Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 27 de novembro de 2008
Santana - The Best of Santana 1998
1. Jingo
2. Evil Ways
3. Black Magic Woman/Gypsy Queen
4. Oye Como Va
5. Samba Pa Ti
6. She's Not There
7. No One To Depend On
8. Open Invitation
9. Hold On
10. Bella
11. Winning
12. All I Ever Wanted
13. Dance Sister Dance
14. Europa
15. Everybody's Everything
16. Soul Sacrifice
Professores fazem novo protesto no Piratini
Fotos: Kiko Machacredirtos:
Créditos:Marco Aurélio Weissheimer
quarta-feira, 26 de novembro de 2008
Exemplo de Cidadania...
Créditos: BlogMafiaDoLixo
O ESTADÃO publica, ZERO HORA, NÃO, porque será?????
Mais uma vez se constata o comprometimento da "grande midia" do RS(leia-se RBS) com os "predadores" de nosso planeta. Depois de terem sido expulsos da europa por desencadearem transtornos irrecuperáveis ao meio ambiente, vieram para América do Sul, na continuação de suas ações criminosas, com enormes plantações de eucaliptos e devastação ambiental de impacto profundo, a Aracruz celulose, que banca a midia escrita da RBS com seus papéis, por ganância e irresponsabilidade teve um prejuizo enorme com aplicações financeiras insanas de seus dirigentes. O bom nessa estória é que com esse prejuizo em torno de 2bi de dólares, a empresa deixou de lado suas ações terroristas contra o meio ambiente, não mais fechando contrato com a votorantin, na região de Bage e Aceguá, onde seriam plantados 150mil hectares de eucaliptos. A parte ruim é a constatação de proteção descarada, nas publicações de jornais, feita principalmente pelo jornaleco ZERO HORA.Leia, abaixo, reportagem feita pelo Estadão.
''Aracruz sabia das operações com derivativos''
Em decisão tomada anteontem em assembléia, os acionistas da Aracruz decidiram processar judicialmente Zagury pelos prejuízos, que chegam a US$ 2,13 bilhões. A empresa, que estava entrando em um novo ciclo de investimentos, suspendeu uma reestruturação acionária em curso, uma vultosa obra de ampliação de uma de suas fábricas, no Rio Grande do Sul, e se prepara para um resultado ruim em 2008, ano que despontava como uma grande guinada para o grupo.
Rompendo o silêncio que se havia imposto há dois meses, Zagury recebeu a Agência Estado ontem em seu apartamento, em São Conrado, no Rio, para dar a sua versão da história. Abatido, mas tranqüilo, ele afirma que enviava relatórios "praticamente diários" sobre os contratos ao Comitê Financeiro da empresa, formado por representantes de todos os controladores (Safra, família Lorentzen e Votorantim Celulose e Papel). Do final de 2004 a junho de 2008, a Aracruz ganhou, segundo os cálculos de Zagury, US$ 350 milhões com operações de hedge (proteção) cambial na Bolsa de Mercadorias e Futuros (BM&F).
De abril a agosto, os ganhos com derivativos cambiais bancários foram de US$ 50 milhões. E ele nega que os limites de exposição tenham sido extrapolados. "Todos nós tínhamos a interpretação de que estávamos dentro do limite. Quando surgiu o episódio do Lehman Brothers e o dólar passou de R$ 1,60 para mais de R$ 2, alguém tinha de ser culpado...", disse o executivo.
Segundo Zagury, a Aracruz chegou a operar com 12 bancos diferentes em contratos que foram oferecidos a partir de janeiro deste ano, chamados "sell target foward". Esses contratos são operações de derivativos cambiais com prazo mais longo, em torno de 12 meses, enquanto as operações na BM&F são mensais. Para os contratos bancários, porém, há limite de ganhos, a partir do qual a operação é encerrada e outro contrato tem de ser assinado. Para perdas, no entanto, não há limite estabelecido. A seguir, os principais trechos da entrevista:
Por que a demora na apresentação da sua versão dos fatos?
Primeiro, porque não havia nenhuma manifestação da empresa contra mim. Mas, agora, diante de uma ação que está sendo movida, tenho obrigação de dar a minha versão dos fatos, de me defender. A Aracruz exporta 99% de sua produção. E os custos são 80%, 85% em reais. Teoricamente, é a empresa que mais tem de se preocupar com o câmbio no Brasil.
O hedge é decidido pelos acionistas?
Entrei para a Aracruz em junho de 2003 e a recomendação que me foi feita foi: "Olha, se preocupa com hedge. Estamos entrando numa fase de apreciação da moeda." Em 2002, o dólar havia chegado a quase R$ 4. Quando o Lula entrou, mostrou um trabalho correto, os preços das commodities coincidentemente também começaram a subir no mercado internacional, houve um ingresso líquido de recursos para o Brasil, o balanço de pagamentos melhorou muito. O real foi caindo até chegar, em agosto, a R$ 1,56. Imagina o que isso significa para uma empresa que tem toda a sua receita em dólar e custos em reais. Tínhamos por obrigação, por imperativo de gestão, fazer o hedge. O que eu perdia no custo, ganhava na BM&F. Do final de 2004 até junho de 2008, ganhamos cerca de US$ 350 milhões na BM&F. Conseguíamos compensar a perda com o câmbio com ganho financeiro.
A Aracruz fazia hedge puro e simples?
Até bem pouco tempo, operávamos com venda de dólar na BM&F. Este ano, os bancos passaram a oferecer um produto diferente, chamado sell target foward. Na BM&F é preciso rolar os contratos mês a mês. Os bancos ofereceram um produto com venda de câmbio em prazo mais longo. Isso convinha às empresas. Já que eu tinha um fluxo de exportação, prefixava meu câmbio e me protegia. E sempre numa curva ascendente, o que para nós, como exportadores, era interessante. É um produto que já veio de outros países. A Aracruz não foi a primeira a fazer isso. Quando começamos a fazer, já havia várias empresas grandes fazendo.
Quantas?
Acredito que umas 400 empresas, dos mais variados tamanhos, estavam fazendo. Falou-se muito na Aracruz, na Sadia e na Votorantim. Mas, com 20 bancos operando nisso, não iriam fazer isso para três empresas. Somente um desses bancos declarou que chegou a fazer isso para 300 empresas. Essas três foram as mais faladas talvez porque sejam maiores, com mais visibilidade, e porque foram mais transparentes ao divulgar essas coisas. Ninguém gosta de dizer que perdeu. Mas, na realidade, todas perderam e não foi culpa de ninguém. Não foi culpa do diretor da Aracruz, do presidente da VCP, do diretor da Sadia. O que aconteceu foi um fato imprevisível.
Não é possível apontar um culpado?
O que aconteceu não foi culpa de ninguém. Foi a maior crise mundial que já aconteceu nas finanças mundiais, mais do que a crise de 1929. Há um grande início de recessão econômica. Isso criou também uma crise de confiança que secou as linhas de crédito para o Brasil. Pela primeira vez se viu uma escassez de crédito internacional para o Brasil das linhas de ACC (Antecipação de Contrato de Câmbio), o capital de giro do exportador, que nunca faltou na história do Brasil. Empresas grandes, maiores que a Aracruz, não conseguiam crédito nem para 30 dias.
A diferença dos instrumentos de derivativos na BM&F e nos bancos era o prazo?
Era. O banco te oferecia a possibilidade de um prazo mais longo, em vez de ficar todo o mês rodando na BM&F. As empresas acharam interessante. A própria Aracruz, de abril a agosto, chegou a ganhar US$ 50 milhões só nessa operação. Eram operações com nocaute, quer dizer, quando se ganhava um "x", a operação terminava. Tinha limite de ganho e a operação era interrompida. Era possível contratar a operação por 12 meses e ela durar apenas dois meses. Se você estava pré-vendido a R$ 1,80 e o dólar chegasse a R$ 1,60, a operação morria e você ganhava uns tantos milhões.
Tinha limite de ganho, mas não de perda?
Essa era a questão. Mas, para isso, o banco te dava um "upside" enorme. Se o câmbio estava a R$ 1,56, ele te dava RS 1,90 no primeiro mês. Então, você tinha uma chance enorme de ganhar. Até agosto, praticamente todo mundo ganhou. O que aconteceu é o que se chama em Direito de teoria da imprevisibilidade. Um fato extra, totalmente fora de controle dos agentes econômicos, uma crise internacional sem precedentes, que modificou totalmente o câmbio. E, aí, ninguém tem controle sobre isso. Não é culpa de X, Y ou Z. Não foi a Aracruz que perdeu, foram 300 que perderam. Isso vai ficar claro quando divulgarem o balanço no final do ano.
Não há limite para esse tipo de operação nas empresas?
Tem um limite, mas essa operação era mais complexa. Quando você atua na BM&F, sabe exatamente o seu limite. Nessa operação, com nocaute, com possibilidade de fechar a operação no segundo mês, você nunca sabia a sua exposição certa. A gente fazia uma média em relação à previsão de ter nocaute para chegar dentro do limite do que seria aceitável. Tecnicamente, considerando a complexidade do produto e a freqüência que esse produto dá nocaute, a empresa operou dentro do limite, embora o próprio fato relevante dê como justificativa ter ficado acima do limite.
Quem sabia dessas operações?
Além do Conselho de Administração e da diretoria, há seis comitês técnicos que assessoram o conselho. Um deles é o Comitê Financeiro, que supervisionava o trabalho do diretor-financeiro, principalmente em relação a essas operações. Quando eu assinava um contrato desses, passava por uma análise até de advogados. O Conselho de Administração não se envolvia diretamente. O Conselho é responsável por formular as políticas. Os comitês eram responsáveis por acompanhar a execução dessas políticas junto à diretoria.
Os acionistas dizem que não tinham conhecimento.
Eles tinham conhecimento, porque o Comitê Financeiro tinha um representante de cada acionista controlador. E a diretoria encaminhava periodicamente para esse comitê os resultados dessas operações, as posições, as informações que eles queriam. Havia relatórios quase diários. O Conselho se reúne somente a cada três meses. Mas, como eles têm representantes em todos os comitês, as informações ficam disponíveis. Se alguém do comitê achasse que o limite estava estourado, poderia ter falado: "Interrompe a operação, cancela, pára." Mas, eles tinham a mesma interpretação que a gente, que o limite não estava estourado. Essa operação foi feita em abril e só foi interrompida em setembro. A auditoria independente feita em junho também poderia ter visto que havia estourado, porque o volume de operações não se alterou muito de junho a setembro. Mas todos nós tínhamos a interpretação que estávamos dentro do limite. Quando surgiu o episódio do Lehman Brothers e o dólar passou de R$ 1,60 para mais de R$ 2, alguém tinha de ser culpado...
E o senhor foi o bode expiatório?
Porque o diretor-financeiro é sempre o alvo de qualquer coisa dentro de uma empresa. Mas, estou com consciência supertranqüila. Tudo o que foi feito foi de boa-fé, pelo interesse da empresa. A empresa fazia operações de hedge desde 2004 sempre com sucesso, eles elogiavam. Agora, quando deu errado, por causa de uma maxidesvalorização... Com relação à ação que decidiram ontem (segunda-feira) estou tranqüilo. Ninguém pode me acusar de irregularidade. Porque escolheram só a mim, aí só perguntando a eles.
Perguntas de um operário letrado
Bertoldt Brecht
Quem construiu a Tebas das Sete Portas?
Nos livros constam nomes de reis.
Foram eles que carregaram as rochas?
E a Babilônia destruída tantas vezes?
Quem a reconstruiu de novo, de novo e de novo?
Quais as casas de Lima dourada
abrigavam os pedreiros?
Na noite em que se terminou a muralha da China
para onde foram os operários da construção?
A eterna Roma está cheia de arcos de triunfo.
Quem os construiu?
Sobre quem triunfavam os césares?
A tão decantada Bizâncio era feita só de palácios?
Mesmo na legendária Atlântida
os moribundos chamavam pelos seus escravos
na noite em que o mar os engolia.
O jovem Alexandre conquistou a índia.
Ele sozinho?
César bateu os gauleses.
Não tinha ao menos um cozinheiro consigo?
Quando a “Invencível Armada” naufragou, dizem que Felipe da Espanha chorou
Só ele chorou?
Frederico II ganhou a guerra dos Sete Anos.
Quem mais ganhou a guerra?
Cada página uma vitória.
Quem preparava os banquetes da vitória?
De dez em dez anos um grande homem.
Quem paga as suas despesas?
Tantas histórias.
Tantas perguntas.
terça-feira, 25 de novembro de 2008
O fim do neoliberalismo...
O fim do neoliberalismo não se dará na economia, mas na luta política.
A liberdade absoluta de movimentação de capitais e a desregulamentação financeira, elevadas à categoria de valores democráticos ao longo das últimas duas décadas, impossibilitam qualquer avaliação objetiva sobre as dimensões ou mesmo o ritmo do desastre.
Apressadamente, alguns analistas difundem a idéia de que as intervenções dos bancos centrais de vários países, injetando dinheiro em instituições financeiras em vias de quebrar, representariam o fim das chamadas teses neoliberais, que se baseiam na absoluta superioridade do mercado como organizador sistêmico. A volta do Estado interventor garantiria, assim, o fim de uma era.
Na verdade, não é esta a essência do modelo, embora seja uma de suas pedras de toque. Ou seja, sua contradição principal não se dá entre liberalismo e intervencionismo ou aquela estabelecida entre mercado e Estado, mas na absoluta subordinação do público ao privado. Entenda-se privado, no momento atual, como todas as formas de capital, sob a hegemonia de sua vertente financeira. E pode-se também entender como público o espaço dos interesses coletivos.
O que se assiste em diversas economias do mundo - EUA à frente - é, na verdade, o setor público - do Tesouro, mantido pela população - atuando como garantidor último dos interesses privados. É o que deve estar no cerne da discussão sobre o socorro de mais de US$ 3 trilhões, realizados por governos de todo o planeta, a bancos e agentes financeiros. Não se está estatizando nada, o que ocorre é a privatização da riqueza pública em favor da especulação financeira. A clássica socialização dos prejuízos, marca histórica de qualquer sociedade capitalista.
A lógica é explicitada quando se despejam quantias astronômicas para salvar o sistema financeiro, sem que se ouçam duas clássicas perguntas, formuladas sempre que políticas de combate às desigualdades sociais são aventadas: 1) "De onde sairá o dinheiro?" e 2) "Esta injeção de dinheiro na economia não provocará pressões inflacionárias?"
O grau de subordinação do setor público é tamanho, que as engrenagens das finanças turbinadas colocam sobre as sociedades a seguinte disjuntiva: "Salvem-nos ou arrastamos vocês junto".
Hegemonia acontece quando os interesses de um setor são apreendidos como sendo os interesses gerais. Quando a parte alega sintetizar o todo. Agora o conceito funciona de maneira perversa. Os interesses de uns chantageiam a vida de todos. A dura realidade é que se a banca não for salva, sua capilarização sobre a economia produtiva, sobre os trabalhadores e sobre a população levará o mundo de roldão. O pressuposto básico segue então mantido: salvar o setor financeiro significa salvar a coletividade.
Seria precipitado falar em fim do neoliberalismo em uma situação dessas e no meio da tormenta. A crise final do capitalismo já foi alardeada outras vezes e o sistema demonstrou incrível elasticidade, surpreendendo até mesmo seus exegetas, para sobreviver e se expandir.
O neoliberalismo, a forma de gestão atual do capitalismo, não acabou e, possivelmente terá uma longa sobrevida. Talvez um pequeno ciclo histórico de supremacia especulativa tenha se encerrado. Mas nenhum dos outros cânones neoliberais - além do aprofundamento da subordinação do Estado aos interesses particulares - saiu de cena. Continuam intocáveis a liberdade de movimentação de capitais, o livre comércio, a redução do caráter público do Estado, as empresas e serviços públicos privatizados, os desvios de imensos recursos públicos em favor de uma minoria rentista, as flexibilizações nas legislações de vários países, dentre outras medidas adotadas nos últimos anos. O modelo segue funcionando não apenas nos EUA, mas em boa parte da Europa e da América Latina.
A crise proporciona condições objetivas para seu questionamento. Mas sua superação não se dará por conta de suas hecatombes financeiras. Isso acontecerá quando alternativas adquirirem consistência e legitimidade. Em outras palavras, sua resolução não ocorrerá no terreno da economia, mas da luta política.
A situação atual pode produzir o efeito pedagógico de colocar em pauta mudanças em políticas monetárias e fiscais restritivas e por dar curso a orientações industriais e agrícolas desenvolvimentistas. Algumas medidas no campo da política monetária foram tomadas, como a redução do compulsório, a intervenção no mercado de câmbio, o crédito para bancos e exportadores. São paliativos para contornar efeitos adversos e pontuais.
É hora de reagir com rapidez e fazer com que o dinamismo do mercado interno não esmoreça e que uma possível situação de perda de milhares de empregos possa ser minimizada. Iniciativas como redução dos juros, maior oferta de crédito aos produtores e consumidores, redução de impostos em setores estratégicos, aumento das compras do governo, dos investimentos do PAC e das transferências de renda da Previdência e do programa Bolsa Família podem ter poderosos efeitos para evitar que a crise atinja o país de uma forma muito severa.
Falar agora em cortar de despesas do Estado em setores sensíveis equivale a dar um tiro no pé. A hora é de gastar em atividades que revertam a espiral descendente da economia real.
As crises econômicas internacionais de 1929 e dos anos 1970 provocaram uma reação criativa do Brasil. Foram deflagradas diretrizes industrializantes e desenvolvimentistas, com forte presença do Estado. As saídas para a crise atual podem ir além, proporcionando desenvolvimento com justiça social. Isso poderia abrir novas perspectivas de futuro para aqueles que sempre pagaram a conta dos sucessos e das falências do capitalismo. Deixado ao seu livre arbítrio, o mercado seguirá provocando caos econômico e social.
Denise Lobato Gentil é professora de Economia do IE UFRJ, diretora-adjunta de Estudos Macroeconômicos do Ipea.
Gilberto Maringoni é historiador, pesquisador do Ipea, professor da Faculdade Cásper Líbero e autor de "A Venezuela que se inventa, poder, petróleo e intriga nos tempos de Chávez" (Editora Fundação Perseu Abramo, 2004).
O ponto que Yeda não cortou
Esta rigidez, contudo, é prática nova na conduta da governadora. Ela nem sempre foi tão radical assim. Veja-se, por exemplo, o caso de Carlos Dahlem da Rosa (foto), o advogado que é um dos denunciados pela Justiça, acusado de integrar a quadrilha que roubou R$ 44 milhões do Detran. Pois é, antes de ter seu nome citado pela Justiça Federal, Carlos Dahlem da Rosa era funcionário da CEEE desde 1980 e, em março de 2007, teve autorizada sua cedência para a Casa Civil de Yeda. Entretanto, o advogado ficou nove meses sem aparecer para trabalhar em nenhum dos dois órgãos e nem Yeda, nem qualquer secretário seu, cortaram-lhe o ponto ou descontaram seu salário.
Yeda até pode alegar que alguém garantia a efetividade do advogado e, segundo a imprensa, isto teria sido obra de outro réu do Detran, o então diretor administrativo da CEEE, Antônio Dorneu Maciel. Não consta, porém, que Maciel tenha recebido alguma sanção de Yeda por ter assinado uma falsa efetividade durante quase um ano. Yeda também pode alegar que afastou os dois, mas vale lembrar que isto só aconteceu depois que a Justiça "sugeriu" este procedimento. E não foi pela falcatrua da efetividade, foi por suspeita de roubo mesmo.
Os diretores das escolas, ao contrário, provavelmente serão punidos por não terem fornecido ao governo os nomes dos professores em greve que não compareceram às escolas. Ora, os diretores também estão em greve... Mas Yeda não quer explicações, quer cortes; não quer conversa, quer punição; não quer acordo, quer queda-de-braço. Se esta disposição houvesse sido manifestada com relação ao Detran os cofres públicos agradeceriam.
No caso de Dahlem Rosa, a situação só foi regularizada em novembro de 2007, nove meses depois da cedência, e ainda assim porque a imprensa denunciou que ele recebia sem trabalhar e não por obra da "coerência" do governo Yeda. O advogado teve seus salários devolvidos num acordo que lhe garantiu a devolução de quase 40 mil reais (quantos anos um professor deve ficar em greve para dever 40 mil ao Estado?!) em módicas parcelas que não ofendessem o sustento da família... Talvez valha para Yeda a frase de que lançou mão na CPI do Detran outro denunciado pela fraude, Carlos Ubiratan dos Santos, o Bira Vermelho. Encurralado por perguntas dos deputados sobre envolvimento com a quadrilha, sem saída, Bira lascou algo como "...nesta vida, deputado, tudo são relações..." (Maneco)
créditos: Marco Aurélio Weissheimer
segunda-feira, 24 de novembro de 2008
A desonra do governo Yeda Crusius
A arrogância e o autoritarismo são duas marcas que acompanham o governo Yeda Crusius (PSDB) desde o início. A greve do magistério mostra isso mais uma vez. A governadora e sua secretária de Educação, Mariza Abreu, dizem que é uma questão de honra punir os professores em greve, cortando o ponto dos dias parados. Questão de honra? O governo tucano parece ter uma noção peculiar de honra. A governadora não vê nenhuma desonra em aumentar seu próprio salário, o dos funcionários de seus gabinetes e dos secretários, e oferecer ZERO de aumento para os servidores públicos. Para Yeda, questão de honra é reprimir e punir o funcionalismo que se atreve a protestar contra sua política salarial que só beneficia quem está dentro do palácio. Honra é mandar o coronel Mendes espancar agricultores, professores e estudantes que ousam contestar o chamado “novo jeito de governar”.
Qual é a honra de um governo que já teve afastados alguns de seus principais secretários, entre eles dois chefes da Casa Civil, envolvidos em escândalos e denúncias de corrupção? Qual é a honra de um governo onde a governadora até hoje não consegue explicar como comprou uma luxuosa mansão logo após a campanha eleitoral? Honra, para este governo, é implantar no Rio Grande do Sul as teorias do Estado mínimo que levaram o mundo à grave crise econômica que vemos hoje. É dizer que prioriza a segurança pública e oferece ZERO de aumento para os policiais e demais servidores da segurança. “Zero”, aliás, é uma palavra cara ao governo tucano. O “déficit zero” festejado pela governadora significa ZERO de reajuste para os servidores, ZERO de investimentos para qualificar os serviços públicos, ZERO de recursos para políticas sociais e ZERO de transparência, como disse a antiga titular desta área, que pediu demissão dizendo que Yeda não estava interessada no assunto.
Agora mesmo, o Ministério Público de Contas anuncia uma investigação para apurar irregularidades no pagamento de gratificações a secretários do governo. O MPC suspeita que eles estariam recebendo “por fora” desde agosto, mesmo sem aprovação da Assembléia. Enquanto isso, os professores fazem greve para defender melhores salários, seu plano de carreira e melhores condições de trabalho. Para o governo, é uma questão de honra punir essa ousadia. O mesmo governo que decide liderar um movimento de governadores contra a proposta de um piso salarial nacional para o magistério. Um piso de R$ 950,00. O mesmo governo que sucateia a Universidade Estadual do Rio Grande do Sul, que fecha escolas, reduz turmas e amontoa alunos em salas de aula para alcançar o “déficit zero”.
O governo Yeda despreza o serviço público. Não é por acaso. Essa é a ideologia do PSDB e dos partidos que o apóiam. Acreditam que o Estado é um estorvo e deve ser reduzido a ZERO. A resposta dos professores, além de sua mobilização em todo o Estado, é mostrar a qualidade dos servidores públicos. A escola pública do Rio Grande do Sul teve a melhor nota no Exame Nacional de Ensino Médio realizado em todo o país. A governadora Yeda e a secretária Mariza Abreu acreditam que esse resultado foi obtido apesar dos professores e professoras que, como elas já disseram, não tem boa qualificação e precisam trabalhar mais. O prêmio que elas querem oferecer ao magistério por esse resultado é CORTE DE SALÁRIO.
E, por falar em corte de salário, Yeda poderia aplicar esse mesmo critério e cortar o ponto de todos os dias em que ela não desempenhou suas funções como governadora e manteve o governo paralisado, porque estava ocupada em responder as sucessivas denúncias de corrupção. O jornal Zero Hora poderia fazer, a exemplo do que fez neste sábado contra os professores, uma matéria com o levantamento dos dias parados da governadora e os prejuízos causados à população. Seria mais honroso.
Créditos: Marco Aurélio Weissheimer
domingo, 23 de novembro de 2008
revista nova na área.....
Estas criaturas insuportáveis que andam por aí rasgando a vida com a força de suas mãos, não param. No início inventaram a revista impressa Pobres e Nojentas. Um projeto difícil. Primeiro por conta do nome, meio intragável. Ninguém quer se identificar com o Pobres e o Nojentas às vezes fica confuso. É uma revista que precisa se explicar. Até descobrirem que é uma provocação já passou a hora da venda. Mas, as nojentas não se importam. Empinam seus narizes e seguem, na estrada, rompendo os preconceitos, o asco, a indiferença. Depois, incansáveis, inventaram o blog. Espaço para fotos, comentários, crônicas, enfim, coisas de gente que não aceita a condição que o sistema do capital lhe impõe. Empobrecidas, sim, mas não amebas.
Aí veio a idéia de teorizar sobre o jornalismo, olha que coisa mais intolerável. Um povo que nem está na academia! Como assim, não? Tá, não estamos na academia, mas temos a padaria, e é lá que nos sentamos a conversar sobre esse pensar/fazer. Nestes encontros fomos percebendo que as pesquisas e os textos teóricos que dormem nas universidades estão mesmo dormidos, inertes, não se encarnam na vida dos que escrevem e constroem mundos. “Vamos fazer uma Pobres teórica?” A pergunta já se respondeu a si própria. Siiiiiiiim! Então, as nojentas inventaram o blog teórico, que logo passou a receber colaborações. Tem muita gente que não é doutor da universidade, mas pensa e formula coisas incríveis.
Então, agora, aí está mais uma heresia das Pobres e Nojentas. Uma revista impressa que discute o jornalismo no seu aspecto teórico. É que a gente entende, como Paulo Freire, que o pensar e o fazer são coisas que devem ter o mesmo peso e precisam acontecer juntas. Nossa experiência com a Pobres mostra que se não houvesse esse momento de discussão teórica que fazemos na padaria ou na casa de alguém, a gente não ia crescendo coletivamente como grupo e como jornalistas. Mas, a cada debate, vamos ficando mais seguras do texto e da práxis. Com isso, avançamos, e tiramos o jornalismo da tumba.
Este pequeno caderno de estréia da Pobres Teórica fala sobre o jornalismo que se faz nos sindicatos. Arriscamos dizer que este é um espaço privilegiado para se fazer jornalismo mesmo, não propaganda, não texto chapa-branca, jornalismo de verdade como ensina Adelmo Genro Filho. Para isso, levantamos algumas questões teóricas e mostramos algumas práticas. É nosso jeito de romper também a barreira do saber institucionalizado. Quem disse que se pensa só na universidade? Não, as pessoas que pensam, o fazem em qualquer lugar!
Preço: R$ 6,50 (incluindo despesa com Correio)
Encomendas: revistapobresenojentas@gmail.com
sábado, 22 de novembro de 2008
V DE VINGANÇA - 2006
Formato: RMVB
Áudio: Inglês
Legendas: Português/BR (Embutidas)
Duração: 2:12
Tamanho: 431MB (05 partes)
Servidor: Rapidshare
Créditos: F.A.R.R.A.- Adrimonte
crítica: por André Lux
Qualquer pessoa de esquerda ou que tenha simpatia pelas lutas por justiça social vai lavar a alma com esse filme que não tem medo de colocar o dedo na ferida da sociedade e reflete de maneira alegórica a nossa condição atual.
Em certo momento da graphic novel “V de Vingança”, um dos personagens descarrega todas as balas de seu revólver contra o protagonista da história, que mesmo assim continua avançando sobre ele. “Por que você não morre??”, grita desesperado, para ouvir como resposta: “Não há carne e sangue dentro deste manto, há apenas uma idéia. Idéias são à prova de balas” (dá até para imaginar um certo senador de extrema-direita fazendo essa pergunta depois que seu sonho de “acabar com a raça” de um grupo de pessoas não deu muito certo).
Essa é a força que está por trás da história criada por Alan Moore (o mesmo de “Watchmen”) que acaba de ser levada aos cinemas pelas mãos dos criadores da série “Matrix”, Larry e Andy Wachowsky, que apenas assinam o roteiro e produzem dessa vez. Qualquer pessoa que seja assumidamente de esquerda ou que tenha simpatia pelas lutas por justiça social vai lavar a alma com esse filme, dirigido com precisão por James McTeigue, que não tem medo de colocar o dedo na ferida da sociedade. Trata-se, mais uma vez, de uma história passada num futuro próximo (2020), mas que reflete de maneira alegórica a nossa condição atual. E como reflete!
O roteiro mostra o que seria a Inglaterra sob o domínio de um governo ditatorial de extrema-direita, que chegou ao poder aproveitando-se do caos generalizado que tomou conta do mundo graças às guerras infinitas provocadas pelos Estados Unidos (que no filme já se encontra à beira do colapso). Estimulando o medo, a intolerância racial, sexual e social e reprimindo a população por meio da violência, da religião e da intensa manipulação midiática, o novo governo lança mão também de um artifício aterrador: atos de terrorismo contra sua própria população. Tudo isso em nome de “salvar” a população e “libertar” o país. Já ouvimos tudo isso antes, não?
Mas, ao contrário do que parece, “V de Vingança” não é um mero filme de ação e explosões (embora elas existam), e sim um intenso thriller político que, após um início truncado e titubeante, pega o espectador pelo colarinho e não larga mais. Para isso conta com dois trunfos: a atuação impecável de Natalie Portman, como Evey, que sofre uma transformação brutal, tanto física quanto psicológica no decorrer da trama, e de Hugo Weaving (o Mr. Anderson de “Matrix”), que dá vida ao anarquista conhecido apenas como V e passa o filme todo coberto por uma máscara de Guy Fawkes, o lendário cidadão britânico que tentou explodir o parlamento inglês no século 17. Verdade seja dita, nada mais difícil do que passar emoções a partir de um personagem mascarado (ainda mais quando a máscarar é dura e totalmente inexpressiva como a usada no filme), mas mesmo assim, graças à entonação e à expressão corporal de Weaving, a personalidade magnética de V cresce à medida que a trama progride, tornando-se arrebatadora no final.
O filme é entrecortado por dezenas de diálogos brilhantes ( “O povo não deveria temer seu governo. O governo é que deve temer o povo”) e reserva algumas seqüências absolutamente emocionantes, particularmente a da leitura de uma carta que traz um grito ensurdecedor contra a intolerância e a favor das diferenças e a cena que marca o despertar angustiante de Evey do seu estado anterior de letargia e alienação para o mundo real que a cerca. Quem já passou por esse doloroso, porém importantíssimo, processo vai ter dificuldades em segurar as lágrimas.
Com tantos conteúdos abertamente a favor da revolução popular e do conceito marxista que prevê sociedades criadas a partir da exploração das classes fatalmente criarão seus próprios algozes (“ação e reação”), é natural que “V de Vingança” provoque tantas críticas ferozes proferidas pelos defensores do sistema atual, sempre ligados aos setores mais conservadores e reacionários da sociedade, que se expressam livremente por meio da sua imprensa corporativa.
Mas esse tipo de reação histérica apenas dá mais força aos méritos dessa brilhante obra, que certamente vai ficar na cabeça das pessoas por um bom tempo - ao menos para aquela parcela dos espectadores que ainda se prestam a pensar e refletir sobre o que acabaram de assistir.
Alan Moore, o autor da graphic novel original, rejeitou a adaptação e não quis nenhum tipo de envolvimento com o filme desde o seu início, tanto é que seu nome nem consta dos créditos (embora o desenhista David Loyd tenha participado ativamente). Azar o dele, pois “V de Vingança”, o filme, não causa nenhum demérito à história em quadrinhos. Afinal, mesmo com várias mudanças e acréscimos (principalmente na conclusão que ficou um pouco ingênua apesar do forte apelo alegórico), o conceito principal permaneceu intocado: ideais nunca morrem - e sem eles não somos nada.
Cotação: * * * *
Em uma Inglaterra do futuro, onde está em vigor um regime totalitário, vive Evey Hammond (Natalie Portman). Ela é salva de uma situação de vida ou morte por um homem mascarado, conhecido apenas pelo codinome V (Hugo Weaving), que é extremamente carismático e habilidoso na arte do combate e da destruição. Ao convocar seus compatriotas a se rebelar contra a tirania e a opressão do governo inglês, V provoca uma verdadeira revolução. Enquanto Evey tenta saber mais sobre o passado de V, ela termina por descobrir quem é e seu papel no plano de seu salvador para trazer liberdade e justiça ao país.
Hugo Weaving (V)
Stephen Rea (Finch)
John Hurt (Sutler)
Roger Allam (Prothero)
Clive Ashborn (Guy Fawkes)
Sinéad Cusack (Dra. Delia Surridge)
Nicolas de Pruyssenaere (Marshal)
Stephen Fry (Gordon Deitrich)
Selina Giles (Mãe de Evey)
Rupert Graves (Dominic)
Ben Miles (Dascomb)
Tim Pigott-Smith (Creedy)
Cosima Shaw (Patricia)
Gênero: Ação/Drama
Tempo de Duração: 132 minutos
Ano de Lançamento (EUA / Alemanha): 2006
Direção: James McTeigue
Roteiro: Andy Wachowski e Larry Wachowski, baseado nos personagens criados por David Lloyd e Alan Moore
Produção: Grant Hill, Joel Silver, Andy Wachowski e Larry Wachowski
Música: Dario Marianelli
Fotografia: Adrian Biddle
Desenho de Produção: Owen Paterson
Direção de Arte: Marco Bittner Rosser, Stephan O. Gessler, Sarah Horton e Sebastian T. Krawinkel
Figurino: Sammy Sheldon
Efeitos Especiais: Baseblack / Cinesite Ltd. / Double Negative