Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quinta-feira, 2 de julho de 2009
Ainda sobre Honduras
Jornalista hondurenho: "A rebelião é generalizada"

Passeata em Tegucigalpa nesta quarta-feira (1º)
O rastro de sua intensa atividade não me deixa mentir: Eduardo Coto, velho jornalista independente hondurenho (um filho de mesmo nome também exerce a profissão), está nas filas da rejeição do golpe desde o domingo, 28 junho, data da quartelada contra o presidente constitucional, Manuel Zelaya.
Desde antes até: na tarde de sábado, Coto e várias centenas de pessoas realizaram uma manifestação em frente à catedral da Igreja São Pedro Apóstolo, em favor da "quarta urna" [consulta ao povo sobre uma Assembléia Constituinte].
Sabe-se o que aconteceu a seguir. Na madrugada de 28, militares mascarados tomaram de assalto a residência do presidente. Este foi sequestrado, de pijama, para Costa Rica, em uma manobra espúria que tentam apresentar ao mundo como um ato legal.
Pouco depois o povo saiu às ruas para protestar contra a usurpação. Desde então, Eduardo Coto permanece em vigília diante da igreja dedicada ao padroeiro da bela cidade hondurenha.
O 5 Setiembre digital contatou-o via internet, apresentando estas perguntas:
Eduardo Coto: A mesma que no resto do país: um estado permanente de rebelião desde o próprio domingo, quando nos demos conta deste golpe, este murro na democracia hondurenha. Estamos em estado de rebelião, como autoriza a nossa Constituição caso exista um governo espúrio como esse encabeçado por Roberto Michelleti, a quem desconhecemos como governante dos hondurenhos.
5septiembre: Como os atores sociais responderam à greve geral convocada pelo movimento pró-volta do presidente Zelaya?
Coto: Admiravelmente. É algo incrível o modo como se criou consciência aqui em Honduras, e graças a esse apelo feito pelo presidente da República, a convocar uma consulta ao povo. Eu pertenço ao partido da oposição, mas creio que em nenhum lugar do mundo se deve proibir, considerar ilegal, uma consulta ao povo.
5septiembre: O que está previsto para a cidade? Existe algum apoio aos movimentos que protestam na capital, Tegucigalpa?
Coto: Como os principais meios de comunicação estão a serviço da oligarquia, da plutocracia hondurenho, só informam o que diz o golpista a partir do Palácio Presidencial afirmou o golpe Michelleti. Aqui nós estávamos desconectados, mas pouco a pouco vamos nos dando conta de que não é só Tegucigalpa, não é só San Pedro Sula. Agora se somam Puerto Cortés, El Paraíso, comunidades no oeste, centro e sul do país. A rebelião é generalizada.
5septiembre: Zelaya anunciou que vai voltar a Tegucigalpa para retomar suas funções. Você conhece algum preparativo para viabilizar o regresso do presidente? Como é que o povo de Honduras recebeu a notícia?
Coto: Bem, o único projeto que existe é recebe-lo com aplausos e os vivas do povo hondurenho, principalmente a classe média, a classe pobre hondurenha, exceluídas pelos setores plutocráticos que hoje têm espaços abertos.
5septiembre: Eduardo, sabemos do seu protesto pacífico e da sua decisão de fazer uma greve de fome. Conte com a solidariedade com o povo de Cuba, especialmente o povo de Cienfuegos, que permanece mobilizado, denunciando o golpe e exigindo o retorno do presidente.
Coto: Veja, dou um admirador dos bravo, heróico povo cubano, desde [José] Martí [poeta e herói da independência de Cuba] e seus contemporâneos até os líderes atuais, que mantiveram acesa a tocha da liberdade. Saudações, compatriotas de Honduras! Saudações, queridos irmãos em Cuba!
Por último, colega uma mensagem para os cerca de 400 estudantes hondurenhos que cursam medicina em Cuba, em Cienfuegos. Para meus queridos compatriotas, um chamamento a que se esforcem. Desvelem-se, sacrifiquem-se, estudem, vocês são o futuro deste país. Sintam-se confortados, pois seus pais, seus amigos, estão aqui com o povo dizendo não ao golpe Roberto Michelleti, o Caim [Coto faz um trocadilho entre o apelido do chefe do golpe, Bain, e o personagem da Bília que teria sido o primeiro assassino da humanidade].
5septiembre: Muito obrigado Eduardo. Cuide-se.
Fonte: http://www.5septiembre.cu
quarta-feira, 1 de julho de 2009
Israel continua expulsando palestinos de Jerusalém
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Ramalah (Prensa Latina) O ministro palestino de Obras Públicas e Moradia, Mohammad Ishteiyah, denunciou a "sistemática política" repressiva de Israel na ocupada Jerusalém, apesar da imagem de tolerância que tentou dar na sexta (26) ao mundo na Cisjordânia.
Texto: Prensa Latina
Golpe em Honduras
OEA dá prazo de 72 horas para restituição de Zelaya
A OEA (Organização dos Estados Americanos) deu um prazo de três dias para que o governo interino de Honduras devolva o poder ao presidente deposto, Manuel Zelaya, caso contrário, o país poderá ser suspenso do órgão. Após o ultimato da OEA, Zelaya confirmou que regressará ao país no final de semana - provavelmente no sábado - e não amanhã (2), como havia anunciado anteriormente.
Em tom desafiador, Micheletti disse em Tegucigalpa que a única forma do presdente deposto retornar ao cargo será por meio de uma invasão estrangeira. "Ninguém me fará renunciar", declarou Micheletti em entrevista concedida à Associated Press. Ele já havia dito que se Zelaya retornar a Honduras, será preso.
A resolução da OEA, formalmente acertada nas primeiras horas da quarta-feira em uma sessão de emergência na sede da entidade em Washington, condena o golpe e exige "o retorno imediato, em segurança e incondicional do presidente às suas funções constitucionais."
O texto acrescenta que "nenhum governo que surja dessa interrupção inconstitucional será reconhecido." E também pede que o secretário-geral da OEA inicie as gestões diplomáticas para "restaurar a democracia e o estado de direito, e a restituição" do presidente.
Zelaya, que estava na sessão, denunciou o golpe como uma "medida cruel, sangrenta e retrógrada" e ofereceu seus "agradecimentos de coração" aos 34 membros da OEA.
"É a primeira vez que essa organização falou de maneira tão veemente, com tanta convicção, condenando um ato agressivo, onde a força prevaleceu sobre a razão e onde a paz de uma sociedade foi violada", disse.
Ele afirmou que, "como cristão", poderia desculpar os golpistas, mas assegurou que a justiça e a história não os perdoarão.
Após a reunião da OEA, Zelaya afirmou que esperará as 72 horas para "continuar com este processo" e para não entorpecer os esforços diplomáticos para resolver a crise, mas não precisou o dia exato que viajará a Honduras. Horas antes, ele tinha indicado que retornaria a Honduras em companhia do secretário-geral da OEA, José Miguel Insulza, e dos presidentes do Equador, Rafael Correa, e da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner.
Zelaya deve viajar para a posse hoje do presidente eleito do Panamá, Ricardo Martinelli, e continuar apoiando as gestões da OEA.
Miguel Insulza explicou que se o governo interino descumprir o prazo imposto, "não será Honduras que estaremos suspendendo, mas os usurpadores".
O golpe militar que derrubou Zelaya foi amplamente criticado por vários países e organismos internacionais.
terça-feira, 30 de junho de 2009
O verdadeiro ladrão
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segunda-feira, 29 de junho de 2009
Conselhos amigos O delírio da comunicação social e dos governos euro-americanos perante as eleições iranianas – seja qual for a verdade dos factos e a avaliação do regime iraniano - sugere alguns conselhos amigos. |
O eixo do caos
A exportação dos seus problemas é uma das características da estratégia imperial dos EUA. É o complemento indispensável da “missão civilizadora” que se atribui como potência pelo mundo afora. Não houvesse um mundo selvagem fora, não se poderia justificar a ação “civilizatória” que os EUA reivindicam.
Em janeiro de 2002, George W. Bush, então presidente dos EUA, anunciou a existência de um “eixo do mal”, que promoveria o terrorismo, os ajudaria a obter armas de destruição em massa, etc., etc. Três países seriam os membros mais importantes desse eixo: Irã, Iraque e Coréia do Norte. As duas “guerras infinitas” a que se meteu os EUA se fundavam nesse enfoque: invasões do Afeganistão e do Iraque.
Agora, sem que se tenha fechado esse período, os ideólogos da doutrinas das “guerras preventivas” apontam para um novo eixo: o "eixo do caos". É o que anuncia Niall Ferguson, intelectual orgânico da estratégia norte-americana, na edição espanhola do Foreign Policy. Esse novo eixo contaria com “pelo menos nove membros e talvez mais”. Estariam unidos “pela perversidade de suas intenções assim como por sua instabilidade, que a crise financeira só faz piorar a cada dia”.
Segundo Ferguson, a “turbulência brutal” que caracterizaria o mundo atual teria três causas primárias: a desintegração étnica, a volatilidade econômica e o declínio dos impérios. No Oriente Médio os três fatores estaria fortemente concentrados, justificando, segundo ele, sua situação explosiva.
A revista seleciona três casos dessa lista “caótica”: Somália (“a anarquia interminável”), Rússia (“o novo estilo agressivo) e México (“as misérias causadas pela guerra do narcotráfico"). São três casos de uma lista de nove membros do suposto eixo do caos.
Gaza, a partir da frustrada ofensiva militar de Israel, viu piorar suas condições econômicas e sociais, ao mesmo tempo que fortaleceu o Hamas e enfraqueceu as forças consideradas moderadas – como o Fatah e o Egito, ao mesmo tempo que favoreciam a eleição de um governo de direita radical em Israel, dificultando mais ainda qualquer nova iniciativa de paz na região.
Claro que o Irã faz parte também desta lista, porque apoiaria às forças desestabilizadoras na região – Hezbolah no Libano, Hamas na Palestina -, possuindo armamento nuclear, enquanto sofre os efeitos da crise econômica internacional e da baixa do preço do petróleo.
O Afeganistão, evidentemente, seria outro pivô do eixo do caos, agora fazendo um casal inseparável com Paquistão. Os governos dos dois países estariam “entre os mais fracos que existem”, envolvidos entre taliban e armamento nuclear.
Outros membros do eixo seriam a Indonésia, a Turquia e a Tailândia, onde a crise exacerba os conflitos internos. Mas usar estes critérios permite estender a lista muito mais, então se fala da pirataria na Somália, na guerra na República Democrática do Congo, na violência em Darfur e em Zimbabwe. E se ameaça: “Não é arriscado dizer que a lista vai aumentar ainda este ano.” O diagnóstico remeteria a três fatores, que se articulariam entre si: “a volatilidade econômica, mais a desintegração étnica, mais um império em declive: a combinação mais letal que existe em geopolítica.” O que apontaria para o inicio de uma “era do caos”.
Os casos escolhidos servem como exemplos. A Somália seria “o lugar mais perigoso do mundo”, um “Estado governado pela anarquia, um cemitério de fracassos em política exterior que só conheceu seis meses de paz nos últimos vinte anos”, onde “o caos interminável do país ameaça devorar toda uma região.”
Na Rússia, “Putin baseou seu apoio popular em um Estado autoritário que fez crescer as rendas mais altas e devolveu à Rússia o orgulho de grande potência. Mas a crise está ameaçando tudo. E o que se avizinha pode ser pior.” Já o México estaria em um “estado de guerra”, em que os narcotraficantes “se converteram em uma autêntica insurgência. Só no ano passado a violência cobrou mais vidas do que estadunidenses mortos no Iraque. E o fim parece próximo.”
Da mesma forma que ocorria quando se anunciou “o eixo do mal”, nenhum diagnóstico global para definir o que tem a ver a globalização, a dominação imperial estadunidense, os modelos econômicos neoliberais tem a ver com isso. Se naturaliza o caos. Ele não seria uma das conseqüências da “ordem global”, da “ordem imperial”, da “ordem estadunidense” no mundo.
O terror se combatia com “guerras infinitas”. E esse suposto “caos”, quando os centros do sistema, eles mesmos, geram caos, insegurança, instabilidade, miséria, concentração ainda maior de pode e riqueza, industrias bélicas em crescente expansão? Somente outra ordem, outro mundo, pode diagnosticar e superar o caos – tanto nas periferias, quanto nos centros agonizantes do sistema financeiro global.