sábado, 16 de outubro de 2010

Professores universitários denunciam bonapartismo de Serra



Manifesto em Defesa da Educação Pública (clique aqui para saber como aderir)

Extraído do blog viomundo

Nós, professores universitários, consideramos um retrocesso as propostas e os métodos políticos da candidatura Serra. Seu histórico como governante preocupa todos que acreditam que os rumos do sistema educacional e a defesa de princípios democráticos são vitais ao futuro do país.
Sob seu governo, a Universidade de São Paulo foi invadida por policiais armados com metralhadoras, atirando bombas de gás lacrimogêneo. Em seu primeiro ato como governador, assinou decretos que revogavam a relativa autonomia financeira e administrativa das Universidades estaduais paulistas. Os salários dos professores da USP, Unicamp e Unesp vêm sendo sistematicamente achatados, mesmo com os recordes na arrecadação de impostos. Numa inversão da situação vigente nas últimas décadas, eles se encontram hoje em patamares menores que a remuneração dos docentes das Universidades federais.
Esse “choque de gestão” é ainda mais drástico no âmbito do ensino fundamental e médio, convergindo para uma política de sucateamento da Rede Pública. São Paulo foi o único Estado que não apresentou, desde 2007, crescimento no exame do Ideb, índice que avalia o aprendizado desses dois níveis educacionais.
Os salários da Rede Pública no Estado mais rico da federação são menores que os de Tocantins, Roraima, Rio de Janeiro, Mato Grosso, Espírito Santo, Acre, entre outros. Somada aos contratos precários e às condições aviltantes de trabalho, a baixa remuneração tende a expelir desse sistema educacional os professores qualificados e a desestimular quem decide se manter na Rede Pública. Diante das reivindicações por melhores condições de trabalho, Serra costuma afirmar que não passam de manifestação de interesses corporativos e sindicais, de “tró-ló-ló” de grupos políticos que querem desestabilizá-lo. Assim, além de evitar a discussão acerca do conteúdo das reivindicações, desqualifica movimentos organizados da sociedade civil, quando não os recebe com cassetetes.
Serra escolheu como Secretário da Educação Paulo Renato, ministro nos oito anos do governo FHC. Neste período, nenhuma Escola Técnica Federal foi construída e as existentes arruinaram-se. As universidades públicas federais foram sucateadas ao ponto em que faltou dinheiro até mesmo para pagar as contas de luz, como foi o caso na UFRJ. A proibição de novas contratações gerou um déficit de 7.000 professores. Em contrapartida, sua gestão incentivou a proliferação sem critérios de universidades privadas. Já na Secretaria da Educação de São Paulo, Paulo Renato transferiu, via terceirização, para grandes empresas educacionais privadas a organização dos currículos escolares, o fornecimento de material didático e a formação continuada de professores. O Brasil não pode correr o risco de ter seu sistema educacional dirigido por interesses econômicos privados.
No comando do governo federal, o PSDB inaugurou o cargo de “engavetador geral da república”. Em São Paulo, nos últimos anos, barrou mais de setenta pedidos de CPIs, abafando casos notórios de corrupção que estão sendo julgados em tribunais internacionais. Sua campanha promove uma deseducação política ao imitar práticas da extrema direita norte-americana em que uma orquestração de boatos dissemina dogmas religiosos. A celebração bonapartista de sua pessoa, em detrimento das forças políticas, só encontra paralelo na campanha de 1989, de Fernando Collor.

Fábio Konder Comparato, USP
Carlos Nelson Coutinho, UFRJ
Heloisa Fernandes, USP
Theotonio dos Santos, UFF
Emilia Viotti da Costa, USP
José Arbex Jr., PUC-SP
Marilena Chaui, USP
João José Reis, UFBA
Joel Birman, UFRJ
Leda Paulani, USP
Dermeval Saviani, Unicamp
João Adolfo Hansen, USP
Flora Sussekind, Unirio
Otávio Velho, UFRJ
Renato Ortiz, Unicamp
Luiz Renato Martins, USP
Maria Victoria de Mesquita Benevides, USP
Enio Candotti, UFRJ
Glauco Arbix, USP
Laymert Garcia dos Santos, Unicamp
Franklin Leopoldo e Silva, USP
Luis Fernandes, UFRJ
Antonio Carlos Mazzeo, Unesp
Wander Melo Miranda, UFMG
Ronaldo Vainfas, UFF
Caio Navarro de Toledo, Unicamp
Celso Frederico, USP
Armando Boito, Unicamp
Henrique Carneiro, USP
Angela Leite Lopes, UFRJ
Afrânio Catani, USP
Otavio Soares Dulci, UFMG
Laura Tavares, UFRJ
Wolfgang LeoMaar, UFSCar
João Quartim de Moraes, Unicamp
Ildeu de Castro Moreira, UFRJ
Scarlett Marton, USP
Emir Sader, UERJ
Sidney Chalhoub, Unicamp
Marcelo Perine, PUC-SP
Flavio Aguiar, USP
Léon Kossovitch, USP
Celso F. Favaretto, USP
Benjamin Abdalla Jr., USP
Irene Cardoso, USP
Vladimir Safatle, USP
José Ricardo Ramalho, UFRJ
Gilberto Bercovici, USP
Ivana Bentes, UFRJ
José Sérgio F. de Carvalho, USP
José Castilho de Marques Neto, Unesp
Maria Ligia Coelho Prado,USP
Peter Pal Pelbart, PUC- SP
Sergio Cardoso, USP
Ricardo Musse, USP
Consuelo Lins, UFRJ
Iumna Simon, USP
Vera da Silva Telles, USP
Elisa Kossovitch , Unicamp
Edilson Crema, USP
Liliana Segnini, Unicamp
José Jeremias de Oliveira Filho, USP
Sebastião Velasco e Cruz, Unicamp
Ligia Chiappini, Universidade Livre de Berlim
Giuseppe Cocco, UFRJ
Luiz Roncari, USP
Marcio Suzuki, USP
Francisco Foot Hardman, Unicamp
Eleutério Prado, USP
Eliana Regina de Freitas Dutra, UFMG
Helder Garmes, USP
Marcos Dantas, UFRJ
Adélia Bezerra de Meneses, Unicamp
Luís Augusto Fischer, UFRS
Zenir Campos Reis, USP
Alessandro Octaviani, USP
Federico Neiburg, UFRJ
Maria Lygia Quartim de Moraes, Unicamp
Cilaine Alves Cunha, USP
Evando Nascimento, UFJF
Sandra Guardini Teixeira Vasconcelos, USP
Juarez Guimarães, UFMG
Lúcio Flávio Rodrigues de Almeida, PUC-SP
Marcos Silva, USP
Walquíria Domingues Leão Rego, Unicamp
Sérgio de Carvalho, USP
Rosa Maria Dias, Uerj
Jorge Luiz Souto Maior, USP
Gil Vicente Reis de Figueiredo, UFSCar
Ladislau Dowbor, PUC-SP
Lucilia de Almeida Neves, UnB
Bernardo Ricupero, USP
Joaquim Alves de Aguiar, USP
Maria Lúcia Montes, USP
Eugenio Maria de França Ramos, Unesp
Ana Fani Alessandri Carlos, USP
Mauro Zilbovicius, USP
Jacyntho Lins Brandão, UFMG
Paulo Silveira, USP
Marly de A. G. Vianna, UFSCar
José Camilo Pena, PUC-RJ
Lincoln Secco, USP
Mario Sergio Salerno, USP
Rodrigo Duarte, UFMG
Paulo Nakatani, UFES
Sean Purdy, USP
Adriano Codato, UFPR
Ricardo Nascimento Fabbrini, USP
Denilson Lopes, UFRJ
Marcus Orione, USP
Ernani Chaves, UFPA
Gustavo Venturi, USP
João Roberto Martins Filho, UFSCar
Marcos Siscar, Unicamp
Nelson Cardoso Amaral, UFG
Evelina Dagnino, Unicamp
Vinicius Berlendis de Figueiredo, UFPR
Silvia de Assis Saes, UFBA
Carlos Ranulfo, UFMG
Flavio Campos, USP
Liv Sovik, UFRJ
Marta Maria Chagas de Carvalho, USP
Paulo Faria, UFRGS
Rubem Murilo Leão Rego, Unicamp
Maria Helena P. T. Machado, USP
Francisco Rüdiger, UFRS
Nelson Schapochnik, USP
Maria Augusta da Costa Vieira, USP
Elyeser Szturm, UnB
José Geraldo Silveira Bueno, PUC-SP
Reginaldo Moraes, Unicamp
Luiz Recaman, USP
Iram Jácome Rodrigues, USP
Roberto Grun, UFSCar
Edson de Sousa, UFRGS
Márcia Cavalcante Schuback, UFRJ
Luciano Elia, Uerj
Julio Ambrozio, UFJF
Oto Araujo Vale, UFSCar
João Emanuel, UFRN
Paulo Martins, USP
Analice Palombini, UFRS
Alysson Mascaro, USP
José Luiz Vieira, UFF
Paulo Benevides Soares, USP
Marcia Tosta Dias, Unifesp
Salete de Almeida Cara, USP
Anselmo Pessoa Neto, UFG
Marta Kawano, USP
Ricardo Basbaum, Uerj
Iris Kantor, USP
Fernando Lourenço, Unicamp
Luiz Carlos Soares, UFF
André Carone, Unifesp
Adriano Scatolin, USP
Richard Simanke, UFSCar
Francisco Alambert, USP
Arlenice Almeida, Unifesp
Miriam Avila, UFMG
Sérgio Salomão Shecaira, USP
Carlos Eduardo Martins, UFRJ
Antonio Albino Canelas Rubim, UFBA.
Claudio Oliveira, UFF
Eduardo Brandão, USP
Jesus Ranieri, Unicamp
Mayra Laudanna, USP
Aldo Duran, UFU
Luiz Hebeche, UFSC
Eduardo Morettin, USP
Adma Muhana, USP
Fábio Durão, Unicamp
Amarilio Ferreira Jr., UFSCar
Jaime Ginzburg, USP
Ianni Regia Scarcelli, USP
Marlise Matos, UFMG
Mauricio Santana Dias, USP
Adalberto Muller, UFF
Ivo da Silva Júnior, Unifesp
Cláudio Oliveira, UFF
Ana Paula Pacheco, USP
Sérgio Alcides, UFMG
Romualdo Pessoa Campos Filho, UFG
Bento Itamar Borges, UFU
Tânia Pellegrini, UFSCar
José Paulo Guedes Pinto, UFRRJ
Luiz Damon, UFPR
Emiliano José, UFBA
Eduardo Passos, UFF
Horácio Antunes, UFMA
Laurindo Dias Minhoto, USP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Herculano Campos, UFRN
Adriano de Freixo, UFF
Suzana Guerra Albornoz, UNISC/RS
Sonia Campaner, PUC-SP
Alexandre Fonseca, UFRJ
Raul Vinhas Ribeiro, Unicamp
Carmem Lúcia Negreiros de Figueiredo, Uerj
Carmen Gabriel, UFRJ
Ana Gonçalves Magalhães, USP
Regina Mennin, Unifesp
Regina Pedroza, UnB
Regina Vinhaes Gracindo, UnB
Elina Pessanha, UFRJ
Elisa Maria Vieira, UFMG
Reinaldo Martiniano, UFMG
Freda Indursky, UFRGS
Frederico Carvalho, UFRJ
Renata Paparelli, PUC-SP
Renato Lima Barbosa, UEL
Antonio Prado, Unicamp
Antonio Teixeira, UFMG
Aparecida Neri de Souza, Unicamp
Ricardo Barbosa de Lima, UFG
Ricardo Kosovski, UNIRIO
Ricardo Mayer, UFAL
Rita Diogo, UERJ
Adalberto Paranhos, UFU
Adalton Franciozo Diniz, PUC-SP
Alcides Fernando Gussi, UFC
Aldo Victorino, UERJ
José Guilherme Ramos,  Unincor
Alex Fabiano Jardim, Unimontes
Alexandra Epoglou, UFU
Alexandre Henz, Unifesp
Alfredo Cordiviola, UFPE
Alícia Gonçalves, UFPB
Alita Sá Rego, UERJ
Alvaro Luis Nogueira, CEFET/RJ
Amaury Júnior, UFRJ
Amilcar Pereira, UFRJ
Amon Pinho, UFU
Ana Maira Coutinho, PUC-Minas
Ana Maria Araújo Freire, PUC/SP
Ana Maria Chiarini, UFMG
Ana Maria Doimo, UFMG
Ana Maria Medeiros, UERJ
André Daibert, CEFET/RJ
André Figueiredo, UFRRJ
André Leclerc, UFC
André Martins, UFRJ
André Paulo Castanha, Unioeste
Andrea Franco, PUC-Rio
Andrea Macedo, UFMG
Andrea Silva Ponte, UFPB
Angela Prysthon, UFPE
Angelita Matos Souza, Facamp
Angelita Pereira de Lima, UFG
Aníbal Bragança, UFF
Anita Leandro, UFRJ
Anna Carolina Lo Bianco, UFRJ
Antonio Carlos Lima, UFRJ
Antônio Cristian Saraiva Paiva, UFC
Antonio Justino Ruas Madureira, UFU
Antonio Pinheiro de Queiroz, UnB
Armen Mamigonian, USP
Benito Bisso Schmidt, UFRGS
Benjamin Picado, UFF
Branca Jurema Ponce, PUC/SP
Brasilmar Nunes, UFF
Bruna Dantas, Univ. Cruzeiro do Sul
Bruno Guimarães, UFOP
Carla Dias, UFRJ
Carlos Bauer, Uninove
Carlos José Espíndola, UFSC
Carolina Martins Pulici, Centro Universitário Senac
Cauê Alves, PUC-SP
Celia Rocha Calvo, UFU
César Barreira, UFC
César Nigliorin, UFF
Clara Araujo, UERJ
Clarice Mota, UFAL
Claudinei Silva, Unioeste
Claudio Benedito Baptista Leite, Unifesp
Cláudio DeNipoti, UEPG
Cleber Santos Vieira, Unifesp
Custódia Selma Sena do Amaral, UFG
Daniela Frozi, UERJ
Daniela Weber, FURG
Daniele Nilym, UFC
Dau Bastos, UFRJ
Débora Barreto, UCM
Debora Breder, UCM
Débora Diniz, UnB
Denise Golcalves, UFRJ
Diva Maciel, UnB
Doris Accioly, USP
Doris Rinaldi, Uerj
Douglas Barros, PUC-Campinas
Edgar Gandra, UFPel
Edson Arantes Junior, UEG
Eduardo Sterzi, Faap
Elizabeth Maria Azevedo Bilange, UFMS
Emerson Giumbelli, UFRGS
Ercília Cazarin, Univ. Passo Fundo
Ernesto Perini, UFMG
Eugênio Rezende de Carvalho, UFG
Fabiana de Souza, UFG
Fabiele Stockmans, UFPE
Fábio Franzini, Unifesp
Fábio Franzini, Unifesp
Fernanda dos Santos Castelano Rodrigues, UFSCar
Fernando Fragozo, UFRJ
Fernando Freitas, UERJ
Fernando Resende, UFF
Fernando Salis, UFRJ
Filipe Ceppas, UFRJ
Flavio Fogliatto, UFRGS
Geísa Matos, UFC
George Lopes Paulino, UFC
Geovane Jacó, UECE
Geraldo Orthof ,UnB
Geraldo Pontes Jr., UERJ
Gesuína Leclerc, UFC
Gilberto Almeida, UFBA
Gilson Iannini, UFOP
Giselle Martins Venancio, UFF
Gizelia Maria da Silva Freitas, UFPA
Graciela Paveti, UFMG
Gustavo Coelho, UERJ
Gustavo Krause, UERJ
Hélio Carlos Miranda de Oliveira, UFU
Hélio Silva, UFSC
Henri Acselrad, UFRJ
Henrique Antoun, UFRJ
José Carlos Prioste, Uerj
José Carlos Rodrigues, PUC – Rio
José Claudinei Lombardi, Unicamp
Henrique Antoun, UFRJ
Henrique de Paiva, Uninove
Humberto Hermenegildo de Araújo, UFRN
Ianni Scarcelli, USP
Irlys Barreira, UFC
Isaurora Cláudia Martins, UVA
Ivan Rodrigues Martin, Unifesp
Izabela Tamaso, UFG
Jackson Aquino, UFC
Jacqueline Girão Lima, UFRJ
Jacqueline O.L. Zago, UFTM
Janete M. Lins de Azevedo, UFPE
Jania Perla Diógenes de Aquino, UFC
Joana Bahia, UERJ
Joelma Albuquerque, UFAL
John Comerford, UFRRJ
Jorge Valadares, Fund Oswaldo Cruz
José Artur Quilici Gonzalez, UFABC
José Lindomar Albuquerque, UNIFESP
José Luiz Ferreira, UFERSA
José Messias Bastos,UFSC
José Otávio Guimarães, UnB
José Ubiratan Delgado, IRD- CNEN
Joziane Ferraz de Assis, UFV
Kátia Paranhos, UFU
Kelen Christina Leite, UFSCar
Laura Feuerwerker, USP
Leandro Melo, Senac
Simone Wolff, UEL
Solange Ferraz de Lima, USP
Sônia Maria Rodrigues, UFG
Lena Lavinas, UFRJ
Leonardo Daniato, UniFor
Lia Tomas, Unesp
Liliam Faria Porto Borges, UNIOESTE
Lúcia Maria de Assis, UFG
Lucia Pulino, UnB
Luciana Hartmann, UnB
Luciano Mendes de Faria Filho, UFMG
Luciano Rezende, Instituto Federal de Alagoas
Luciano Simão, UFF
Luís Filipe Silvério Lima, Unifesp
Luis Mattei, UFF
Luiz Fábio Paiva, UFAM
Luiz Paulo Colatto, CEFET-RJ
Luiz Sérgio Duarte da Silva, UFG
Madalena Guasco Peixoto, PUC-SP
Marcelo Carcanholo, UFF
Marcelo de Sena, UFMG
Marcelo Martins de Sena, UFMG
Marcelo Paixão, UFRJ
Marcelo Pinheiro, UFU
Marcia Angela Aguiar, UFPE
Marcia Cristina Consolim, Unifesp
Márcia Maria Menendes Motta, UFF
Marcia Maria Motta, UFF
Marcia Paraquett, UFBA
Marcio Galdman, UFRJ
Marco André Feldman Schneider, UFF
Marcos Aurélio da Silva, UFSC
Marcos Barreto, UFRJ
Marcos Cordeiro Pires, Unesp
Marcos Santana de Souza, UFS
Marcus Wolff , UCM
Maria Amélia Dalvi, UFES
Maria Aparecida Leite Soares, Unifesp
Maria Augusta Fonseca, USP
Maria Cristina Batalha, UERJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET- RJ
Maria Cristina Giorgi, CEFET/RJ
Maria Cristina Volpi, UFRJ
Mônica de Carvalho, PUC-SP
Natalia Reis, UFF
Neide T. Maia González, USP
Nelson Maravalhas, UnB
Nelson Tomazi, UEL
Maria de Fátima Gomes, UFRJ
Maria Fernanda Fernandes, Unifesp
Maria Jacqueline Lima, UFRJ
Maria José Aviz do Rosário, UFPA
Maria José Vale, Unicastelo
Maria Lúcia Homem, FAAP
Maria Lúcia Seidl, UERJ
Maria Luiza de Oliveira, Unifesp
Maria Luiza Heilborn, UERJ
Maria Neyara de Oliveira Araújo, UFC
Maria Rita Aprile, Uniban
María Zulma M. Kulikowski, USP
Mariana Cassab, UFRJ
Mariana Cavalcanti, FGV-RJ
Marisa Bittar, UFSCar
Markus Lasch, Unifesp
Marlon Salomon, UFG
Marly Vianna, UFSCar
Marly Vianna, UFSCar
Márnio Pinto, UFSC
Marta Peres, UFRJ
Marta Pinheiro, UFRJ
Mary Castro, UCSal
Miroslav Milovic, UnB
Edson Arantes Jr., UERJ
Moema Rebouças, UFES
Monica Alvim, UFRJ
Monica Bruckmann, UFRJ
Nereide Saviani, Unisantos
Neusa Maria Dal Ri, Unesp
Nina Leite, Unicamp
Nise Jinkings, UFSC
Nora Krawczyk, Unicamp
Olga Cabrera, UFG
Olgamir Amancia Ferreira de Paiva, UnB
Ovídio de Abreu, UFF
Patrícia Reinheimer, UFRRJ
Patrícia Sampaio, UFAM
Paulino José Orso, Unioeste
Paulo Bernardo Ferreira Vaz, UFMG
Paulo Machado, UFSC
Paulo Pinheiro Machado, UFSC
Paulo Roberto de Almeida, UFU
Rafael Haddock-Lobo, UFRJ
Ramón Fernandez, FGV-SP
Raul Pacheco Filho, PUC-SP
Rita Schmidt, UFRGS
Robespierre de Oliveira, UEM
Rodrigo Nobile, UERJ
Rogério Medeiros, UFRJ
Ronaldo Gaspar, Unicastelo
Rosana C. Zanelatto Santos, UFMS
Rosana Costa, UFRJ
Rosemary de Oliveira Almeida, UECE
Sabrina Moehlecke, UFRJ
Sara Rojo, UFMG
Sarita Albagli, UFRJ
Sidnei Casetto, Unifesp
Silviane Barbato, UnB
Silvio Costa, PUC/GO
Simone Michelin, UFRJ
Suzzana Alice Lima Almeida, UNEB
Sylvia Novaes, USP
Tadeu Alencar Arrais, UFG
Tadeu Capistrano, UFRJ
Tania Rivera, UnB
Tatiana Roque, UFRJ
Telma Maria Gonçalves Menicucci, UFMG
Tercio Redondo, USP
Théo Lobarinhas Piñeiro, UFF
Tomaz Aroldo Santos, UFMG
Valdemar Sguissardi, UFSCar
Vera Chuelli, UFPR
Vera Figueiredo, PUC-Rio
Victor Hugo Pereira, UERJ
Viviane Veras, Unicamp
Volnei Garrafa, UnB
Wagner da Silva Teixeira, UFTM
Waldir Beividas, USP
Wilson Correia, UFRB
Adriano de Freixo, Universidade Federal Fluminense
Andre Gunder Frank, UFF
Flávia Nascimento, UNESP
Graziela Serroni Perosa, EACH/USP
Gustavo Caponi, Universidade Federal de Santa Catarina/UFSC
Helena Esser dos Reis, UFG
Jaime Rodrigues, Universidade Federal de São Paulo/Unifesp
Jaqueline Kalmus, UniFIEO
Joana Ziller – Universidade Federal de Ouro Preto/UFOP
Juliana Tavares, IFF
Luis Guilherme Galeão da Silva, USP
Luiz Mariano Carvalho, UERJ
Maria Margareth de Lima, UFPB
Maria Waldenez de Oliveira, UFSCAR
Nelson Schapochnik, USP
Paulo Rodrigues Belém, PUC/Rio de Janeiro
Raul Vinhas Ribeiro, UNICAMP
Rita Fagundes, UFS
Tercio Loureiro Redondo, USP
Valéria Vasconcelos, UNIUBE/MG
Ana Paula Cantelli Castro, Universidade Federal do Piauí/UFP
Hélio Lemos Sôlha – Professor, UNICAMP
Pedro C. Chadarevian, UFSCAR
Ivaldo Pontes Filho, UFPE
Ricardo Summa, UFRRJ
Ernesto Salles, UFF
Sidney Calheiros de Lima, USP
Claudia Moraes de Souza, Unesp/Marília
Estêvão Martins Palitot, Universidade Federal da Paraíba/UFB
Lilian Sagio Cezar, USP
Gislene Aparecida dos Santos, EACH – USP
Eliézer Cardoso de Oliveira, Universidade Estadual de Goiás
Luiz Menna-Barreto, EACH/USP
Raquel Alvarenga Sena Venera, UFSC
Aida Marques, Universidade Federal Fluminense
Cleria Botelho da Costa, UnB
Ernestina Gomes de Oliveira, Faculdade de Direito do Instituto Superior de Ciências Aplicadas de Limeira
Kátia Menezes de Sousa, Universidade Federal de Goiás
Aluizio Moreira, UFCG
Luiz Gonzaga Godoi Trigo, EACH/USP
Lucas Bleicher, UFMG
Luiz Carlos Seixas, FMU e UniFIEO
Giane da Silva Mariano Lessa, UFRRJ
George Gomes Coutinho, Universidade Estadual do Norte Fluminense Darcy Ribeiro
Walter Andrade, Fundação Padre Albino
Antonio Torres Montenegro, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Regina Beatriz Guimarães Neto, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Enilce Albergaria Rocha, Universidade Federal de Juiz de Fora
Reinaldo Salvitti, USP
Vania Noeli Ferreira de Assunção, PUC/SP
José Arlindo dos Santos, Fundação Universidade do Tocantins/UNITINS
Jose Carlos Vaz, USP
Marisa Midori Deaecto, USP
Luiz Cruz Lima, Universidade Estadual do Ceará/UECE
Maria do Carmo Lessa Guimarães, Universidade Federal da Bahia/UFBA
Ebe Maria de Lima Siqueira, Universidade Estadual de Goiás/UnU
Alexei Alves de Queiroz, UnB
Francisco Mazzeu, Unesp
Cláudia Regina Vargas, UFSCAR
Fábio Ferreira de Almeida, Universidade Federal de Goiás
Celso Kraemer, Universidade Regional de Blumenau
Gladys Rocha, UFMG
Murilo César Ramos, UnB
Deolinda Freire, Universidade Federal do Triângulo Mineiro
Corinta Maria Grisolia Geraldi, UNICAMP
João Wanderley Geraldi, UNICAMP
Durval Muniz de Albuquerque Junior, Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Rafael Sanzio, UnB
Sônia Selene Baçal de Oliveira, Universidade Federal do Amazonas/UFAM
Arlindo da Silva Lourenço, Uniban
Izabel Cristina dos Santos Teixeira, UFT/Araguaína
Glaucíria Mota Brasil, Universiade Estadual do Ceará
Maria Neyara de Oliveira Araújo, Universidade Federal do Ceará
Alícia Ferreira Gonçalves, UFPB
Francisco Alves, UFSCar
Luiz Armando Bagolin, USP
Igor Fuser, Faculdade Cásper Líbero
Paula Glenadel, UFF
Lana Ferreira de Lima, Universidade Federal de Goiás/UFG
Karina Chianca Venâncio, Universidade Federal de Pernambuco/UFPE
Surya Aaronovich Pombo de Barros, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Fausto Fuser, USP
Silvia Beatriz Adoue, UNESP/Araraquara
Sônia Campaner, PUC/SP
Paulo Henrique Martinez, Unesp
Iram Jácome Rodrigues, USP
Sílvio Camargo, Unicamp
Fernando Nogueira da Costa, Unicamp
Mariana Cassab, UFRJ
Suzana Guerra Albornoz, FURG/Rio Grande e UNISC/RS
Alexandre Abda, FAP/SP
José Edvar Costa de Araújo, Universidade Estadual Vale do Acaraú
Gabriel Almeida Antunes Rossini, PUC/SP
Cláudio Oliveira, Universidade Federal Fluminense/UFF
Aixa Teresinha Melo de Oliveira, CEFET/RJ – UnED/Petrópolis
Flávio Rocha de Oliveira, FESP/SP
Viviane Conceição Antunes Lima, UFRRJ
Rita Maskell Rapold, UNEB
Valter Duarte Ferreira Filho, UERJ e UFRJ
Romeu Adriano da Silva, Universidade Federal de Alfenas
Paulo Cesar Azevedo Ribeiro, Universidade Estácio de Sá
Andréa Lisly Gonçalves, Universidade Federal de Ouro Preto
Álvaro Luis Martins de Almeida Nogueira, Cefet
Welerson Fernandes Kneipp, Cefet
Jarlene Rodrigues Reis, Cefet
André Barcelos Damasceno Daibert, Cefet
Luiz Antonio Mousinho Magalhães, Universidade Federal da Paraíba/UFPB
Maria Cristina Cortez Wissenbach, USP
Denise Helena P.Laranjeira, Universidade Estadual de Feira de Santana
Magnus Roberto de Mello Pereira, Universidade Federal do Paraná/UFPR
Ricardo Cardoso Paschoal, CEFET/RJ
Luciano dos Santos Bersot, UFPR
Sérgio de  Paula Machado, Universidade Federal do Rio de Janeiro/UFRJ
Antônio Alberto Machado, Unesp/Franca-SP
Sérgio Ricardo de Souza, CEFET/MG
Angela Thalassa, Faculdade de Arujá / IESA
Débora C. Piotto, USP
Marcelo Parizzi Marques Fonseca, UFSJ

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Homenagem ao "nosso dia"...do professor...

Velha ode aos professores

Juremir Machado da Silva no CP de hoje

Recebi esta pergunta: “Por que o senhor defende tanto os professores?” Achei, inicialmente, a pergunta estranha. Afinal, a resposta sempre me parecera óbvia. Depois, comecei a responder para mim mesmo. Embora seja impossível estabelecer objetivamente um ranking de profissões, eu acho o trabalho de professor o mais importante que existe, especialmente o de professor de ensino fundamental e médio, função que nunca exerci, embora tenha chegado a passar num concurso. Sei da importância dos médicos, dos engenheiros, dos padeiros, dos lixeiros e de tantos outros profissionais. Mesmo assim, considero que o professor é a base de tudo.
Por pensar assim, sempre vejo como injustos e até mesmo absurdos os salários pagos aos professores do ensino público. Não consigo aceitar que qualquer jogador de futebol ruim ganhe mais do que um professor. Esperamos dos professores que eles eduquem os nossos filhos, dando-lhe conhecimentos e valores. Depositamos enormes esperanças na atividade desses mestres de poucos recursos e muita perseverança. Cobramos muito. Pagamos pouco. A desculpa é sempre a mesma: os cofres públicos não comportam salários maiores para uma categoria tão numerosa. Essa explicação sempre me parece fácil, simplória, hipócrita e até canalha. É uma maneira de levar as mãos. A culpa não é só dos governantes. É da sociedade. Por que não nos organizamos para pagar melhor os professores? Outro dia, na Rádio Guaíba, o senador Paulo Paim nos garantiu que não existe o rombo da Previdência Social. Autorizou-me a chamar de mentiroso quem afirme o contrário. Não perderei a oportunidade.
De minha parte, farei uma afirmação categórica: a sociedade brasileira pode pegar melhor seus professores. Não o faz por não os valorizar suficientemente. Volta e meia, ouço alguém atacar os professores dizendo algo assim: “Se não estão satisfeitos que mudem de profissão”. Nunca ouço argumento semelhante aplicado aos grandes proprietários que pedem subsídios aos governos. Os professores viraram saco de pancada. Os governantes empurram com a barriga o eterno problema dos baixos salários. Por toda parte, vejo professores trabalhando duro e ganhando pouco. Ser professor é cada vez mais difícil e bonito. Hoje, além de saber passar informações, é preciso saber educar num ambiente de liberdade. Muita gente tem saudades dos castigos corporais e dos métodos medievais nas escolas. São os mesmos que sentem saudade da ditadura militar e que fecham os olhos para a tortura.
Imagino um leitor conservador dizendo-se que estou empilhando clichês ou fazendo demagogia. Num ano eleitoral, eu espero que algum candidato apresente um plano consistente para a educação. Teria meu voto. Toda hora alguém diz que só a educação muda um país. Para que a educação mude um país, no entanto, o país precisa mudar a sua educação. Um bom começo seria pagar melhor os professores. Eu não me importaria de pagar mais impostos para isso. Pagar impostos pode ser muito bom. Faz bem para a sociedade. Não há serviços sem impostos. Jamais.
Espero que o novo governo gaúcho pague o piso estabelecido por lei federal aos professores.
Será um grande avanço.
É uma questão de mérito.
Feliz dia dos professores a todos os mestres do Rio Grande do Sul!

A Geopolítica da internet

Domenico Losurdo*
 
Através de vários casos comprovados, Doménico Losurdo diz-nos como «Os grandes grupos Internet tornaram-se num instrumento da geopolítica EUA. Anteriormente, eram necessárias laboriosas operações secretas para apoiar movimentos políticos em países longínquos. Actualmente basta muitas vezes um pouco de técnica da comunicação manobrada a partir do ocidente […] O serviço secreto tecnológico dos EUA, a National Security Agency, está em vias de montar uma organização totalmente nova para as guerras na Internet».

O Google desafia o governo da República Popular da China: a grande imprensa de «informação» aplaudiu sem reservas o rigor moral e a coragem duma multinacional disposta a pagar caro em termos económicos para não se submeter às imposições da censura e reafirmar o direito humano à livre informação. Na verdade, embora de modo muito reduzido, também se fizeram ouvir algumas vozes apelando a uma maior prudência: teria havido apenas nobres motivações para explicar a posição do Google ou também haveria considerações de outra natureza? O grandioso gesto podia ser apenas um golpe de teatro numa habilidosa campanha de relações públicas: virar as costas desassombradamente a um mercado, embora prometedor, mas em que a concorrência local é feroz e conquistadora, pode vir a ser benéfico para a imagem e para os lucros da multinacional americana, abrindo-lhe o caminho para uma expansão noutros países e a nível mundial… E assim, no cenário traçado na Itália pelos órgãos de imprensa mais «não-conformistas», o cálculo utilitário aparece ao lado dos direitos do homem. A geopolítica, pelo contrário, continua a estar ausente, apesar de, para um observador mais atento, ser ela o autêntico protagonista.
Para o verificarmos, demos um salto atrás de cerca de sessenta anos e concentremo-nos num incidente, reconstruído aqui a partir dum recente artigo de Alessandra Farkas no Corriere della Sera.
“Uma misteriosa epidemia de loucura colectiva
A 16 de Agosto de 1951, fenómenos estranhos e inquietantes vieram perturbar Pont-Saint-Esprit, «uma aldeia tranquila e pitoresca» situada «a sudeste da França». Sim, «a região foi sacudida por uma misteriosa epidemia de loucura colectiva. Morreram pelo menos cinco pessoas, dezenas foram parar ao hospício, centenas mostraram sinais de delírio e de alucinações […] Muitas delas foram parar ao hospital com uma camisa-de-forças». O mistério, que durante muito tempo rodeou este ataque de «loucura colectiva» já se dissipou: tratou-se duma «experiência efectuada pela CIA, com a Divisão Especial de Operações (SOD), a unidade secreta do exército dos EUA de Fort Detrick em Maryland»; os agentes da CIA «contaminaram com LSD o pão vendido nas padarias da região», provocando os resultados que descrevemos acima. Estamos no início da guerra-fria: claro que os Estados Unidos eram aliados da França, mas foi exactamente por isso que esta se prestou às experiências de guerra psicológica que obviamente tinham como objectivo o «campo socialista» (e a revolução anti-colonialista) mas dificilmente podiam ser efectuadas nos países situados por detrás da cortina de ferro.
Então a pergunta que se põe é esta: a excitação das massas só podia ser provocada através da via farmacológica? Os acontecimentos que, no final da guerra-fria, varreram o «campo socialista», de resto amplamente desacreditado e enfraquecido, dão que pensar. A 17 de Novembro de 1989, a «revolução de veludo» triunfava em Praga, com uma palavra de ordem que se pretendia inspirada em Gandhi: «Amor e Verdade». Na realidade – confessa hoje o International Herald Tribune – o papel decisivo foi desempenhado pela difusão duma notícia falsa segundo a qual um estudante tinha sido «brutalmente assassinado» pela polícia. Se, no caso da Checoslováquia foram suficientes duas «pequenas» manipulações (por um lado a transfiguração dos líderes da revolta em seguidores devotos de Ghandi no culto da verdade e da não-violência, por outro a produção inteligente e a difusão de «notícias» destinadas a suscitar a indignação das massas), a promoção da revolta que derrubou a ditadura de Ceausescu na Roménia, semanas depois foi mais complicada. A encenação, nas suas linhas gerais, não varia: tratou-se sempre de desacreditar e até mesmo de diabolizar o poder a derrubar, para o transformar num alvo fácil da indignação das massas alimentada sabiamente e sem sombra de escrúpulos. Pois é, mas como atingir esse objectivo na situação concreta da Roménia no final de 1989? A partir de certa altura, os meios de comunicação ocidentais começaram a difundir maciçamente na população romena, e a bombardeá-la mesmo, com informações e imagens do «genocídio» perpetrado em Timisoara pela polícia de Ceausescu. O que é que aconteceu na realidade? Passemos a palavra a um prestigiado filósofo (Giorgio Agamben) que não é propriamente um crítico da ideologia dominante mas que sintetizou de modo magistral a questão que estamos a tratar:
«Pela primeira vez na história da humanidade, cadáveres acabados de enterrar ou alinhados nas mesas das morgues foram desenterrados à pressa e torturados para, em frente das câmaras, simular o genocídio que devia legitimar o novo regime. O que o mundo inteiro teve debaixo dos olhos em directo nos ecrãs da televisão, como sendo verdade era a não verdade absoluta; e embora a falsificação por vezes fosse evidente, era de qualquer modo autenticada como uma verdade pelo sistema mundial dos meios de comunicação, para que se tornasse claro que a verdade passara a ser apenas um momento do movimento necessário da falsidade».
O fim da guerra-fria não era o fim do Grande jogo. Para os EUA, não bastava liquidar o «campo socialista» e desmembrar a União Soviética; também era preciso promover e impor na Europa oriental a ascensão ao poder de líderes completamente ligados a Washington. Na Geórgia, a certa altura até Edouard Chevardnadze (até então estimado e apreciado no ocidente pelo papel «democrático« que tinha desempenhado ao lado de Gorbatechev na dissolução do «campo socialista» e, posteriormente, ultrapassando o próprio Gorbatchev, na dissolução da União Soviética) se tornou num líder indesejável e a substituir.
Foi a tarefa confiada à famosa «revolução das rosas». Concentro-me nalguns dos seus momentos chave, servindo-me da reconstrução aparecida numa reputada revista francesa de geopolítica. Televisões georgianas nas mãos da oposição e dos meios de comunicação ocidentais empenharam-se numa campanha conjunta e infindável:
«A corrupção do regime é apresentada sob todos os seus aspectos. Não hesitando o recurso à mentira em caso de necessidade. Em meados de Novembro, revistas alemãs afirmam que pessoas próximas de M. Chevardnadze lhe compraram uma luxuosa moradia na cidade termal de Baden-Baden, no sul da Alemanha. A Bild afirma que a residência está avaliada em 11 milhões de euros. A informação não é confirmada. Não interessa […] Uma das nossas fontes informar-nos-á posteriormente que a foto apresentada foi recolhida ao acaso na Internet».
Depois da proclamação dos resultados eleitorais que confirmam a vitória de Chevardnadze e que são acusados de fraudulentos pela oposição, esta decide organizar uma marcha em direcção a Tbilissi, que deveria confirmar «a chegada simbólica e pacífica à capital de todo o país em fúria». Embora convocados em todos os cantos do país com grande apoio de meios propagandistas e financeiros, nesse dia apareceram para a marcha entre 5000 a 10.000 pessoas: «para a Geórgia, isso não era nada»! Mas, graças a uma encenação sofisticada e altamente profissional, a cadeia de televisão mais vista do país consegue transmitir uma mensagem totalmente diferente:
«A imagem está aqui, poderosa, a de todo um povo que segue o seu futuro presidente». A partir daí, as autoridades politicas são consideradas ilegítimas, o país fica desorientado e confuso, e a oposição mais arrogante e mais agressiva do que nunca, tanto mais que os meios de comunicação internacionais e as chancelarias estrangeiras a encorajam e a protegem. O golpe de estado está maduro, vai levar ao poder Mikhaïl Saakashvili, que fez os seus estudos nos EUA, fala um inglês perfeito e está em posição de compreender rapidamente as ordens dos seus superiores.
As «guerras na Internet»
Até agora temos visto a transformação da «não verdade absoluta» em «verdade verdadeira» e incontestável passar em primeiro lugar nos «ecrãs da televisão» enquanto que o papel da Internet era secundário e negligenciável. Mas é interessante assinalar que, a partir do fim dos anos 90, no International Herald Tribune um jornalista (Bob Schmitt) observava: «As novas tecnologias alteraram a política internacional». Aqueles que estavam em posição de as controlar viam aumentar desmesuradamente o seu poder e a sua capacidade em desestabilizar países mais fracos e tecnologicamente menos avançados.
Com efeito, com a chegada e a generalização da Internet, do Facebook, do Twitter, apareceu uma nova arma, susceptível de modificar profundamente as relações de força no pano internacional. Isto já não é um segredo para ninguém. Actualmente, nos EUA, um rei da sátira televisiva como Jon Stewart proclama: «Mas porque é que estamos a enviar exércitos se é mais fácil deitar abaixo uma ditadura via Internet do que comprar um par de sapatos?» O significado militar das novas tecnologias está aqui explicitamente sublinhado e reivindicado: sem tocar no direito de Washington a julgar e a condenar de modo soberano, a partir de agora é possível recorrer a armas novas e mais sofisticadas para punir os culpados e os rebeldes.
Mas a Internet não é ela mesma a expressão da liberdade de expressão? Os que argumentam isto são só os menos dotados (e os menos escrupulosos). Na realidade – reconhece Douglas Paal, ex-colaborador de Reagan e de Bush sénior – a Internet é actualmente «gerada por uma ONG que não passa de uma emanação do Departamento do Comércio dos EUA». Mas trata-se apenas de comércio? O semanário alemão Die Zeit pede esclarecimentos a James Bamford, um dos maiores especialistas sobre os serviços secretos americanos: «Os chineses também receiam que empresas americanas como o Google sejam em última análise instrumentos dos serviços secretos americanos em território chinês. Será isso uma atitude paranóica?» «De modo nenhum» é a resposta imediata. Pelo contrário – acrescenta o especialista – até «organizações e instituições estrangeiras estão infiltradas» pelos serviços secretos americanos, que estão sempre em condições de interceptar comunicações telefónicas em todos os cantos do planeta e devem ser considerados como «os maiores piratas informáticos do mundo».
A partir da agora – afirmam ainda no Die Zeit dois jornalistas alemães – não há quaisquer dúvidas:
«Os grandes grupos Internet tornaram-se num instrumento da geopolítica EUA. Anteriormente, eram necessárias laboriosas operações secretas para apoiar movimentos políticos em países longínquos. Actualmente basta muitas vezes um pouco de técnica da comunicação manobrada a partir do ocidente […] O serviço secreto tecnológico dos EUA, a National Security Agency, está em vias de montar uma organização totalmente nova para as guerras na Internet».
À luz de tudo isto, convém reler certos acontecimentos recentes de explicação difícil. Em Julho de 2009 ocorreram incidentes sangrentos em Urumqi e em Xinjiang, uma região da China habitada sobretudo por ouigours. São explicados pela discriminação e pela opressão à custa de minorias étnicas e religiosas? Não parece muito plausível uma abordagem desse tipo, pelo menos a julgar pelo que refere o correspondente de Pequim de La Stampa (Francesco Sisci):
«Numerosos hans de Urumqi queixam-se dos privilégios de que os ouigours desfrutam. De facto, estes, enquanto minoria nacional muçulmana, têm condições de trabalho e de vida muito melhores que os seus colegas hans, em igualdade de situação. Os ouigours, no seu escritório, têm autorização para suspender o seu trabalho várias vezes por dia para efectuar as cinco orações muçulmanas diárias tradicionais […] Além disso, podem não trabalhar à sexta-feira, dia santo muçulmano. Em teoria, deviam compensar ao domingo. Mas ao domingo os escritórios estão fechados […] Um outro ponto doloroso para os hans, submetidos à dura política de unificação familiar que continua a impor um filho único, é que os ouigours podem ter dois ou três filhos. E, enquanto muçulmanos, têm subsídios para além do salário dado que, como não podem comer carne de porco, têm que recorrer ao carneiro que é mais caro».
Isto não bate certo com a acusação feita pela propaganda ocidental de que o governo de Pequim quer eliminar a identidade nacional e religiosa dos ouigours. Então, como é?
Reflictamos sobre a dinâmica dos incidentes. Numa cidade do litoral chinês onde, apesar das diferentes tradições culturais e religiosas pré-existentes, os hans e os ouigours trabalham lado a lado, espalha-se de repente o boato segundo o qual uma rapariga han foi violada por operários ouigours; daí ocorrem incidentes durante os quais são mortos dois ouigours. O boato que provocou essa tragédia era falso mas eis que logo a seguir se espalha um segundo boato ainda mais grave e ainda mais funesto: a Internet difunde na sua rede a notícia segundo a qual na cidade do litoral chinês teriam sido mortos centenas de ouigours, massacrados pelos hans sob a indiferença e até mesmo a complacência da polícia. Resultado: tumultos étnicos no Xinjiang, que provocam a morte de quase 200 pessoas, desta vez quase todas hans.
Pois bem, estaremos na presença duma intriga infeliz e casual de circunstâncias ou da difusão de boatos falsos e tendenciosos com vista ao resultado que se constatou efectivamente na sua sequência? Volta assim à nossa memória a «experiência feita pela CIA» no verão de 1951, que provocou «uma misteriosa epidemia de loucura colectiva» na «pitoresca e tranquila aldeia» de Pont-Saint-Esprit. E de novo nos vemos obrigados a fazer a pergunta inicial: a «loucura colectiva» pode ser produzida apenas por via farmacológica ou pode ser hoje também o resultado do recurso a «novas tecnologias» da comunicação de massas?

Quem são os “ciberidiotas?

Uma coisa é certa: aqueles que são os alvos das «guerras na Internet» não ficam de braços caídos: como em todas as guerras os fracos procuram compensar a sua desvantagem aprendendo com os mais fortes. E eis que esses gritam com escândalo: «No Líbano” – podemos ler no Corriere della Sera de 20 de Março – «aqueles que dominam os meios de comunicação noticiosos e as redes sociais não são as forças políticas pró-ocidentais que apoiam o governo de Saad Hariri, mas os ‘Hezbollah». Esta observação origina um suspiro de desânimo: ah como seria bom se, como aconteceu com a bomba atómica e com as armas (propriamente ditas) mais sofisticadas, e também com as «novas tecnologias» e as novas armas da informação e a desinformação de massas, fossem os países que infligem um martírio interminável ao povo palestino e que querem continuar a exercer uma ditadura terrorista no Médio Oriente, a deter o monopólio! O facto é – lamenta-se Moises Naïm, director da «Política Externa« – que os EUA, Israel e o ocidente já não lidam com os «ciberidiotas de antigamente». Estes «contra-atacam com as mesmas armas, exercem a contra-informação, envenenam os poços»: uma verdadeira tragédia do ponto de vista dos paladinos da «liberdade de informação» e do «pluralismo».
Infelizmente, os estrategas e os ideólogos do Pentágono e do Departamento de Estado ainda podem encontrar actualmente alguns motivos sólidos de consolação: em vez de estarem dispersos, os ciberidiotas mostram-se mais vivos do que nunca à «esquerda»: estão empenhados em apresentar as manobras turvas do Google como o desafio lançado pelo David da liberdade e da verdade contra o Golias da autocracia e da censura!
Textos citados:
• Thomas FISCHERMANN, encontro com James BAMFORD, “Passen Sie auf, was Sie tippen”, in Die Zeit de 18 Fevereiro 2010, pp. 20-21.
• Alessandra FARKAS, “La Cia drogò il pane dei francesi. Svelato il mistero delle baguette che fecero ammattire un paese nel ‘51”, (A CIA drogou o pão dos franceses. O mistério das baguetes que enlouqueceram uma aldeia em 1951), in Corriere della Sera de 13 Março 2010, p. 25.
• Thomas FISCHERMANN, Götz HAMANN, “Angriff aus dem Cyberspace”, in Die Zeit de 18 Fevereiro 2010, pp. 19-21.
• Massimo GAGGI, “Un’illusione la democrazia via web. Estremisti e despoti sfruttano Internet” (Uma ilusão a democracia via Internet. Extrémistas e déspotas exploram a Internet), in Corriere della Sera de 20 Março 2010, p. 21.
• Domenico LOSURDO, “La non-violenza. Una storia fuori dal mito, Roma-Bari, Laterza”, 2010, cap. IX (para a Checoslováquia, a Roménia e para o quadro geral).
• Maurizio MOLINARI, encontro com Douglas PAAL, “Questo è l’inizio di uno scontro tra due civiltà” (Isto é um choque entre duas civilizações ), in La Stampa de 23 Janeiro 2010, p. 7.
• Bob SCHMITT, “The Internet and International Politics”, in The International Herald Tribune de 2 Abril 1997, p. 7.
• Francesco SISCI, “Perché uno han non sposerà mai una uigura” (Porque é que un Han nunca casará com uma Ouigour), in La Stampa de 8 Julho 2009, p. 17.
* Doménico Losurdo, filósofo, Professor da Universidade de Urbino, é amigo e colaborador de odiario.info.
Este texto foi publicado na revista Belfagor. Rassegna di varia umanità, dirigida por Carlo Ferdinando Russo, 31 Julho 2010, p. 489-494. Rome.
Tradução de Margarida Ferreira.