Gilvander Moreira no Correio da Cidadania | |
Tive a alegria e a responsabilidade de visitar Cuba durante nove dias,
em dezembro de 2006. Ao voltar da Ilha, escrevi o texto "Cuba: os
desafios de um grande povo ‘ilhado’" (cf. www.gilvander.org.br/C001.htm).
Hoje, dia 15 de novembro de 2010, estou divulgando um novo artigo sobre
Cuba, com informações que são fruto de estudo, do que vi e ouvi em Cuba
e também do que ouvi de estudantes brasileiros, membros da Via
Campesina, que estão estudando em território cubano.
Ouço com interesse pessoas que vão a Cuba e procuro me informar o que se
passa com o povo cubano, ciente de que não podemos aceitar ingenuamente
a criminalização do governo cubano e do socialismo em Cuba feita pela
mídia: TV Globo e Cia. Mas a história absolverá os criminalizados
injustamente. Fidel Castro será um deles. A mídia, geralmente, desfila
um rosário de preconceitos acerca do regime político cubano e da
história da Revolução cubana.
Falar de Cuba, do povo cubano, do socialismo e dos grandes líderes
revolucionários, tais como Fidel Castro, Che Guevara e Camilo
Cienfuegos, exige muita responsabilidade de quem se arrisca, porque,
para quem conhece Cuba, convive um pouco com o povo cubano e estuda a
história da revolução cubana, é impossível não aprender e não reconhecer
o histórico de indignação, a força e a luta por parte dos
revolucionários e o grande sentimento de amor por Cuba e por seu povo
por parte desses. E se torna impossível não respeitar e admirar o povo
cubano e sua história.
Cuba é uma ilha de 110.000 km², 20% do estado de Minas Gerais, estreita e
comprida, assemelhando-se a um jacaré. Com 11 milhões de habitantes é
uma ilha encantada por sua beleza natural e encantadora pelo seu povo.
Cristóvão Colombo, ao chegar a Cuba, em 1492, já afirmara: "Esta é a
terra mais bela que olhos humanos viram".
Desde o início Cuba teve um histórico de luta do povo contra a opressão
do imperialismo desde muitos tempos, com lutadores como o grande
revolucionário José Marti na luta pela Independência. Cuba foi
inicialmente uma colônia espanhola. Em 1898 foi invadida militarmente
pelos Estados Unidos. A partir de então, cresceram os negócios dos
norte-americanos na ilha.
Em dezembro de 1898 Cuba converte-se em uma nova colônia dos Estados
Unidos através de um "tratado de paz" absurdo realizado pela Espanha e
pelos Estados Unidos onde excluíam os cubanos. Em 1902 surge a
"República" e junto dela um documento "Ementa plate" que dava total
direito aos Estados Unidos de intervirem em Cuba politicamente e
militarmente, de todas as formas.
O destino de Cuba foi profundamente marcado pela influência
norte-americana tanto no plano político, mediante o apoio a partidos ou
grupos, quanto no econômico. A beleza caribenha e a localização
estratégica atraíram também para o local o lazer e a orgia dos ianques.
Também uma chaga que gera um grande incômodo: uma base militar dos
Estados Unidos em território cubano, a de Guantánamo. Essa base militar
resultou das negociações para a retirada das tropas americanas na
independência.
Anos e anos se passam e Cuba fica a mercê do poder dos EUA, mas o povo
sempre se organizou e lutou contra o seu poder econômico. Em 1933
aconteceu o Golpe de Estado de Fulgêncio Batista, com seu governo
ditador repressor do povo Cubano.
O revolucionário Fidel castro, diferente do que a mídia burguesa
alardeia, surge em um momento histórico carregado de luta e de sonhos
por uma pátria livre. E, principalmente, não sozinho, e sim junto com o
povo que lutava com mínimas condições objetivas e subjetivas, o que era
possível na época, e de forma popular. O processo revolucionário foi uma
construção coletiva.
Só existiu o triunfo da Revolução porque o povo estava junto,
participando. Fidel, com indignação, coerência e amor por seu país,
junto com o povo cubano, nunca desistiu de Cuba e continuou o projeto de
libertação iniciado por José Marti. Um grupo de revolucionários
realizou no dia 26 de julho de 1953 um assalto ao Quartel Moncada,
situado na Província de Santiago de Cuba - na época era a segunda maior
força militar de Cuba - como estratégia para conseguir armas e iniciar a
Revolução. Houve um erro tático e foram derrotados pelos soldados do
ditador Fulgêncio Batista.
Neste contexto, muitos revolucionários foram assassinados, presos e
torturados. Fidel Castro foi torturado e, quando estava preso,
pronunciou a seguinte frase: "Condenar-me não importa. A história me
absolverá". Fidel, ao ver companheiros e companheiras sendo assassinados
e torturados injustamente, se humanizou ainda mais; a indignação
palpitou mais em seu peito e o desejo pela Revolução cubana se
fortaleceu muito mais como seu projeto de vida. No momento em que estava
preso, Fidel estudou muito, inclusive ‘O Capital’, de Marx. Produziu o
documento "A História me absolverá", documento esse que o mesmo usou
para se defender em seu julgamento e que mais tarde, com o triunfo,
virou plano de governo da Revolução Cubana. Fidel, ao ser solto, foi
exilado para o México, mas não desistiu do seu povo. No México, começou a
organizar pessoas que tinham a revolução como projeto de vida, e
começaram a se preparar para regressarem a Cuba e começarem o processo
da revolução.
Segundo a História, quando se reuniram para subir a Sierra Maestra,
tinham somente quatro armas e disseram: "estamos prontos para iniciarmos
a Revolução". Estavam encharcados de coragem, mas com pouca comida. Em
um dos combates que durou vinte dias, o exército rebelde comeu somente
nove vezes. Esta informação está escrita no livro de Che Guevara
"Passagem da Guerra revolucionária". Com pouca estrutura, mas com muita
vontade e muita convicção do que buscavam, o grupo de guerrilheiras e
guerrilheiros do exército rebelde na Sierra Maestra iniciou um marco da
história que culminou no triunfo da Revolução Cubana e na libertação do
povo cubano. Fidel Castro é um dos comandantes que lutou junto com seus
companheiros e venceu.
Em toda a história da Revolução cubana está presente o compromisso, a
coerência, o amor e a força dos revolucionários. Não se pode negar essa
história e o povo cubano sabe da sua história, respeita e a vive todos
os dias. Não podemos aceitar ingenuamente a criminalização do governo
cubano e do socialismo por parte da mídia de turistas da sociedade
capitalista, que não aceitam a liberdade do povo cubano de viverem o
socialismo. O povo cubano ama a Revolução, reconhece os limites
materiais hoje existentes em Cuba, mas quer continuar a viver no
socialismo. "Capitalismo, jamais!", dizem todos.
A Revolução pensa cada detalhe para as pessoas, que vai desde as
questões mais complexas de como manter a produção de alimentos no país,
como sobreviver com o bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos,
até o sagrado direito de tomar um sorvete gostoso por um preço acessível
a todos na Sorveteria Popular Copélia, no centro de Havana. Essa
Sorveteria Copélia foi um projeto da guerrilheira Haidee Santa Maria,
que adorava sorvete. Na Sierra Maestra tinham pouca comida, mas Haidee
almejava que com a Revolução todos os cubanos teriam o direito ao prazer
de tomar sorvete. Hoje, em todos os municípios de Cuba existe uma
sorveteria popular para os cidadãos.
A Revolução mudou a vida das pessoas, fez reforma agrária, erradicou o
analfabetismo, distribuiu as riquezas etc. Após viver 15 anos no
capitalismo antes da revolução, o camponês Sr. Vicente Guillen Granado
disse: "Na época do capitalismo em Cuba, eu não era gente; eu era um
miserável. Hoje, no socialismo, sou gente; tenho dignidade e um governo
que zela por mim e por meu povo. Nunca mais quero ter a experiência de
viver no capitalismo". Os cubanos sabem a diferença entre viver em uma
sociedade socialista e viver numa sociedade capitalista. Como o próprio
Sr. Vicente disse: "O socialismo em Cuba nunca vai acabar, porque o povo
cubano não quer, porque aqui quem tem o poder é o povo e o que
prevalece é a vontade do proletariado".
Então, diferentemente do que a mídia trombeteia, os cubanos são felizes
com o socialismo e sabem da importância da Revolução. Sabem que o poder
está nas mãos do povo. E o socialismo em Cuba ainda existe e está firme
não porque uma pessoa governa, e sim porque o povo governa.
Antes de emitir qualquer opinião sobre Cuba é importante entender a
história do povo cubano e da Revolução, e acredito ser relevante ter em
mente alguns aspectos fundamentais: o primeiro, a localização
estratégica da Ilha, que fica a apenas 150 milhas do maior império da
atualidade. Esta é a distância que separa Cuba do estado da Flórida nos
Estados Unidos. O segundo aspecto é o fato de o país ter sofrido, e
continuar sofrendo, ao longo de sua história, permanentes tentativas de
invasão, exatamente em vista de sua posição estratégica na entrada do
golfo do México. E terceiro, o bloqueio dos Estados Unidos a Cuba é
injusto e covarde, pois dificulta a vida de todos os cubanos. Mas o povo
cubano sabe que não é o bloqueio que vai destruir o socialismo, e já
mostraram isso para o mundo e para o imperialismo. Pelo contrário, viver
com o bloqueio cada dia mais unifica as pessoas, fortalece a
solidariedade entre o povo. Os cubanos sabem que mesmo com as
dificuldades que o bloqueio proporciona, não existe nenhum cubano
analfabeto, as pessoas têm acesso à comida, à educação, à medicina, à
cultura, ao esporte etc.
Na chegada a Havana, capital de Cuba, já é possível sentir a diferença
de se estar em um Estado socialista. Do aeroporto José Marti ao centro
da capital há um percurso de aproximadamente 30 quilômetros. Neste
trajeto somos presenteados com uma delicada e bem cuidada paisagem, onde
não há sequer uma propaganda comercial. Nas ruas de Havana, ocorre o
mesmo, nenhum outdoor que estimule o consumo. Só podem ser vistas, e
poucas, as propagandas do regime socialista. Lembro-me de algumas:
"Neste momento mais de 2 milhões de crianças estão passando fome nas
ruas do mundo, nenhuma delas é cubana"; "Pela vida. Não ao bloqueio
econômico dos Estados Unidos"; "Che Guevara, teu exemplo é uma luz na
nossa marcha socialista"; "Em Cuba, 100% das crianças estão na escola". É
obrigatório estudar. Se uma criança é pega na rua em horário de aula, a
polícia leva a criança em casa e os pais têm que ir à delegacia dar
satisfação. A Educação não é responsabilidade somente dos pais, mas
também do Estado. Por lei todos têm que estudar. Não se vêem crianças
nas ruas sozinhas, sem os pais, pedindo esmola, vendendo balas, se
prostituindo.
Em Cuba, na Escola Latino-Americana de Ciências Médicas - ELAM –, criada
em 1999, milhares de jovens latino-americanos já se formaram em
Medicina. O Estado cubano custeia tudo: além dos professores e da
manutenção da universidade, oferece hospedagem, alimentação, livros,
cadernos e ainda dá uma ajuda de custo mensal. Os livros usados são
devolvidos ao final de cada ano para que outros estudantes possam
estudar neles. É interessante registrar: enquanto nos Estados Unidos
gastam-se 350 mil dólares para formar um médico, em Cuba 120 mil dólares
são suficientes.
Há milhares de estudantes estrangeiros em Cuba, na graduação e na
pós-graduação. Só do Brasil são mais de mil jovens, mais de 200 dos
quais enviados pelo MST para medicina e outros cursos. Dezenas, já
formados.
Após a Revolução em 1959, muitos cubanos - latifundiários, banqueiros e
empresários - migraram para os EUA por discordar do regime, e são, ainda
nos dias atuais, manipulados e financiados pelo governo estadunidense
com o intuito de derrubar o regime socialista de Cuba. Hoje, incluindo
os descendentes, há mais de um milhão de cubanos que vivem naquele país.
A grande maioria colabora efetivamente para a economia cubana enviando
mensalmente dólares para os parentes que moram na ilha. Uma minoria,
conhecida como a máfia cubana de Miami, que perdeu dinheiro e poder após
a Revolução de 1959, conspira o tempo inteiro contra a política
socialista. Essa pressão de uma minoria cubana interessa à política
imperialista dos Estados Unidos, que usa de tais artifícios para isolar o
último país de resistência socialista existente no planeta.
Basta ver que quando um estrangeiro chega clandestinamente aos Estados
Unidos é imediatamente mandado de volta ao seu país. Os cubanos são a
exceção. Para incentivar a saída de Cuba, o governo dos Estados Unidos
acolhe como cidadãos os cubanos que chegam ao seu território. Ou seja,
os únicos estrangeiros que têm visto de permanência incondicional nos
Estados Unidos são os originários de Cuba.
O bloqueio dos Estados Unidos a Cuba consiste na proibição do comércio
dos produtos cubanos nos Estados Unidos e a venda de qualquer produto
norte-americano a Cuba. Além, é claro, da proibição do uso de tecnologia
desenvolvida nos Estados Unidos. Não existe relação diplomática e
comercial entre os dois países. Isso gera enormes dificuldades à
economia cubana devido ao custo do transporte, que é acrescido a todos
os produtos que vêm de países bem mais distantes, como os países
europeus, o Canadá ou China. Cuba tem de pagar sobretaxas para importar
produtos norte-americanos de outros países.
Deste modo, a única forma de o governo cubano sobreviver ao bloqueio é
usar de muita criatividade. Mas ocorre um verdadeiro milagre: Cuba conta
irrestritamente com o apoio de um povo educado (mais de 34% dos cubanos
têm, no mínimo, um curso universitário) e que conhece muito bem a sua
história. O governo cubano é tão fiel ao seu povo e facilita em tudo a
vida de todos. Eis um exemplo: muitos produtos vendidos em Cuba e no
Brasil têm o mesmo preço em Cuba e no Brasil, porém Cuba compra os
mesmos produtos muito mais caros do que o Brasil por causa do Bloqueio.
Se empresas que atuam no Brasil compram por um preço muito mais barato,
poderiam vender para os consumidores por um preço menor. Logo, o povo
brasileiro é mais explorado. Em Cuba, o povo não é explorado. Outro
exemplo muito importante é na alimentação. Um camponês vende um ovo de
galinha a 2,00 pesos para o Estado e o Estado vende o mesmo ovo nas
tendas estatais para as pessoas por 0,20 centavos. O camponês vende 1
litro de leite para o Estado a 2,5 pesos e o Estado vende nas tendas a
0,20 centavos. Isso é incrível. Um país que sofre com o bloqueio
consegue garantir qualidade de vida para os camponeses que vivem no
campo, valorizando o seu produto, com venda garantida dos alimentos para
o Estado, incentivando a agricultura na produção de alimentos e
repassando os alimentos a baixo custo para a população. Essa é uma
estratégia para superar os malefícios do bloqueio.
Dessa forma os camponeses se motivam a continuar no campo e produzirem
alimentos. E o mais importante: alimentos saudáveis sem uso de
agrotóxicos. Cuba vem trabalhando e mostrando na prática que é possível
produzir alimentos agroecológicos de forma sustentável. Diferentemente
do Brasil, que a cada dia fortalece o agronegócio, a concentração da
terra, a intensificação dos monocultivos transforma o país num grande
lixão das transnacionais, com uso abusivo de agrotóxicos, poluindo os
alimentos da população, o solo e as águas. Não é por acaso que o Brasil é
o maior consumidor de agrotóxicos do mundo: 713 milhões de litros por
ano, 3,5 quilos para cada pessoa, em média.
Na conjuntura atual, Cuba tem como estratégia principal garantir a
soberania alimentar, dependendo o mínimo de alimentos importados. Cuba
hoje exporta café, açúcar, tabaco, cacau e outros produtos. E importa em
grande quantidade, por exemplo, arroz e leite em pó. Em cima da frase
dita pelo comandante Fidel de que "o dever patriótico número um do
campesinato cubano é produzir para o povo", está sendo feita uma
campanha nacional, traçando linhas políticas de incentivo à agricultura
para a produção de alimentos. Com a elaboração da lei 259 - "Entrega de
terras em usufruto", de 11 de julho de 2008, segundo a qual o Estado
repassa terras que estão ociosas para as pessoas que querem trabalhar na
agricultura com o compromisso de produzirem alimentos. Desde o
surgimento desta lei, mais de 100 mil famílias já voltaram ao campo para
a produção de alimentos. O que mostra que a produção só vem aumentando.
E o governo supervaloriza o preço dos alimentos. O que garante a
permanência dos agricultores no campo.
O Estado, através da ANAP (Associação Nacional de Agricultores
Pequenos), presente em todas as Províncias de Cuba, garante a compra de
80% da produção dos camponeses, ficando 20% para consumo da família
produtora. E o camponês que quiser vende seus 20% nas feiras, na beira
das estradas ou em casa. Para se ter idéia, as pessoas que mais têm
poder de ingresso de dinheiro em Cuba são os camponeses. Onde já se viu
isso em um país capitalista! É lindo ver a alegria e a satisfação dos
camponeses na lida com a terra. Eles têm convicção da sua importância
para o país. Orgulham-se de ser camponeses. A meta do governo cubano é
não precisar importar nenhum alimento. Há planejamento da produção de
alimentos. A demanda é distribuída por região. São informados aos
camponeses os alimentos de que o Estado precisa. Os agricultores plantam
levando em consideração a demanda da região e do país. Por exemplo, se
em uma determinada região há potencial para a produção de milho, arroz e
feijão, com certeza essa região potencializa suas forças na produção de
tais alimentos, e assim vai se fazendo o planejamento e garantindo uma
agricultura diversificada, cumprindo as metas. Os camponeses têm a
tarefa de produzir. O transporte e a comercialização são por conta do
Estado. Os caminhões do Estado buscam a produção nas propriedades. Os
camponeses têm assistência técnica garantida pelo Estado. Cuba, somente
em 2009, formou mais de cinco mil agrônomos. Todos os meios de produção
são garantidos, como ferramentas, sementes etc.
O presidente Raul Castro convocou toda a juventude para vir ao campo
contribuir na produção de alimentos. É uma realidade bonita de se ver.
Jovens que até trancam suas matrículas na Universidade para prestar
ajuda ao Estado, ao seu país; professores universitários que prestam
trabalho solidário no campo na produção de alimentos. Em Cuba existe uma
solidariedade que contagia as pessoas, o que é um processo de
humanização muito grande. Todos os cubanos, desde as crianças até os
idosos, sabem do problema que é o bloqueio dos EUA, existe uma
consciência fantástica por parte das pessoas. E todos contribuem como
podem.
Em Havana, vê-se um grande número de pessoas pegando carona e muitos
motoristas oferecendo carona, especialmente nos horários de pico. Cerca
de 80% dos automóveis são estatais e são orientados a dar carona. Os
carros particulares, que são poucos, também cultivam a prática de dar
carona. É muito difícil ver uma pessoa sozinha em um automóvel.
Normalmente andam duas, três ou quatro pessoas no mesmo automóvel,
inclusive nos táxis. Dar e receber carona é um valor socialista e faz
parte da cultura, é o normal. Muita gente vai trabalhar e volta sem ter
que pagar pelo transporte. Não existe o menor receio de violência como
seria de se esperar no Brasil. Além de ser também uma forma bastante
inteligente de economizar energia. O petróleo é muito oneroso para o
governo cubano. Assim, o povo cubano vai driblando o bloqueio
norte-americano.
Faz bem considerar o que nos diz Haroldo Brasil, no artigo "Flashes de Cuba" (Jornal Estado de Minas, 31/05/2010):
"Quem buscar conhecer por dentro como vive o povo cubano, sua
geografia e sua cultura, ao ir a Cuba, deve se hospedar em casas de
família. Lá existe, com a autorização do governo, uma rede de casas de
família, divididas em pequenos apartamentos, que podem ser alugados a
visitantes, preservando uma área para uso próprio. Há sempre a opção de
café da manhã e jantar, que são cobrados à parte. É possível assim um
melhor conhecimento da intimidade das famílias, através do papo
agradável e aberto que foi possível manter com os moradores locais. A
exceção acontece em Varadero, praia no norte da ilha, que só recebe
turistas, em hotéis, com uso de mão-de-obra cubana.
Quem vai a Cuba vê com os próprios olhos um sistema educacional de
ótima qualidade em todos os níveis, saúde pública para todos os
cidadãos, nível de renda equalizado, segurança pública total, sem
policiamento ostensivo, com criminalidade próxima de zero e sem o
clássico problema das drogas de nossas sociedades capitalistas. Além
disso, o cuidado com o meio ambiente transparece em todos os locais que
visitamos. No que diz respeito à educação das crianças e adolescentes,
há escolas em quase todos os quarteirões das cidades em tempo integral,
com espaço para brincadeiras e esportes. A constituição de Cuba é
enfática: ‘O único privilégio que admitimos nesse país é com relação ao
tratamento que daremos às nossas crianças’.
O bloqueio norte-americano causa muitos danos ao povo cubano.
Carência de matérias primas essenciais como papel, tintas, peças
sobressalentes para veículos etc. Quem volta de Cuba para o Brasil, no
avião, que faz conexão no Panamá, sente um grande contraste quando se
observam os brasileiros vindos de Aruba, Cancun, Miami, Nova Iorque,
carregando imensas malas com quinquilharias inúteis e despejando um papo
furado sobre suas inúteis aventuras consumistas".
Conhecer Cuba e poder conviver com o povo cubano é um verdadeiro
processo de humanização, é entender que precisamos de muito pouco para
ser felizes. E que é possível viver em uma sociedade onde a
competitividade e a acumulação de bens não são o mais importante; a vida
das pessoas está acima de qualquer coisa. Em Cuba o ser das pessoas é
mais importante do que o ter.
Os cubanos sabem o que é o socialismo, o quanto foi difícil conquistá-lo
e que é este regime que querem que permaneça em Cuba. Também sabem o
quanto o governo faz por eles e com eles. Cuba incomoda os capitalistas,
pois, mesmo pequena como Davi, nos dá exemplo de que, ainda que
sofrendo todo tipo de pressão, segue firme vencendo todos os obstáculos.
Os imperialistas já sabem que não conseguirão destruir o socialismo de
Cuba, porque Cuba, junto com Fidel, com seu povo, não é governada por
uma ditadura, mas sim pelo poder popular. Se existe alguma ditadura em
Cuba é a ditadura do proletariado, dos trabalhadores, da classe
trabalhadora, do povo. Assim, Cuba, como uma estrela cintilante, resiste
sendo exemplo de que uma sociedade livre é possível. Ser livre é
difícil, mas possível, nos ensina o povo cubano.
Gilvander Moreira é frei e padre carmelita; mestre em Exegese
Bíblica; professor de Teologia Bíblica; assessor da CPT – Comissão
Pastoral da Terra, de CEBs – Comunidades Eclesiais de Base , do SAB –
Serviço de Animação Bíblica e da Via Campesina; E-mail:
gilvander@igrejadocarmo.com.br Página na Web e Twitter: http://www.gilvander.org.br/ – www.twitter.com/gilvanderluis
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
terça-feira, 30 de novembro de 2010
Cuba, estrela cintilante
Regulando a mídia...
Os donos da mídia estão nervosos
por Laurindo Lalo Leal Filho, na Carta Maior *
O blogueiro Renato Rovai contou durante o curso anual do Núcleo
Piratininga de Comunicação, realizado semana passada no Rio, que a Veja
andou atrás dele querendo saber como foi feita a articulação para que o
presidente Lula concedesse uma entrevista a blogs de diferentes
pontos do Brasil. Estão preocupadíssimos.
A essa informação somam-se as matérias dos jornalões e de algumas
emissoras de TV sobre a coletiva, sempre distorcidas, tentando
ridicularizar entrevistado e entrevistadores.
O SBT chegou a realizar uma edição cuidadosa daquele encontro
destacando as questões menos relevantes da conversa para culminar com
um encerramento digno de se tornar exemplo de mau jornalismo.
Ao ressaltar o problema da inexistência de leis no Brasil que
garantam o direito de resposta, tratado na entrevista, o jornal do SBT
fechou a matéria dizendo que qualquer um que se sinta prejudicado pela
mídia tem amplos caminhos legais para contestação (em outras
palavras). Com o que nem o ministro Ayres Brito, do Supremo, ídolo da
grande mídia, concorda.
Jornalões e televisões ficaram nervosos ao perceberem que eles não
são mais o único canal existente de contato entre os governantes e a
sociedade.
Às conquistas do governo Lula soma-se mais essa, importante e pouco
percebida. E é ela que permite entender melhor o apoio inédito dado ao
atual governo e, também, a vitória da candidata Dilma Roussef.
Lula, como presidente da República, teve a percepção nítida de que
se fosse contar apenas com a mídia tradicional para se dirigir à
sociedade estaria perdido. A experiência de muitos anos de contato com
esses meios, como líder sindical e depois político, deu a ele a
possibilidade de entendê-los com muita clareza.
Essa percepção é que explica o contato pessoal, quase diário, do
presidente com públicos das mais diferentes camadas sociais,
dispensando intermediários.
Colunistas o criticavam dizendo que ele deveria viajar menos e dar
mais expediente no palácio. Mas ele sabia muito bem o que estava
fazendo. Se não fizesse dessa forma corria o risco de não chegar ao fim
do mandato.
Mas uma coisa era o presidente ter consciência de sua alta
capacidade de comunicador e outra, quase heróica, era não ter preguiça
de colocá-la em prática a toda hora em qualquer canto do pais e mesmo
do mundo.
Confesso que me preocupei com sua saúde em alguns momentos do
mandato. Especialmente naquela semana em que ele saía do sul do país,
participava de evento no Recife e de lá rumava para a Suíça. Não me
surpreendi quando a pressão arterial subiu, afinal não era para menos.
Mas foi essa disposição para o trabalho que virou o jogo.
Um trabalho que poderia ter sido mais ameno se houvesse uma mídia
menos partidarizada e mais diversificada. Sem ela o presidente foi para
o sacrifício.
Pesquisadores nas áreas de história e comunicação já tem um
excelente campo de estudos daqui para frente. Comparar, por exemplo, a
cobertura jornalística do governo Lula com suas realizações. O
descompasso será enorme.
As inúmeras conquistas alcançadas ficariam escondidas se o
presidente não fosse às ruas, às praças, às conferências setoriais de
nível nacional, aos congressos e reuniões de trabalhadores para contar
de viva voz e cara-a-cara o que o seu governo vinha fazendo. A NBR,
televisão do governo federal, tem tudo gravado. É um excelente acervo
para futuras pesquisas.
Curioso lembrar as várias teses publicadas sobre a sociedade
mediatizada, onde se tenta demonstrar como os meios de comunicação
estabelecem os limites do espaço público e fazem a intermediação entre
governos e sociedade.
Pois não é que o governo Lula rompeu até mesmo com essas teorias.
Passou por cima dos meios, transmitiu diretamente suas mensagens e
deixou nervosos os empresários da comunicação e os seus fiéis
funcionários, abalados com a perda do monopólio da transmissão de
mensagens.
Está dada, ao final deste governo, mais uma lição. Governos
populares não podem ficar sujeitos ao filtro ideológico da mídia para
se relacionarem com a sociedade.
Mas também não pode depender apenas de comunicadores excepcionais
como é caso do presidente Lula. Se outros surgirem ótimo. Mas uma
sociedade democrática não pode ficar contando com o acaso.
Daí a importância dos blogueiros, dos jornais regionais, das
emissoras comunitárias e de uma futura legislação da mídia que garanta
espaços para vozes divergentes do pensamento único atual.
* Laurindo Lalo Leal Filho, sociólogo e jornalista,
é professor de Jornalismo da ECA-USP. É autor, entre outros, de “A TV
sob controle – A resposta da sociedade ao poder da televisão” (Summus
Editorial).
campanha sobre racismo nas escolas será “puxão de orelha” na sociedade, diz secretária
Em um Mundo de Diferenças, Enxergue a Igualdade. Esse é o tema de campanha
lançada hoje (29) pelo Ministério da Educação (MEC) e a Unicef para
alertar sobre o impacto do racismo nas escolas e promover iniciativas
para a redução das desigualdades.
Dados
do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) mostram que
das 530 mil crianças entre 7 e 14 anos fora da escola, 330 mil são
negras. O índice representa 62% do total. Para a subsecretária de
Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente, Carmen Oliveira, a
iniciativa é um “puxão de orelha na sociedade em geral e nos
responsáveis pelas políticas públicas para o setor”, porque chama a
atenção para a criminalização da adolescência negra no país.
A campanha tem como fundamento as dez maneiras
de contribuir para uma infância sem racismo. Entre elas, o incentivo ao
comportamento respeitoso e à denúncia, além da lembrança de que racismo
é crime inafiançável. “Educação é mais do que aprender a ler, escrever e
contar. É aprender a viver junto, a não se intimidar diante da opressão
e encontrar na vida forças para enfrentar resistências”, afirmou o
secretário de Educação Continuada do MEC, André Lázaro.
A campanha terá dois filmes, de 27 segundos e de 30 segundos, veiculados na televisão e na internet. Foi criado também um blog,
no endereço www.infanciasemracismo.org.br. Na página, o internauta vai
poder contar também histórias de sucesso ou de discriminações que tenha
sofrido ou presenciado. O blog ficará no ar durante um ano, tempo de duração da campanha.Priscilla Mazenotti, da Agência Brasil
O discurso de Evo
Por Fidel Castro Ruz
Há momentos na história que precisam
de um discurso, embora seja tão breve como o "Alia
jacta est" de Julio César quando atravessou o
Rubicão. Era necessário atravessá-lo nesse dia,
justamente quando os ministros da Defesa dos Estados
soberanos do hemisfério ocidental estavam reunidos
na cidade de Santa Cruz, onde os ianques têm
estimulado o separatismo e a desintegração da
Bolívia.
Era segunda-feira 21, e as agências
de notícias dedicavam-se a divulgar e fazer
comentários sobre a reunião da OTAN em Lisboa, onde
essa instituição belicosa, em linguagem arrogante e
grosseira, proclamou seu direito de intervir em
qualquer país do mundo onde seus interesses se
sentissem ameaçados.
Ignorava-se por completo a sorte de
milhares de milhões de pessoas, e as verdadeiras
causas da pobreza e do sofrimento da maioria dos
habitantes do planeta.
O cinismo da OTAN merecia uma
resposta, e ela veio na voz de um indígena aimara da
Bolívia, no coração da América do Sul, onde uma
civilização mais humana floresceu antes que a
conquista, o colonialismo, o desenvolvimento
capitalista e o imperialismo impusessem o domínio da
força bruta, baseada no poder das armas e das
tecnologias mais desenvolvidas.
Evo Morales, presidente desse país,
eleito pela imensa maioria de seu povo, com
argumentos, dados e fatos incontestáveis, talvez sem
conhecer ainda o infame documento da OTAN, deu
resposta à política que o governo dos Estados Unidos
pratica historicamente com os povos da América
Latina e do Caribe.
A política da força expressa através
de guerras, crimes, violações da constituição e das
leis; treinamentos de oficiais dos institutos
armados para participar em conspirações, golpes de
Estado, crimes políticos que foram usados para
derrubar governos progressistas e instalar regimes
de força aos quais oferecem sistematicamente apoio
político, militar e da mídia.
Jamais um discurso foi tão
oportuno.
Usando muitas vezes as formas
expressivas de sua língua aimara, disse verdades que
passarão à história.
Tentarei fazer uma apertada síntese,
usando suas próprias frases e palavras,
Muito obrigado.
"Apraz-me imenso receber em Santa
Cruz de la Sierra os ministros e ministras da Defesa
da América, Santa Cruz, terra de Ignácio Warnes, de
Juan José Manuel Vaca, homens rebeldes de 1810 que
lutaram e morreram a favor da independência da nossa
querida Bolívia".
"Homens como Andrés Ibáñez,
Atahualipa Tumpa, irmãos indígenas que durante a
república lutaram por sua autonomia e pela igualdade
dos povos em nossa terra".
"Bem-vindos a Bolívia, terra de
Túpac Katarí, terra de Bartolina Sisa, de Simón
Bolívar e de tantos homens que lutaram durante 200
anos pela independência da Bolívia e de muitos
países na América".
"A América Latina [...] vive nos
últimos anos profundas transformações democráticas
buscando a igualdade e a dignidade dos povos..."
"... seguindo os passos de Antonio
José de Sucre, de Simón Bolívar, de vários líderes
indígenas, mestiços, crioulos que viveram há 200
anos."
"Há exatamente uma semana,
celebramos o bicentenário do Exército da Bolívia,
que em 14 de novembro de 1810 indígenas, mestiços,
crioulos se organizaram militarmente para combater
contra a dominação espanhola..."
"Nos últimos tempos a América Latina
retoma essa decisão de se libertar, como uma segunda
libertação não só social nem cultural, mas também
econômica e financeira, dos povos da América
Latina".
"... esta 9ª Conferência de
ministros da Defesa visa o debate sobre gênero e
multiculturalidade nas Forças Armadas, democracia,
paz e segurança das Américas, desastres naturais,
ajuda humanitária e o papel das Forças Armadas,
temário acertado, temário bem colocado para debater
a esperança dos povos, não só da América Latina, mas
também do mundo."
"Em 1985 [...] só tinham direito a
serem eleitos ou eleger autoridades, aqueles que
tinham dinheiro, que tinham profissão e os que
falavam espanhol ou o castelhano".
"Menos de 10% da população boliviana
podia, por conseguinte, participar das eleições ou
ser eleita como autoridade, e mais de 90% não tinha
direito [...] tiveram lugar diferentes processos
[...] algumas reformas, mas no ano 2009, com a
participação pela primeira vez do povo boliviano,
uma nova Constituição do Estado Plurinacional foi
aprovada pelo povo boliviano."
"... nesta nova Constituição,
logicamente os setores mais marginalizados [...] não
tinham direito a serem eleitos nem a eleger às
autoridades do Estado, da República da Bolívia.
"Tiveram que passar mais de 180 anos
para fazer profundas transformações e incorporar
estes setores marginalizados historicamente na
Bolívia, e confio em não estar errado, mas acho que
é o único país, não só na América, mas também no
mundo com 50% de mulheres ministras e 50% de
homens.
"É lógico que, com respeito às
normas da Constituição [...] sinto que é mais
importante a decisão política que deve ser tomada
para incorporar os setores mais abandonados; é
depois da aprovação da Constituição pelo povo
boliviano em 2009, que os mais marginalizados, os
mais desprezados, os considerados animais, que era o
movimento indígena, têm sua representação na
Assembléia Legislativa Plurinacional e também nas
assembléias departamentais".
"Algo importante, para os movimentos
indígenas que não têm muita população foram criadas
circunscrições especiais para que estejam presentes
os irmãos indígenas do planalto, do vale, do leste
da Bolívia".
"As circunstâncias uninominais
também permitem que os irmãos indígenas estejam
representados na Assembléia Legislativa
Plurinacional..."
"Desta forma, permitimos a presença
desses irmãos indígenas que estavam abandonados,
condenados ao extermínio."
"... isso não existia antes..."
"... quando eu era muito jovem, como
líder sindical, às vezes me opus às Forças Armadas e
depois, quando assumo a presidência percebo que uma
boa parte das Forças Armadas provêm das comunidades
camponesas, principalmente do vale ..."
"Quero dizer-lhes queridos
ministros, ministras, que nunca houve participação
como agora, anteriormente apenas a cor da pele
determinava o nível hierárquico da sociedade, agora
um indígena, um líder sindical, um intelectual, um
profissional, um líder empresarial, um militar, um
general, qualquer pessoa pode ser eleita presidente,
democraticamente, antes não existia essa
possibilidade, de mudar a Bolívia e nossa
Constituição.
"Quando esta Conferência enfoca
apenas a democracia, a segurança e a paz, rever a
história, revisar as normas para mim é muito
interessante, é bom revisar, não só revisar por
revisar, mas fazer qualquer coisa a favor da
democracia na América Latina, da segurança, da paz
na América ou no mundo.
"Se falamos da democracia no
passado, na Bolívia apenas existia uma democracia
pactuada, não existia um partido que pudesse ganhar
com mais de 50% dos votos como expressa a
Constituição Política do Estado Plurinacional..."
" ... na Bolívia, até 2005, desde
1952, na década dos anos 50, só existiam democracias
pactuadas, os partidos ganhavam com 20%, 30% ..."
"Um Partido que ocupasse o terceiro
lugar podia ser presidente, dependia dos pactos e da
distribuição dos ministérios, este tipo de pactos
era justamente organizado pelo embaixador dos
Estados Unidos; nossos compatriotas, irmãs, irmãos,
bolivianas e bolivianos, devem lembrar, por exemplo,
o ano 2002, quando ninguém ganhava com mais de 50%,
o partido com mais votos conseguiu 21% dos votos, e
aí estava o embaixador dos Estados Unidos, Manuel
Rocha, juntando, unindo os partidos neoliberais para
que pudessem governar, e esses governos não duraram,
não agüentaram.
"Felizmente, graças à consciência do
povo boliviano vamos vencendo esta classe de
democracias, agora não temos uma democracia
pactuada, e sim uma democracia legítima a partir do
sentimento do povo boliviano que acompanha um
pensamento, um sentimento que vem do sofrimento dos
povos sob um programa de governo."
"... um programa de dignificação dos
bolivianos, um programa que busca a igualdade dos
bolivianos, das bolivianas, um programa que recupera
seus recursos naturais, um programa que permite que
os serviços básicos sejam um direito humano .."
"... quando alguns de nossos
adversários, como vocês em cada país têm sua
oposição, nos dizem, um governo totalitário, governo
autoritário, governo ditador, que culpa eu tenho, se
este programa de governo proposto por um partido tem
mais de dois terços nas diferentes estruturas do
Estado Plurinacional?, só não consegui ganhar na
prefeitura da cidade de Santa Cruz.
"Respeitamos nosso prefeito, nos
ganharam, mas cumprimento o senhor prefeito pelas
ações que realizou na semana passada para combater o
ágio, a especulação [...] parabéns, meu respeito,
senhor prefeito..."
"E alguns nos dizem que temos
pensamento único, não há pensamento único algum,
apenas um programa elaborado pelos diferentes
setores sociais à frente dos movimentos sociais
originários e operários consegue esse apoio para
mudar a Bolívia.
"Mas que enfrentamos no caminho se
falamos de democracia, conspiração, golpe de Estado,
tentativas de golpes de Estado em 2008 [...]
quem era o organizador de este golpe de Estado, o
ex-embaixador dos Estados Unidos.
"Estava revendo sobre história [...]
sobre o golpe de Estado de 1964 quando o presidente
era o tenente-coronel Gualberto Villarroel, que
disse como presidente: ‘não sou inimigo dos ricos,
mas sou mais amigo dos pobres’, este militar
patriota foi o primeiro presidente que convocou um
congresso indígena".
"Outro presidente, Germán Bush, que
disse: ‘não cheguei à presidência para servir aos
capitalistas’, um militar.
"O primeiro presidente que
nacionalizou os recursos naturais, também foi um
militar, David Toro, refiro-me ao ano 1937 ou 38
[...] porém este militar foi assassinado no Palácio,
em 1946."
" ... nesse então a ofensiva
concentrou-se no Palácio Quemado que foi atacado
pela rua Illimani, pela esquina Bolívar, pela rua
Comércio, pela polícia e pela parte de atrás do
edifício de La Salle e do edifício Kersul onde fica
o consulado dos Estados Unidos."
" ... ao observar o fogo que
provinha do edifício Kersul, do consulado
norte-americano, contra este militar patriota que
garantiu o primeiro congresso indígena, do consulado
dos Estados Unidos, metralhando, disparando para
acabar com a vida de um militar, aí estão os
documentos que revisamos.
"... a história se repete, eu tive
que enfrentar que um embaixador organizara,
planificara acabar antidemocraticamente com meu
mandato, e eu sinto que isso se repete em todo o
mundo".
"Mas um companheiro, um compatriota
nosso, vítima de tantos golpes militares, me disse,
‘Evo, temos que cuidar-nos da embaixada dos Estados
Unidos, sempre houve golpes de Estado em toda a
América Latina’ e me disse, ‘só não há golpes de
Estado nos Estados Unidos porque não existe uma
embaixada dos Estados Unidos, realmente compreendi
que na história não escutei a respeito de golpes de
Estado.
"... os países que suportamos
tentativas de golpes de Estado, em 2002 na
Venezuela; em 2008 na Bolívia; em 2009 em Honduras,
em 2010 no Equador, temos que reconhecer
compatriotas latino-americanos ou da América, que os
Estados Unidos venceram em Honduras, conseguiram
consolidar o golpe de Estado, o império
norte-americano ganhou, mas também os povos da
América na Venezuela, na Bolívia, no Equador,
vencemos [...] o que será no futuro, veremos o
futuro."
"... esta avaliação interna deve ser
um debate profundo dos ministros da Defesa para
garantir democracias [...] meus antepassados,
meu povo têm sido permanentemente vítima de golpes
de Estado, golpes sangrentos, não porque assim o
queriam os militares, as Forças Armadas, mas sim por
decisões políticas internas e externas para acabar
com os governos revolucionários, com os governos que
surgem do povo, essa é a história da América
Latina."
"... temos direito a decidir quais a
formas para garantir a democracia em cada país, mas
sem golpes, nem tentativas de golpes".
"Gostaríamos que esta conferência de
ministras e ministros de Defesa possa garantir uma
democracia verdadeira dos povos, respeitando as
nossas diferenças em cada região, em cada setor".
"Mas também quando falamos de paz,
eu pergunto, como pode existir a paz com a presença
de bases militares, e também posso falar com certo
conhecimento porque eu fui vítima dessas bases
militares dos Estados Unidos, sob o pretexto da luta
contra o narcotráfico".
"Quando eu era soldado, soldado sem
patente, das Forças Armadas em 1978, os oficiais,
suboficiais me ensinaram a defender a Pátria, as
Forças Armadas têm que defender a Pátria, as Forças
Armadas não podem permitir que outro militar
estrangeiro uniformizado e armado permaneça na
Bolívia".
" ... como dirigente tenho sido
testemunha de que não somente a DEA uniformizada e
armada conduzia as Forças Armadas, nem conduzia a
Polícia Nacional, mas também com sua metralhadora,
sob pretexto de lutar contra o tráfico de
narcóticos, combatia os movimentos sociais,
perseguia com seus teco-tecos as marchas de Santa
Cruz, de Cochabamba, de Oruro, e não nos podiam
encontrar nem com seus teco-tecos, e diziam que eram
marchas fantasmas, nada disso, eram milhares os
companheiros procurando a reivindicação, a dignidade
e a soberania de nossos povos."
"... convencido de que se os povos
lutamos por nossa dignidade, por nossa soberania,
isso não pode ser feito nem com bases militares nem
com intervenções militares; todos nós, por pequenos
que sejamos, países chamados subdesenvolvidos, em
vias de desenvolvimento, temos dignidade, temos
soberania; além disso quando era membro do
Parlamento, tentaram que aprovasse a imunidade para
os funcionários da embaixada dos Estados Unidos.
"O que é a imunidade?, que os
funcionários da embaixada dos Estados Unidos,
incluída a DEA norte-americana, se cometem algum
delito não sejam julgados com as leis bolivianas,
isso era uma carta aberta para matar, para ferir,
mesmo como fizeram em minha região."
"... a paz é a filha legítima da
igualdade, da dignidade que é a justiça social, sem
dignidade, sem igualdade, sem justiça social será
impossível garantir a paz, porque há povos que se
rebelam porque existe a injustiça."
"... escutando falar nosso
secretário geral das Nações Unidas sobre as
doutrinas, as doutrinas que conhecemos na Bolívia,
doutrinas anticomunistas com golpes de Estado para
intervir militarmente os centros mineiros, porque os
movimentos sociais, os centros mineiros eram grandes
revolucionários para transformar a Bolívia".
"Na década de 50 e 60, acusavam-nos
de comunistas, de vermelhos, aos dirigentes
sindicais do setor mineiro, para nos encerrar nos
cárceres, para nos condenar ao exílio, para nos
processar até sermos massacrados, essa época passou,
agora não nos podem acusar de vermelhos nem de
comunistas, todos temos direito a pensar diferente.
Se para um país, se para uma região
a solução é o comunismo, muito bem; se para outro é
o socialismo, muito bem; se para outro é o
capitalismo, muito bem; isso é decisão democrática
de qualquer país.
"Mas quando ganhamos essa luta, que
já não podem justificar com uma doutrina
anticomunista para fazer calar os povos, para mudar
de presidentes, para mudar governos, então aparece a
outra doutrina, a guerra contra a droga".
"Logicamente é nossa obrigação
combater as drogas [...] a Bolívia não é a cultura
das drogas, a Bolívia não é a cultura da cocaína,
mas de onde vem a cocaína?, do mercado dos países
desenvolvidos, isso não é responsabilidade do
governo nacional, mas é obrigado combatê-la" .
"... por trás da luta contra o
tráfico de drogas não podem existir interesses
geopolíticos, que sob pretexto de lutar contra o
narcotráfico demonizam os movimentos sociais,
criminalizam os movimentos sociais, confundem a
folha de coca com a cocaína, confundem o produtor da
folha de coca com o narcotraficante, ou o consumo
legal da folha de coca com o narco dependente".
"Por que não combateram a coca
antes, no século passado, se a coca provocava dano,
os europeus foram os primeiros proprietários de
terras que exploraram a folha de coca, com certeza
não se desviava a cocaína.
"Os governos dos Estados Unidos
entregava uma certidão de reconhecimento aos
melhores produtores de folha de coca, para que?,
para que esse produtor de folha de coca pudesse
manter, atender a folha de coca, e aos mineiros que
exploravam o estanho também fazia um reconhecimento,
e dessa forma puder levar o estanho para os Estados
Unidos".
"... o mundo sabe, vocês sabem, a
chamada guerra contra a droga fracassou, essas
políticas têm que mudar, logicamente, qual seria a
nova política? como por exemplo, acabar com o
segredo bancário, esse grande narcotraficante, o
peixe grande do narcotráfico, anda com sua mochila
carregada de dinheiro, também sua mala, viajando de
avião, não circula nos bancos; por que não acabar
com o segredo bancário para dessa forma acabar
também com o narcotráfico, para controlar esse
traficante de narcóticos".
"Por que não cada país defende a
entrada de qualquer droga a seu território?, com
essa tecnologia, fazendo uso de radares, eu sinto
que existe capacidade para controlar, e não podemos
controlar, e só sob pretexto da luta contra o
narcotráfico impor políticas de controle e
sobretudo, encaminhados a como recuperar os recursos
naturais para as transnacionais."
"... o ex-embaixador dos Estados
Unidos, Manuel Rocha disse: Não votem em Evo
Morales, Evo Morales é o Bin Laden andino e os
cocaleiros os talibanes".
"Quer dizer, caros ministros,
ministras da Defesa, segundo este tipo de doutrinas,
vocês estão neste momento reunidos como o Bin Laden
andino e meus companheiros, os movimentos sociais,
são os talibanes, semehantes acusações, às vezes
tergiversações."
"... agora quando tampouco podem
sustentar essas teses e doutrinas anticomunistas,
anti-terroristas, existe outra nova doutrina que há
dias ouvimos, e quero aproveitar esta oportunidade
para informar a povo através dos meios de
comunicação".
"No dia 17 deste mês, uma reunião da
qual participaram alguns latino-americanos e alguns
congressistas norte-americanos, realizada nos
Estados Unidos, tinha como lema: perigo dos Andes,
ameaças à democracia, aos direitos humanos e à
segurança interamericana".
"... a congressista Ileana
Ros-Lehtinen disse: nos últimos anos temos observado
com preocupação os esforços de vários presidentes na
região, como Hugo Chávez, na Venezuela, Evo Morales,
na Bolívia, Daniel Ortega, na Nicarágua, Rafael
Correa, no Equador, para consolidar seu poder custe
o que custar. Os membros da aliança ALBA com Chávez
como líder, um após o outro, manipulam o sistema
democrático de seus países para servir a seus
próprios objetivos autocráticos.
"É a oportunidade para dizer a essa
congressista que não ganhamos como nos Estados
Unidos com uma diferença de 1%, 2%; aqui ganhamos
com mais de 50, ou mais de 60%, e em algumas regiões
com mais de 80%, essa é a verdadeira democracia".
"O que diz a agenda sobre Daniel
Ortega, mas a agenda cocaleira impulsada por Evo
Morales, é uma nascente aliança com o Irã e a
Rússia, a respeito do caso de Rafael Correia, as
duvidosas reformas constitucionais com postulados
anti-americanos.
"... a Bolívia sob minha direção
terá acordos, alianças com todo o mundo, ninguém
pode me proibir, temos direito, somos a cultura do
diálogo."
"... sem sócios democráticos
estáveis não pode haver segurança regional, também
procuram segurança regional para os Estados Unidos,
tal como agora mais do que nunca é o momento em que
os Estados Unidos apóiem seus inimigos ou debilitem
seus inimigos, agora é o momento em que a
Organização dos Estados Americanos absolva seu
legado de dupla moral e que finalmente faça com que
todos os estados membros cumpram os princípios e
obrigações fundamentais da carta democrática
interamericana, bom, haverá que revisar a carta
interamericana".
"O segundo congressista (fala de
Connie Mack, e explica suas idéias com as palavras
seguintes), tenho sua intervenção, mas para ganhar
tempo vou tentar resumir, quero falar sobre algumas
observações dos últimos seis anos como membro deste
Congresso, eu vi francamente as duas administrações:
o governo republicano e o governo democrata.
"Nessa linha acho que está a idéia
de ambas as administrações a respeito de Hugo
Chávez, que não intervenhamos, que nos sentemos e o
deixemos explodir em si próprio, e o outro
pensamento é que talvez Hugo Chávez esteja doido, e
ele disse, eu não acredito em nenhuma dessas noções,
não acho que Hugo Chávez esteja doido, e não acho
que deixá-lo explodir em si próprio funcionará. Hugo
Chávez é uma ameaça para a liberdade e para a
democracia na América Latina e ao redor do mundo."
"isto é o que mais me preocupa,
confio em que quando viremos maioria no próximo
Congresso, como presidente do subcomitê, façamos
justamente isso, nos encarregaremos de Chávez,
derrotá-lo politicamente ou fisicamente."
A seguir Evo expressa:
"Eu diria que este congressista
Connie Mack já é um assassino confesso ou um
conspirador confesso do irmão presidente da
Venezuela, Hugo Chávez" .
"Se acontecer alguma coisa com a
vida de Hugo Chávez, o único responsável será este
congressista norte-americano, ele o diz publicamente
e aparece escrito nos meios de comunicação e em sua
intervenção."
"Companheiro, irmão,
secretário-geral da OEA, você tem que expulsar a
Venezuela, o Equador e a Bolívia e também a
Nicarágua, e aplicar sanções, o que significa isso?,
seguramente um bloqueio econômico como a Cuba."
"Acho que a isso se referem as
sanções, então como podemos alguns países da América
garantir a segurança, a paz, quando estas são as
expressões de alguns congressistas, de alguns
latino-americanos".
"Estava revisando qual o motivo, por
que Cuba foi expulsa em 1962, por ser leninista,
marxista, e comunista. Agora a nova doutrina é uma
doutrina anti-ALBA, como esses países organizamos,
cumprimentamos Fidel, cumprimentamos Chávez, e
outros presidentes, por construírem um instrumento
como a ALBA, um instrumento de integração, de
solidariedade, solidariedade sem condicionamentos,
como compartilhar em vez de competir, como praticar
políticas de complementaridade e não de
competitividade.
"... dentro dessa competitividade
somente grupos pequenos beneficiar-se-ão e não as
maiorias que esperam de seus presidentes".
"Dentro de estas políticas de
competitividade e não de complementaridade nem o
capitalismo já é uma solução para o capitalismo,
essa é a crise financeira.
"... a nova doutrina como antes
vinham as doutrinas da escola de Panamá, o comando
sul treinava nossos militares, fecharam isso graças
às lutas dos povos e agora já não existe a escola
das Américas, o que é que há?, operações conjuntas
mediante forças especiais."
"...admiro alguns oficiais das
Forças Armadas da Bolívia que informaram em detalhe
sobre esses treinamentos que realizam todos os anos
de maneira rotativa nos diferentes países da
América, para que?, para ensinar-lhes como acabar
com esses países revolucionários, países que fazem
profundas transformações democráticas, treinamentos
inclusive para ensaiar ou ensinar os
franco-atiradores como matar os líderes.
"... com muita indignação vi algumas
imagens dessas operações conjuntas mediante forças
especiais que vão passando de um povo para o outro.
É lógico que a Bolívia já não participa e jamais
participará enquanto eu continue na presidência
neste tipo de operações conjuntas para continuar
atentando contra a democracia".
"... para o movimento indígena [...]
este planeta ou a Pachamama pode existir sem o ser
humano, mas o ser humano não pode viver sem o
planeta, sem a Pachamama."
"... o capitalismo não é a
propriedade privada, porque às vezes tentam
confundir e nos dizem que o presidente Evo questiona
o capitalismo, que vai tirar nossas casas, nossos
carros; não, a propriedade privada está garantida."
"... a nova Constituição garante uma
economia plural, e essa economia plural garante a
propriedade privada, é garantida a propriedade
comunal, estatal, de todos os setores sociais, mas
quando falamos de capitalismo estamos falando deste
desenvolvimento irracional, irresponsável,
ilimitado."
"Nossos companheiros já não
encontram água na Amazônia, quando começamos a
perfurar em alguma região encontramos a água cada
vez mais profunda e em poucas quantidades, e quando
não garantimos água por causa da seca, justamente
produto do aquecimento global, essa família fica
abandonada a sua sorte, são milhares, milhões no
mundo, são imigrantes climáticos".
"Isso não vamos resolver com a
participação das Forças Armadas, não o poderemos
resolver com a participação dos ministros da
Defesa, nem com a cooperação, esse é um tema estrutural de caráter mundial."
Defesa, nem com a cooperação, esse é um tema estrutural de caráter mundial."
"... gostaríamos de resolver aqui a
médio e longo prazo; a melhor solução para acabar
com os desastres, ou acabar com os desastres
naturais é acabando com o capitalismo, modificando
essas políticas de exagerada industrialização".
"Logicamente, todos os países
queremos industrializarmos, industrializarmos para a
vida, para o ser humano e não uma industrialização
para acabar com a vida, com os seres humanos,
existem doutrinas que proclamam e promovem a guerra,
existem povos ou Estados que vivem da guerra, isso
tem que acabar, e para acabar com isso temos que
eliminar as grandes indústrias de armamentos que
acabam com a vida."
"... eu sei que muitos ministros
trazem a mensagem de seus presidentes, de seus
governos, de seus povos, mas sejamos responsáveis
pela vida, e ser responsável pela vida significa ser
responsável pelo planeta ou pela Pachamama, pela Mãe
Terra, e ser responsável pela Mãe Terra, pelo
planeta ou pela Pachamama é respeitar os direitos da
Mãe Terra."
"... tomara que a América possa
encabeçar através de vocês ministras e ministros da
Defesa a garantia do direito da Mãe Terra para
garantir os direitos humanos, a vida, a humanidade,
não somente para a América, mas também para todo o
mundo, sinto que temos uma enorme responsabilidade
nesta conjuntura".
"Quero saudar a participação de
nossas Forças Armadas, e também ser sincero com
vocês, eu tinha muito medo, temor, nos anos 2005 e
2006 quando assumi a presidência, de se as Forças
Armadas me acompanhariam ou não neste processo."
"... as Forças Armadas participando
de trabalhos sociais, das mudanças estruturais,
recuperando as minas, apoiando as políticas de
recuperação dos recursos naturais, essas Forças
Armadas agora são queridas pelo povo boliviano."
"... o povo sente que tem umas
Forças Armadas para o povo, agora felizmente temos
duas estruturas importantes no Estado Plurinacional,
os movimentos sociais que defendem seus recursos
naturais e as Forças Armadas que também defendem
seus recursos naturais, e se voltamos ao ano 1810,
claro as Forças Armadas nasceram defendendo seus
recursos naturais, a identidade, a soberania de
nossos povos, só em alguns tempos fizeram mal uso de
nossas Forças Armadas, não por culpa dos
comandantes, mas sim por interesses oligárquicos ou
alheios aos povos, que evidentemente nos fizeram
muito dano."
"... com as imposições de políticas
do Fundo Monetário Internacional e do Banco Mundial,
privatizações, desnacionalização das empresas
públicas."
"... dos lucros só [...]
ficava 18% para os bolivianos e 82% para as empresas
multinacionais.
"Em1o de maio de 2006 mediante
decreto supremo, primeiro decidimos o controle do
Estado de nossos recursos naturais, segundo, se
convencidos de que aquele que investe tem direito a
recuperar seu investimento e tem direito a ter
lucros, dizemos que agora com 18% eles podem obter
lucros e recuperar seu investimento, assim os
técnicos mo demonstraram, e a partir de 1º de maio
de 2006, 82% passou para os bolivianos e 18% para as
empresas que investem, essa é a nacionalização,
respeitando seu investimento."
Evo conclui seu discurso aportando
dados incontestáveis sobre os resultados econômicos
atingidos pela revolução.
"Antes o produto interno bruto era
de US$9 bilhões, em 2005; agora em 2010, é de US$18,5
bilhões".
"... com o Banco Mundial e o Fundo
Monetário Internacional a receita média por pessoa
era de mil dólatres ao ano [...] em nosso
governo 1. 9000 dólares."
"... em 2005, a Bolívia era o
penúltimo país em reservas internacionais, agora
conseguimos melhorar, em reservas
internacionais tinha US$1,7 bilhão, neste ano temos
US$ 9,3 bilhões..."
"... quando os governos dependiam
dos Estados Unidos nem sequer podíamos erradicar o
analfabetismo, graças à cooperação incondicional de
Cuba especialmente, bem como da Venezuela, há dois
anos atrás declaramos a Bolívia território livre de
analfabetismo, depois de quase 200 anos".
"Em troca dessa cooperação Cuba não
pede nada, isso é solidariedade, isso é compartilhar
o pouco que temos e não compartilhar o que nos
sobra, isso aprendi com o companheiro Fidel a quem
admiro muitíssimo."
Por pura modéstia Evo não falou dos
avanços obtidos pelo povo boliviano no setor da
saúde. Somente na oftalmologia, por volta de 500 mil
bolivianos foram operados da visão, os serviços da
saúde chegam a todos os bolivianos e por volta de 5
000 especialistas em Medicina Geral Integral se
estão formando e em breve receberão seu título. Esse
irmão país latino-americano tem razões demais para
se sentir orgulhoso.
Evo conclui:
"... sem o Fundo Monetário
Internacional, isto é, que não imponham políticas
econômicas de privatizações, de leilões, podemos
melhorar ainda no democrático, se não dependemos dos
Estados Unidos podemos melhorar nossa democracia na
América Latina, este é o resultado de cinco anos de
meu desempenho como presidente."
"Logicamente, com isso não digo que
a Bolívia não precisa de cooperação, Bolívia ainda
precisa de créditos internacionais, de cooperação
internacional, agradeço aos países da Europa que
cooperam, aos da América Latina, que oferecem
facilidade de créditos porque estamos em um processo
de profundas transformações..."
"... que os povos tenham direito a
decidir por si próprios sobre sua democracia, sobre
sua segurança, mas enquanto tenhamos atitudes de
intervencionistas com qualquer pretexto [...]
certamente vai demorar a libertação dos povos, porém
mais cedo ou mais tarde, como estamos vendo, os
povos vão continuar rebelando-se".
"É por isso que estou convencido da
rebelião à revolução, da revolução à descolonização..."
Após o discurso de Evo, apenas 48
horas depois, caiu como um relâmpago o discurso de
Chávez. As luzes da rebelião iluminavam os céus da
Nossa América.
Fidel Castro Ruz
Todos os dias o povo come veneno
O
Brasil se transformou desde 2007, no maior consumidor mundial de
venenos agrícolas. E na ultima safra as empresas produtoras venderam
nada menos do que um bilhão de litros de venenos agrícolas. Isso
representa uma media anual de 6 litros por pessoa ou 150 litros por
hectare cultivado. Uma vergonha. Um indicador incomparável com a
situação de nenhum outro país ou agricultura.
Há um oligopólio de produção por parte de algumas empresas transnacionais que controlam toda a produção e estimulam seu uso, como a Bayer, a Basf, Syngenta, Monsanto, Du Pont, Shell química etc.
O Brasil possui a terceira maior frota mundial de aviões de pulverização agrícola. Somente esse ano foram treinados 716 novos pilotos. E a pulverização aérea é a mais contaminadora e comprometedora para toda a população.
Há diversos produtos sendo usados no Brasil que já estão proibidos nos países de suas matrizes. A ANVISA conseguiu proibir o uso de um determinado veneno agrícola. Mas as empresas ganharam uma liminar no "neutral poder judiciário" brasileiro, que autorizou a retirada durante o prazo de três anos... e quem será o responsável pelas conseqüências do uso durante esses três anos? Na minha opinião é esse Juiz irresponsável que autorizou na verdade as empresas desovarem seus estoques.
Os fazendeiros do agronegócio usam e abusam dos venenos, como única forma que tem de manter sua matriz na base do monocultivo e sem usar mão-de-obra. Um dos venenos mais usados é o secante, que é aplicado no final da safra para matar as próprias plantas e assim eles podem colher com as maquinas num mesmo período. Pois bem esse veneno secante vai para atmosfera e depois retorna com a chuva, democraticamente atingindo toda população inclusive das cidades vizinhas.
O Dr. Vanderley Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso tem várias pesquisas comprovando o aumento de aborto e outras conseqüências na população que vive no ambiente dominado pelos venenos da soja.
Diversos pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade federal do Ceara já comprovaram o aumento do câncer, na população brasileira, conseqüência do aumento do uso de agrotóxicos.
A ANVISA - responsável pela vigilância sanitária de nosso país -, detectou e destruiu mais de 500 mil litros de venenos adulterados, somente esse ano, produzido por grandes empresas transnacionais. Ou seja, alem de aumentar o uso do veneno, eles falsificavam a fórmula autorizada, para deixar o veneno mais potente, e assim o agricultor se iludir ainda mais.
O Dr. Nascimento Sakano, consultor de saúde, da insuspeita revista Caras, escreveu em sua coluna que ocorrem anualmente ao redor de 20 mil casos de câncer de estomago no Brasil, a maioria conseqüente dos alimentos contaminados, e destes 12 mil vão a óbito.
Tudo isso vem acontecendo todos os dias. E ninguém diz nada. Talvez pelo conluio que existe das grandes empresas com o monopólio dos meios de comunicação. Ao contrário, a propaganda sistemática das empresas fabricantes que tem lucros astronômicos é de que, é impossível produzir sem venenos. Uma grande mentira.
A humanidade se reproduziu ao longo de 10 milhões de anos sem usar venenos. Estamos usando veneno, apenas depois da segunda guerra mundial para cá, como uma adequação das fabricas de bombas químicas agora, para matar os vegetais e animais. Assim, o poder da Monsanto começou fabricando o Napalm e o agente laranja, usado largamente no Vietnam. E agora suas fabricas produzem o glifosato, que mata ervas, pequenos animais, contamina as águas e vai parar no seu estômago.
Esperamos que na próxima legislatura, com parlamentares mais progressistas e com novo governo, nos estados e a nível federal, consigamos pressão social suficiente, para proibir certos venenos, proibir o uso de aviação agrícola, proibir qualquer propaganda de veneno e responsabilizar as empresas por todas as conseqüências no meio ambiente e na saúde da população.
Há um oligopólio de produção por parte de algumas empresas transnacionais que controlam toda a produção e estimulam seu uso, como a Bayer, a Basf, Syngenta, Monsanto, Du Pont, Shell química etc.
O Brasil possui a terceira maior frota mundial de aviões de pulverização agrícola. Somente esse ano foram treinados 716 novos pilotos. E a pulverização aérea é a mais contaminadora e comprometedora para toda a população.
Há diversos produtos sendo usados no Brasil que já estão proibidos nos países de suas matrizes. A ANVISA conseguiu proibir o uso de um determinado veneno agrícola. Mas as empresas ganharam uma liminar no "neutral poder judiciário" brasileiro, que autorizou a retirada durante o prazo de três anos... e quem será o responsável pelas conseqüências do uso durante esses três anos? Na minha opinião é esse Juiz irresponsável que autorizou na verdade as empresas desovarem seus estoques.
Os fazendeiros do agronegócio usam e abusam dos venenos, como única forma que tem de manter sua matriz na base do monocultivo e sem usar mão-de-obra. Um dos venenos mais usados é o secante, que é aplicado no final da safra para matar as próprias plantas e assim eles podem colher com as maquinas num mesmo período. Pois bem esse veneno secante vai para atmosfera e depois retorna com a chuva, democraticamente atingindo toda população inclusive das cidades vizinhas.
O Dr. Vanderley Pignati da Universidade Federal do Mato Grosso tem várias pesquisas comprovando o aumento de aborto e outras conseqüências na população que vive no ambiente dominado pelos venenos da soja.
Diversos pesquisadores do Instituto Nacional do Câncer e da Universidade federal do Ceara já comprovaram o aumento do câncer, na população brasileira, conseqüência do aumento do uso de agrotóxicos.
A ANVISA - responsável pela vigilância sanitária de nosso país -, detectou e destruiu mais de 500 mil litros de venenos adulterados, somente esse ano, produzido por grandes empresas transnacionais. Ou seja, alem de aumentar o uso do veneno, eles falsificavam a fórmula autorizada, para deixar o veneno mais potente, e assim o agricultor se iludir ainda mais.
O Dr. Nascimento Sakano, consultor de saúde, da insuspeita revista Caras, escreveu em sua coluna que ocorrem anualmente ao redor de 20 mil casos de câncer de estomago no Brasil, a maioria conseqüente dos alimentos contaminados, e destes 12 mil vão a óbito.
Tudo isso vem acontecendo todos os dias. E ninguém diz nada. Talvez pelo conluio que existe das grandes empresas com o monopólio dos meios de comunicação. Ao contrário, a propaganda sistemática das empresas fabricantes que tem lucros astronômicos é de que, é impossível produzir sem venenos. Uma grande mentira.
A humanidade se reproduziu ao longo de 10 milhões de anos sem usar venenos. Estamos usando veneno, apenas depois da segunda guerra mundial para cá, como uma adequação das fabricas de bombas químicas agora, para matar os vegetais e animais. Assim, o poder da Monsanto começou fabricando o Napalm e o agente laranja, usado largamente no Vietnam. E agora suas fabricas produzem o glifosato, que mata ervas, pequenos animais, contamina as águas e vai parar no seu estômago.
Esperamos que na próxima legislatura, com parlamentares mais progressistas e com novo governo, nos estados e a nível federal, consigamos pressão social suficiente, para proibir certos venenos, proibir o uso de aviação agrícola, proibir qualquer propaganda de veneno e responsabilizar as empresas por todas as conseqüências no meio ambiente e na saúde da população.
segunda-feira, 29 de novembro de 2010
Reflexões de Fidel Castro
SETE
DIAS SEM MORTOS PELA CÓLERA
Ontem expliquei que no Haiti já
morreram 1 523 pessoas como conseqüência da cólera e ao mesmo tempo as medidas
adotadas pelo Partido e o Governo de Cuba.
Não pensava escrever hoje uma
palavra sobre o problema. Desisto no entanto dessa idéia, para elaborar uma
breve Reflexão sobre o tema.
A Doutora Lea Guido,
representante da OPS-OMS em Cuba — neste momento representante de ambas as
organizações nos dois países e pessoa de grande experiência —, declarou hoje à
tarde que devido às atuais condições do Haiti se esperava que a epidemia
afetasse 400 mil pessoas.
Por outro lado, o
Vice-ministro de Saúde de Cuba e Chefe da Missão Médica Cubana, o embaixador de
nosso país no Haiti e outros colegas da Missão, estiveram reunidos durante todo
o dia com o presidente René Preval, a Doutora Lea Guido, o Ministro de Saúde
haitiano e outros funcionários de Cuba e do Haiti, elaborando as medidas que
serão aplicadas com urgência.
A missão médica cubana atende
a 37 centros que enfrentam a epidemia, onde até hoje tem oferecido atendimento
a 26 040 pessoas afetadas pela cólera, aos quais se somarão logo, com a Brigada
“Henry Reeve”, mais 12 centros (para totalizar 49) com 1 100 novos leitos, em barracas
de campanha desenhadas e elaboradas para esses fins na Noruega e outros países,
já adquiridas com os fundos para enfrentar o terremoto, entregadas a Cuba por
Venezuela para a reconstrução do sistema de saúde no Haiti.
Ao anoitecer de hoje chegou
uma noticia alentadora do Doutor Somarriba: durante os últimos sete dias não houve
nenhum falecimento pela cólera nos centros atendidos pela missão médica cubana.
Seria impossível manter esse índice, visto que outros fatores podem incidir
nesse resultado, mas oferece uma idéia muito reconfortante a experiência
adquirida, os métodos adequados e o grau de consagração atingidos.
Satisfaz-nos igualmente que o
presidente René Preval, cujo mandato finaliza no próximo dia 16 de janeiro,
tenha decidido converter a luta contra a epidemia na atividade mais importante
de sua vida, a qual legará ao povo do Haiti e ao Governo que o suceda.
Fidel Castro Ruz
Bolcheviques contra o racismo
Sergio Domingues no Pilulas Diárias
A esquerda costuma ser acusada de colocar em segundo plano a luta contra
o racismo. Infelizmente, é verdade. Grande parte dos partidos que se
assumem socialistas ou comunistas consideram esse combate como algo
menor e “divisionista”. Talvez, uma herança do desprezo dos primeiros
marxistas em relação aos povos não brancos.
Não foi o caso dos bolcheviques. Os revolucionários russos que tomaram o poder em 1917 eram grandes defensores das lutas anticoloniais. Por isso, conquistaram o apoio dos povos do antigo império russo. Em 1920, o 2º congresso da Internacional Comunista aprovou as “Teses sobre a questão colonial”.
O documento dizia que a “revolução proletária e a revolução nas colônias são complementares para a vitória de nossa da luta”. E que a “Internacional Comunista” deveria trabalhar “pela destruição do imperialismo nos países economicamente e politicamente dominados.” Lênin foi duro com seus antecessores. Ele dizia que para a Segunda Internacional o “mundo só existia dentro dos limites da Europa”. Desse modo, “tornaram-se eles próprios imperialistas.”
Em 1922, ocorreu o último congresso da Internacional antes de Stalin assumir o controle do partido russo. Nele, aprovaram-se as “Teses sobre a Questão Negra”. Era a primeira vez que o tema seria discutido no movimento socialista mundial.
Entre suas resoluções, estava “a necessidade de apoiar qualquer forma de resistência dos negros que busque minar e enfraquecer o capitalismo ou o imperialismo, ou barrar a sua expansão”. Além disso, lutar para “assegurar aos negros a igualdade de raça e a igualdade política e social.”
Como se vê, a luta contra o racismo faz parte da tradição revolucionária dos socialistas.
Leia as “Teses sobre a questão negra”, aqui.
Não foi o caso dos bolcheviques. Os revolucionários russos que tomaram o poder em 1917 eram grandes defensores das lutas anticoloniais. Por isso, conquistaram o apoio dos povos do antigo império russo. Em 1920, o 2º congresso da Internacional Comunista aprovou as “Teses sobre a questão colonial”.
O documento dizia que a “revolução proletária e a revolução nas colônias são complementares para a vitória de nossa da luta”. E que a “Internacional Comunista” deveria trabalhar “pela destruição do imperialismo nos países economicamente e politicamente dominados.” Lênin foi duro com seus antecessores. Ele dizia que para a Segunda Internacional o “mundo só existia dentro dos limites da Europa”. Desse modo, “tornaram-se eles próprios imperialistas.”
Em 1922, ocorreu o último congresso da Internacional antes de Stalin assumir o controle do partido russo. Nele, aprovaram-se as “Teses sobre a Questão Negra”. Era a primeira vez que o tema seria discutido no movimento socialista mundial.
Entre suas resoluções, estava “a necessidade de apoiar qualquer forma de resistência dos negros que busque minar e enfraquecer o capitalismo ou o imperialismo, ou barrar a sua expansão”. Além disso, lutar para “assegurar aos negros a igualdade de raça e a igualdade política e social.”
Como se vê, a luta contra o racismo faz parte da tradição revolucionária dos socialistas.
Leia as “Teses sobre a questão negra”, aqui.
Uma semana de solidariedade ao povo palestino
www.vermelho.org.br
Acompanhando calendário global, organizações da sociedade civil brasileira, juntamente com a comunidade árabe-palestina no País, realizam a Semana de Solidariedade ao Povo Palestino. Atividades centrais ocorrerão em vários estados no dia 29 de novembro próximo (confira agenda abaixo).
A data marca o Dia Internacional de
Solidariedade ao Povo Palestino – conforme resolução da ONU (Organização
das Nações Unidas) nº 32/40 de 1977. Anualmente, em todo o mundo,
ocorrem inúmeras manifestações no período. No Brasil, é também lei em
várias localidades.
Em 29 de novembro de 1947, portanto há 63 anos, em Assembleia-Geral da ONU, foi aprovada a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais. Como consequência, o Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina não foi assegurado, culminando na nakba (catástrofe), em que foram expulsos mais de 700 mil palestinos de suas casas e centenas de vilas foram destruídas. O resultado é a ocupação mais longa do período contemporâneo, que tem sido aprofundada, ao arrepio das leis e convenções internacionais. Uma das maiores injustiças de que se tem notícia na história.
Consequentemente, todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados: à autodeterminação, à saúde, à educação, a transitar livremente. Um muro em construção desde 2002, que corta a Cisjordânia ao meio – projetado para ter 720 metros de extensão e 9 metros de altura –, e centenas de checkpoints e assentamentos sionistas, além de estradas exclusivas proibidas a palestinos, são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, o lugar mais densamente povoado do mundo, com 1,5 milhão de pessoas que se espremem em cerca de 360km2, um bloqueio criminoso tem feito com que grasse a fome e a miséria, numa punição coletiva que deveria ser impensável em pleno século 21. O território palestino, mediante esses aparatos, é mantido sob a forma de bantustões à la África do Sul. É hoje impossível, por exemplo, ir da Cisjordânia a Gaza.
Diante da barbárie, realizar atividades em 29 de novembro faz-se urgente. É uma forma de o mundo levantar suas vozes e clamar pelo fim imediato da ocupação na Palestina. A semana de solidariedade pretende contribuir para dar visibilidade a essa questão e lembrar que, dia após dia, famílias são separadas, plantações são destruídas, crianças são impedidas de ir à escola e mães, de dar à luz com dignidade. Mais do que isso: soma-se às iniciativas em que a comunidade internacional é chamada à responsabilidade pela drástica situação na Palestina e cobrada a dar continuidade a ações concretas que pressionem e levem à mudança dessa realidade.
Confira a programação e participe! É por direitos humanos e justiça!
Semana de Solidariedade ao Povo Palestino no Brasil
SÃO PAULO/SP
Semana do Povo Palestino
Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Horário: 14h
Local: FEA-USP Sala G-1
Instituto de Relações Internacionais
Exibição do documentário: Palestina Espera
(Palestine is waiting, EUA-Palestina, 2001, cor, 10 min -documentário)
Direção: Annemarie Kattan Jacir
Há mais de 5 milhões de refugiados palestinos, muitas vezes indesejados, vivendo em condições-limite em todo o mundo.
Participação: Maren Mantovani
Analista política, diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid e Representante para a América Latina do Comitê Nacional Palestino por Boicotes, Sanções e Desinvestimento (BNC)
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Auditório Franco Montoro - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - Av. Pedro Álvares Cabral, 201
Atividade: Ato político com convidados e autoridades, exibição de curta-metragem e poesias árabes. Participação de representante do movimento Stop the Wall.
Organização: Frente em Defesa do Povo Palestino
frentepalestina@yahoo.com.br
Dia: 4 de dezembro de 2010 - sábado
Horário: 16h
Local: Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542
Atividade: Exibição dos filmes:
Ponto de Encontro (Encounter Point) - Direção: Júlia Bacha e Ronit Avni. Documentário, 85 min, 2008 e Nós e os Outros (Selves and Others, A Portrait of Edward Said) - Direção: Emmanuele Hamon. Documentário, 54 min, 2003.
Haverá debate com a participação de companheiros que participaram do Fórum Mundial da Educação na Palestina
Realização: Núcleo de Estudos Edward Said - Instituto da Cultura Árabe, Oboré e Matilha
Apoio: Frente em Defesa do Povo Palestino
contato@icarabe.org
CAMPINAS/SP
Dia: 24 de novembro de 2010 – quarta-feira
Local: Facamp – Faculdades de Campinas (Estrada Municipal Unicamp - Telebrás km 1, s/nº - Cidade Universitária)
Apresentação das pesquisas sobre a Palestina – história – sionismo e holocausto
Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Locais e atividades: Câmara Municipal de Campinas – homenagem à data Parque da Paz e Memorial Yasser Arafat – visitação pública
Colóquio – Mostra Afro-brasileira – Secretaria Municipal de Educação
Realização: Instituto Jerusalém do Brasil
institutojerusalembr@terra.com.br
PORTO ALEGRE/RS
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul – Praça Mal. Deodoro, 101
Atividade: Sessão com convidados, Embaixada da Autoridade Palestina na República Federativa do Brasil e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)
Organização: Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinars@gmail.com
FLORIANÓPOLIS/SC
Dia: 30 de novembro de 2010 - terça-feira
Horário: 19h
Local: Câmara de Vereadores - Plenário do Centro Legislativo Municipal
Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro
Atividade: Sessão solene e Ato político com convidados e autoridades
Lei 34/40 PMF – 1990 - 29 de novembro - Dia Municipal de Solidariedade ao Povo Palestino em Florianópolis
Lei nº 13850 - 2006 - Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino em Santa Catarina
Organização: Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinasc@yahoo.com.br
BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC
Semana de Difusão da Cultura Árabe-Palestina
22 a 29 de novembro de 2010
Dia: 24 - quarta-feira
Horário: 19h
Local: Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis - 3º Avenida, esquina com Rua 2.500
Atividade: cerimônia de abertura do evento com a presença de amigos, convidados e autoridades. Entrega de certificados de participação no concurso escolar “Paz para a Palestina”. Exibição do filme: “Palestina - A história de uma terra” (Simone Bitton)
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 9h
Local: Auditório BI 4 - Curso de Relações Internacionais – Univali
Campus Balneário Camboriú
Tema: Palestina: história, cultura, religião e atualidades
Palestrantes: Fairuz Saleh Bujaa - advogada, integrante do Grupo Palestino Terra / Miriam Ramoniga - advogada, mestre em Direito e professora de Direito Internacional / Saleh Bujja - palestino (80 anos) residente no Brasil há 60 anos / Queila Martins - coordenadora do curso de Relações Internacionais da Univali / Márcia Sarubbi - professora do curso de Direito e Relações Internacionais da Univali
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 17h
Local: Câmara de Vereadores de
Balneário Camboriú
Atividade: Acompanhamento da votação da legislação municipal que institui o “Dia 29 de novembro como o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino no município de Balneário Camboriú - SC”
Dia: 26 - sexta-feira
Horário: 20h
Local: Restaurante Pharol - Av. Atlântica
Barra Sul, 5.740
Atividade: Jantar árabe - comidas típicas da gastronomia árabe, músicas, apresentações de danças folclóricas
Dia: 27 - sábado
Horário: 18h
Local: Livraria Nobel - Av. Alvim Bauer, 250, sl. 04 – Centro
Atividade: Cultura e lazer, exposição de livros, sugestão de roteiros de viagem, apresentações de dança do ventre e degustação de pastas e doces árabes
Organização: Instituto Amigos da Cultura
ramoniga@hotmail.com
www.amigosdaculturasc.com
RIO DE JANEIRO/RJ
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 18h
Local: IFCS-UFRJ (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro) - Largo de São Francisco
Atividade: Ato político em defesa do povo palestino. Lançamento da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel e da Campanha de Boicote Acadêmico e Cultural. Exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”
Organização: Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino
vivaintifada@gmail.com
BELO HORIZONTE/MG
Dia: 26 de novembro de 2010 - sexta-feira
Horário: 9h30
Local: Auditório do Instituto de Ciências Exatas Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Atividade: Seminário de Solidariedade Internacional. Palestrante: Jadallah Safa
Comitê Democrático Palestino
Coordenação: UJC e Casa da América Latina www.seminariodesolidariedadeinternacional.
blogspot.com
AÇÃO MIDIÁTICA
Divulgação do balanço da maratona na Semana contra o muro e das atividades do dia 29 de novembro
Coordenação: Ciranda Internacional da Informação Independente e Movimento Palestina para Tod@s
www.ciranda.net e www.palestinalivre.org.
Em 29 de novembro de 1947, portanto há 63 anos, em Assembleia-Geral da ONU, foi aprovada a Resolução nº 181, que decidiu pela partilha do território da Palestina histórica para o estabelecimento de um estado judeu e um árabe, sem qualquer consulta aos habitantes locais. Como consequência, o Estado de Israel foi implementado em 15 de maio de 1948 e o da Palestina não foi assegurado, culminando na nakba (catástrofe), em que foram expulsos mais de 700 mil palestinos de suas casas e centenas de vilas foram destruídas. O resultado é a ocupação mais longa do período contemporâneo, que tem sido aprofundada, ao arrepio das leis e convenções internacionais. Uma das maiores injustiças de que se tem notícia na história.
Consequentemente, todos os direitos inalienáveis do povo palestino têm sido desrespeitados: à autodeterminação, à saúde, à educação, a transitar livremente. Um muro em construção desde 2002, que corta a Cisjordânia ao meio – projetado para ter 720 metros de extensão e 9 metros de altura –, e centenas de checkpoints e assentamentos sionistas, além de estradas exclusivas proibidas a palestinos, são símbolos do apartheid que se configura no território ocupado. Em Gaza, o lugar mais densamente povoado do mundo, com 1,5 milhão de pessoas que se espremem em cerca de 360km2, um bloqueio criminoso tem feito com que grasse a fome e a miséria, numa punição coletiva que deveria ser impensável em pleno século 21. O território palestino, mediante esses aparatos, é mantido sob a forma de bantustões à la África do Sul. É hoje impossível, por exemplo, ir da Cisjordânia a Gaza.
Diante da barbárie, realizar atividades em 29 de novembro faz-se urgente. É uma forma de o mundo levantar suas vozes e clamar pelo fim imediato da ocupação na Palestina. A semana de solidariedade pretende contribuir para dar visibilidade a essa questão e lembrar que, dia após dia, famílias são separadas, plantações são destruídas, crianças são impedidas de ir à escola e mães, de dar à luz com dignidade. Mais do que isso: soma-se às iniciativas em que a comunidade internacional é chamada à responsabilidade pela drástica situação na Palestina e cobrada a dar continuidade a ações concretas que pressionem e levem à mudança dessa realidade.
Confira a programação e participe! É por direitos humanos e justiça!
Semana de Solidariedade ao Povo Palestino no Brasil
SÃO PAULO/SP
Semana do Povo Palestino
Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Horário: 14h
Local: FEA-USP Sala G-1
Instituto de Relações Internacionais
Exibição do documentário: Palestina Espera
(Palestine is waiting, EUA-Palestina, 2001, cor, 10 min -documentário)
Direção: Annemarie Kattan Jacir
Há mais de 5 milhões de refugiados palestinos, muitas vezes indesejados, vivendo em condições-limite em todo o mundo.
Participação: Maren Mantovani
Analista política, diretora de Relações Internacionais da Campanha Palestina contra o Muro do Apartheid e Representante para a América Latina do Comitê Nacional Palestino por Boicotes, Sanções e Desinvestimento (BNC)
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Auditório Franco Montoro - Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo - Av. Pedro Álvares Cabral, 201
Atividade: Ato político com convidados e autoridades, exibição de curta-metragem e poesias árabes. Participação de representante do movimento Stop the Wall.
Organização: Frente em Defesa do Povo Palestino
frentepalestina@yahoo.com.br
Dia: 4 de dezembro de 2010 - sábado
Horário: 16h
Local: Matilha Cultural - Rua Rego Freitas, 542
Atividade: Exibição dos filmes:
Ponto de Encontro (Encounter Point) - Direção: Júlia Bacha e Ronit Avni. Documentário, 85 min, 2008 e Nós e os Outros (Selves and Others, A Portrait of Edward Said) - Direção: Emmanuele Hamon. Documentário, 54 min, 2003.
Haverá debate com a participação de companheiros que participaram do Fórum Mundial da Educação na Palestina
Realização: Núcleo de Estudos Edward Said - Instituto da Cultura Árabe, Oboré e Matilha
Apoio: Frente em Defesa do Povo Palestino
contato@icarabe.org
CAMPINAS/SP
Dia: 24 de novembro de 2010 – quarta-feira
Local: Facamp – Faculdades de Campinas (Estrada Municipal Unicamp - Telebrás km 1, s/nº - Cidade Universitária)
Apresentação das pesquisas sobre a Palestina – história – sionismo e holocausto
Dia: 29 de novembro de 2010 – segunda-feira
Locais e atividades: Câmara Municipal de Campinas – homenagem à data Parque da Paz e Memorial Yasser Arafat – visitação pública
Colóquio – Mostra Afro-brasileira – Secretaria Municipal de Educação
Realização: Instituto Jerusalém do Brasil
institutojerusalembr@terra.com.br
PORTO ALEGRE/RS
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 19h
Local: Plenarinho da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul – Praça Mal. Deodoro, 101
Atividade: Sessão com convidados, Embaixada da Autoridade Palestina na República Federativa do Brasil e Acnur (Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados)
Organização: Comitê Gaúcho de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinars@gmail.com
FLORIANÓPOLIS/SC
Dia: 30 de novembro de 2010 - terça-feira
Horário: 19h
Local: Câmara de Vereadores - Plenário do Centro Legislativo Municipal
Rua Anita Garibaldi, 35 - Centro
Atividade: Sessão solene e Ato político com convidados e autoridades
Lei 34/40 PMF – 1990 - 29 de novembro - Dia Municipal de Solidariedade ao Povo Palestino em Florianópolis
Lei nº 13850 - 2006 - Dia Estadual de Solidariedade ao Povo Palestino em Santa Catarina
Organização: Comitê Catarinense de Solidariedade ao Povo Palestino
comitepalestinasc@yahoo.com.br
BALNEÁRIO CAMBORIÚ/SC
Semana de Difusão da Cultura Árabe-Palestina
22 a 29 de novembro de 2010
Dia: 24 - quarta-feira
Horário: 19h
Local: Biblioteca Pública Municipal Machado de Assis - 3º Avenida, esquina com Rua 2.500
Atividade: cerimônia de abertura do evento com a presença de amigos, convidados e autoridades. Entrega de certificados de participação no concurso escolar “Paz para a Palestina”. Exibição do filme: “Palestina - A história de uma terra” (Simone Bitton)
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 9h
Local: Auditório BI 4 - Curso de Relações Internacionais – Univali
Campus Balneário Camboriú
Tema: Palestina: história, cultura, religião e atualidades
Palestrantes: Fairuz Saleh Bujaa - advogada, integrante do Grupo Palestino Terra / Miriam Ramoniga - advogada, mestre em Direito e professora de Direito Internacional / Saleh Bujja - palestino (80 anos) residente no Brasil há 60 anos / Queila Martins - coordenadora do curso de Relações Internacionais da Univali / Márcia Sarubbi - professora do curso de Direito e Relações Internacionais da Univali
Dia: 25 - quinta-feira
Horário: 17h
Local: Câmara de Vereadores de
Balneário Camboriú
Atividade: Acompanhamento da votação da legislação municipal que institui o “Dia 29 de novembro como o Dia de Solidariedade ao Povo Palestino no município de Balneário Camboriú - SC”
Dia: 26 - sexta-feira
Horário: 20h
Local: Restaurante Pharol - Av. Atlântica
Barra Sul, 5.740
Atividade: Jantar árabe - comidas típicas da gastronomia árabe, músicas, apresentações de danças folclóricas
Dia: 27 - sábado
Horário: 18h
Local: Livraria Nobel - Av. Alvim Bauer, 250, sl. 04 – Centro
Atividade: Cultura e lazer, exposição de livros, sugestão de roteiros de viagem, apresentações de dança do ventre e degustação de pastas e doces árabes
Organização: Instituto Amigos da Cultura
ramoniga@hotmail.com
www.amigosdaculturasc.com
RIO DE JANEIRO/RJ
Dia: 29 de novembro de 2010 - segunda-feira
Horário: 18h
Local: IFCS-UFRJ (Instituto de Filosofia e Ciências Humanas da Universidade Federal do Rio de Janeiro) - Largo de São Francisco
Atividade: Ato político em defesa do povo palestino. Lançamento da Campanha Mundial de BDS – Boicote, Desinvestimento e Sanções contra Israel e da Campanha de Boicote Acadêmico e Cultural. Exposição do livro “Impressões de uma brasileira na Palestina”
Organização: Comitê de Solidariedade à Luta do Povo Palestino
vivaintifada@gmail.com
BELO HORIZONTE/MG
Dia: 26 de novembro de 2010 - sexta-feira
Horário: 9h30
Local: Auditório do Instituto de Ciências Exatas Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG
Atividade: Seminário de Solidariedade Internacional. Palestrante: Jadallah Safa
Comitê Democrático Palestino
Coordenação: UJC e Casa da América Latina www.seminariodesolidariedadeinternacional.
blogspot.com
AÇÃO MIDIÁTICA
Divulgação do balanço da maratona na Semana contra o muro e das atividades do dia 29 de novembro
Coordenação: Ciranda Internacional da Informação Independente e Movimento Palestina para Tod@s
www.ciranda.net e www.palestinalivre.org.
Celulares são cada vez mais importantes na África, diz ativista da FreedomFone
Amanda Rossi
A massificação dos celulares é um fenômeno vivido em
toda a África. Em grande parte dos países africanos, o acesso aos
telefones móveis é maior que à energia elétrica. Devido ao baixo custo
do aparelho e dos serviços (muito menor que no Brasil), os celulares se
transformaram em uma das poucas opções de comunicação disponíveis e
assumiram diversas funções: desde de realizar pequenas operações
bancárias até para receber recomendações médicas.
Considerando essa realidade, uma organização do Zimbábue chamada Kubatana
procura encorajar cidadãos e a sociedade civil a usarem o celular para
se mobilizarem e promoverem um “ativismo eletrônico”. Fundada em 2002, a
organização desenvolveu o Freedom Fone,
sistema operacional com código aberto (qualquer organização pode usar
livremente o software e modificá-lo), que funciona como um disque
notícias. O usuário pode receber e enviar informações em mensagens de
voz ou SMS.
Efe
Upenyu Makoni-Muchemwa é ativista da Kubatana, organização que estimula o ativismo eletrônico via celular
Upenyu Makoni-Muchemwa, ativista da Kubatana, esteve no Brasil para apresentar a experiência da organização no II Fórum de Cultura Digital, realizado entre 15 e 17 de novembro na Cinemateca, em São Paulo. Ela conversou com Opera Mundi sobre o uso dos celulares para promover cidadania e a situação de seu país, considerado o menos desenvolvido do mundo pelo último Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado este mês.
Qual é a importância dos celulares na África? Os celulares estão se tornando cada vez mais importantes, principalmente nas áreas rurais e remotas. Há lugares no Zimbábue onde não existe nem telefonia fixa, mas existe sinal de celular, que se transforma na única ferramenta disponível para se comunicar com o resto do mundo. Nós vemos casos como a Uganda, onde as pessoas estão usando a tecnologia dos celulares para microfinanças e operações bancárias. Ao redor da África, estão usando celular na saúde.
Leia mais: Países do sul da África discutem padrão de TV Digital Mugabe culpa sanções de potências por situação do Zimbábue
Zimbábue expulsa refugiados do Burundi que provocaram tumulto em campo da ONU
Qual é o número de pessoas que tem acesso a telefonia móvel no Zimbábue? Nós estimamos em 5 milhões pessoas. A população do país é de 6 milhões, segundo o último censo – realizado há 10 anos. Mais pessoas têm acesso aos celulares que à energia elétrica. A eletricidade está distribuída em grandes centros urbanos. Mas nas vilas não há eletricidade. Recentemente, foi lançado no Zimbábue um celular com bateria solar, o que o torna ainda mais acessível para as pessoas que vivem nas zonas rurais. Você não precisa mais plugar o aparelho na tomada, você apenas o coloca no sol e ele está carregado!
Efe
Upenyu Makoni-Muchemwa é ativista da Kubatana, organização que estimula o ativismo eletrônico via celular
Upenyu Makoni-Muchemwa, ativista da Kubatana, esteve no Brasil para apresentar a experiência da organização no II Fórum de Cultura Digital, realizado entre 15 e 17 de novembro na Cinemateca, em São Paulo. Ela conversou com Opera Mundi sobre o uso dos celulares para promover cidadania e a situação de seu país, considerado o menos desenvolvido do mundo pelo último Relatório de Desenvolvimento Humano, lançado este mês.
Qual é a importância dos celulares na África? Os celulares estão se tornando cada vez mais importantes, principalmente nas áreas rurais e remotas. Há lugares no Zimbábue onde não existe nem telefonia fixa, mas existe sinal de celular, que se transforma na única ferramenta disponível para se comunicar com o resto do mundo. Nós vemos casos como a Uganda, onde as pessoas estão usando a tecnologia dos celulares para microfinanças e operações bancárias. Ao redor da África, estão usando celular na saúde.
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Como funciona o Freedom Fone? Quem o acessa, de que local, que tipo de informação as pessoas buscam?
As pessoas ligam e então ouvem as informações que estão
disponíveis no Freedom Fone. Você não precisa estar na Internet para
usá-lo, o que o torna muito conveniente para pessoas que vivem nas áreas
rurais, onde não existe acesso a computadores. O sistema também pode
ligar de volta, o que é importante caso a pessoa não possa pagar.
Qualquer organização pode usar a tecnologia do Freedom Fone. Na Kubatana nós criamos um canal alternativo de mídia, em que cada número do telefone te destina para um conteúdo diferente.
Qualquer organização pode usar a tecnologia do Freedom Fone. Na Kubatana nós criamos um canal alternativo de mídia, em que cada número do telefone te destina para um conteúdo diferente.
Nós descobrimos que muitos estavam interessados no noticiário porque
ele era equilibrado, ao contrário dos outros veículos. Não dizia que o
governo era maravilhoso. Nós apenas colocamos os fatos. Quanto ao local
de acesso, eu imaginava que as pessoas só escutariam em Harare (capital
do Zimbábue), mas a audiência é em todo o país, mesmo nas áreas mais
remotas, mesmo em uma vila com duas pessoas. Foi incrível o jeito que se
espalhou.
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A informação produzida pelo Freedom Fone pode atingir mais pessoas que a produzida pelos canais informativos tradicionais, como jornais e televisão? Sim, considerando o grande número de pessoas que têm celulares - e todo mundo no Zimbábue tem celular. O nosso maior desafio no momento é fazer com que as pessoas participem, mas para isso elas precisam parar de ter medo. Há no Zimbábue a exigência de que todas as pessoas registrem suas linhas. Com o registro e a vigilância constante do governo, como fazer para que uma pessoa perceba que não há problema em ouvir informações e em informar? Sempre ouvimos a pergunta: o governo vai saber que eu estou enviando a informação, vão vir me pegar?
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Em setembro, celulares foram usados para promover uma grande
revolta popular em Moçambique, na fronteira com o Zimbábue, contra o
aumento do custo de vida. Os celulares são um bom instrumento para
mobilizar as pessoas para agendas políticas e temas sociais?
No contexto africano sim e não. Os celulares têm suas
limitações, mas são a mídia mais acessada e o canal mais adequado para
fornecer informações para as pessoas. Então podem ser usados para
promover ativismo, mobilizar. Mas o problema é que os operadores são
movidos pelo lucro, não por moral. Se o governo os pressiona e diz: nós
queremos saber quem está mandando essas mensagens, eles vão liberar essa
informação. O registro das linhas também está ocorrendo em Moçambique.
Isso torna o espaço democrático e de liberdade de discurso muito menor e
ameaça o uso dos celulares para ativismo, para debater o que está
acontecendo no seu país.
Recentemente, foi lançado um novo Índice de Desenvolvimento
Humano, que coloca o Zimbábue na posição do país menos desenvolvido do
mundo. Essa é uma realidade perceptível?
Sim e não. Nós deveríamos ter progredido mais nesses 30
anos de independência. Mas em comparação com outros países, nós não
estamos tão mal. Temos mais de 90% da população alfabetizada. Eu ainda
não conheci uma criança zimbábueana que não soubesse ler e escrever. É
verdade que nos últimos dez anos a educação sofreu muito porque não
havia dinheiro, muitos professores saíram do país. Talvez, por isso, a
próxima geração pode não ser tão alfabetizada quanto as que vieram
antes. Eu não sei qual é o critério desse índice de desenvolvimento, mas
eu não acho que seja uma classificação justa.
Em termos de desenvolvimento como eu o entendo, o Zimbábue não está mal. O país é capaz de conquistar mudança? Sim! Nosso dinheiro valia menos que nada e nós sobrevivemos. Por outro lado, se compararmos o Zimbábue com outros países, como o Brasil, com transporte público, saúde, educação, eu acho que não estamos onde deveríamos estar.
Em termos de desenvolvimento como eu o entendo, o Zimbábue não está mal. O país é capaz de conquistar mudança? Sim! Nosso dinheiro valia menos que nada e nós sobrevivemos. Por outro lado, se compararmos o Zimbábue com outros países, como o Brasil, com transporte público, saúde, educação, eu acho que não estamos onde deveríamos estar.
Qual é a situação do Zimbábue hoje, depois da grande crise que abateu o país?
Nós estamos lutando. Para recuperar a posição em que estávamos nos anos 90 é um trabalho grande e para avançar é um trabalho ainda maior. Estamos no meio do caminho, ainda tentando descobrir se nossa economia vai se estabilizar, se o número de empregos vai aumentar (nossa taxa de desemprego é de 90%), como essa situação vai mudar. Mas o mais importante é que o Zimbábue enfrenta hoje uma crise de liderança. Você não diz: “esta é a pessoa que vai nos tirar do ponto A e nos levar para o ponto B”. Não. Nós temos um longo caminho pela frente, há muito trabalho.
Nós estamos lutando. Para recuperar a posição em que estávamos nos anos 90 é um trabalho grande e para avançar é um trabalho ainda maior. Estamos no meio do caminho, ainda tentando descobrir se nossa economia vai se estabilizar, se o número de empregos vai aumentar (nossa taxa de desemprego é de 90%), como essa situação vai mudar. Mas o mais importante é que o Zimbábue enfrenta hoje uma crise de liderança. Você não diz: “esta é a pessoa que vai nos tirar do ponto A e nos levar para o ponto B”. Não. Nós temos um longo caminho pela frente, há muito trabalho.
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