, as redes terão que contratar mais professores para compor o quadro, o que, segundo a presidente do Consed, Maria Auxiliadora Rezende, é atualmente inviável para muitos estados e municípios.

"A preocupação dos estados não é referente ao piso em si, mas a outros fatores que passaram a compor a lei e entram em critérios de carreira, trazendo uma série de complicações para estados e municípios. E o que é pior, passa a inviabilizar a lei do piso que para nós é importante assegurar", afirmou Auxiliadora.

Segundo ela, o gasto com pessoal deve aumentar imediatamente em cerca de 20% as folhas de pagamento das secretarias, levando-se em conta apenas a mudança da carga horária em sala de aula.

Movimento sindical

Como a nova demanda implica em aumento do orçamento num ano que já está em curso, o artigo é visto pelo Consed como inconstitucional, por ferir a Lei de Responsabilidade Fiscal. O mesmo argumento foi usado para impedir a retroatividade do pagamento a janeiro de 2008, prevista no projeto.

O ponto foi vetado pelo presidente e os ajustes começam a partir de 2009. O Ministério da Educação (MEC) garante que a complementação orçamentária para pagar o novo piso será feita pela União, por meio do Fundo da Educação Básica (Fundeb).

Segundo Maria Auxiliadora, o Fundeb não foi criado para isso, mas sim para ajudar estados e municípios que não atingiam o valor mínimo por aluno. "Os recursos passados pelo Fundeb incluem todos os gastos com educação, não só com pagamento de pessoal. Nós vamos (agora) investir 100% dos recursos da educação com pessoal? E como a escola vai funcionar?", questiona.

A secretária de educação do Rio Grande do Sul, Mariza Abreu, afirmou que "o Congresso estragou o projeto". "A proposta original do Executivo era correta, tratava de piso e não de jornada. Foi o Congresso que se submeteu à pressão do movimento sindical", analisou.


segunda-feira, 4 de agosto de 2008