quarta-feira, 3 de setembro de 2008

Ofensivas e defensivas




Wladimir Pomar

No final do século 19, o desenvolvimento desigual do capitalismo levou ao surgimento de algumas grandes potências industriais e financeiras. Elas passaram a concorrer pelas antigas fontes de matérias-primas, assim como pelas novas fontes de energia (em especial o petróleo), novos materiais (eletrotécnicos e químicos), rotas de transporte marítimo e mercados.

Todas se lançaram numa frenética ofensiva estratégica, seja para consolidar seus antigos territórios coloniais e conquistar novos - como a Grã-Bretanha, França e Rússia -, seja para obter "um lugar ao Sol" - como Estados Unidos, Alemanha, Japão e Itália.

Os choques e guerras localizadas dessas potências contra povos ainda livres, assim como entre si, multiplicaram-se durante todo o final do século 19 e início do século 20. As guerras russo-turca de 1877-78, ítalo-abissínia de 1894-96, hispano-americana de 1898, russo-japonesa de 1904-05 e as sucessivas guerras contra a China são o prelúdio da 1ª. Guerra Mundial, por uma nova repartição econômica e política do mundo.

Paralelamente, esse final e início de séculos também foram marcados por uma extraordinária ascensão da luta de classes, acompanhando as disputas intercapitalistas, que desbordaram em disputas interimperialistas. Na Europa e Estados Unidos surgiram fortes movimentos sindicais, de cunho anarquista, socialista, liberal, cristão e "amarelo", que reivindicavam melhorias salariais e laborais e utilizavam tanto a resistência passiva quanto as greves e os atentados.

As tentativas de consolidação dos interesses e laços mundiais da classe operária, através das I (1864) e II (1889) Internacionais, foram frustradas. A repressão patronal e estatal derrotou a primeira e fugaz experiência de tomada do poder pelos operários, a Comuna de Paris, em 1871. As divisões ideológicas e políticas criaram obstáculos à formação e construção de partidos operários de classe. E a influência dos interesses nacionais burgueses, evidenciados nos momentos que precederam a I Guerra Mundial, levaram muitas correntes operárias a apoiar a guerra imperialista.

Portanto, houve uma certa combinação entre a ofensiva estratégica externa dos capitalismos nacionais dominantes e a ofensiva interna dos movimentos operários, suplantada pela guerra mundial. Esta, por um lado, firmou a ofensiva estratégica imperialista, mas deu surgimento a uma contra-ofensiva estratégica, operária e popular em países da periferia do capitalismo, principalmente Rússia e China.

A revolução russa, de 1905, e a derrubada da dinastia Qing, em 1911, foram os primeiros sinais dessa mudança de centro da luta de classes. As revoluções russas de 1917 e as guerras revolucionárias na China, iniciadas em 1924, são marcos de uma retomada da ofensiva estratégica, tanto das camadas populares dos países coloniais quanto dos movimentos operários da Europa e Estados Unidos.

Isso mostra como a luta de classes interfere, historicamente, no desenvolvimento capitalista e como ofensivas e defensivas estratégicas fazem parte dessa luta objetivamente. Isto é, sem que os pensadores e partidos tenham poder para modificá-las por sua própria vontade.

Wladimir Pomar é analista político e escritor.

Tráfico de pessoas não tem freio


Por Mona Alam


Israel continua sendo um dos destinos favoritos para o tráfico de mulheres destinadas ao comércio sexual e para a exploração de trabalhadores imigrantes de países em desenvolvimento, uma forma moderna de escravidão. O Departamento de Estado dos Estados Unidos, em seu informe 2007 sobre tráfico de pessoas, qualificou Israel como nação de nível 2 nesta matéria, isto é, que procura erradicar essa prática mas não atinge os padrões necessários. Os países de nível 1 são os que aplicaram com êxito medidas para controlar o tráfico de pessoas – a maioria das nações ocidentais está nessa categoria – e o nível 3 está reservado para os Estados que não encaram o assunto nem mesmo em seus aspectos mais básicos. Em 2006, Israel figurou na lista de vigilância do Departamento de Estado por tráfico de pessoas. “Essa posição está entre os níveis 2 e 3. os Estados Unidos aplicam sanções econômicas às nações que figuram no último nível, mas, como temos uma estreita relação com Washington, Israel apenas recebeu uma advertência”, disse à IPS Romm Lewkowicz, porta-voz do Hotline, um grupo que defende os direitos dos trabalhadores imigrantes. O governo israelense também foi severamente criticado nos Estados Unidos por sua política de vistos de trabalho, que na prática forçam os imigrantes dos países em desenvolvimento a permanecerem “atados” ao empregador que figura nesse documento. Se não for respeitada essa condição, o trabalhador é considerado imigrante ilegal e pode ser deportado sem mesmo seu caso passar por um tribunal. Isto incentivou alguns empresários a reter o salário dos empregados e inclusive extorqui-los, sabendo que sempre podem substituí-los sem serem castigados. Um dos casos mais notórios foi o chamado “turco por tanques”, em 2002. Israel recondicionou 200 tanques de guerra para a Turquia, uma transação no valor de US$ 687 milhões que representou uma das maiores exportações de armas deste país. Com parte do acordo, 800 cidadãos turcos receberam autorizações para trabalharem em Israel no setor da construção. A agência de emprego turca Yilmazlar participou da contratação. Um desses imigrantes, Shaheen Yelmaz, chegou a Israel em 2006 com a esperança de ajudar seu pai a pagar suas dividas. Haviam prometido a ele um bom emprego com salário de US$ 1.400 por mês, uma pequena fortuna pelos padrões da Turquia, onde o desemprego é alto. Seu sonho se transformou em pesadelo. Os patrões retiraram seu passaporte e o celular. Junto com outros compatriotas foi alojado em um local de condições lamentáveis. “Não podíamos sair à noite, apenas o fazíamos em nosso dia livre, e não nos pagaram durante três meses”, contou Yelmaz à IPS. A embaixada turca não interveio, por causa do acordo para a modernização dos tanques. Os imigrantes, em sua maioria com baixa instrução, foram forçados a assinar documentos em branco antes de deixar a Turquia, assegurando dessa forma sua total dependência a respeito da Yilmazlar. “Nosso empregador israelense nos disse que se não estávamos de acordo podíamos ir embora, mas que a polícia nos prenderia como imigrantes ilegais e nos deportaria”, acrescentou. Organizações de direitos humanos israelenses recorreram à justiça. A Suprema Corte determinou em 2006 que a política de vistos de trabalho era ilegal e ordenou ao Estado estabelecer uma alternativa, algo que ainda não ocorreu. Por fim, Yelmaz foi deportado para a Turquia, com uma dívida de US$ 1.500, e o contrato entre Israel e Yilmazlar foi renovado. “Embora a situação dos trabalhadores imigrantes continue sendo grave, houve alguns avanços a respeito do tráfico de mulheres para sua exploração sexual”, desde que os Estados Unidos colocaram Israel em sua lista de vigilância em 2006, disse Lewcowicz. Mas, surgiram novos problemas. “Israel já não é apenas um importador de prostituas, mas se converteu em exportador. No ano passado descobrimos que mulheres israelenses eram traficadas para a Grã-Bretanha e Irlanda para trabalharem na indústria do sexo”, acrescentou. Segundo a Força de Tarefas sobre Tráfico Humano, com sede em Jerusalém, cerca de mil das aproximadamente 10 mil prostitutas que há em Israel são menores de idade. Imigrantes da extinta União Soviética e de outros países que estavam em sua órbita, vinculados à máfia russa, manejam 20% do tráfico, disse Lewcowicz. O resto está em mãos de israelenses. A Fundação Jamestown, com sede em Washington, disse em um informe que muitas mulheres vítimas do tráfico são levadas através da península do Sinai por beduínos também envolvidos no contrabando de armas. Cada mulher vendida em Israel representa para os traficantes entre US$ 50 mil e 100 mil. Hotline disse que o Estado também ganha em conseqüência desta atividade. Os taxistas que transportam as prostitutas, os advogados que representam seus clientes, os donos de imóveis que alugam como bordeis, pagam imposto sobre os ganhos e esse dinheiro acaba nos cofres do Estado. Deve-se acrescentar os casos de corrupção de policiais, que aceitam subornos para permitir que esta atividade aconteça. (IPS/Envolverde)

Cartola - Documento Inédito (1982)




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Créditos: UmQueTenha

Que governo é esse?

Policiais civis paralisam amanhã e denunciam condições de trabalho na Expointer


Policiais civis do interior do Estado paralisam suas atividades nos próximos dois dias, quarta e quinta-feira. Neste período, só serão registradas ocorrências (inclusive flagrantes) de crimes mais graves. O Sindicato dos Escrivães, Inspetores e Investigadores de Polícia do Rio Grande do Sul (Ugeirm) informa que apresentou as reivindicações ao secretário Edson Goularte, mas não houve, por parte da Secretaria de Segurança Pública, manifestação sobre o atendimento das demandas da categoria.

Segundo o Ugeirm, os policiais gaúchos estão entre os mais mal pagos do país. “Com nível superior para ingresso, o salário inicial bruto é de 1,4 mil reais. Há mais de uma década, os agentes experimentam perda real no poder de compra de seus salários. O governo não negocia política salarial, pois diz estar combatendo o déficit. A governadora teve reajuste de 143% e nós não temos nada. Não existem nem interlocutores autorizados a negociar. A categoria cobra ainda direitos de aposentadoria, conforme previsão constitucional, pagamento de horas-extras, fim do sobreaviso (sem previsão legal) e plano de carreira” afirma o sindicato.

O Ugeirm também denuncia as condições de trabalho dos policiais na Expointer. "Para se ter uma idéia de como Yeda Crusius, em seu vestido de xantung, trata os policiais civis, basta verificar a situação dos colegas do interior que cumprem reforço na Expointer, em Esteio. São cerca de 25 agentes, que deslocaram de diversas partes do Estado", afirma nota da entidade. “Minhas diárias não foram depositadas e também não tem dinheiro para reembolsar a passagem que paguei do meu bolso. A delegacia tem três colchões em péssimo estado, não tem um café para quem está no plantão. Na alimentação, só nos é dado almoço, porque o jantar é a gente que paga mesmo”, relata um policial civil. A Secretaria de Segurança Pública foi procurada para se manifestar sobre a situação dos agentes que cumprem reforço em Esteio. Até às 18 horas desta terça-feira, não tinha dado nenhum retorno.

Nos dias 1º e 2 de outubro, a paralisação será feita na capital e região metropolitana. Nos dias de protesto, serão registrados os crimes de latrocínio, homicídio, lesão corporal grave, estupro, atentado violento ao pudor e todos as ocorrências que tiverem menores e/ou idosos entre as vítimas. “Nós não descartamos uma greve, porque nossa base está muito indignada, imensamente insatisfeita. Yeda cortou 50% das horas-extras em março e, em julho e agosto, não pagou nada”, diz o presidente do sindicato, Isaac Ortiz.

Créditos:

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Rosa Zaragoza- El Keloenu

Zé da Terreira

Grande pessoa, conheci em POA, em 1994, no Juva's Bar....


Krzysztof Kieslowski


A Cicatriz
(Blizna)

créditos: makingoff - mfcorrea

Um grande complexo químico está para ser instalado numa pequena cidade polonesa. Depois de muitas discussões e negociações desonestas, é tomada a decisão pelo local da construção.

A pessoa escolhida para tocar a obra é o dirigente Bednarz, que já viveu no local onde sua mulher foi uma ativista política. Ele não tem boas memórias desse tempo e está relutante em voltar à cidade.
Bednarz é um homem forte, firme e honesto. Ele está convencido de que sua energia e determinação serão suficientes para dirigir o projeto sem compromissos, e com a certeza de que aquele será um lugar onde as possas poderão viver e trabalhar com felicidade.
Entretanto, as coisas não evoluem como o diretor gostaria. Os habitantes da cidade não estão de acordo com as suas decisões. Eles só se preocupam com os fatos da vida cotidiana, sem a visão do futuro.

Estamos no ano de 1970. Bednarz acaba se demitindo. Tudo sai ao contrário do que havia planejado. De fato, ele não se sente culpado, mas tem a convicção de não ter executado o seu plano até o fim. E um pensamento o atormenta: será que é possível avançar no campo social sem ceder às pressões dos vários interesses envolvidos, sem trair sua própria consciência e sem se comprometer com facções indesejadas?
E será que é possível viver com a visão do futuro quando se está cercado pela cruel realidade cotidiana?


Informações sobre o filme e o release:

Gênero: Drama
Diretor: Krzysztof Kieslowski
Duração: 112 minutos
Ano de Lançamento: 1976
País de Origem: Polônia
Idioma do Áudio: Polonês
IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0074220/

Qualidade de Vídeo:
DVD Rip
Vídeo Codec: XviD MPEG-4 QPel: No
Vídeo Bitrate: 1708 Kbps
Áudio Codec: mp3 CBR
Áudio Bitrate: 128
Resolução: 640 x 400
Formato de Tela: Tela Cheia (4x3)
Frame Rate: 23.976 FPS
Tamanho: 1,29 Gb
Legendas: Em anexo


Crítica:

Primeira experiência de Krzysztof Kieslowski no longa-metragem, depois de uma série grande de filmes curtos para a televisão e para o cinema. O nexo entre falta de sentido e o ambiente político da Polônia naquele momento é flagrante, e a secura do filme garante seu interesse. Kieslowski na Polônia e Kieslowski na França são como duas pessoas diferentes fazendo obras diferentes. Na França, a sensibilidade de KK assume ares de uma banalidade pseudo-existencialista que na realidade é exasperantemente de sacristia.

De: Contracampo


Downloads:

Arquivo anexado Krzysztof_Kieslowski___Blizna__The_Scar___1976_.4372420.TPB.torrent




Arquivo anexado Blizna.rar ( legendas)

Capitalismo predador...

Empresa de celulose destrói natureza para plantar eucalipto


Lucio Vaz - Correio Braziliense

— Em operação no Espírito Santo há cerca de 40 anos, a Aracruz Celulose construiu um império empresarial que a colocou como a maior produtora mundial de celulose de eucalipto. A empresa tem ligação estreita com o mundo político. Nas três últimas eleições, investiu R$ 6,5 milhões em candidatos do estado. Com receita líquida anual de R$ 2,8 bilhões, a Aracruz mantém 12 mil empregos diretos e indiretos e paga cerca de R$ 200 milhões em impostos. Mas a atividade também gera forte impacto ambiental. Parte de suas florestas foi implantada em Mata Atlântica ou em terras de índios e quilombolas. A empresa represou seis rios e inverteu o curso de outro para abastecer a sua fábrica. Em várias localidades, há lagoas, rios e riachos secos entre as florestas.

O Correio registrou esse impacto percorrendo cerca de dois mil quilômetros no Espírito Santo e no Sul da Bahia, onde a Aracruz instalou uma segunda fábrica, no município de Eunápolis, em sociedade com a finlandesa Stora Enso. O trabalho complementa uma série de reportagens feitas no Rio Grande do Sul, onde a Aracruz, a Stora Enso e a Votorantim (sócia da Aracruz) estão expandindo plantações de eucaliptos e implantando novas fábricas de celulose. Os erros e acertos vividos no Espírito Santo podem servir como ensinamento para a atividade em outros estados.



As conseqüências danosas da operação da fábrica de Barra do Riacho nos recursos hídricos do município de Aracruz (ES) são apontadas em estudo feito pela Associação de Geógrafos Brasileiros, seção Espírito Santo. Para a construção das duas primeiras unidades da fábrica, foi criado um sistema integrado de represas no Rio Santa Joana e nos córregos Santa Joana, Águas Claras, Arroz, Alvorada, Piabas e Constantino. “As nascentes e grande parte do curso desses rios passaram a ser de uso exclusivo da Aracruz Celulose”, diz o estudo.

Entre 1970 e 1975, foi construída uma eclusa no entroncamento dos rios Riacho e Gimuhuna. Com o interrupção do curso dos rios naquele ponto, a água que desce pelo Riacho sobe pelo Gimuhuna, invertendo o curso desse rio. Bombas instaladas ao lado da represa da Aracruz provocam a retroação do rio. Em vez de descer em direção à foz, ele agora sobe em direção às máquinas da fábrica. Na época, não havia exigência de Estudo de Impacto Ambiental (Eia-Rima). Somente no ano passado, o sistema de abastecimento de água foi inserido na licença de operação para a fabricação de celulose pela empresa.

Para a ampliação da produção, com a implantação da terceira fase da fábrica, foi necessário mobilizar uma quantidade ainda maior de água. Como os recursos hídricos já estavam escassos na região, em 1998, a empresa aproveitou uma transposição de águas do Rio Doce, de domínio federal. Com o aproveitamento de antigos canais de drenagem, as águas chegaram até os rios Comboios e Riacho, passando por áreas indígenas. Essa obra foi feita apenas com Declaração de Impacto Ambiental. As águas do rio Doce passam pelo rio Riacho e chegam até a fábrica com a ajuda da eclusa.

Financiamento
A Aracruz mantém boa relação com os políticos desde a sua criação, no final da década de 1960, ainda no regime militar. Nas três últimas eleições, fez doações de R$ 6,5 milhões a candidatos do Espírito Santo. O governador Paulo Hartung (PMDB) recebeu R$ 700 mil nas duas últimas eleições. A empresa fez contribuições para 11 dos 26 deputados estaduais eleitos e sete dos 10 integrantes da bancada federal, além dos senadores eleitos.

Nas últimas eleições municipais, a Aracruz investiu R$ 1,2 milhão em candidatos a prefeito e vereador. O dinheiro foi muito bem distribuído. Candidatos de 33 dos 58 municípios do estado foram contemplados. Os candidatos de Aracruz levaram R$ 160 mil. Os do Sul da Bahia não foram esquecidos. Eles receberam R$ 3,2 milhões nas últimas eleições. Nas municipais, candidatos de 15 cidades daquela região ganharam R$ 717 mil em contribuições de campanha da empresa.

César Musso, representante do Fórum das Entidades Ambientalistas no Conselho Estadual do Meio Ambiente, comenta o entrosamento entre a Aracruz e os políticos do estado: “Isso já é tudo uma coisa só. Não se pode mais chamar de governo. A atividade empresarial tem o controle absoluto do Executivo. Quem está no governo sabe que é melhor ficar bem com o setor produtivo. Se não ficar, não vai ter dinheiro para a campanha”.

Programa
Com o tempo, a Aracruz descobriu que também poderia ter aliados entre os ambientalistas. Durante 10 anos, o biólogo André Ruschi travou uma luta contra a disseminação da cultura do eucalipto no estado, com distribuição de mudas sem nenhum controle. Hoje, a empresa mantém 105 mil hectares de plantio no Espírito Santo e 98 mil na Bahia. O programa Produtor Florestal da empresa possui um total de 92,7 mil hectares contratados no Espírito Santo, Bahia, Rio e Minas, sendo que 86,9 mil hectares já foram plantados.

Coordenador da Associação Capixaba de Proteção ao Meio Ambiente (Acapema), Ruschi entrou com ação civil pública contra a Aracruz, o governo do estado e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama) em 1989. “O estado não tinha uma política florestal. Estava à mercê das empresas que plantavam no estado”, lembra. Em 1997, houve um acordo entre todas as partes. Em 2000, o biólogo foi contratado pela Aracruz. “Ajudo a avaliar peças de campanha, faço palestras para escolas”, explicou. Questionado se recebe salário ou ganha por contratos, respondeu: “São convênios em cima de projetos. Não é uma venda comercial, é cooperação técnica. Temos objetivos comuns”. Ele afirma que a Acapema “não faz críticas porque a Aracruz é multinacional, capitalista. É sensata, ajuizada”.


domingo, 31 de agosto de 2008

Algemaram a justiça...

ALGEMARAM A JUSTIÇA


GERALDO EUSTAQUIO RIBEIRO


A justiça do Brasil está fazendo jus ao seu símbolo, uma balança e uma mulher. Uma balança enferrujada. Uma mulher de olhos vendados. Que a justiça é cega não resta a menor dúvida. Cega diante dos desmandos de políticos e empresários corruptos que roubam descaradamente o dinheiro dos impostos pago pelos assalariados que constroem esta nação com suor e sangue.
A balança só pende para o lado dos poderosos que manipulam a justiça e a lei conforme suas conveniências. Os digníssimos juizes acham que estão acima da lei e do bom senso. Proibiram o uso de algemas em bandidos ricos e poderosos. Algemaram e deram um xeque-mate na dignidade do povo, de um país que tinha tudo para ser de primeiro mundo, mas as tramóias e falmacutaias têm o aval de quem deveria defender o direito de todo um povo.
“Todos são iguais perante a lei”. Isto está escrito na Constituição que é usada somente para massacrar o pobre. Por que este mesmo pobre quando é pego roubando uma lata de margarina barata é humilhado e jogado dentro de uma cela com criminosos de alta periculosidade? Por que este mesmo pobre antes e depois de ser algemado tem que levar tapa na cara?
Que juizes são esses que enxergam em uma só direção? São míopes? Ou estão legislando em causa própria para quando precisarem ser investigados já ter suas mordomias garantidas? Recentemente a justiça gastou uma fortuna para trazer um marginal da Itália, ele estava preso e bem preso. Aqui, quanto tempo o Cacciolla vai ficar na cadeia? Tenho certeza de que em breve os cidadãos honestos deste país terão esfregado na sua cara uma manchete dizendo que um juiz concedeu uma liminar para soltá-lo.
Que justiça é esta? Quem é mais ladrão? O que assalta na rua ou o que nem se dá ao menos o luxo de sair de seu gabinete ou salas atapetadas para roubar? Quem é mais assassino? O traficante da favela ou esses sacanas que roubam o dinheiro da saúde, fazendo com que milhares de pessoas morram à míngua suplicando um atendimento que não vem?
Quem merece ser algemado? Com a palavra os juizes e todo cidadão de bem com coragem de dar sua opinião. Algemaram a justiça.
Fonte: Usina de Letras


Não esqueçamos dessas dicas no dia da eleição...

Votar bem
Representação política não é emprego para ninguém
João Batista de Oliveira Rocha - Advogado

Desta vez, não vou votar em amigo ou em indicação de amigo. Vou votar em candidato de meu bairro, que tenha compromisso com meu bairro, que seja filiado a uma associação de meu bairro e que se disponha a ser fiscalizado e a prestar contas a nós, eleitores.
Chega de votar irresponsavelmente, em qualquer um, só porque foi meu colega de escola, trabalhou comigo na repartição, é meu companheiro de clube, foi indicado por um amigo comum, é ou foi meu vizinho. E mais: não vou votar em candidato a vereador porque é radialista, ou apresentador de televisão, ou é padre ou pastor evangélico. Não votar em candidato apenas porque é atleticano, cruzeirense ou americano.
Não. Vou votar em quem tem ideais, em quem tem compromissos com a comunidade a que pertence e à qual deve servir. E mais, meu candidato deve ser comprovadamente honesto e ter “ficha limpa”. Não quero candidato que foi isso mais aquilo. Quero candidato que seja isso e aquilo, isto é, que seja capaz, que seja preparado para o cargo que deseja disputar, que seja honesto, que queira me representar com dignidade e competência.
Por que continuar a ser enganado? A maioria absoluta dos candidatos só tem compromissos consigo mesmo. Quer é “tirar o pé da lama”, quer é “encanar a perna”, como se dizia antigamente. Isto é, quer é “se arrumar”. Essa maioria encara o cargo de vereador como um cargo público qualquer, que lhe garante proventos no fim do mês, que lhe permite arranjar empregos para seus parentes ou apaniguados e nada mais. Pouco se importa, depois de eleito, com as promessas que fez e que levaram muitos a votar nele.
Não é possível mais continuarmos a ser enganados. Vamos reagir já, nesta eleição. Vereador tem a ver com a cidade, com o bairro onde você mora. Entre, portanto, em contato com sua associação de bairro. Conheça quem está realmente engajado na luta pela solução dos problemas de seu bairro: segurança, trânsito, obras viárias, obras sociais. Será sempre pessoa mais perto de você, a quem você ou sua associação poderão procurar para cobrar as promessas de campanha, exigir obras que melhorem sua qualidade de vida no bairro.
Não vote nos oportunistas. Não vote nos políticos profissionais que pensam que somente eles têm solução para os problemas comunitários. Não vote em quem é político por tradição, passando de pai para filho o direito de representar os cidadãos, quando, quase sempre, só representam seus próprios interesses ou da oligarquia de onde se originam.
Vamos dar um “basta” a este tipo de política. Para isso, a gente começa é de baixo, da eleição mais simples e mais próxima de nós, de nossos interesses, dos bairros em que moramos. Representação política não é emprego para ninguém. É múnus, é tarefa, é encargo, é compromisso com o trabalho para a comunidade. Este tem de ser nosso norte na escolha de nossos candidatos.
Ou comecemos agora ou vamos continuar a nos lamentar sempre e ter vergonha dos representantes que temos.
Fonte: jornal Estado de Minas - Caderno Opinião - 31/8/08