Veja
como votou seu deputado no processo engavetamento do processo de
impeachment de Yeda na Assembleia Legislativa. Guardem para o ano que
vem. Notem que o PDT teve duas dissidências Giovani Cherini e Kalil Sehbe, pró Yeda é claro.
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
quarta-feira, 21 de outubro de 2009
terça-feira, 20 de outubro de 2009
Inquisição católica em pleno século XX
Por Steven
A grande mídia adora falar da Alemanha Nazista, mas omite outro regime
sanguinário: a Ustasha croata. O regime Ustasha - Estado "Independente"
da Croácia (NDH, em croata Nezavisna Država Hrvatska) nasceu em 1941
graças à invasão nazi-fascista na Iugoslávia durante a 2GM. O Vaticano
apoiou o regime de Ante Pavelic porque desejava um poderio católico nos
Balcans. O NDH (mistura de nazismo com inquisição católica) exterminou
cerca de 1000000 de ortodoxos sérvios (matou outros não-católicos
também) , 60000 judeus, 30000 ciganos e milhares de opositores. A
cumplicidade da igreja católica com este regime sanguinário foi
intensa, a ponto de padres promoverem conversões forçadas de
não-católicos , massacres e campos de extermínio (Jasenovac, por
exemplo). A crueldade Ustasha era tão grotesca que chocava até mesmo os
alemães e italianos, que tiveram que dar um freio na Ustasha. . O chefe
religioso do NDH, cardeal Stepinac, foi beatificado pelo papa JP2 em
1998.O assunto Ustasha é um grande tabu na grande mídia nacional e
internacional, graças ao lobby da igreja católica. O Vaticano, após a
queda do NDH, jamais admitiu qualquer ligação com o regime. Nem mesmo o
site oficial do Vaticano possui texto repudiando as barbaridades do
NDH. O papa JP2 nunca aceitou visitar Jasenovac, atitude compartilhada
pelo atual papa,B16. O Vaticano, através de seu banco, receptou e lavou
o dinheiro roubado pelos fugitivos do regime nazi-católico da Croácia
(Ustasha) no final da 2GM, além de ajudar vários figurões do NDH que
nem Ante Pavelic,Andrija Artukovic e Dinko Sakic fugirem pra América do
Sul e EUA(Operação Ratlines). A cumplicidade vaticana com os croatas
lhe rendeu uma ação judicial.Advogados dos EUA, representando
sobreviventes e parentes de vítimas do regime Ustasha, estão tentando
processar, sem sucesso, o Banco do Vaticano.
Ver site dos advogados http://www.vaticanbankclaims.com/faqs.html
As folhas do processo contra o Banco Vaticano http://www.vaticanbankclaims.com/5AC.pdf
O livro "O holocausto do Vaticano" de Avro Manhattan, aborda este holocausto
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro...
http://genocidios.faithweb.com/croacia.html
Stepinac - Santo Patrono del Genocidio
http://www.bibliotecapleyades.net/vatican/esp_vatican26d.htm#EL%20O...
EL OTRO HOLOCAUSTO. EL VATICANO Y EL GENOCIDIO EN CROACIA
Noticia sobre Artukovic
http://www.elpais.com/articulo/internacional/BALCANES/YUGOSLAVIA/SE...
Comienza en Zagreb el juicio contra Artukovic, el 'Himmler balcánico'
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/CROACIA/EXTREMA_DERECHA/Pro...
Protestas por la beatificación de un cardenal de la Croacia fascista
http://www.elpais.com/articulo/opinion/CROACIA/ESPANA/CONFERENCIA_E...
Iglesia y fascismo
http://www.angelfire.com/extreme/genio/nazisorosacerdotes.html
Sobre Nazis, Oro y Sacerdotes
http://pavelic-papers.com/timeline/index.html
http://www.holocaustresearchproject.org/essays&editorials/croat...
The Holocaust in The Independent State of Croatia: Genocide between Political Religion and Religious Politics
http://www.nytimes.com/1994/09/06/world/serbian-church-blocking-pop...
Serbian Church Blocking Pope's Visit to Belgrade
http://www.nytimes.com/1997/04/12/world/fascists-reborn-as-croatia-...
Fascists Reborn as Croatia's Founding Fathers
http://www.juliagorin.com/wordpress/?p=1771
Bust of Croatian Fuehrer Unveiled at Croatian Cultural Center in Melbourne
http://www.ahdmelbourne.com.au/Gallery/tabid/58/ctl/SlideShow/mid/3...
Bust of Pavelic
ANTE PAVELIC, POGLAVNIK (FUHRER) USTASHA DA CROACIA (FANTOCHE NAZI)COM SUA MULHER E PRELADOS (PRIMAZ STEPINAC E O NUNCIO MARCONE)
Ver site dos advogados http://www.vaticanbankclaims.com/faqs.html
As folhas do processo contra o Banco Vaticano http://www.vaticanbankclaims.com/5AC.pdf
O livro "O holocausto do Vaticano" de Avro Manhattan, aborda este holocausto
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro...
http://genocidios.faithweb.com/croacia.html
Stepinac - Santo Patrono del Genocidio
http://www.bibliotecapleyades.net/vatican/esp_vatican26d.htm#EL%20O...
EL OTRO HOLOCAUSTO. EL VATICANO Y EL GENOCIDIO EN CROACIA
Noticia sobre Artukovic
http://www.elpais.com/articulo/internacional/BALCANES/YUGOSLAVIA/SE...
Comienza en Zagreb el juicio contra Artukovic, el 'Himmler balcánico'
http://www.elpais.com/articulo/sociedad/CROACIA/EXTREMA_DERECHA/Pro...
Protestas por la beatificación de un cardenal de la Croacia fascista
http://www.elpais.com/articulo/opinion/CROACIA/ESPANA/CONFERENCIA_E...
Iglesia y fascismo
http://www.angelfire.com/extreme/genio/nazisorosacerdotes.html
Sobre Nazis, Oro y Sacerdotes
http://pavelic-papers.com/timeline/index.html
http://www.holocaustresearchproject.org/essays&editorials/croat...
The Holocaust in The Independent State of Croatia: Genocide between Political Religion and Religious Politics
http://www.nytimes.com/1994/09/06/world/serbian-church-blocking-pop...
Serbian Church Blocking Pope's Visit to Belgrade
http://www.nytimes.com/1997/04/12/world/fascists-reborn-as-croatia-...
Fascists Reborn as Croatia's Founding Fathers
http://www.juliagorin.com/wordpress/?p=1771
Bust of Croatian Fuehrer Unveiled at Croatian Cultural Center in Melbourne
http://www.ahdmelbourne.com.au/Gallery/tabid/58/ctl/SlideShow/mid/3...
Bust of Pavelic
ANTE PAVELIC, POGLAVNIK (FUHRER) USTASHA DA CROACIA (FANTOCHE NAZI)COM SUA MULHER E PRELADOS (PRIMAZ STEPINAC E O NUNCIO MARCONE)
PRIMAZ STEPINAC (DIR.) E SEUS ALIADOS USTASHAS.
ANTE PAVELIC NA MISSA
Um livro polêmico????
Holocausto_do_Vaticano-Avro_Manhattan.pdf
Por Steven
Introdução:
Este livro tem sido, freqüentemente, criticado, condenado, banido,
mutilado, destruído e até mesmo queimado, do mesmo modo como tem sido
citado, recomendado, reproduzido e elogiado, em muitas partes do mundo,
por causa dos eventos e revelações nele descritos.
O indivíduo comum não pode aceitar os fatos espantosos de que há poucas décadas a Igreja Católica tenha advogado conversões forçadas, ajudado a construir campos de concentração e tenha sido responsável pelos sofrimentos, torturas, e execuções de centenas de milhares de não-católicos, pelos feitos friamente perpetrados através de seus membros leigos e eclesiásticos. Além do mais, que muitas dessas atrocidades tenham sido executadas pessoalmente por alguns dos seus sacerdotes, e até mesmo frades.
Um dos principais objetivos deste livro é relatar onde, quando e por quem tais atrocidades foram cometidas. O autor levou metade de uma década de penosas investigações, antes de aceitar o que parecia inacreditável. O resultado é este livro documentado a partir das mais diversas fontes de autoridade possíveis. Dentre elas, pessoas com quem o autor se relacionou pessoalmente. Algumas destas desempenharam papel insignificante nos eventos religiosos, políticos e militares aqui narrados. Outras foram testemunhas oculares. De fato não poucas até mesmo foram vítimas das inacreditáveis atrocidades sancionadas e promovidas pela Igreja Católica. Os nomes da maioria dos participantes, leigos católicos, militares, sacerdotes, frades, bispos, arcebispos e cardeais, bem como os das vítimas não católicas, homens, mulheres e crianças, incluindo clérigos, são tão genuínos como os nomes das localidades, vilas e cidades onde as atrocidades aconteceram. Sua autenticidade pode ser verificada por qualquer pessoa que deseje fazê-lo. Documentos e fotos dos campos católicos de concentração, das execuções em massa e das conversões forçadas ao Catolicismo, alguns dos quais constam deste livro, estão guardados nos arquivos do Governo Iugoslavo, da Igreja Ortodoxa, das Nações Unidas e de outras instituições oficiais.
A revolução ecumênica, embora aparentemente fascinante, tem-se demonstrado apenas como um outro Cavalo de Tróia, através do qual o poder católico, vestido de trajes contemporâneos, continua a deixar claro que a Igreja está mais ativa do que nunca. Os exemplos chocantes do terrorismo católico contemporâneo, ocorridos em Malta e no Vietnã, muitos dos quais tiveram lugar durante o ofício do “bondoso e velho Papa João XXIII” e, de fato, sob o pontificado de Paulo VI, dispensam qualquer elucidação. Eles são as provas mais condenatórias de que a Igreja Católica, apesar de sua alegada liberalização, fraternização e atualização, basicamente não mudou sequer um til. A portentosa significação do que está descrito neste livro, por conseguinte, deveria ser cuidadosamente escrutinada, para evitar que o passado se repita no futuro. Ou até mesmo agora, no presente.
Avro Manhattan
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro_Manhattan.pdf
O indivíduo comum não pode aceitar os fatos espantosos de que há poucas décadas a Igreja Católica tenha advogado conversões forçadas, ajudado a construir campos de concentração e tenha sido responsável pelos sofrimentos, torturas, e execuções de centenas de milhares de não-católicos, pelos feitos friamente perpetrados através de seus membros leigos e eclesiásticos. Além do mais, que muitas dessas atrocidades tenham sido executadas pessoalmente por alguns dos seus sacerdotes, e até mesmo frades.
Um dos principais objetivos deste livro é relatar onde, quando e por quem tais atrocidades foram cometidas. O autor levou metade de uma década de penosas investigações, antes de aceitar o que parecia inacreditável. O resultado é este livro documentado a partir das mais diversas fontes de autoridade possíveis. Dentre elas, pessoas com quem o autor se relacionou pessoalmente. Algumas destas desempenharam papel insignificante nos eventos religiosos, políticos e militares aqui narrados. Outras foram testemunhas oculares. De fato não poucas até mesmo foram vítimas das inacreditáveis atrocidades sancionadas e promovidas pela Igreja Católica. Os nomes da maioria dos participantes, leigos católicos, militares, sacerdotes, frades, bispos, arcebispos e cardeais, bem como os das vítimas não católicas, homens, mulheres e crianças, incluindo clérigos, são tão genuínos como os nomes das localidades, vilas e cidades onde as atrocidades aconteceram. Sua autenticidade pode ser verificada por qualquer pessoa que deseje fazê-lo. Documentos e fotos dos campos católicos de concentração, das execuções em massa e das conversões forçadas ao Catolicismo, alguns dos quais constam deste livro, estão guardados nos arquivos do Governo Iugoslavo, da Igreja Ortodoxa, das Nações Unidas e de outras instituições oficiais.
A revolução ecumênica, embora aparentemente fascinante, tem-se demonstrado apenas como um outro Cavalo de Tróia, através do qual o poder católico, vestido de trajes contemporâneos, continua a deixar claro que a Igreja está mais ativa do que nunca. Os exemplos chocantes do terrorismo católico contemporâneo, ocorridos em Malta e no Vietnã, muitos dos quais tiveram lugar durante o ofício do “bondoso e velho Papa João XXIII” e, de fato, sob o pontificado de Paulo VI, dispensam qualquer elucidação. Eles são as provas mais condenatórias de que a Igreja Católica, apesar de sua alegada liberalização, fraternização e atualização, basicamente não mudou sequer um til. A portentosa significação do que está descrito neste livro, por conseguinte, deveria ser cuidadosamente escrutinada, para evitar que o passado se repita no futuro. Ou até mesmo agora, no presente.
Avro Manhattan
http://www.hlage.com/E-Books-Livros-PPS/Holocausto_do_Vaticano-Avro_Manhattan.pdf
Reflexões de Fidel: A Alba e Copenhague
osvaldobertolino
Nos
atos festivos da 7ª Reunião Cúpula da Alba, que teve lugar na histórica
região boliviana de Cochabamba, pôde-se observar quão rica é a cultura
dos povos latino-americanos e quantas simpatias despertam os cantos,
danças, vestes autóctones e rostos expressivos dos seres humanos de
todas as etnias, cores e matizes: indígenas, negros, brancos e
mestiços, nas crianças, nos jovens e nos adultos de todas as idades.
Ali se expressavam milênios de história humana e a rica cultura, que
explicam a decisão com que os líderes de vários povos do Caribe, da
América Central e da América do Sul convocaram essa Cúpula.
A reunião teve grande sucesso. A sede foi a Bolívia. Há uns dias,
escrevi sobre as excelentes perspectivas desse país, herdeiro da
cultura aimara-quíchua. Um pequeno grupo dos povos da área está
empenhado em demonstrar que um mundo melhor é possível. A Alba — criada
pela República Bolivariana da Venezuela e Cuba, inspiradas nas ideias
de Bolívar e de Martí, como um exemplo sem precedentes de solidariedade
revolucionária — tem demonstrado quanta coisa se pode fazer em apenas
cinco anos de cooperação pacífica. Esta começou logo depois da vitória
política e democrática de Hugo Chávez. O imperialismo o subestimou; de
forma grosseira, tentou derrubá-lo e eliminá-lo. Por ter sido a
Venezuela o maior produtor de petróleo do mundo durante um longo
período no século 20 e uma propriedade virtual das multinacionais
ianques, o caminho empreendido era particularmente difícil.
O poderoso adversário contava com o neoliberalismo e a Alca, dois
instrumentos de dominação com os quais esmagou sempre toda resistência
no hemisfério depois da Revolução em Cuba.
Provoca indignação pensar na forma grosseira e pejorativa com que o
governo dos Estados Unidos impôs o governo do milionário Pedro Carmona
e tentou eliminar o presidente eleito, Hugo Chávez, quando a URSS se
tinha desintegrado e faltavam poucos anos para a República Popular da
China se tornar a potência econômica e comercial que é hoje, graças ao
crescimento de mais do 10% durante duas décadas. O povo da Venezuela,
como o de Cuba, resistiu à brutal investida. Os sandinistas se
recuperaram, e a luta pela soberania, independência e socialismo ganhou
força na Bolívia e no Equador. Honduras, que aderiu à Alba, foi vítima
de um brutal golpe de Estado, inspirado pelo embaixador ianque e
impulsionado da base militar dos Estados Unidos em Palmerola.
Hoje há quatro países latino-americanos que eliminaram radicalmente
o analfabetismo: Cuba, Venezuela, Bolívia e Nicarágua; o quinto,
Equador, avança aceleradamente para atingir esse objetivo. Os planos de
saúde integral nos cinco países vai a um ritmo que nunca teve nos povos
do Terceiro Mundo. Os programas de desenvolvimento econômico com
justiça social se tornaram projetos dos cinco Estados, que já possuem
um reconhecido prestígio no mundo pela sua posição corajosa diante do
poder econômico, militar e midiático do império. À Alba aderiram três
países caribenhos de origem negra e língua inglesa, que lutam
resolutamente pelo seu desenvolvimento.
De per si, isto é um grande mérito político, se no mundo de hoje este fato fosse o único grande problema da história do homem.
O sistema econômico e político que, numa breve etapa histórica,
levou à existência de mais de um bilhão de famintos e de muitas outras
centenas de milhões, cujas vidas apenas ultrapassam a metade da média
de que desfrutam os dos países privilegiados e ricos, era até este
momento o principal problema da humanidade.
Na Cúpula da Alba se colocou com muita ênfase um novo problema de
extrema gravidade: a mudança climática. Em nenhum outro momento da
história humana houve um perigo de tal magnitude.
Enquanto Hugo Chávez, Evo Morales e Daniel Ortega se despediam da
população nas ruas de Cochabamba ontem, domingo, nesse dia, conforme
informações divulgadas pela BBC Mundo, Gordon Brown presidia
em Londres uma reunião do Fórum das Grandes Economias do mundo,
integrado mormente pelos países capitalistas de maior desenvolvimento,
máximos responsáveis pelas emissões de dióxido de carbono, gás que
origina o efeito estufa.
A importância das palavras de Brown é que não as pronunciou um
representante da Alba ou um dos 150 países emergentes ou
subdesenvolvidos do planeta, mas da Grã Bretanha, onde se iniciou o
desenvolvimento industrial e um dos que mais dióxido de carbono emitiu
à atmosfera. O primeiro-ministro britânico advertiu que se não se
chegar na Cúpula das Nações Unidas em Copenhague a um acordo, as
consequências serão “desastrosas”.
Enchentes, secas e ondas de calor letais são algumas das
consequências “catastróficas”, afirmou por sua vez o grupo ecológico
Fundo Mundial para a Natureza, referindo-se ao assinalado por Brown. “A
mudança climática ficará fora do controle nos próximos cinco a dez
anos, se não forem diminuídas drasticamente as emissões de CO2. Não
haverá um plano B se Copenhague fracassar”.
A mesma fonte de notícias afirma: “O especialista da BBC, James Landale, explicou que nem tudo está se saindo como se esperava.”BBC, James Landale, explicou que nem tudo está se saindo como se esperava.”
Newsweek publicou: “A cada dia, parece mais improvável que os Estados se comprometam a alguma coisa em Copenhague”.
O presidente da reunião, Gordon Brown, declarou ― segundo informou o
importante órgão norte-americano de imprensa ― que “se não se chegar a
um acordo, sem dúvida, os prejuízos por causa das emissões
descontroladas não poderão ser reparados com um acordo futuro”. A
seguir enumerou conflitos como “emigração descontrolada e 1,8 bilhão de
pessoas com escassez de água”.
Na verdade, como informou a delegação cubana em Bangcoc, os Estados
Unidos estavam à frente dos países industrializados que mais se
opuseram à redução necessária das emissões.
Uma nova Cúpula da Alba foi convocada na reunião de Cochabamba.
Desse modo, o cronograma será: 6 de dezembro, eleições na Bolívia; 13
de dezembro, reunião da Alba em Havana; 16 de dezembro, participação na
Cúpula das Nações Unidas em Copenhague. Ali estará o pequeno grupo de
países da Alba. Já não é questão de “Pátria ou Morte”; realmente e sem
exagero, é uma questão de “Vida ou Morte” para a espécie humana.. Já
não é questão de “Pátria ou Morte”, sem exagero e realmente, é uma
questao de “Vida ou Morte para” uma espécie humana.
O sistema capitalista não apenas nos oprime e saqueia. Os países
industrializados mais ricos desejam impor ao resto do mundo o peso
principal da luta contra a mudança climática. Quem pensam enganar com
isso? Em Copenhague, a Alba e os países do Terceiro Mundo vão lutar
pela sobrevivência da espécie.
Karl Marx influenciado pelo PIG sobre Simón Bolívar?
Extraido do Blog doMello
Ninguém
sabe com 100% de certeza o que aconteceu na História. Já se disse que
ela é sempre aquela contada pelos vencedores. Em geral, os poderosos e
sua mídia (o PIG através dos tempos), que só são contestados com
relevância agora, com o surgimento da internet.
Li
um artigo de Paulo Guedes em O Globo hoje e fiquei com a impressão de
que Karl Marx se deixou levar pelo eurocentrismo e acreditou nas
informações da imprensa espanhola, que desenhou Simón Bolívar como um
covarde, traidor:
Seu biógrafo, Karl Marx, admitiu numa carta a Engels que “seria ultrapassar todos os limites querer apresentar como um novo Napoleão o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas”.
Curioso
é que essa versão de Marx não é corroborada nem pela imprensa
antichavista e, portanto, antibolivariana. Criticam Chávez, Evo, Corrêa
e até o casal Kirchner, mas Bolívar é preservado.
Será que Karl Marx comprou a versão do PIG da época ignorando completamente o materialismo histórico?
Leia o artigo completo de Paulo Guedes:
Raízes do socialismo bolivarianoSimón Bolívar nasceu em Caracas em 24 de julho de 1783, filho de uma família da nobreza crioula da Venezuela.De acordo com os costumes dos americanos ricos da época, foi mandado para a Europa aos 14 anos de idade. Esteve presente na coroação de Napoleão Bonaparte como imperador, em 1804. Tenho simpatia pela figura histórica de Simón Bolívar, o Libertador. Compreendo a impaciência de Hugo Chávez com uma elite política corrupta, incompetente e sem consideração pela miséria dos povos latinoamericanos. Compreendo também sua solidariedade com os países vizinhos. Mas temo que o socialismo bolivariano se torne mais uma tragédia de reengenharia social para o círculo de influência chavista.E também uma guerra expiatória desse fracasso contra países que não aderirem, como a Colômbia.Prossegue o biógrafo: “No comando de Puerto Cabello, a mais sólida fortaleza da Venezuela, Bolívar dispunha de uma guarnição numerosa e grande quantidade de munição. Mas, quando os prisioneiros espanhóis se rebelaram, apesar de desarmados, Bolívar partiu precipitadamente durante a noite com seus oficiais. Ao tomar conhecimento da fuga de seu comandante, a guarnição retirou-se do local.A balança pendeu em favor da Espanha, obrigando o general Miranda, comandante supremo das forças insurgentes, a assinar o Tratado de La Victoria, devolvendo a Venezuela ao controle espanhol. Miranda tentaria embarcar em La Guaira num navio inglês, mas foi convencido por Bolívar a ficar pelo menos uma noite no local. Às 2 horas da madrugada, com Bolívar à frente, soldados armados apoderaramse da espada e da pistola de Miranda e lhe ordenaram que se levantasse e se vestisse. Puseramno a ferro e o entregaram aos espanhóis. Despachado para Cádiz, na Espanha, Miranda morreu acorrentado, após alguns anos de cativeiro.” “Em direção a Valência, Bolívar deparou com o general espanhol Morales à frente de 200 soldados e cem milicianos. Ao ver dispersada sua guarda, Bolívar fez meia-volta com seu cavalo, fugiu a toda velocidade, passou por um vilarejo num galope desabalado, chegou à baía próxima e embarcou, ordenando a toda a esquadra que o seguisse e deixando seus companheiros em terra privados de qualquer auxílio.Piar, homem de cor, general conquistador das Guianas, que ameaçara levar Bolívar à corte marcial por deserção e covardia, não poupava de ironias o “Napoleão das Retiradas”.Bolívar aprovou um plano para se livrar dele. Sob falsas acusações de ter conspirado contra brancos, planejado um atentado contra Bolívar e aspirado ao poder supremo, Piar foi levado a julgamento por um conselho de guerra, condenado à morte e fuzilado em 16 de outubro de 1817. Seu biógrafo, Karl Marx, admitiu numa carta a Engels que “seria ultrapassar todos os limites querer apresentar como um novo Napoleão o mais covarde, brutal e miserável dos canalhas”.
A América Latina na visão de Chomsky...
A América Latina é o lugar mais estimulante do mundo: Chomsky
A
América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo, diz Noam
Chomsky. Há aqui uma resistência real ao império; não existem muitas
regiões das quais se possa afirmar o mesmo.
Entrevistado por La Jornada, um dos
intelectuais dissidentes mais relevantes do nosso tempo assinala que a
esperança na mudança anunciada por Barack Obama é uma ilusão, já que
são as instituições e não os indivíduos que determinam o rumo da
política. No máximo, o que o mandatário representa é uma viragem da
extrema-direita para o centro da política tradicional estadunidense.
Presente no México para celebrar os 25 anos de La Jornada,
o autor de mais de cem livros, o linguista, crítico anti-imperialista,
analista do papel desempenhado pelos meios de comunicação na fabricação
do consenso, explica como a guerra às drogas se iniciou nos Estados
Unidos como parte de uma ofensiva conservadora contra a revolução
cultural e a oposição à invasão do Vietname.
Seguidamente, apresentamos a transcrição completa das suas declarações.
A
América Latina é hoje o lugar mais estimulante do mundo. Pela primeira
vez em 500 anos há movimentos para uma verdadeira independência e
separação do mundo imperial; estão a integrar-se países que
historicamente têm estado separados. Esta integração é um pré-requisito
para a independência. Historicamente, os Estados Unidos derrocaram um
governo após outro; agora já não podem fazê-lo.
O Brasil é um exemplo interessante. Em princípios dos
anos 60, os programas de [João] Goulart não eram tão diferentes dos de
[Luiz Inácio] Lula. Naquele caso, o governo de [John F.] Kennedy
organizou um golpe de Estado militar. Assim, o Estado de segurança
nacional propagou-se por toda a região como uma praga. Hoje em dia,
Lula é o bom rapaz, a quem estão a tratar de cultivar, em reacção aos
governos mais militantes na região. Nos Estados Unidos não são
publicados os comentários de Lula favoráveis a [Hugo] Chávez ou a Evo
Morales. São silenciados porque não são o modelo.
Há um movimento para a unificação regional: começam a
formar-se instituições que, embora não funcionem de todo, começam a
existir. É o caso do Mercosul e da Unasul.
Outro caso notável na região é o da Bolívia. Depois do
referendo houve uma grande vitória, e também uma sublevação bastante
violenta nas províncias da Meia Lua, onde estão os governadores
tradicionais, brancos. Um par de dezenas de pessoas morreram. Houve uma
reunião regional em Santiago do Chile onde se expressou um grande apoio
a Morales e uma firme condenação da violência, e Morales respondeu com
uma declaração importante. Disse que era a primeira vez na história da
América Latina, desde a conquista europeia, em que os povos tinham
tomado o destino dos seus países nas suas próprias mãos sem o controle
de um poder estrangeiro, ou seja, Washington. Essa declaração não foi
publicada nos Estados Unidos.
A América Central está traumatizada pelo terror
reaganiano. Não é muito o que ali sucede. Os Estados Unidos continuam a
tolerar o golpe militar nas Honduras, embora seja significativo que não
o possam apoiar abertamente.
Outra mudança, ainda que atropelada, é a superação da
verdadeira patologia da América Latina, provavelmente a região mais
desigual do mundo. Trata-se de uma região muito rica, sempre governada
por uma pequena elite europeizada, que não assume nenhuma
responsabilidade para com o resto dos seus respectivos países. Pode
constatar-se em coisas muito simples, como o fluxo internacional de
capital e bens. Na América Latina, a fuga de capitais é quase igual à
da dívida. O contraste com a Ásia oriental é muito impactante. Aquela
região, muito mais pobre, teve muito mais desenvolvimento económico
substantivo, e os ricos estão sob controle. Não há fuga de capitais; na
Coreia do Sul, por exemplo, castiga-se com a pena de morte. O
desenvolvimento económico lá é relativamente igualitário.
CONTROLE DEBILITADO
Havia duas formas tradicionais com as quais os Estados
Unidos controlava a América Latina. Uma era o uso da violência; a
outra, o estrangulamento económico. Ambas foram debilitadas.
Os controles económicos são agora mais débeis. Vários
países libertaram-se do Fundo Monetário Internacional através da
colaboração. Também foram diversificadas acções entre o sul, no que a
relação do Brasil com a África do Sul e a China entrou como factor.
Puderam enfrentar alguns problemas internos sem a poderosa intervenção
dos Estados Unidos.
A violência não acabou. Houve três golpes de estado no
que vai deste século. O venezuelano, abertamente apoiado pelos Estados
Unidos, foi revertido, e agora Washington tem que recorrer a outros
meios para subverter o governo, entre eles ataques mediáticos e apoio a
grupos dissidentes. O segundo foi no Haiti, onde França e os Estados
Unidos retiraram o governo e enviaram o presidente para a África do
Sul. O terceiro é o das Honduras, que é um caso misto. A Organização de
Estados Americanos assumiu uma postura firme e a Casa Branca teve que
segui-la, e proceder muito lentamente. O FMI acaba de outorgar um
enorme empréstimo às Honduras, que substitui a redução de assistência
estadunidense. No passado, estes eram assuntos rotineiros. Agora, essas
medidas (a violência e o estrangulamento económico) foram debilitadas.
Os Estados Unidos estão a reagir e têm dado passos para
remilitarizar a região. A Quarta Frota, dedicada à América Latina,
tinha sido desmantelada nos anos 50, mas está a ser reabilitada, e as
bases militares na Colômbia são um assunto importante.
A ILUSÃO DE OBAMA
A eleição de Barack Obama gerou grandes expectativas de mudança para a América Latina. Mas são só ilusões.
Sim, há uma mudança, mas a viragem é porque o governo
de Bush foi tão ao extremo do espectro político estadunidense que quase
qualquer um se teria movido para o centro. Aliás, o próprio Bush, no
seu segundo mandato, foi menos extremista. Desfez-se de alguns dos seus
colaboradores mais arrogantes e as suas políticas foram mais
moderadamente centristas. E Obama, de forma previsível, continua com
esta tendência.
Virou para a posição tradicional. Mas qual é essa
tradição? Kennedy, por exemplo, foi um dos presidentes mais violentos
do pós-guerra. Woodrow Wilson foi o maior intervencionista do século
XX. O centro não é pacifista nem tolerante. De facto, Wilson foi quem
se apoderou da Venezuela, expulsando os ingleses, porque tinha sido
descoberto petróleo. Apoiou um ditador brutal. E dali continuou com o
Haiti e a República Dominicana. Enviou os marines e praticamente
destruiu o Haiti. Nesses países deixou guardas nacionais e ditadores
brutais. Kennedy fez o mesmo. Obama é um regresso ao centro.
É o mesmo com o tema de Cuba, onde durante mais de meio
século os Estados Unidos se envolveram numa guerra, desde que a ilha
ganhou a sua independência. No princípio, esta guerra foi bastante
violenta, especialmente com Kennedy, quando houve terrorismo e
estrangulamento económico, ao qual se opõe a maioria da população
estadunidense. Durante décadas, quase dois terços da população esteve a
favor da normalização das relações, mas isso não está na agenda
política.
As manobras de Obama foram para o centro; suspendeu
algumas das medidas mais extremas do modelo de Bush, e até foi apoiado
por boa parte da comunidade cubano-estadunidense. Moveu-se um pouco
para o centro, mas deixou muito claro que não haverá mudanças.
AS “REFORMAS” DE OBAMA
O mesmo sucede na política interna. Os assessores de
Obama durante a campanha foram muito cuidadosos em não o deixar
comprometer-se com nada. As palavras de ordem foram «a esperança» e «a
mudança, uma mudança em que acreditar». Qualquer agência de publicidade
sensata teria feito com que essas fossem as palavras de ordem, pois 80
por cento do país pensava que este seguia pelo carril errado. McCain
dizia coisas parecidas, mas Obama era mais agradável, mais fácil de
vender como produto. As campanhas são apenas assuntos de mercadotecnia,
assim se entendem a si mesmas. Estavam a vender a “marca Obama” em
oposição à “marca McCain”. É dramático ver essas ilusões, tanto fora
como dentro dos Estados Unidos.
Nos Estados Unidos, quase todas as promessas feitas no
âmbito da reforma laboral, de saúde, de energéticos, ficaram quase
anuladas. Por exemplo, o sistema de saúde é uma catástrofe. Trata-se
provavelmente do único país no mundo no qual não há uma garantia básica
de cuidados médicos. Os custos são astronómicos, quase o dobro de
qualquer outro país industrializado. Qualquer pessoa que tenha a cabeça
no lugar sabe que é a consequência de se tratar de um sistema de saúde
privado. As empresas não procuram saúde, estão aí para obter lucros.
Trata-se de um sistema altamente burocratizado, com
muita supervisão, altíssimos custos administrativos, onde as companhias
de seguros têm formas sofisticadas de evadir o pagamento das apólices,
mas não há nada na agenda de Obama para fazer algo a esse respeito.
Houve algumas propostas light, como por exemplo “a opção pública”, mas ficou anulada. Se lermos a imprensa de negócios, descobrimos que a manchete da Business Week reportava que as seguradoras celebravam a sua vitória.
Foram realizadas campanhas com muito êxito contra esta
reforma, organizadas pelos meios de comunicação e pela indústria para
mobilizar segmentos extremistas da população. Trata-se de um país no
qual é fácil mobilizar as pessoas com o medo, e inculcar-lhes todo o
tipo de ideias loucas, como que Obama lhe vai matar a avó. Assim
conseguiram reverter propostas legislativas já por si débeis. Se na
verdade tivesse havido um verdadeiro compromisso no Congresso e na Casa
Branca, isto não teria singrado, mas os políticos estavam mais ou menos
de acordo.
Obama acaba de fazer um acordo secreto com as
companhias farmacêuticas para lhes assegurar que não haverá esforços
governamentais para regular o preço dos medicamentos. Os Estados Unidos
são o único país no mundo ocidental que não permite que o governo use o
seu poder de compra para negociar o preço dos medicamentos. 85 por
cento da população opõe-se, mas isso não implica diferença alguma, até
que todos vejam que não são os únicos que se opõem a estas medidas.
A indústria petrolífera anunciou que vai utilizar as
mesmas tácticas para derrotar qualquer projecto legislativo de reforma
energética. Se os Estados Unidos não implantarem controles firmes sobre
as emissões de dióxido de carbono, o aquecimento global destruirá a
civilização moderna.
O diário Financial Times assinalou
com razão que, se havia uma esperança de que Obama pudesse ter mudado
as coisas, agora seria surpreendente que cumprisse de facto com o
mínimo das suas promessas. A razão é que não queria mudar tanto as
coisas. Trata-se de uma criatura daqueles que financiaram a sua
campanha: as instituições financeiras, as energéticas, as empresas. Tem
a aparência de bom tipo, seria um bom acompanhante de jantar, mas isso
não permite mudar a política; afecta-a um pouco. Sim, há mudança, mas é
um pouco mais suave. A política provém das instituições, não é feita
por indivíduos. As instituições são muito estáveis e muito poderosas.
Evidentemente, encontram a forma de enfrentar o que acontece.
MAIS DO MESMO
Os meios de comunicação estão um pouco surpreendidos de
que se esteja a regressar onde sempre se esteve. Relatam-no, é difícil
não o fazer, mas o facto é que as instituições financeiras gabam-se de
que tudo está a ficar como antes. Ganharam. A Goldman Sachs nem sequer
tenta ocultar que, depois de ter afundado a economia, está a entregar
suculentos prémios aos seus executivos. Creio que no trimestre passado
acabou de anunciar os ganhos mais altos da sua história. Se fossem um
pouquinho mais inteligentes, tentá-lo-iam ocultar.
Isto deve-se ao facto de que Obama está a responder
àqueles que apoiaram a sua campanha: o sector financeiro. Basta olhar
para aqueles que escolheu para a sua equipa económica. O seu primeiro
assessor foi Robert Rubin, o responsável pela derrogação de uma lei que
regulava o sector financeiro, o que beneficiou muito a Goldman Sachs;
além disso, tornou-se no director do Citigroup, fez uma fortuna e saiu
justamente a tempo. Larry Summers, que foi a principal figura
responsável por travar toda a regulação dos instrumentos financeiros
exóticos, é agora o principal assessor económico da Casa Branca. E
Timothy Geithner, que como presidente da Reserva Federal de Nova Iorque
supervisionava o que acontecia, é secretário do Tesouro.
Numa reportagem recente foram examinados alguns dos
principais assessores económicos de Obama. Concluiu-se que grande parte
deles não deveriam estar na equipa de assessoria, mas a enfrentar
acções legais, porque estiveram envolvidos em má gestão na
contabilidade e noutros assuntos que detonaram a crise.
Por quanto tempo se podem manter as ilusões? Os bancos
estão agora melhor que antes. Primeiro receberam um enorme resgate do
governo e dos contribuintes, e utilizaram-no para se fortalecerem. São
maiores que nunca; absorveram os fracos. Ou seja, está a assentar-se a
base para a próxima crise. Os grandes bancos estão beneficiar de uma
apólice de seguros do governo, que se chama “demasiado grande para
falir”. Se se é um banco enorme ou uma casa de investimentos
importante, é-se demasiado importante para fracassar. Se se é a Goldman
Sachs ou o Citigroup, não se pode fracassar porque isso derrubaria toda
a economia. Por isso, podem fazer empréstimos arriscados, para ganhar
muito dinheiro, e, se alguma coisa falhar, o governo resgata-os.
A GUERRA CONTRA O NARCO
A guerra contra a droga, que dilacera vários países da
América Latina, entre os quais se encontra o México, tem velhos
antecedentes. Revitalizada por Nixon, foi um esforço para superar os
efeitos da guerra do Vietname nos Estados Unidos.
A guerra foi um factor que levou a uma importante
revolução cultural nos anos 60, a qual civilizou o país: direitos da
mulher, direitos civis. Ou seja, democratizou o território,
aterrorizando as elites. A última coisa que desejavam era a democracia,
os direitos da população, etc., de modo que lançaram uma enorme
contra-ofensiva. Parte dela foi a guerra contra as drogas.
Esta foi projectada para transladar a concepção da
guerra do Vietname, do que nós estávamos a fazer aos vietnamitas, para
o que eles nos estavam a fazer a nós. O grande tema no final dos anos
60 nos meios de comunicação, incluindo os liberais, foi que a guerra do
Vietname foi uma guerra contra o Estados Unidos. Os vietnamitas estavam
a destruir o nosso país com drogas. Foi um mito fabricado pelos meios
de comunicação nos filmes e na imprensa. Inventou-se a história de um
exército cheio de soldados viciados em drogas que, ao regressar, se
transformariam em delinquentes e aterrorizariam as nossas cidades. Sim,
havia uso de drogas entre os militares, mas não era muito diferente do
que existia noutros sectores da sociedade. Foi um mito fabricado. Disso
se tratava a guerra contra as drogas. Assim foi mudada a concepção da
guerra do Vietname para uma na qual nós éramos as vítimas.
Isso encaixou muito bem nas campanhas a favor da lei e
da ordem. Dizia-se que as nossas cidades se dilaceravam com o movimento
antibélico e os rebeldes culturais, e que por isso tínhamos que impor a
lei e a ordem. Aí cabia a guerra contra a droga.
Reagan ampliou-a de forma significativa. Nos primeiros
anos da sua administração intensificou-se a campanha, acusando os
comunistas de promover o consumo de drogas.
A princípios dos anos 80, os funcionários que levavam a
sério a guerra contra as drogas descobriram um aumento significativo e
inexplicável de fundos em bancos do sul da Flórida. Lançaram uma
campanha para detê-lo. A Casa Branca interveio e suspendeu a campanha.
Quem o fez foi George Bush pai, nesse tempo encarregado da guerra
contra as drogas. Foi quando a taxa de encarceramento aumentou de forma
significativa, em grande parte com presos negros. Agora, o número de
prisioneiros per capita é o mais alto do mundo. No entanto, a taxa de
criminalidade é quase igual à de outros países. Trata-se de um controle
sobre parte da população. Trata-se de um assunto de classe.
A guerra contra as drogas, como outras políticas,
promovidas tanto por liberais como por conservadores, é uma tentativa
para controlar a democratização de forças sociais.
Há alguns dias, o Departamento de Estado de Obama
emitiu o seu certificado de cooperação na luta contra as drogas. Os
três países que foram “descertificados” são Mianmar, uma ditadura
militar – não importa, é apoiada por empresas petrolíferas ocidentais
–, a Venezuela e a Bolívia, que são inimigos dos Estados Unidos. Nem o
México, nem a Colômbia, nem os Estados Unidos, em todos os quais há
narcotráfico.
UM LUGAR INTERESSANTE
O elemento central do neoliberalismo é a liberalização
dos mercados financeiros, o que torna vulneráveis os países que têm
investidores estrangeiros. Se um país não pode controlar a sua moeda e
a fuga de capitais, está sob controle dos investidores estrangeiros.
Podem destruir uma economia se não lhes agradar o que este país faz.
Essa é outra forma de controlar povos e forças sociais, como os
movimentos operários. São reacções naturais de um empresariado muito
concentrado, com grande consciência de classe. Claro que há
resistência, mas fragmentada e pouco organizada, e por isso podem
continuar a promover políticas às quais se opõe a maioria da população.
Por vezes, isto chega ao extremo.
O sector financeiro está como antes; as seguradoras de
saúde ganharam com a reforma sanitária, as empresas energéticas
ganharão com a reforma energética, os sindicatos perderam com a reforma
laboral e, evidentemente, a população dos Estados Unidos e a do mundo
perdem porque por si só a destruição da economia é grave. Se o meio
ambiente for destruído, aqueles que deveras sofrerão são os pobres. Os
ricos sobreviverão aos efeitos do aquecimento global.
Por isso a América Latina é um dos lugares
verdadeiramente interessantes. É um dos locais nos quais há verdadeira
resistência a tudo isto. Até onde chegará? Não se sabe. Não me
surpreenderia que haja uma viragem à direita nas próximas eleições na
América do Sul. Ainda assim, conseguiu-se um avanço que assenta as
bases para algo mais. Não há muitos lugares no mundo dos quais se possa
dizer o mesmo.
Fonte: La Jornada
segunda-feira, 19 de outubro de 2009
O incômodo Censo Agropecuário
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Roberto Malvezzi - Correio da Cidadania | |
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O último censo agropecuário trouxe verdades incômodas, que atiçaram a
ira do agronegócio brasileiro. Afinal, a pobre agricultura familiar,
com apenas 24,3% (ou 80,25 milhões de hectares) da área agrícola, é
responsável "por 87% da produção nacional de mandioca, 70% da produção
de feijão, 46% do milho, 38% do café, 34% do arroz, 58% do leite, 59%
do plantel de suínos, 50% das aves, 30% dos bovinos e, ainda, 21% do
trigo. A cultura com menor participação da agricultura familiar foi a
soja (16%). O valor médio da produção anual da agricultura familiar foi
de R$ 13,99 mil", segundo o IBGE. Quando se fala em agricultura
orgânica, chega a 80%. Além do mais, provou que tem peso econômico,
sendo responsável por 10% do PIB nacional.
Acontece que a agricultura familiar, além de ter menos terras, tem
menos recurso público como suporte de suas atividades. Recebeu cerca de
13 bilhões de reais em 2008 contra cerca de 100 bilhões do agronegócio.
Portanto, essa pobre, marginal e odiada agricultura tem peso econômico,
social e uma sustentabilidade muito maior que os grandes
empreendimentos. Retire os 100 bilhões de suporte público do
agronegócio e veremos qual é realmente sua sustentabilidade, inclusive
econômica. Retire as unidades familiares produtivas dos frangos e
suínos e vamos ver o que sobra das grandes empresas que se alicerçam em
sua produção.
Mas, a agricultura familiar continua perdendo espaço. A concentração da
terra aumentou e diminuiu o espaço dos pequenos. A tendência, como
dizem os cientistas, parece apontar para o desaparecimento dessas
atividades agrícolas.
Porém, saber produzir comida é uma arte. Exige presença contínua,
proximidade com as culturas, cuidado de artesão. O grande negócio não
tem o "saber fazer" dessa agricultura de pequenos. E, bom que se diga,
não se constrói uma cultura de agricultura de um dia para o outro. A
Venezuela, dominada secularmente por latifúndios, não é auto-suficiente
em nenhum produto da cesta básica. Exporta petróleo para comprar
comida. Chávez, ao chegar ao poder, insiste em criar um campesinato.
Mas está difícil, já que a tradição é fundamental para haver uma
geração de agricultores produtores de alimentos.
O Brasil ainda tem – cada vez menos – agricultores que tem a arte de
plantar e produzir comida. No Norte e Nordeste mais a tradição negra e
indígena. No sul e sudeste mais a tradição européia de italianos,
alemães, polacos etc. É preciso ainda considerar a presença japonesa na
produção de hortifrutigranjeiros nos cinturões das grandes cidades.
Preservar esses agricultores é preservar o "saber fazer" de produtos
alimentares. Se um dia eles desaparecerem, o povo brasileiro na sua
totalidade sofrerá com essa ausência.
Para que eles se mantenham no campo são necessárias políticas que os
apóiem ostensivamente, inclusive com subsídio, como faz a Europa.
Do contrário, se dependermos do agronegócio, vamos comer soja, chupar cana e beber etanol.
Roberto Malvezzi (Gogó), ex-coordenador da CPT, é agente pastoral.
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MVC "esclarece" porta-voz da UGP...
Movimento pela Vergonha na Cara faz Carta Aberta a William Waack
Não passou em branco o desprezo nem as opiniões entreguistas do jornalista William Waack sobre o pré-sal. Em uma “carta aberta” dirigida nesta sexta-feira (16) ao apresentador da TV Globo e da Globo News, o Movimento pela Vergonha na Cara (MVC) dispara contra Waack.
Os protestos tiveram como base um depoimento dado no mesmo dia pelo jornalista no programa Entre Aspas,
da Globo News. Segundo a carta aberta, Waack declarou no ar que “a
reserva petrolífera do pré-sal não terá relevância alguma ao futuro do
país, em razão do desenvolvimento de energias alternativas.”
A resposta do Movimento pela Vergonha na Cara foi contundente. Entre
outras “qualificações”, o jornalista global é acusado de ser “um dos
mais esforçados porta-vozes da UGP — União dos Gigolôs da Pátria”, “um
dos que sobrevive através de mentiras desenvolvidas para enganar ao
povo brasileiro e incentivar a prostituição do país aos interesses
internacionais”, “capacho dos interesses externos e prepotentemente
contrário aos interesses do futuro do povo brasileiro”, “sabujo dos
interesses do capital estrangeiro”.
Confira abaixo a íntegra do texto.
Carta Aberta a William Waack
Não utilizamos aqui qualquer pronome ou outro tratamento à sua pessoa,
por você mesmo se desqualificar através de seus conhecidos e ingentes
esforços como traidor da pátria.
Nós, do MVC — Movimento pela Vergonha na Cara, tivemos o desprazer de acompanhar hoje, 16/10/09, sua declaração ao programa Entre Aspas da
Globo News de que a reserva petrolífera do pré-sal não terá relevância
alguma ao futuro do país, em razão do desenvolvimento de energias
alternativas.
Fosse você um completo desinformado, incapaz de deduzir as milhares de
aplicações dos derivados do petróleo, poderíamos compreender a
ignorância contida nessa afirmação e procurar esclarecê-lo,
fornecendo-lhe informações elementares a respeito do assunto. Mas é
evidente que a bobagem proferida não reflete ignorância ou
imbecilidade. Muito pior, reflete mórbida falta de caráter que se faz
persistente, denotando-lhe como um dos mais esforçados porta-vozes da
UGP — União dos Gigolôs da Pátria.
Sabemos que você não é um idiota de graça. Sabemos que ganha para
desinformar o povo brasileiro em benefício do maior crime lesa-pátria
já intentado em nossa história com a não consumada privatização da
Petrobras, quando já se evidenciavam os indícios de uma das maiores
bacias terrestres da matéria prima. Sabemos que, como cúmplice daqueles
gigolôs, você é um dos que sobrevive através de mentiras desenvolvidas
para enganar ao povo brasileiro e incentivar a prostituição do país aos
interesses internacionais.
Esta carta para desmascarar suas intenções será distribuída pela
internet através da rede de correspondentes que integra o Movimento
pela Vergonha na Cara e, certos de que chegará até você através
daqueles a quem tenta enganar, esclarecemos que nosso objetivo é
erradicar o malefício que você, seus colegas, seus patrões, e os
políticos a que vocês apóiam e promovem, representam para o Brasil e o
povo brasileiro.
Esteja certo de que voltaremos a apontar suas farsas a cada vez que
você usar de espaços públicos de comunicação, sejam concedidos ou
assinados, para mentir aos brasileiros se passando por idiota, imbecil
ou ignorante.
Sempre que para desqualificar os esforços do maior patrimônio
empresarial do povo brasileiro, a Petrobras, você se mentir como
incapaz de imaginar que mesmo depois de que todos os biocombustíveis e
fontes alternativas de energia substituírem a gasolina ou o diesel, a
ampla diversidade de empregos e aplicações do petróleo continuará
tornando a exploração do pré-sal um dos mais significativos
empreendimentos mundiais; desmascararemos abertamente sua farsa.
Destacaremos que você mesmo entrevistou, com abjeta subserviência, um
general do Departamento de Defesa dos Estados Unidos especialmente
enviado ao Brasil para negociar a participação daquele país na
exploração do pré-sal, como você mesmo anunciou em notável demonstração
da canalhice contida em sua personalidade que com tamanha empáfia,
hoje, declara nossa reserva do pré-sal como inócua.
Se faz de imbecil, mas tem plena ciência de que se o pré-sal fosse tão
insignificante quanto afirmou para sua colega (em caráter inclusive)
Monica Waldvogel no Entre Aspas, aquele seu entrevistado não seria
enviado pelo governo norte-americano ao Brasil e nem teria se servido,
há poucas semanas atrás, de seu servilismo no lamentável noticiário que
você apresenta.
Não nos interessa quem lhe paga para ser capacho dos interesses
externos e prepotentemente contrário aos interesses do futuro do povo
brasileiro, mas nos esforçaremos para tornar pública sua função de
gigolô da pátria, alertando a todos que queiram recuperar a dignidade e
a vergonha na cara, até que um dia possamos erradicar os farsantes que
como você trabalham para corromper o futuro de nossos filhos e do nosso
país.
Por enquanto, continuaremos colhendo informações sobre sua longa
experiência como sabujo dos interesses do capital estrangeiro, a serem
usadas sempre que tornar a expor suas mentiras e enganações de gigolô.
MVC - MOVIMENTO PELA VERGONHA NA CARA
domingo, 18 de outubro de 2009
Uma questão agrária...
Estratégia do grande capital fundiário é negar a existência da questão agrária
correio da cidadania - Guilherme C. Delgado
Problemas agrários e conflitos sociais envolvendo populações rurais
são tão antigos no Brasil quanto a história colonial, iniciada pela
ocupação das terras e escravização das populações indígenas. Nessa
época a violência e o escravismo da população rural originária e
daquela trazida da África caracterizavam a própria índole do projeto
colonial.
Por outro lado, uma “Questão Agrária” nacional, caracterizada como
um problema político em aberto na agenda política do Estado brasileiro,
é bem mais recente – anos 60 do século XX. Nesse interregno de meio
século houve, sob signo da mudança da estrutura agrária, muita pressão,
conflito e repressão, além de alguma alteração formal no estatuto do
direito da propriedade fundiária. O Estatuto da Terra de 1964 e a
Constituição Federal de 1988 são expressão dessa mudança formal no
princípio jurídico da terra como bem social e não como bem de mercado,
como assim estabelecia a Lei de Terras de 1850. Mas somados os 45 anos
de vigência conjunta, seja do Estatuto da Terra, seja da Constituição
de 1988, constata-se que substantivamente não houve mudança no direito
agrário.
Esse divórcio da política agrária relativamente aos fundamentos do
direito agrário não é efeito sem causa. Reflete uma estratégia privada
dos grandes proprietários fundiários, associados ao grande capital e ao
Estado, produzindo e reproduzindo no Brasil a chamada “modernização
conservadora” da agricultura, no âmbito da qual se nega
peremptoriamente a existência de uma questão agrária nacional.
O fato, empiricamente indiscutível, de prevalecer uma estrutura
agrária altamente concentrada, calcada em direitos de propriedade que
se arrogam absolutos, tem conseqüências sociais, ambientais e políticas
perversas para a maioria da população rural e para país como um todo.
Mas sua conversão em “Questão Agrária” requer explicitação do que e de
quem estarão implicados nesta problemática.
Questão agrária atual
A primeira e principal demarcação do problema em foco coloca-se sob
a perspectiva desigual de como são afetados pela estrutura agrária
atual os proprietários da riqueza social, os trabalhadores e a
sociedade brasileira em seu conjunto.
No passado (anos 60), a esquerda partidária (Partido Comunista)
defendia a tese de que a estrutura agrária brasileira constituía
obstáculo ao desenvolvimento das forças produtivas do capitalismo na
agricultura. Essa tese tinha por referencial o capital e não o trabalho
como cerne da Questão Agrária. A história do último meio século, sob a
égide da “modernização conservadora”, é bastante elucidativa para
desmenti-la.
Por outro lado, se a leitura do problema é feita sob a perspectiva
do mundo do trabalho rural e do conjunto da sociedade brasileira,
haverá sim uma Questão Agrária em aberto em pleno século XXI, com
tendência de se agravar no tempo. O cerne da questão é precisamente a
implicação negativa da “modernização conservadora” (mudança técnica sem
mudança na estrutura agrária) para a ocupação dos trabalhadores e
agricultores familiares, para o manejo ecologicamente sustentável do
meio ambiente e para a distribuição da renda e da riqueza geradas no
espaço rural. Tudo isto tem significado social concreto: relações
sociais civilizadas ou o império da barbárie dos “donos do poder” e da
riqueza territorial.
No século XXI, a política de modernização técnica da agricultura,
sem mudança na estrutura agrária, agora etiquetada de agronegócio,
ganha reforço a partir da crise cambial de 1999, que aprofunda o
processo de “primarização” do comércio exterior brasileiro.
Nesse contexto, relança-se a tese da exportação de commodities’ a
qualquer custo (soja, milho, carnes, açúcar, etanol, celulose de
madeira, matérias primas minerais etc.), como via de escape ao déficit
cumulativo e crescente da Conta de Transações com o Exterior. O
aparente sucesso desta tese, com a reversão do déficit entre 2003 e
2007, esconde o fato notório do seu recrudescimento e agravamento a
partir de 2008, puxado pela remessa de rendimentos do capital
estrangeiro. Este aqui ingressou e continua a ingressar sob o abrigo da
liberalização financeira, permitindo até que se formassem “Reservas
Externas”, ao custo de uma acentuada elevação das “Remessas de
Rendimentos”. Mas continua em vigência o regime de primarização do
comércio exterior, impelido pela liberalização financeira, calibrando a
aliança do grande capital, da grande propriedade fundiária e do Estado
para um projeto sem futuro para o Brasil.
Os indicadores de agravamento da questão agrária
Os indicadores de avanço das exportações primárias dos últimos oito
anos revelam crescimento forte dos produtos “básicos” e
“semi-elaborados”, que, representando 44% da Pauta de Exportações entre
1995 e 1999, saltam para 57% em 2008. Medidas em dólares correntes,
essas exportações primárias aproximadamente quadruplicam no período em
exame. Praticamente no mesmo período, o Censo Agropecuário de 2006,
confrontado com o Censo de 1996, revela aumento dos índices de
concentração fundiária e redução de 7,6% no Pessoal Ocupado na
Agricultura. Este último dado, também levantado pelo IBGE, anualmente,
por meio das Pesquisas por Amostragem de Domicílios, confirma
continuamente neste decênio a redução do emprego rural, “pari-passu” à
extensiva expansão das ‘commodities’.
O indicador de desmatamento florestal, inevitável com a acelerada
expansão da pecuária e das “commodities” agrícolas, aparece
periodicamente nas imagens de satélite, suscitando aceso debate entre
ambientalistas e ruralistas, que, contudo, não vai às causas do
problema.
Há vários outros indicadores afetados pela atual expansão agrícola
acelerada: aumento da grilagem de terras, agora amparada por favores
oficiais; perda de eficácia do manejo e conservação dos recursos
hídricos; perda de biodiversidade em razão da expansão da monocultura.
Mas é principalmente o aumento da morbidade face ao rápido aumento das
doenças laborais e a violência que permeia as relações
semi-clandestinas de trabalho volante os focos dos indicadores mais
perversos desse processo de expansão agrícola.
Todos esses indicadores de uma Questão Agrária politicamente
incidente sobre o mundo do trabalho, o meio ambiente e a sociedade em
geral praticamente não repercutem na agenda do Congresso Nacional, nem
nas pautas da grande mídia. Ao contrário, cogita-se mesmo é de
retroceder a aplicação dos dispositivos constitucionais que prevêem a
observância do “Grau de Utilização” das terras, conforme a atual Lei
Agrária de 1993, a prevalecer o Projeto de Lei da senadora Katia Abreu,
já aprovado na Comissão de Agricultura do Senado.
Há uma certa nostalgia no agir político da nossa elite ruralista
relativamente às práticas ‘normais” do estatuto colonial. Tratam a
sociedade brasileira como uma grande barbárie em pleno século XXI, sob
cumplicidade ou omissão de muitos que perderam a esperança.
Guilherme Costa Delgado é doutor em Economia pela UNICAMP e consultor da Comissão Brasileira de Justiça e Paz.
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