segunda-feira, 13 de abril de 2009

Rick Braun - Body And Soul (1997)

Para quem curte smooth-jazz é essencial conhecer esse excelente trompetista, Rick Braun tem todos os requisitos de um virtuose do trompete, possui uma sonoridade limpa e impecável, com um fraseado simples e objetivo. Esse disco é de 97 e conta ainda com a participação do grande saxofonista Boney James, grande parceiro de Braun, destaque para as faixas "Notorious", "Dark Eyes" e "Angel". O som é muito relax e o cara toca muito, lembrando muito Miles Davis nos seus últimos trabalhos.

Confira: http://rapidshare.com/files/219756599/Body_and_Soul.rar

Anatel persegue rádios comunitárias

Do blog do Miro, por ele mesmo:

Na semana passada, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) destruiu, em São Paulo, oito toneladas de equipamentos apreendidos de radiodifusores comunitários. A operação foi feita com máquinas cedidas pela prefeitura paulistana e foi acompanhada pelo prefeito demo Gilberto Kassab. O ato de vandalismo teve forte repercussão na mídia hegemônica, que sempre tratou as rádios comunitárias como “piratas” e considerou mais esta destruição como um “ato simbólico”.

Como registrou o Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC), “a destruição de equipamentos de rádios comunitárias constitui um ato de ignorância e prepotência, representa uma atitude deliberada contra a democratização da comunicação e deixa às claras os temores de setores empresarias frente à Conferência Nacional de Comunicação”. O desproporcional alarde da mídia e a presença do prefeito demo confirmam a intolerância das elites diante das iniciativas de abnegados radiodifusores populares, que lutam para garantir voz as suas comunidades.

Serviçal dos barões da mídia

Ao patrocinar este ato grotesco de vandalismo, a Anatel mais uma vez explicitou que defende os interesses dos “barões da mídia”. Na constituição dessa agência reguladora ficou definido que ela também deveria trabalhar pelo fomento das rádios comunitárias, dada a sua importância para as comunidades. No entanto, até hoje a Anatel só perseguiu os radiodifusores populares e destruiu os seus equipamentos, comprados com enorme esforço dos comunicadores sociais. A legalização das rádios comunitárias esbarra sempre na enorme burocracia e no desinteresse da agência.

Como afirma a nota da FNDC, “a Anatel atua de modo contrário à democracia. Ao destruir os equipamentos, ela pratica um ato de vandalismo, investindo contra um patrimônio coletivo e de inestimável valor social para as comunidades. Ao destruí-los, a Anatel age de modo prepotente, pois lhe caberia a guarda do material e as providências para a sua preservação e reutilização, considerando que está em curso o aperfeiçoamento da legislação vigente e a regularização de milhares de emissoras comunitárias, cujos processos aguardam despachos do governo federal”.

“A destruição de equipamentos também representa uma cabal demonstração de ignorância sobre o papel fundamental da comunicação para a consolidação da democracia, o fortalecimento da sua pluralidade e dos laços culturais da nação brasileira. A desabusada prática de vandalismo e prepotência perpetrada pela Anatel não se deve a qualquer eventual desvio de suas funções, mas sinaliza que aquela agência e os interesses dos grandes grupos de mídia nela abrigados movem-se contra a realização da Conferência Nacional de Comunicação, prevista para dezembro”.

sábado, 11 de abril de 2009

Via Campesina se mobiliza....

Entidades preparam mobilizações para o Dia da Luta Camponesa


A Via Campesina convoca movimentos e organizações sociais para a realização de ações no dia 17 de abril, data escolhida em razão do massacre de Eldorado de Carajás.



Desde 1996, no dia 17 de abril, os movimentos camponeses de todo o mundo celebram o Dia Internacional da Luta Camponesa. A data foi escolhida em razão do massacre de Eldorado de Carajás, no Pará, que resultou na morte de 19 camponeses, em 69 pessoas mutiladas e centenas de feridos. Após 13 anos, mesmo com evidências da participação de latifundiários no massacre, nenhum dos responsáveis foi condenado.


Para comemorar o Dia Internacional da Luta Camponesa, a Via Campesina convoca movimentos e organizações sociais a realizar ações diretas, mobilizações, feiras rurais, palestras e conferências, atividades culturais, publicações de livros, divulgação de vídeos e documentários, festivais de música, coletivas de imprensa, entre outras manifestações, com a finalidade de homenagear a luta pela terra e os direitos dos camponeses.


No ano passado, milhares de grupos, comunidades e organizações, em mais de 25 países, organizaram mais de 50 atividades para defender seu direito à alimentação e a alimentar suas comunidades. A Via Campesina ressalta que, todos os anos, centenas de camponeses (as) são presos, oprimidos, intimidados e assassinados por realizarem sua luta pela vida.


Segundo o movimento camponês internacional, quase a metade de população mundial é constituída por camponeses (as) e pequenos agricultores, que produzem alimentos essenciais para a vida das pessoas: "A agricultura não é somente mais uma atividade econômica, mas também significa vida, cultura e dignidade para todos nós".


A Via Campesina afirma que as famílias rurais pobres representam 75% da população que sofre fome endêmica. Alerta ainda que os índices de analfabetismo aumentam nas áreas rurais e que o atendimento médico e os serviços públicos estão sendo precarizados: "Mulheres e crianças são os mais afetados e a discriminação contra as mulheres impõe uma dupla carga sobre seus ombros".


Os camponeses denunciam que a violação de seus direitos humanos tem crescido dramaticamente com a liberalização da agricultura, o que força os camponeses a produzir para a exportação e a entrar em um modelo de produção industrial. Eles acusam as instituições internacionais como a Organização Mundial do Comércio (OMC), o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o Banco Mundial, além dos Tratados de Livre Comércio, de obrigarem os camponeses a seguir esse caminho.


Para a Via Campesina, os mecanismos e as leis em defesa dos direitos dos camponeses ainda são limitados. A entidade diz que a Carta do Camponês, produzida pela ONU em 1979, não tem sido capaz de proteger os pequenos agricultores das políticas internacionais neoliberais. Cita também outros documentos, como a Convenção 169 da OIT, a Cláusula 8-J da Convenção sobre Biodiversidade, o ponto 14.60 da Agenda 21 e o Protocolo de Cartagena, que não foram suficientes para assegurar seus direitos.


Agência Adital

sexta-feira, 10 de abril de 2009

O valor real da gasolina brasileira

Do sitio: Pravda-ru



http://port.pravda.ru/busines/26680-valorgasbras-0

Têm circulado na internet alguns protestos a respeito do preço da gasolina que a Petrobrás produz e vende praticamente com exclusividade no Brasil. Um monopólio de fato.

O presidente da empresa, Sérgio Gabrielli, declarou que os preços da gasolina só serão reduzidos quando a companhia recuperar os prejuízos (mais honestamente falando, os menores lucros) havidos com a manutenção dos preços quando a cotação do petróleo estava nas alturas.

Gabrielli sofisma, pois, para começar, a Petro aumentou os preços da gasolina (inferior à americana, e por isso, desvalorizada em 12%) em abril de 2008 , não repassados aos consumidores por uma manobra populista do governo, que reduziu a incidência da CIDE ( Contribuição de Intervenção de Domínio Econômico , uma sigla complicada para um imposto sobre combustíveis), a fim de não repassar os aumentos de preços na bomba.

Hoje, a Petro vende combustíveis, gasolina e diesel, pela cotação recorde do petróleo, de US$ 147, quando agora vale cerca de US$ 40 o barril. Isso, levando em conta que nossa gasolina tem uma mistura de até 25 % de álcool, o que baratearia seu preço , e a menor octanagem , que a desvaloriza em 12%. Na verdade, em português claro, uma porcaria de gasolina.

Apesar de todos esses "infortúnios" apontados por Gabrielli, a Petro desbancou até mesmo os lucros dos bancos. A Petrobrás lucrou, sozinha, US$ 33 bilhões , bem mais que os US$ 29 bilhões de 28 bancos brasileiros, no total.

Ora, um litro de álcool, ou etanol, pode ser comprado, em postos de São Paulo, hoje, a RS$ 1,299. Se a Petro baixar os preços da gasolina na proporção devida (fala-se em um sobrepreço de 50%), o etanol torna-se inviável .

E, como as usinas já estão na corda-bamba financeira, é claro que a Petro não haverá de reduzir os preços da "gasopa". O governo americano estima o preço médio da gasolina em US$ 1, 96 por galão (3,75 litros), de melhor octanagem e sem álcool, em 2009.

Quanto dá isso em reais? Bem, US$ 1,96 = RS$ 2,21, em 6/4/09. Isso, dividido por 3,75 litros dá um custo por litro, nos EUA, de US$ 0,52, ou R$ 1,16. Aí, descontem-se os 12% a mais referentes à diferença de octanagem: R$ 1,13. Tem, ainda, os 25% de álcool adicionados, que custam R$ 1,29. Resultado: o custo da gasolina deveria ser R$ 1,16, na bomba. Como o álcool rende só 70% do poder calorífico da gasolina, ele valeria R$ 0,81. Inviável, pois.

Mas, se você se indignou com os preços da gasolina brasileira, saiba que o gás vendido pela Petrobrás à indústria custa o dobro dos preços praticados no exterior. O mesmo gás natural, vindo em parte da Bolívia, custa, no fogão das residências paulistas, o triplo do que custa no México.

E a Petrobrás tem a cara de pau de dizer que a diferença de preço serve para custear os investimentos que ela está fazendo no PAC, o programa de obras do governo federal. Então, o contribuinte é quem paga pelo investimento que dará mais lucros à firma? E o lucro de US$ 33 bilhões, desculpe perguntar, serve pra quê?

Luiz Leitão

Mudança no BB e a gritaria da mídia rentista

Do blog do Altamiro Borges, por ele mesmo:

O neoliberalismo, com a sua política de desmonte do Estado e de libertinagem financeira, tem sofrido forte desgaste no mundo todo devido à grave crise capitalista que ajudou a detonar. Mas os neoliberais continuam na ativa na sua adoração ao “deus-mercado”. A decisão do governo de trocar o presidente do Banco do Brasil é prova cabal disto. De imediato, os banqueiros e alguns jornalistas de aluguel criticaram a “obsessão” do presidente Lula em baixar os juros e o spread.

Os porta-vozes do capital financeiro avaliam que a troca no BB é uma interferência indevida na economia. No Jornal Nacional da TV Globo, que ainda é recordista na audiência, a apresentadora Fátima Bernardes vaticinou: “O mercado reagiu mal à mudança”. Já no Jornal da Globo, no final da noite, o ancora William Waack foi o ventríloquo dos banqueiros. Para ele, a “obsessão” do presidente Lula em baixar os juros e o spread bancário equivale “a decretar a felicidade”.

Escândalo do spread bancário

Como afirma Osvaldo Bertolino, num excelente artigo no Vermelho, a mudança no comando do BB “mostra a disposição da equipe econômica de atacar um dos focos que travam a aplicação de políticas contra os efeitos da crise econômica global no país. Ao assumir o posto de Lima Neto, o novo presidente do banco, Aldemir Bendine, terá pela frente, como disse o ministro da Fazenda, um ‘contrato de gestão’. Sua missão consiste em elevar o volume de crédito e reduzir o spread (a diferença entre o custo do banco para captar dinheiro e a taxa cobrada dos clientes)”.

A taxa do spread no Brasil, inclusive no BB, é um escândalo. O dinheiro que poderia servir para irrigar a economia nacional é entesourado nos cofres das instituições financeiras. Somente no ano passado, os brasileiros pagaram R$ 134,5 bilhões em spread, segundo cálculos da Federação do Comércio de São Paulo. Estudo recente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), que irritou os banqueiros e ameaçou o posto de Marcio Pochmann, comprova que o empréstimo para pessoa física no país custa dez vezes mais do que em qualquer agência bancária na Europa. O valor pago em spread em 2008 correspondeu ao dobro do orçamento do Ministério da Saúde.

Lima Neto, indicado para a presidência do BB em 2006, achava-se acima das orientações de um governo democraticamente eleito pelo povo. Na prática, representava os banqueiros no interior do governo. Ele vivia às turras com o ministro Guido Mantega, mantendo-se fiel à ortodoxia dos neoliberais. A sua substituição dá novo alento ao governo para enfrentar a grave crise mundial do capitalismo que, deixada ao sabor da “mão invisível do mercado”, resultará em mais falências, demissões e retração dos investimentos nas áreas sociais. Aldemir Bendine, ao reduzir os juros e o spread, injetando mais dinheiro na economia, colocará na parede os poderosos banqueiros.

Confortably Numb(Confortavelmente Entorpecido)



Recado verdadeiro de Andre Lux do blog Tudo Em Cima:

"De todas as músicas geniais do Pink Floyd, essa é uma das minhas favoritas. Dedico ela a todos meus irmãos e irmãs do planeta Terra que desperdiçam suas vidas consumindo o lixo que a mídia corporativa lhes enfia goela abaixo até ficarem completamente entorpecidos. Lembrem-se: nunca é tarde para mudar!"

Essa cena é do filme "Pink Floyd: The Wall", dirigido por Alan Parker.

A febre amarela e o latifúndio da informação


Quais as causas do aumento da incidência da febre amarela no Rio Grande do Sul? Segundo o secretário estadual da Saúde, Osmar Terra, a propagação do vírus, que teria vindo da Argentina, surpreende pela rapidez e se deve a uma superpopulação de mosquitos. “Provavelmente em função de mudanças climáticas”, arrisca. É alarmante o pouco interesse das autoridades sanitárias em investigar a fundo as causas deste problema que vem se agravando no Estado. Se há uma superpopulação dos mosquitos transmissores da doença é porque houve um desequilíbrio ambiental alterando, entre outras coisas, a população de espécies que se alimentam destes insetos. Recentemente, a região do Vale do Sinos, registrou um problema de superpopulação de mosquitos em função da mortandade de peixes. Superpopulações não surgem por acaso.

O desinteresse em investigar as causas da proliferação da doença no Estado não chega a ser surpreendente em um governo que trata Saúde Pública e Meio Ambiente como áreas estanques e que tem como principal política na área ambiental o atropelo e o desrespeito à legislação para favorecer empresas. Os meios de comunicação têm sua parcela de responsabilidade também e ela não é pequena. O tratamento editorial dado à área ambiental é subordinado aos interesses dos anunciantes. Há vários fenômenos alarmantes. Não se trata apenas da febre amarela. Em março deste ano, o surgimento de três casos de leishmaniose visceral colocou em situação de emergência a cidade de São Borja. Nos últimos anos, a dengue tornou-se um problema com índices epidêmicos. Em Porto Alegre, há pelo menos um registro confirmado da presença de raiva, problema ligado à proliferação de morcegos.

Uma das maneiras de não atacar esses problemas é justamente tratá-los de forma isolada, sem dedicar atenção às suas causas e relações. Neste sentido, a blogosfera pode dar uma importante contribuição à população, ocupando o latifúndio informativo deixado pela imprensa e pelo governo estadual. Faltam recursos para isso, é certo. Mas há uma coisa que pode ser feita: divulgar informações e estudos que tratem das causas e das relações entre esses fenômenos. Esse é um desafio também para os pesquisadores das universidades gaúchas. Há fortes indícios que apontam para a relação entre os problemas ambientais no Rio Grande do Sul e essas doenças. As autoridades sanitárias correm para apagar os focos de incêndio, mas pouco ou nada fazem para entender por que eles estão ocorrendo com regularidade crescente. A ignorância anda de mãos dadas com a irresponsabilidade.

Poesias de Carlos Costa...



Poesia Acróstica


O desejo sempre afeta alguém

Alcança irremediavelmente um bem

Mesmo que roube este de outrem

Oscila entre quem vem ou tem

Resgata (ou perde) seu vintém …


Ébrio por um ardor real !


Faz-me tê-la desejo ingrato

Ostentá-la como meu bem!

Guias-me por teus caminhos

Olvidas que eu te sustento (?)...


Quantos enganos de um pobre homem!

Ubiquando-se por lugares findos

Esmerando um talento oblíquo.


Aliciado fui, desejo, e ainda brincas

Rifando a paz que retinha

Dói-me teu zombo, óh ingrato,

Eu ainda sou teu sustento.


Sê parte de minhas riquezas

Ensaia-me com tua destreza

Mela-me com a mesma paixão que melas a vida


Sei que o fruto que levas contigo é árduo

Emancipado e talvez até fardo,


Vou assim mesmo seguir-te

Emaranhado pelo teu dom de ludíbrio

Resguardando o que levo (vazio).




Autor: Carlos Eduardo M. da Costa


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Plena a dor do ardor,

Como ela ensina o amor

Ou por vez o ódio.


Eu, com meu labor, aprendo o amor

Não o amor casal (de véu e grinalda),

Mas o amor visceral (à vida).


Plena a dor do ardor.

Ensinou-me (mas não aprendi !)

Que paixão opõe-se à dor.


Apesar do amor, eu sinto dor

Plena a dor do ardor

Que me ensina o amor...

Autor: Carlos Eduardo M. da Costa

quinta-feira, 9 de abril de 2009

ZeroHora, mídia de esgoto, demonstra parcialidade.

Em meados de fevereiro, Lula recebeu 3,5 mil prefeitos em Brasília para negociar e anunciar medidas de auxílio às prefeituras. Em meados de abril, agora, Yeda Crusius – governadora do Rio Grande do Sul – reuniu cerca de 350 prefeitos do Estado para anunciar medidas de auxílio às prefeituras. Aparentemente fatos similares, para a Zero Hora eles são como água e vinho, como verdade e mentira, como Jornalismo B e ZH.

digitalizar0004No primeiro caso, o título da matéria principal da cobertura de ZH no dia do encontro foi “De olho em 2010, governo abre os cofres”. Agora, no dia em que Yeda recebeu os prefeitos, “Yeda corteja prefeitos em Porto Alegre”, com a seguinte linha de apoio: “Piratini faz encontro em momento de queda das verbas federais” (grifo meu). Notas algo estranho? A abordagem é semelhante? Por que o evento de Lula é eleitoreiro e o de Yeda não? Esse tipo de questão permeia as matérias inteiras.

O início da “reportagem” sobre Lula, é assim: “De olho nas eleições de 2010, o governo preparou um megafeirão (…)”. Na edição do dia 6 de abril: “Em lua-de-mel com prefeituras, a governadora Yeda Crusius apresentará hoje ações (…) que podem amenizar efeitos nocivos da crise nas cidades”. Há algo podre no reino da Zerolândia. ZH, como parte da grande imprensa, chamou as medidas de Lula de “pacote de bondades”. Depois dessa ridicularização, passou a criticar a suposta super-exposição proposital de Dilma. “Entusiasmado com o crescimento de Dilma nas pesquisas, o governo prepara um palanque para a ministra. A iniciativa não parece constranger os prefeitos”. Deveria?

Depois, segue forçando a barra para mostrar que o encontro com os prefeitos é apenas para alavancar a candidatura da petista. Isso em 10 de fevereiro. Em 6 de abril, ZH diz, sobre o encontro de Yeda: “O objetivo é aproximar o Piratini das administrações municipais”. Ué! Ainda no lead da matéria de agora, “A estratégia é mostrar o Estado como principal parceiro num momento em que se reduzem os repasses federais”. Estratégia de quem, cara-pálida? Só do governo Yeda ou da ZH também?

A mesma matéria, sem assinatura, fala do bom relacionamento do governo com os prefeitos, e lista os méritos de Yeda que levaram a isso. É a agregadora, a líder maior! E complementa, falando sobre a queda do Fundo de Participação dos Municípios: “(…) tem gerado descontentamento dos prefeitos em relação ao governo Lula”. Salve-nos do sapo barbudo, Yedinha!

Cada parágrafo dessas matérias vale uma aula de jornalismo ou uma monografia. Pela falta de espaço, vou deixar alguns de fora, mas há uma questão que não pode faltar. Olhe, compare, e tire suas conclusões:

10 de fevereiro (encontro de Lula com os prefeitos): “Os demais temas foram escolhidos a dedo para seduzir a plateia: educação, saúde, habitação e saneamento”.

6 de abril (encontro de Yeda com os prefeitos): “Aliados esperam que Yeda detalhe o destino de R$ 700 milhões liberados para investimentos. Programas nas áreas de habitação, infraestrutura, estradas, irrigação e pagamentos em dia do Consulta Popular devem ser destacados”.

digitalizar0005No dia seguinte aos encontros, depois de títulos insossos, a matéria referente a Lula começa assim: “Em mais uma tirada para identificar (…) Dilma Rousseff com o PAC (…)”, enquanto a que fala sobre Yeda apresenta: “Cinco dias depois de um estremecimento (…), a governadora abraçou o prefeito José Fogaça num gesto de apaziguamento”.

Entre muitas palavras pró-Yeda, algumas aqui: “Yeda foi aplaudida ao prometer que todos os acessos municipais serão asfaltados até o final de gestão…”; “O Piratini fez um balanço positivo da gestão…”; e “Yeda indicou ações (…) como o repasse de R$ 68 milhões a 300 hospitais filantrópicos municipais, construção de 100 unidades básicas de saúde e 10 mil casas”.

Outro momento interessante é quando a repórter (Marciele Brum) escreve, referente à possibilidade de criação de um fundo anti-crise: “Ela (Yeda) se comprometeu em formar um grupo de trabalho para cobrar a medida da União”. Mais uma vez, é Yedinha nos salvando do sapo barbudo.

No dia 11 de fevereiro, dia seguinte ao encontro de Lula com os 3,5 mil prefeitos, ZH ainda tenta ridicularizar, idiotizar a primeira-dama Marisa Letícia. Já em um olho, diz que “Dona Marisa Letícia não demonstrou desenvoltura”. Depois, repete a frase, e tenta demonstrar sua suposta inutilidade.

Na mesma matéria, ZH tenta aplicar o mesmo processo ao presidente. Depois de reproduzir declaração dele criticando alguns jornais, lembra, de passagem, que Lula disse em uma entrevista que não lia jornais. Como se esse fosse o cerne da questão. A verdadeira discussão que deveria ser criada em torno da declaração de Lula resume o que esse post tentou mostrar, e é óbvia, só não entende quem não quer – caso de ZH, que faz questão de se fazer de idiota enquanto faz isso com os leitores. O que Lula disse, sobre a cobertura que os principais jornais do país fizeram de seu encontro com os prefeitos, foi o seguinte:

- Fiquei triste como leitor, porque abusaram de minha inteligência e pensam que o povo é marionete e pensa como boi, como manada. Mas acabou o tempo em que alguém achava que poderia influencia uma eleição por ser formador de opinião.

Créditos: Alexandre Haubrich

quarta-feira, 8 de abril de 2009


Ampliar a quarta onda revolucionária.

Por Narciso Isa Conde. Rca Dominicana

A atual crise do capitalismo não é uma simples crise financeira e, em conseqüência, não será superada com injeções multimilionárias de dólares e euros, nem com a nova regulação do sistema financeiro combinada recentemente no G-20.

É uma crise sem precedente, de caráter sistêmico e estrutural. Uma multi-crise que tem provocado a maior de todas as crises do capitalismo mundial: uma real crise da civilização burguesa, de sobre-produção, financeira, do meio-ambiente, institucional militar, urbanista, tecnológica... que bota em risco a existência da humanidade.

As receitas de 29 não servem para esta crise. O keynesianismo fez sua própria crise e é ilusório restaurá-lo na direção de novos “Estados de Bem-estar”.

Esse capitalismo não volta por mais que se proponham os Estados “sem fundo” suprir partes dos fundos furtados pelos donos dos poderosos bancos de negócios e por mais que prometam ajudas financeiras via FMI, que nem de perto compensarão os estragos do capitalismo em crise.

Neste contexto, de não produzir-se mudanças estruturais em favor da autodeterminação e do trânsito a uma sociedade nacional e continental alternativa ao capitalismo, haverá de se expandir barbárie, açoitando com seu passo às nossas sociedades e agravando o sofrimento dos mais débeis. Porque nas condições de hoje qualquer receita destinada a salvar o capital, acaba batendo nos trabalhadores/as, os povos e os países dependentes.

Os imperialismos europeu e estadunidense vêm duramente por este continente. Vão concorrer pelo seu domínio como fator importante para, dentro da sua lógica egoísta, tentar atenuar sua intensa e prolongada depressão.

Suas graves carências de hidrocarbonetos, carvão, água, minerais estratégicos e biodiversidade, tendem a potencializar seu espírito conquistador e re-colonizador, independentemente das aparentes moderações proclamadas por suas administrações.

Não cederão nem a expansão militar na região, nem na determinação de explorar-nos mais intensamente. No político seus canhões estão colocados fundamentalmente contra a Venezuela, Bolívia e Equador e processos afins. Muito especialmente contra a Venezuela e também contra a heróica insurgência e a formidável resistência civil colombianas.

Por isso as agressivas declarações de Obama contra Chávez e a revolução bolivariana. Por isso perdura a ameaça de sua IV Frota e sua decisão de continuar financiando o Plano Colômbia-Iniciativa Andina, passando-lhe por cima a suas passadas objeções ao regime criminoso de Uribe. Essa é a avançada militar do império para conquistar a ambicionada Amazônia e tudo parece indicar que a nova administração estadunidense segue atada a esses desígnios.

Seu trato com Brasil é outro, porque o sabe mais aferrado ao seu projeto de grande nação em conciliação com o imperialismo, mais amarrado a ele que à unidade bolivariana. Porque o valora como fator de divisão ou moderação, dadas suas intenções de subordinar a outros desde os interesses da grande burguesia paulista, e dadas suas capacidades para atenuar a beligerância de alguns. Este explica porque junto com Lula na “Cúpula do G-20” participaram também da Argentina e do Chile e o presidente do México e foram excluídos Chávez, Correa e Evo, enquanto a Cuba a namora Lula para que se entenda com Obama.

Esta grande crise não tem fronteiras ao interior do planeta e desde as necessidades imperiais haverá de fomentar-se em nossos países, se não a entendemos como uma grande oportunidade de libertar-nos da dependência capitalista e para socializar nossas riquezas e capacidades, evitando que os corruptos poderes estabelecidos, divorciados dos interesses dos nossos povos, terminem imponde-lhe maiores sacrifícios. Agora sim é que é verdade aquele ditado da Rosa Luxemburgo: “Socialismo ou Barbárie!”

Esse reto passa por radicalizar as lutas, por aprofundar as reformas e transformações iniciais, por promover os combates em favor das mudanças revolucionárias de orientação socialista, por ampliar o mapa político da quarta onda revolucionária, por deslocar os governos de direita e radicalizar os de esquerda, por coordenar forças populares e lutas sociais e políticas, por abraçar uma estratégia revolucionária comum, por revitalizar o latino-americanismo e o internacionalismo, por superar os lineamentos que limitam a unidade e a integração fundamentalmente ao puramente estatal-governamental e por potenciá-la desde os povos e suas organizações.

Isto obriga a uma mudança positiva à solidariedade com a insurgência e a oposição de esquerda e progressista colombiana. A tratar os processos peruano, salvadorenho (sobretudo depois da recente vitória eleitoral) e mexicano e reverter desde os povos, desde as forças patrióticas e os governos auto-determinados, a contra-ofensiva imperial, jogando cada espaço e cada força os papéis que lhes são próprios.

Aqui em dominicana, estão em marcha uma nova onda de protestos e parece gestar-se uma grave crise de governabilidade se estas lutas seguem estendendo-se e aprofundando-se e se a podridão oficial segue seu agitado curso. O desafio é angustiante porque o retraso das forças políticas da mudança é enorme e a oportunidade é de ouro.

O caos prolongado ou o trânsito ao novo socialismo é o grande dilema da humanidade. Sinais ominosos de barbárie estão presentes dando-lhe mais pertinência ao pensamento de Marx e seus continuadores. Nunca antes o socialismo e o comunismo tinham tido tanta razão de ser. E essa verdade não deve estar alheia da nossa pátria.

Versão em português: Raul Fitipaldi, de América Latina Palavra Viva.