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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
domingo, 22 de maio de 2011
Elementos para a reconstrução do anticapitalismo revolucionário
Brasil pode pular de 26 para 33 Estados e ganhar 4 territórios
Agência Manchete
Neste mês, a Câmara dos Deputados aprovou a realização de um
plebiscito para a população do Pará decidir se concorda com a criação de
dois novos Estados: o do Carajás e o do Tapajós. Mas a mudança no mapa
do Brasil não para por aí. O Congresso tem propostas para criar 11
unidades da federação, entre Estados e territórios. E, se forem
aprovadas, o país passará de 26 para 33 Estados e criará quatro
territórios.
A região Norte sofreria a maior mudança em sua geografia porque, além
do desmembramento do Pará, abrigaria os quatro territórios: Rio Negro,
Solimões, Juruá e Oiapoque. No Nordeste, são três ideias: o Estado do
Maranhão do Sul, o da Gurgueia (desmembramento do Piauí) e o do Rio São
Francisco (separação de parte da Bahia). Já no Centro-Oeste, o
movimento se concentra no Estado do Mato Grosso, onde podem surgir duas
novas divisões: Mato Grosso do Norte e Araguaia.
Os movimentos de separação já têm mais de 20 anos, explica o geógrafo
Gilberto Rocha, da UFPA (Universidade Federal do Pará). Durante as
discussões para elaboração da Constituição de 1988, regiões manifestaram
interesse em se tornarem independentes. Uma delas é o atual Tocantins,
que pertencia à Goiás.
- Naquele contexto, emergiram várias propostas de divisão do
território nacional. Praticamente em todas as regiões surgiram
movimentos com essa perspectiva. Isso, em parte, pode ser explicado em
função de que a matéria foi colocada em segundo plano durante todo o
regime militar.
O pesquisador lembra que houve algumas modificações durante a
ditadura, como a criação do Estado do Mato Grosso do Sul e a unificação
do Rio de Janeiro, mas elas não foram tratadas em nível nacional.
Segundo Rocha, durante o regime militar houve uma modificação
substancial no povoamento e nas formas de uso do território brasileiro,
com o processo de modernização do país. Surgiram novas fronteiras de
povoamento, novas cidades e também novos pólos de poder. Muitas dessas
fronteiras, principalmente na região Norte, foram estimuladas pelo
governo. O geógrafo diz que, só no Pará, surgiram mais de 70 cidades
naquele período.
- Na parte oeste da Amazônia Ocidental, onde os processos [de
povoamento] não foram intensos, há propostas de criação de novas
estruturas político-administrativas, os territórios, que vêm de cima
para baixo e não de reivindicações locais.
Os territórios federais deixam de fazer parte de um único Estado para
integrar a União. De acordo com a Constituição, as contas passam a ser
submetidas ao Congresso Nacional e, caso o território tenha mais de
100 mil habitantes, um governador pode ser nomeado (sem realização de
eleições). Segundo o geógrafo, a criação dos territórios está muito
relacionada à proteção de fronteiras.
O deputado Sebastião Bala Rocha (PDT-AP), autor do projeto sobre o
Território Federal do Oiapoque, diz que, na época em que ele foi
apresentado, em 2001, a região vivia uma “situação de abandono” e
precisava de mais investimentos para desenvolvimento e proteção da
fronteiras do país. O deputado admite, no entanto, que a proposta está
parada e perdeu a força, porque a região passou a receber mais recursos,
inclusive do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
- O governo [federal] não tem a intenção de criar novos territórios.
Não é um assunto que esteja na pauta da Câmara ou do governo.
Novos Estados
O geógrafo Gilberto Rocha explica que os movimentos de criação de
novos Estados estão ligados a grupos emergentes, que reivindicam o
controle desses territórios.
- No Pará, há mobilização de poderes locais que emergiram nos últimos 30 anos. São populações que emigraram do Brasil inteiro.
Ele ressalta que não é possível dizer que os movimentos sejam apenas
da elite e que não haja interesse da população e o desejo de
autodeterminação.
O deputado Giovanni Queiroz (PDT-PA), um dos principais articuladores
para criação do Estado do Carajás, afirma que há mais de 20 anos, a
região “sonha com o desenvolvimento”. Segundo ele, apesar dos
investimentos do setor privado ali, o Estado é ausente.
- Não há bom governador que dê conta de um Estado desse tamanho.
[...] O Pará não tem capacidade de gestão daquela região. Há a ausência
absoluta de Estado.
Para ele, o atual crescimento do Tocantins, que era conhecido como um
“corredor de miséria”, estimula a população de parte do Pará a pedir a
emancipação.
- A classe política é uma classe, aqui no Brasil e no mundo todo,
muito desacreditada. Há esse preconceito, quando você fala em criar um
novo Estado, que é oportunismo e forma de fazer farra com o dinheiro
público. Mas há gente decente na classe política.
Segundo o deputado, o novo Estado não vai precisar de “nenhum centavo
da União”, porque os recursos que já vão para o Pará seriam repartidos
e, além disso, arrecadação do Carajás seria suficiente para mantê-lo. A
mineradora Vale é citada como uma das grandes investidoras na região.
Para Ribamar Alves (PSB-MA), que defende a criação do Maranhão do
Sul, a distância da capital a determinadas regiões do Estado dificulta a
gestão.
- São Luís fica em uma ilha isolada, muito distante do sul. As ações públicas têm dificuldade de chegar na outra ponta.
O deputado federal também diz que o novo Estado não sairia caro para a
União. Para ele, os altos custos são “exagero da imprensa”.
Para o professor Gilberto Rocha, o tamanho em si de um Estado não é
uma justificativa para desmembrá-lo. Em geral, há carência de
infraestrutura para permitir melhor comunicação e integração regional.
Com essas melhorias, segundo ele, seria possível pensar uma gestão
descentralizada, que desse mais autonomia a diversas regiões.
- O mundo caminha para a integração e não necessariamente para o afastamento.
FONTE: R7
“Enforque-se o cara, depois deem a ele um julgamento justo”
Quem matou o facínora?
Celso Amorim , no VIOMUNDO
Naquele que viria a ser o seu último grande western, John Ford conta
a história de um velho senador, Rance Stoddard (encarnado por James
Stewart), que, acompanhado da esposa, Hallie (Vera Miles), viaja rumo a
uma cidadezinha do Oeste americano para poder prestar a última
homenagem a um velho amigo, recém-falecido, Tom Doniphon (John Wayne).
O filme logo nos transpõe, em um longo flash-back, para um período já
distante, em que o então jovem advogado e futuro senador Stoddard, um
tipo suave e urbano, chega ao vilarejo e conhece a bela Hallie, com
quem viria mais tarde a se casar, mas que na época era a paquera de
Tom, um sujeito rude, mas de bom caráter.
A rivalidade pela mocinha entre o brando e intelectualizado (para os
padrões locais, bem entendido) Stewart e o caubói machão, vivido por
Wayne, é sempre um subtema do filme, mas o verdadeiro enredo gira em
torno da prepotência de um malfeitor que domina a cidade, Liberty (!)
Valance.
Em razão de peripécias várias, em que questões de representação
popular e liberdade de imprensa estão, de algum modo, envolvidas, o
pacato Rance Stoddard é levado a um duelo com o violento Liberty. A
cidade aguarda, aterrorizada, a morte certa do bom moço. Mas,
miraculosamente, é ele quem mata o bandido e liberta os habitantes de um
agente do mal.
Voltando à época atual, um velho jornalista (que fora ele próprio
agredido e humilhado pelo bandido) conta a um foca a verdadeira versão.
Não fora o mocinho da fita, mas o grosseiro, ainda que de boa índole,
Tom (Os Brutos Também Amam, como filosoficamente afirmou o título em
português de outro western famoso) quem, num misto de amor e
desprendimento, além é claro de um sentido de defesa do bem comum,
abatera o facínora. E o fizera escondido.
Diante da revelação inesperada, o jovem repórter, com seu zelo
profissional pela verdade e a pureza da idade, pergunta se o público não
teria o direito de conhecer os fatos tais como ocorreram, ainda que
isso viesse a empanar o brilho da carreira do bem-sucedido senador,
cujos primeiros passos estiveram ligados à improvável façanha. Ao que
seu experiente colega responde, com proficiência paternal: “No Velho
Oeste, há uma regra: quando o fato vira lenda, publique-se a lenda”.
O clássico de John Ford é uma metáfora quase perfeita de vários dos
aspectos que cercaram a morte do arquiterrorista Osama bin Laden. Talvez
a principal diferença seja a de que o personagem vivido por Lee Marvin
(cuja curiosa alcunha era “liberdade”) estava armado e chegou a sacar
do revólver. Entre os paralelos, o que mais salta aos olhos é a
convicção de que a verdadeira justiça dispensa as formalidades de um
julgamento.
Os bons e os justos sabem que o são, nasceram com essas virtudes, e o
seu julgamento não falha: sabem também onde está o bem e onde está o
mal. Não padecem de dúvidas hamletianas sobre a complexidade da
existência humana. Rance Stoddard não o fez, mas poderia perfeitamente
dizer depois de ter matado o facínora Valance (segundo ele cria, naquele
momento): “Justice is done”. Ou, justiça foi feita. Seguramente foi
esse o pensamento de todos os habitantes da cidadezinha de uma região
onde não havia lugar para a ambiguidade moral (ou para uma “moral da
ambiguidade”, como diria Simone de Beauvoir).
Tampouco deixa de chamar a atenção de quem acompanhou as reações
iniciais ao momentoso feito, a questão, colocada de maneira talvez mais
sutil, sobre quem foi o verdadeiro autor da façanha: o urbano, suave e
pacifista presidente atual ou seu antecessor, cujo estilo e ideias,
digamos assim, estavam mais próximos (até em razão de sua origem) do
Velho Oeste. Quem foi o responsável pelo início da caçada, quem
determinou ou aprovou os procedimentos ampliados ou aprimorados
(enhanced) de investigação? E quem foi que disse, em tom de quem sabe
perseguir uma causa justa, “nós o arrancaremos de sua toca” (we will
smoke him out).
Tudo isso parece irrelevante quando o secretário-geral da ONU
sacramenta do alto de sua autoridade moral de representante da
Comunidade das Nações a ideia de que a justiça foi feita. Se for assim,
pode alguém ingenuamente perguntar-se: para que tantos tribunais
internacionais, tantos conselhos e comissões, já que a justiça pode ser
obtida de forma tão mais simples e barata?
Em suma, para que relatores especiais sobre execução sumária, quando
na verdade quem determina se um ato foi uma execução sumária ou a
efetivação da justiça (natural, divina?) é seu próprio autor? Não
entremos na discussão sobre a legalidade das ações recentes, à luz da
Carta da ONU, da integridade territorial dos Estados ou das resoluções
do Conselho de Segurança.
Supor que o direito à legítima defesa, para legitimar um ato
praticado dez anos depois do que deu origem à reação, é esticar a corda
um pouco demais. Como também é zombar da inteligência mesmo dos mais
tolos e ingênuos sustentar que uma pessoa vivendo isolada do mundo, com
algumas mulheres e filhos (e aparentemente se deleitando com filmes
pornográficos), sem telefone ou internet, continuava a controlar a
elaboração e execução de ações terroristas de alguma envergadura.
Certamente, ninguém, salvo os familiares mais próximos e alguns
fanáticos, vai chorar a morte de Bin Laden. “O mundo tornou-se um lugar
melhor com seu desaparecimento”, poderá alegar-se, o que de resto é
verdade em relação a muitas outras pessoas, que nem por isso são
abatidas sumariamente.
O que está em jogo são procedimentos de justiça interna e
internacional, aquilo que os anglo-saxões chamam de due process. Com
tantas outras situações no mundo, em que o vilão pode ser posto para
correr (ou morrer), há razões para temer que o dito comum no faroeste
sobre ladrões de gado passe a ser uma norma não escrita do Direito
Internacional: “Enforque-se o cara, depois deem a ele um julgamento
justo”.
Neste caso, aliás, a julgar pelo segredo em torno das fotos e a
liberação altamente seletiva das informações, nem mesmo esse tipo de
justiça póstuma deve ser esperada.
Celso Amorim é ex-ministro das Relações Exteriores
do governo Lula. Formado em 1965 pelo Instituto Rio Branco, fez
pós-graduação em Relações Internacionais na Academia Diplomática de
Viena, em 1967. Entre inúmeros outros cargos públicos, Amorim foi
ministro das Relações Exteriores no governo Itamar Franco entre 1993 e
1995. Depois, no governo Fernando Henrique, assumiu a Chefia da Missão
Permanente do Brasil nas Nações Unidas e em seguida foi o chefe da
missão brasileira na Organização Mundial do Comércio. Em 2001, foi
embaixador em Londres.
Gerson Teixeira: O mito da eficiência do agronegócio
Código Florestal e a ineficiência do agronegócio
Por Gerson Teixeira
No site do MST
Às vésperas da provável aprovação, pela Câmara dos Deputados, do
Substitutivo Aldo Rebelo ao PL que altera o Código Florestal, todas as
complexas dimensões da matéria foram mais ou menos abordadas nos debates
do tema processados nos últimos meses. No entanto, as ponderações mais
importantes da comunidade científica, amplificadas por políticos,
lideranças da sociedade civil e ambientalistas, sobre os potenciais
danos socioambientais da propositura, dificilmente serão observadas no
texto da futura Lei.
Está claro que na perspectiva dos interesses seccionais do
agronegócio, os objetivos essenciais para a aprovação do texto do
Substitutivo na versão que circulou até a semana passada, envolvem: (i) o
resgate da regularidade ambiental, por meio da anistia de multas e do
rebaixamento dos compromissos com a recuperação de passivos ambientais,
especialmente em RL e APP; e (ii) a liberação de áreas para a expansão
das suas atividades através da institucionalização das chamadas “áreas
consolidadas” e da precarização da legislação ambiental, via a sua
descentralização.
No plano da prática política dos ruralistas, essas demandas replicam,
na temática ambiental, as estratégias políticas exitosas consagradas
nas sistemáticas ações pelo alongamento, repactuação e remissão de
dívidas no crédito rural.
Contudo, se no caso do endividamento os ruralistas sempre enfrentaram
(com êxito), resistências políticas por conta dos desdobramentos
fiscais dessas medidas, os propósitos de relaxamento dos passivos e da
legislação ambiental, encontram receptividade, ainda que tácita, em
parcela razoável da sociedade e do governo.
Isto porque, os pesados ônus políticos e ambientais de tais
concessões são relativizados ante as projeções dos substantivos “ganhos
econômicos” para o país com a forte inserção do agronegócio brasileiro
em um mercado internacional progressivamente mais atrativo para as
commodities agrícolas.
Por essa razão (entre outras), os ruralistas demandam a aprovação da
proposta Aldo para disponibilizar mais áreas para a atividade agrícola, e
assim libertar a atividade do suposto engessamento institucional atual
para a viabilização do potencial produtivo da agricultura brasileira.
Na realidade, trata-se de discurso oportunista na busca de “saída
fácil” para as insuficiências estruturais da base primária do
agronegócio.
Afora a confortável posição do Brasil em termos de disponibilidade de
áreas agricultáveis (não exploradas ou ineficientemente exploradas), a
realidade mostra que o grande óbice aos objetivos produtivistas da
atividade agrícola no Brasil está associado aos discretos índices de
produtividade dos seus principais produtos no plano mundial.
Uma eventual aproximação dos níveis de produtividade desses produtos
aos verificados nos países de primeira linha possibilitariam o
crescimento exponencial da produção agrícola brasileira, sem a
necessidade de concessões descabidas e de mutilações das normas
ambientais em vigor.
Os dados da FAO, referentes ao ano de 2009 confirmam essa realidade
para produtos estratégicos do agronegócio, desautorizando, portanto, as
pregações acerca da excelência dos padrões técnicos do agronegócio
brasileiro.
No caso do arroz, a produtividade média do produto no Brasil, de
4.365 Kg/Ha, coloca o país em 37ª posição no ranking mundial, atrás de
países como El Salvador, Peru, Somália, Ruanda, etc.
A produtividade média do milho no Brasil é ainda mais irrelevante em
termos globais. Ocupamos a 64ª posição mundial com produtividade média
de 3.7148 Kg/Ha.
No trigo, a insignificância dos níveis médios da produtividade do
produto no Brasil assume proporções vergonhosas. Com 2.200 Kg/Ha, o
Brasil está situado na 72ª posição.
Mesmo na soja, o produto carro-chefe do agronegócio exportador
brasileiro, a produtividade média, de 2.636 Kg/Ha, coloca o país na 9ª
posição no ranking mundial.
Na média de todos os cereais, a produtividade no Brasil em 2009, foi
de 3.526 Kg/Ha, o que colocou o país no 56º posto em termos globais.
Na pecuária de corte, afora a sofrível relação UA/área, o nosso
índice médio de produtividade, expresso em peso da carcaça, de 220
Kg/Animal, posiciona o país na 48ª colocação em todo o mundo.
É óbvio que os níveis da produtividade são fruto da interação de
muitas variáveis. Em cima desse fato, poderia haver a alegação de que
diferenças de fertilidade ou outras condições justificariam tal
desempenho do agronegócio brasileiro vis a vis os países que lideram os
níveis de produtividade.
Não obstante as nossas inegáveis potencialidades naturais para a
atividade agrícola, essa argumentação perde substância diante dos gastos
desproporcionais do país com fertilizantes e agrotóxicos. Em tese, a
utilização superintensiva desses produtos contrarrestaria os fatores, na
esfera natural, que propiciariam a outros países maiores desempenho em
produtividade.
De acordo com o IFA – International Fertilizer Industry Association, o
Brasil é o 4º maior consumidor de fertilizantes em todo o mundo, atrás,
apenas, da China, Índia e Estados Unidos. Observe-se que, por exemplo, a
área com cereais na China é 4.4 vezes superior á do Brasil; nos EUA, é 3
vezes maior; e, na Índia, 4.8 vezes superior que a área com cereais no
Brasil.
Quanto aos agrotóxicos, desde 2009 nos transformamos nos maiores
consumidores mundiais desses produtos conforme estudo encomendado pela
ANDEF – Associação Nacional de Defesa Vegetal.
Corroborando essa posição, os dados da FAO (FAOSTAT), atestam que a
partir de 2007 nos transformamos no principal país importador de
agrotóxicos.
Naquele ano, importamos US$ 282 milhões em inseticidas (incremento de
217% sobre o ano de 2000); com o Vietnã em segundo lugar, com
importações de US$ 150.2 milhões.
Em fungicidas, importamos US$ 242 milhões (incremento de 473% sobre
as importações de 2000), contra US$ 140 milhões da China, segundo maior
importador. Os dispêndios com importações de herbicidas somaram US$ 276
milhões (incremento de 139% sobre o ano de 2000). A Ucrânia, em segundo
lugar, importou US$ 171.4 milhões.
Em suma, esses dados mostram que, dominantemente, a agricultura
braseira ainda não completou a modernização conservadora, daí os níveis
relativamente medíocres da produtividade. Ou seja, ainda estamos no
curso de uma “revolução verde” tardia. Não é à toa que, diversamente da
maior parte dos países com tradição agrícola, somente na primeira década
deste século os índices de produção líquida per capita de alimentos no
Brasil passaram a ser positivos, i.e, a taxa de crescimento da produção
passou a suplantar a taxa de incremento populacional.
Significa que mesmo nos marcos da ciência agronômica que fornece o
substrato técnico do modelo produtivista, o Brasil não incorporou as
mais modernas inovações produtivas e de gestão.
A eloqüência dos discursos dos ruralistas sobre a excelência
produtivista do agronegócio encontra-se bem a frente dos indicadores
reais da atividade. Estivessem esses indicadores, compatíveis com os
discursos, o Brasil já teria multiplicado a sua produção agropecuária
sem a necessidade de precarizar ou afrouxar as normas ambientais em
prejuízo do futuro do próprio país.
Enfim, essa alegação para a alteração do Código Florestal não passa
de uma confissão da própria incompetência. Reafirma o descompromisso
natural de grande parte dos ruralistas com qualquer coisa que ultrapassa
o mata-burro da fazenda.
Chávez anuncia construção de 2 milhões de moradias
"Casa digna só é possível no socialismo", diz o papelzinho amarelo, como comprovante de compra, que Leidy Cona, de 26 anos, exibe na praça Bolívar, no centro de Caracas. O tíquete é a comprovação de que Leidy — grávida, mãe de um bebê de 14 meses e de um menino de 12 anos — está inscrita na "Gran Misión Vivienda Venezuela".
Espécie de versão venezuelana do
"Minha Casa, Minha Vida", o programa é o carro-chefe da campanha de Hugo
Chávez para tentar garantir a sua terceira eleição à Presidência em
2012. "Tenho esperança. Conheço gente que ganhou uma casa do
presidente", diz Leidy, que paga cerca de R$ 632, ou mais de um salário
mínimo local, para viver num quarto de pensão com a família.
Leidy faz parte do meio milhão de venezuelanos que, desde 7 de maio, responderam à convocação para se registrar no programa. Por enquanto, só é possível fazê-lo em cinco estados mais atingidos pelas chuvas de 2010. "Mãe solteira tem prioridade. Ordem do comandante", grita um senhor que distribui formulários na praça. "Não tem fila! É num instante!"
Habitação é agora tema obrigatório de analistas e políticos do governo e da oposição. Ainda mais num país que passou pela tragédia das chuvas e sofre um problema crônico do país — o déficit de 2 milhões de casas. Em 12 anos, o governo Chávez lançou ao menos três grandes programas habitacionais. Segundo o ministério responsável, é de 29 mil/ano a média de casas construídas pelo setor público.
Nenhum programa até agora teve a ênfase dada à ofensiva atual, já aplicada antes para a saúde e a educação (as missões cubanas) ou alimentação (as redes de mercadinhos com comida subsidiada). A meta ambiciosa martelada por Rafael Ramírez, presidente da estatal petroleira PDVSA, responsável pelo esforço, é construir 350 mil casas até 2012.
O número soma produção estatal, privada, por mutirão ou por convênios com China, Brasil, Rússia, entre outros. "Se a equipe do presidente conseguir entregar parte das casas prometidas, o efeito será muito forte, alavancará a esperança de um grupo enorme. O importante é a percepção", diz Jesse Chacón, ex-ministro de Chávez e diretor do instituto de pesquisa GIS 21.
Com planilha da popularidade do presidente, Chacón diz por que considera que Chávez acertou ao apostar no tema. Mostra que foi justamente no final do ano passado, com chuvas que deixaram 130 mil desabrigados, que a sua avaliação subiu. Hoje a aprovação a Chávez está em 51,1%, segundo a GIS 21, praticamente o mesmo do Datanálisis, o instituto privado mais importante do país.
Brasil presente
O governo Dilma negocia a participação na construção de ao menos quatro complexos produtivo-habitacionais que farão parte da versão local do "Minha Casa, Minha Vida". Os projetos serão parceria de Caracas com a coalizão de instituições brasileiras no país: o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Caixa Econômica Federal e a Embrapa, além de empresas do Brasil.
A ideia é coordenar o esforço habitacional com interesses do Brasil de ampliar a integração do sul venezuelano com o norte brasileiro. Um dos planos em discussão é instalar em Roraima fábrica de módulos para a construção de residências que serviria aos mercados brasileiro e venezuelano. Uma das metas é que a indústria atenda à demanda de casas na região da faixa do Orinoco, a maior reserva de petróleo local, que abrigará os principais projetos do setor nos próximos anos.
A Venezuela também pretende contar com missão de especialistas da Caixa Econômica Federal, que tentará passar experiência brasileira no financiamento de habitação popular para o programa venezuelano. A parceria integral é a estratégia do Brasil para garantir espaço num mercado de construção civil que, com ou sem Chávez, só crescerá nos próximos anos.
Da Redação do VERMELHO, com informações da Folha de S.Paulo
Leidy faz parte do meio milhão de venezuelanos que, desde 7 de maio, responderam à convocação para se registrar no programa. Por enquanto, só é possível fazê-lo em cinco estados mais atingidos pelas chuvas de 2010. "Mãe solteira tem prioridade. Ordem do comandante", grita um senhor que distribui formulários na praça. "Não tem fila! É num instante!"
Habitação é agora tema obrigatório de analistas e políticos do governo e da oposição. Ainda mais num país que passou pela tragédia das chuvas e sofre um problema crônico do país — o déficit de 2 milhões de casas. Em 12 anos, o governo Chávez lançou ao menos três grandes programas habitacionais. Segundo o ministério responsável, é de 29 mil/ano a média de casas construídas pelo setor público.
Nenhum programa até agora teve a ênfase dada à ofensiva atual, já aplicada antes para a saúde e a educação (as missões cubanas) ou alimentação (as redes de mercadinhos com comida subsidiada). A meta ambiciosa martelada por Rafael Ramírez, presidente da estatal petroleira PDVSA, responsável pelo esforço, é construir 350 mil casas até 2012.
O número soma produção estatal, privada, por mutirão ou por convênios com China, Brasil, Rússia, entre outros. "Se a equipe do presidente conseguir entregar parte das casas prometidas, o efeito será muito forte, alavancará a esperança de um grupo enorme. O importante é a percepção", diz Jesse Chacón, ex-ministro de Chávez e diretor do instituto de pesquisa GIS 21.
Com planilha da popularidade do presidente, Chacón diz por que considera que Chávez acertou ao apostar no tema. Mostra que foi justamente no final do ano passado, com chuvas que deixaram 130 mil desabrigados, que a sua avaliação subiu. Hoje a aprovação a Chávez está em 51,1%, segundo a GIS 21, praticamente o mesmo do Datanálisis, o instituto privado mais importante do país.
Brasil presente
O governo Dilma negocia a participação na construção de ao menos quatro complexos produtivo-habitacionais que farão parte da versão local do "Minha Casa, Minha Vida". Os projetos serão parceria de Caracas com a coalizão de instituições brasileiras no país: o Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada), a Caixa Econômica Federal e a Embrapa, além de empresas do Brasil.
A ideia é coordenar o esforço habitacional com interesses do Brasil de ampliar a integração do sul venezuelano com o norte brasileiro. Um dos planos em discussão é instalar em Roraima fábrica de módulos para a construção de residências que serviria aos mercados brasileiro e venezuelano. Uma das metas é que a indústria atenda à demanda de casas na região da faixa do Orinoco, a maior reserva de petróleo local, que abrigará os principais projetos do setor nos próximos anos.
A Venezuela também pretende contar com missão de especialistas da Caixa Econômica Federal, que tentará passar experiência brasileira no financiamento de habitação popular para o programa venezuelano. A parceria integral é a estratégia do Brasil para garantir espaço num mercado de construção civil que, com ou sem Chávez, só crescerá nos próximos anos.
Da Redação do VERMELHO, com informações da Folha de S.Paulo
Homenagem aos manifestantes da Marcha pela Liberdade de Expressão, em SP
Por Gerivaldo Neiva, Juiz de direito, em seu blog
Malandragem dá um tempo
Letra : Popular P. / Moacir Bombeiro / Adelzonilton – Intérprete: Bezerra da Silva
Vou apertar
Mas não vou acender agora
Vou apertar
Mas não vou acender agora
Eh! Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora
Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora...
Mas não vou acender agora
Vou apertar
Mas não vou acender agora
Eh! Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora
Se segura malandro
Prá fazer a cabeça tem hora...
Eh, você não está vendo
Que a boca tá assim de corujão
Tem dedo de seta adoidado
Todos eles afim
De entregar os irmãos
Malandragem dá um tempo
Deixa essa pá de sujeira ir embora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhhh!
Que a boca tá assim de corujão
Tem dedo de seta adoidado
Todos eles afim
De entregar os irmãos
Malandragem dá um tempo
Deixa essa pá de sujeira ir embora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhhh!
É que o 281 foi afastado
O 16 e o 12 no lugar ficou
E uma muvuca de espertos demais
Deu mole e o bicho pegou
Quando os home da lei grampeia
Coro come a toda hora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhhh!
O 16 e o 12 no lugar ficou
E uma muvuca de espertos demais
Deu mole e o bicho pegou
Quando os home da lei grampeia
Coro come a toda hora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhhh!
É que o 281 foi afastado
O 16 e o 12 no lugar ficou
E uma muvuca de espertos demais
Deu mole e o bicho pegou
Quando os home da lei grampeia
O coro come toda hora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhh!
O 16 e o 12 no lugar ficou
E uma muvuca de espertos demais
Deu mole e o bicho pegou
Quando os home da lei grampeia
O coro come toda hora
É por isso que eu vou apertar
Mas não vou acender agora...ihhhh!
No Norte da África, mídia radical gerou debate amplo e global, analisa especialista
Paulo Pastor Monteiro no Opera Mundi
O poder de influência
de centenas de grupos populares em redes sociais que, com um discurso de
contraposição ao status quo reinante em determinados países e regiões,
contribuíram para momentos de transformação social, chamou a atenção do
mundo. Na Tunísia e no Egito, o período anterior à queda dos governantes
foi marcado por manifestações nas ruas, mas também por demonstrações no
Twitter, Facebook e outros espaços na Internet.
Efe
A hoje célebre Praça Tahrir serviu de palco para uma série de manifestações prévias à deposição de Hosni Mubarak
Para Juarez Xavier, pesquisador
de mídias radicais e professor de jornalismo na Unesp (Universidade
Estadual Paulista), as mídias radicais são fundamentais para entender os
processos de mobilização pelo mundo. Em entrevista ao Opera Mundi,
o professor ressaltou que as ações populares tanto no Norte da África,
como o trabalho de grafiteiros, em São Paulo ou em Nova York, são
exemplos da importância e das possibilidades presentes nas mídias
radicais.
"Algumas circunstâncias, principalmente aquelas que levam a um ponto de
aglutinação de uma crise, pode fazer com que a mídia radical,
compartilhada apenas pelo grupo que a produz, gere um debate amplo e
global que atinja vários setores da sociedade", afirmou Xavier.
Como podemos definir o conceito de "mídias radicais"?
Mídia radical é toda aquela mídia que se opõe ao status quo.
O que significa isso? É a mídia que questiona a forma de organização --
seja ela política, econômica, social ou cultural -- do Estado. Ela se
distingue da mídia popular pelo caráter questionador, pois em alguns
casos as organizações populares são conservadoras em relação a estrutura
do Estado.
Mídia radical, portanto, é uma mídia que obrigatoriamente apresenta um posicionamento contrário a uma forma hegemônica de organização da sociedade. Ela se contrapõe a forma do Estado exercer sua concentração de violência, cultura, poder ou renda.
Sendo assim, é possível dizer que toda mídia radical tem um caráter revolucionário?
Revolucionário no sentido de mudar uma determinada ordem, nem sempre de esquerda. Por exemplo, a Kun Klux Klan, nos Estados Unidos, poderia ser enquadrada dentro dessa definição geral de mídia radical. Eles expressam o descontentamento com uma forma de organização do Estado, de um determinado padrão da sociedade norte-americana.
O que se percebe é que a mídia radical, na maioria dos casos, tem características de ser contra o capital. Você encontra organizações de mídias na África ou na América Latina com claras características anti-capitalistas. As mídias radicais, em países ou em regiões mais empobrecidas possuem traços que podem se enquadrar no viés político mais à esquerda. Isso acontece porque existem mais países no quais a predominância de organização do Estado é pautada pelo capital.
No Sudão, houve uma série de ações políticas punitivas contra as populações nativas islâmicas. Em resposta, esses grupos marginalizados passaram a lançar mão de vários recursos culturais, que se caracterizam como uma mídia radical. Começaram a valorizar e a se organizar inspirados na cultura tradicional; o uso do vestuário tradicional ganhou mais importância porque era uma forma de se opor à orientação do Estado; o resgate das músicas, poemas, grandes narrativas que rememoravam suas tradições ancestrais.
Manifestações de oposição a estruturas políticas do Estado que são pautadas nas formas tradicionais de organização desses povos. Nós classificamos as ferramentas utilizadas nesse exemplo como analógicas.
Há, também, grupos que usam tecnologias digitais. Utilizando a rede mundial de computadores, celulares, smartphones e outros diversos recursos tecnológicos à disposição. A África tem mostrado um grande número de possibilidades de visualização tanto das manifestações tradicionais como das de mídia digital.
No Brasil, há diversos grupos que têm usado esses mecanismos. A musicalidade do rap tem servido como instrumento de mídia radical. Há um grupo, em São Paulo, chamado "OPNI" (Objetos Pixadores Não-Identificados) que trabalha com intervenção urbana, usando o graffiti como instrumento de mídia radical.
É possível afirmar que o que define uma mídia como radical é a forma como ela utiliza as ferramentas de comunicação?
Não é propriamente a ferramenta que caracteriza a mídia radical, mas o conteúdo da ferramenta. Por exemplo, quando você usa Facebook, Orkut ou Twitter como uma forma de oposição sistemática ao governo, ela assume essa característica radical. A ferramenta em si potencializa a possibilidade, em especial as ferramentas digitais.
O professor Milton Santos, em um certo período, falava sobre a importância dessa familiaridade tecnológica e das possibilidades que elas criariam. Parte desses setores marginalizados, contra-hegemônicos, se apoderaram dessa tecnologia e reinventaram o conteúdo, então o que caracteriza mais a mídia radical não é propriamente o instrumento, mas a possibilidade de alteração do conteúdo. Dessa forma, pode-se chamar o impresso de mídia radical, desde que o conteúdo seja divergente, pode ser o eletrônico ou digital caso tenham esse mesmo caráter discordante.
Mas há casos em que a ferramenta tem mais importância?
Em algumas situações, o meio acaba sendo mais importante do que o conteúdo, em casos de repressão muito acentuada. Na Argentina, o exemplo das Mães da Praça de Maio. O que caracteriza o discurso delas? Um lenço na cabeça.
Então a mídia radical não precisa ter um meio de comunicação tradicional?
As mídias radicais usam, além dos canais tradicionais de comunicação, os "novos meios" de comunicação. As roupas dos meninos do hip-hop e dos punks têm um discurso. Em alguns casos, a mensagem que é passada pela roupa é determinada pelo contexto. É o caso das jovens mulheres que vivem em países islâmicos, onde algumas usam calça jeans para se contrapor a uma política do Estado. A simples utilização de uma calça tem uma característica radical desde que esteja sustentado em um movimento de ação política de oposição ao status quo.
Como é a estruturação desse grupos? Eles possuem objetivos definidos ou alguma forma de hierarquização?
Fundamentalmente, eles se dividem em dois níveis. Um deles seria o "modelo bolchevique": em um Estado muito fechado a tendência é que os grupos de mídia radical se organizem de forma centralizada, verticalizada, clandestina e com níveis hierárquicos muito bem definidos. Nesses casos, as pessoas envolvidas nesse processo de produção sabem que a qualquer momento um deles pode ser preso e isso pode significar o fim do projeto. Por isso, às vezes, a pessoa que passa a orientação não é conhecida.
Em outras situações, você tem experiências de mídias radicais opostas. É uma forma de organização praticamente anárquica, horizontal, sem lideranças e a forma de produção de conteúdo é mais coletiva, mais colaborativa.
A mídia radical se organiza de acordo com o contexto político, econômico e social no qual ela está inserida. Se for um ambiente muito fechado, ela tende a assumir a característica “bolchevique”. Mas se o espaço for mais democrático, ela tende a ser mais anárquica, colaborativa e, em alguns casos, com fóruns democráticos de decisão sobre como a mensagem será transmitida. Esse tipo de mídia se adapta à situação circundante.
Em uma de suas palestras você contou do caso de um grafiteiro que lhe disse: "O graffiti é a minha CNN".
Eu ouvi essa frase nos EUA. Lá os grupos de hip-hop possuem os quatro elementos - para alguns são cinco - entre eles o graffiti. Esses elementos têm a função de comunicar a opinião desses grupos divergentes com a comunidade. Muitos desses grupos usam o graffiti como uma forma de plataforma midiática, produzem conteúdo com um forte posicionamento político. Eu ouvi essa frase de um integrante de um grupo formado por jovens negros que luta contra o racismo. O graffiti que eles faziam, a mensagem que eles propunham, era frontalmente contra as diversas formas de manifestação de preconceito nos EUA.
Outros grupos têm feito isso pelo mundo afora, o graffiti tem assumido essa característica de funcionar como um veículo de comunicação de grupos divergentes. Quanto mais ele assume essa característica de funcionar como canal de diálogo para os grupos subalternos, mais ele assume e age como uma mídia radical informativa.
Esse menino foi muito feliz ao utilizar essa expressão. O graffiti é uma "nova CNN" porque é a forma como esses grupos usam para se comunicar e deixar claro o posicionamento contra-hegemônico que compartilham entre si.
A mídia radical tem a capacidade de produzir uma discussão que inclua toda a sociedade?
Nem sempre ela atinge a esfera pública global O que mais tem caracterizado a mídia radical é que ela tem constituído uma esfera pública radical, com um circuito de espaço que pode ser territorial, social, ou político no qual as suas ideias são discutidas e debatidas.
Às vezes, ela não atinge a esfera pública global, exceto em momentos de crise, mas ela gera a discussão entre os participantes desse grupos alternativos, que dependendo da forma de ruptura com a instituição do Estado ela pode ou não assumir características de esfera pública global.
No caso da Revolução Russa, no início de 1917, existia o Pravda que tinha um público pequeno, radical, quando estoura a Revolução, em Outubro, ele já é um jornal que atinge a esfera pública nacional. A crise se aglutinou de tal forma que o Pravda se tornou uma plataforma de contestação do governo czarista.
O que nós vimos agora no Norte da África, no Egito, em especial. Havia ali uma comunicação digital, muito pontual, que era uma esfera pública radical e alternativa e que com o passar do tempo e intensificação do conflito, passou a contaminar a esfera pública global. Ou seja, aquilo que era uma esfera parcial transformou-se em uma esfera pública ampla, a qual passou a influenciar a todos os principais pontos centrais da sociedade egípcia e criou uma situação de constrangimento para o governo Mubarak.
Algumas circunstâncias, principalmente aquelas que levam a um ponto de aglutinação de uma crise, pode fazer com que a mídia radical, compartilhada apenas pelo grupo que a produz, gere um debate amplo e global que atinja vários setores da sociedade.
Mídia radical, portanto, é uma mídia que obrigatoriamente apresenta um posicionamento contrário a uma forma hegemônica de organização da sociedade. Ela se contrapõe a forma do Estado exercer sua concentração de violência, cultura, poder ou renda.
Sendo assim, é possível dizer que toda mídia radical tem um caráter revolucionário?
Revolucionário no sentido de mudar uma determinada ordem, nem sempre de esquerda. Por exemplo, a Kun Klux Klan, nos Estados Unidos, poderia ser enquadrada dentro dessa definição geral de mídia radical. Eles expressam o descontentamento com uma forma de organização do Estado, de um determinado padrão da sociedade norte-americana.
O que se percebe é que a mídia radical, na maioria dos casos, tem características de ser contra o capital. Você encontra organizações de mídias na África ou na América Latina com claras características anti-capitalistas. As mídias radicais, em países ou em regiões mais empobrecidas possuem traços que podem se enquadrar no viés político mais à esquerda. Isso acontece porque existem mais países no quais a predominância de organização do Estado é pautada pelo capital.
No Sudão, houve uma série de ações políticas punitivas contra as populações nativas islâmicas. Em resposta, esses grupos marginalizados passaram a lançar mão de vários recursos culturais, que se caracterizam como uma mídia radical. Começaram a valorizar e a se organizar inspirados na cultura tradicional; o uso do vestuário tradicional ganhou mais importância porque era uma forma de se opor à orientação do Estado; o resgate das músicas, poemas, grandes narrativas que rememoravam suas tradições ancestrais.
Manifestações de oposição a estruturas políticas do Estado que são pautadas nas formas tradicionais de organização desses povos. Nós classificamos as ferramentas utilizadas nesse exemplo como analógicas.
Há, também, grupos que usam tecnologias digitais. Utilizando a rede mundial de computadores, celulares, smartphones e outros diversos recursos tecnológicos à disposição. A África tem mostrado um grande número de possibilidades de visualização tanto das manifestações tradicionais como das de mídia digital.
No Brasil, há diversos grupos que têm usado esses mecanismos. A musicalidade do rap tem servido como instrumento de mídia radical. Há um grupo, em São Paulo, chamado "OPNI" (Objetos Pixadores Não-Identificados) que trabalha com intervenção urbana, usando o graffiti como instrumento de mídia radical.
É possível afirmar que o que define uma mídia como radical é a forma como ela utiliza as ferramentas de comunicação?
Não é propriamente a ferramenta que caracteriza a mídia radical, mas o conteúdo da ferramenta. Por exemplo, quando você usa Facebook, Orkut ou Twitter como uma forma de oposição sistemática ao governo, ela assume essa característica radical. A ferramenta em si potencializa a possibilidade, em especial as ferramentas digitais.
O professor Milton Santos, em um certo período, falava sobre a importância dessa familiaridade tecnológica e das possibilidades que elas criariam. Parte desses setores marginalizados, contra-hegemônicos, se apoderaram dessa tecnologia e reinventaram o conteúdo, então o que caracteriza mais a mídia radical não é propriamente o instrumento, mas a possibilidade de alteração do conteúdo. Dessa forma, pode-se chamar o impresso de mídia radical, desde que o conteúdo seja divergente, pode ser o eletrônico ou digital caso tenham esse mesmo caráter discordante.
Mas há casos em que a ferramenta tem mais importância?
Em algumas situações, o meio acaba sendo mais importante do que o conteúdo, em casos de repressão muito acentuada. Na Argentina, o exemplo das Mães da Praça de Maio. O que caracteriza o discurso delas? Um lenço na cabeça.
Então a mídia radical não precisa ter um meio de comunicação tradicional?
As mídias radicais usam, além dos canais tradicionais de comunicação, os "novos meios" de comunicação. As roupas dos meninos do hip-hop e dos punks têm um discurso. Em alguns casos, a mensagem que é passada pela roupa é determinada pelo contexto. É o caso das jovens mulheres que vivem em países islâmicos, onde algumas usam calça jeans para se contrapor a uma política do Estado. A simples utilização de uma calça tem uma característica radical desde que esteja sustentado em um movimento de ação política de oposição ao status quo.
Como é a estruturação desse grupos? Eles possuem objetivos definidos ou alguma forma de hierarquização?
Fundamentalmente, eles se dividem em dois níveis. Um deles seria o "modelo bolchevique": em um Estado muito fechado a tendência é que os grupos de mídia radical se organizem de forma centralizada, verticalizada, clandestina e com níveis hierárquicos muito bem definidos. Nesses casos, as pessoas envolvidas nesse processo de produção sabem que a qualquer momento um deles pode ser preso e isso pode significar o fim do projeto. Por isso, às vezes, a pessoa que passa a orientação não é conhecida.
Em outras situações, você tem experiências de mídias radicais opostas. É uma forma de organização praticamente anárquica, horizontal, sem lideranças e a forma de produção de conteúdo é mais coletiva, mais colaborativa.
A mídia radical se organiza de acordo com o contexto político, econômico e social no qual ela está inserida. Se for um ambiente muito fechado, ela tende a assumir a característica “bolchevique”. Mas se o espaço for mais democrático, ela tende a ser mais anárquica, colaborativa e, em alguns casos, com fóruns democráticos de decisão sobre como a mensagem será transmitida. Esse tipo de mídia se adapta à situação circundante.
Em uma de suas palestras você contou do caso de um grafiteiro que lhe disse: "O graffiti é a minha CNN".
Eu ouvi essa frase nos EUA. Lá os grupos de hip-hop possuem os quatro elementos - para alguns são cinco - entre eles o graffiti. Esses elementos têm a função de comunicar a opinião desses grupos divergentes com a comunidade. Muitos desses grupos usam o graffiti como uma forma de plataforma midiática, produzem conteúdo com um forte posicionamento político. Eu ouvi essa frase de um integrante de um grupo formado por jovens negros que luta contra o racismo. O graffiti que eles faziam, a mensagem que eles propunham, era frontalmente contra as diversas formas de manifestação de preconceito nos EUA.
Outros grupos têm feito isso pelo mundo afora, o graffiti tem assumido essa característica de funcionar como um veículo de comunicação de grupos divergentes. Quanto mais ele assume essa característica de funcionar como canal de diálogo para os grupos subalternos, mais ele assume e age como uma mídia radical informativa.
Esse menino foi muito feliz ao utilizar essa expressão. O graffiti é uma "nova CNN" porque é a forma como esses grupos usam para se comunicar e deixar claro o posicionamento contra-hegemônico que compartilham entre si.
A mídia radical tem a capacidade de produzir uma discussão que inclua toda a sociedade?
Nem sempre ela atinge a esfera pública global O que mais tem caracterizado a mídia radical é que ela tem constituído uma esfera pública radical, com um circuito de espaço que pode ser territorial, social, ou político no qual as suas ideias são discutidas e debatidas.
Às vezes, ela não atinge a esfera pública global, exceto em momentos de crise, mas ela gera a discussão entre os participantes desse grupos alternativos, que dependendo da forma de ruptura com a instituição do Estado ela pode ou não assumir características de esfera pública global.
No caso da Revolução Russa, no início de 1917, existia o Pravda que tinha um público pequeno, radical, quando estoura a Revolução, em Outubro, ele já é um jornal que atinge a esfera pública nacional. A crise se aglutinou de tal forma que o Pravda se tornou uma plataforma de contestação do governo czarista.
O que nós vimos agora no Norte da África, no Egito, em especial. Havia ali uma comunicação digital, muito pontual, que era uma esfera pública radical e alternativa e que com o passar do tempo e intensificação do conflito, passou a contaminar a esfera pública global. Ou seja, aquilo que era uma esfera parcial transformou-se em uma esfera pública ampla, a qual passou a influenciar a todos os principais pontos centrais da sociedade egípcia e criou uma situação de constrangimento para o governo Mubarak.
Algumas circunstâncias, principalmente aquelas que levam a um ponto de aglutinação de uma crise, pode fazer com que a mídia radical, compartilhada apenas pelo grupo que a produz, gere um debate amplo e global que atinja vários setores da sociedade.
Médicos fazem campanha para “matar” Ronald McDonald
A combinação de alimentos gordurosos, ricos em calorias, açúcar e
sódio com uma estratégia (em parte) voltada para crianças fez do
McDonald’s alvo de uma carta aberta publicada esta semana nos grandes
jornais dos Estados Unidos. Médicos americanos reunidos no portal
Letter to McDonald’s.org assinam o documento e pedem que o palhaço
Ronald McDonald deixe de ser usado pela rede de fast-food como
garoto-propaganda.Os profissionais da saúde ligam a epidemia da
obesidade — que teria triplicado no país nas últimas três décadas —
diretamente ao consumo promovido pela alimentação rápida. Eles também
pedem que a cadeia de restaurantes não distribua mais nenhum brinde com
seu McLanche Feliz, combo cujo sanduíche, no Brasil, pode ter entre 257
kcal e 310 kcal (13% e 16% da quantidade de calorias recomendada por dia
a um adulto, respectivamente). No caso da gordura, o lanche pode ter
até um quarto da quantidade diária recomendada para adultos.
A discussão não é recente, mas ganhou novo combustível com o protesto dos médicos.
“Pare de fazer a próxima geração doente. Aposente o Ronald e o resto de
seu marketing de junk food para crianças”, afirmou, por exemplo, o
doutor Steven K. Rothsochilf, da unidade de Medicina Preventiva da Rush
Medical College, de Chicago. Segundo o estudo publicado na carta, o
marketing seria ruim nesse caso por induzir crianças a comerem comida
gordurosa.
Ronald McDonald apareceu pela primeira vez em 1963, em três
comerciais diferentes do McDonald’s para a TV. Nessa época, era
interpretado por Willard Scott, que até o ano anterior encarnava a
versão americana do palhaço Bozo. Em 2010, a ONG Responsabilidade
Corporativa Internacional já havia sugerido a retirada do personagem
ruivo das campanhas da empresa de fast-food.
Desta vez, o McDonald’s, em comunicado oficial, defendeu sua
principal mascote. “Como rosto da Ronald McDonald House Charities
[organização da empresa que busca promover a saúde infantil], Ronald é
um embaixador a serviço do bem, que dá mensagens importantes às crianças
sobre segurança, alfabetização e um estilo de vida ativo e
equilibrado”, diz o texto.
Fonte: Meio&Mensagem
sábado, 21 de maio de 2011
Ministra pede punição de Roger Abdelmassih por manipular embriões e abuso sexual
por Conceição Lemes no Viomundo
Roger Abdelmassih, o “rei da paternidade”, está condenado a 278 anos
de cadeia. Ele foi preso, mas graças a um habeas corpus concedido pelo
ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), ele foi
solto e acabou fugindo do Brasil. Hoje é um foragido da Justiça.
No último final de semana, a revista Época publicou a
reportagem “A clínica do horror”, que torna público outras
monstruosidades daquele que já foi médico queridinho de 99,99% da mídia
brasileira e das celebridades.
Como bem observa Fátima Oliveira no artigo O Conselho Nacional dos Direitos da Mulher (CNDM) vai calar?,
algumas chamadas da matéria falam por si: “Pais descobriram que os
bebês concebidos com a ajuda do fugitivo Roger Abdelmassih não eram seus
filhos biológicos”; “O casal que recebeu R$ 600 mil para ficar em
silêncio”; e “Um cientista que frequentava o laboratório denuncia
manipulação genética…”.
No seu artigo, Fátima cobra uma posição do CNDM: “Como cidadã eu
quero saber: O CNDM vai ou não exigir do governo as medidas cabíveis
para proteger mulheres e homens nos processos de fertilização in vitro
(FIV) e as crianças nascidas por tais meios?
Como jornalista e cidadã, eu também. Tanto que desde o início desta
semana tento saber da ministra Iriny Lopes, da Secretaria de Política
para as Mulheres (SPM), ligada à presidência da República, que medidas
serão adotadas em relação ao caso.
Pois a assessoria de imprensa da ministra acaba de responder a esta
repórter, informando que ela solicitou ao Ministério Público do Estado
de São Paulo a “imediata e rigorosa punição do médico Roger
Abdelmassih, acusado de praticar crimes de abuso sexual de mulheres e a
manipulação indevida de material genético.”
Em outro documento, enviado ao Conselho Regional de São Paulo
(Cremesp), a ministra “pediu a cassação definitiva do registro de Roger,
em virtude da prática de crimes cometidos no exercício da profissão
de medicina”.
A questão agora é prendê-lo. Mas como e onde?
Segue a íntegra da resposta da assessoria de imprensa da SPM
A ministra Iriny Lopes, Secretaria de Política para as Mulheres
(SPM) encaminhou, nessa quinta-feira (19/05), um oficio ao Ministério
Público de São Paulo solicitando a imediata e rigorosa punição do
médico Roger Abdelmassih, acusado de praticar crimes de abuso sexual de
mulheres e a manipulação indevida de material genético.
Em outro documento remetido ao Conselho Regional de Medicina
Paulista, a ministra pediu a cassação definitiva do registro de Roger,
em virtude da prática de crimes cometidos no exercício da profissão de
medicina.
A SPM, que acompanha o caso desde de 2009, reitera nos
documentos pedido para que o Poder Judiciário adote providências
efetivas e que o acusado seja responsabilizado pelos crimes praticados.
Nesse sentido, a SPM, que têm por compromisso desenvolver
políticas públicas de enfrentamento à violência e discriminação contra
as mulheres, vem somar-se ao clamor da sociedade brasileira e dos
movimentos feministas e de mulheres para que a justiça seja plena e os
direitos humanos das mulheres sejam garantidos
Acampados nas ruas, espanhóis protestam por reformas e uma participação mais ativa na política
No OperaMundi
“Praça Livre, aqui ninguém nos representa”, indica um cartaz escrito com tinta preta na entrada da Praça Catalunha de Barcelona, um dos epicentros do surpreendente Movimento 15-M (em referência ao dia 15 de maio), que gerou uma onda de protestos que se estende por toda a Espanha. Milhares de cidadãos comuns protestam há sete dias contra o atual sistema político e econômico de um país com mais de 40% de desemprego juvenil.
E prometem continuar, apesar de a junta eleitoral ter proibido as
manifestações neste fim de semana antes das eleições locais deste
domingo, ainda que a polícia tenha anunciado que somente atuará em caso
de distúrbios ou alterações de ordem.
Em Barcelona, os “indignados” dividiram a praça em três áreas simbólicas – Tahrir, Palestina e Islândia – colocando, ao redor, barracas protegidas do sol por lonas de plástico, cada uma representando uma “comissão” distinta: desde infraestruturas e comunicação até atividades e cozinha. Em frente a eles, se aglomeram dezenas de pessoas, a maioria jovens, mas também aposentados e trabalhadores que se interessam pelas propostas do novo movimento.
Em Barcelona, os “indignados” dividiram a praça em três áreas simbólicas – Tahrir, Palestina e Islândia – colocando, ao redor, barracas protegidas do sol por lonas de plástico, cada uma representando uma “comissão” distinta: desde infraestruturas e comunicação até atividades e cozinha. Em frente a eles, se aglomeram dezenas de pessoas, a maioria jovens, mas também aposentados e trabalhadores que se interessam pelas propostas do novo movimento.
Efe
A Praça da Catalunha tornou-se o foco dos protestos em Barcelona. Manifestantes prometem continuar até domingo.
“Isso é como o Speaker’s Corner, mas à sua maneira”, comentou
atrás da mesa da comissão de cozinha Alberto Velasco, um comerciante de
32 anos, em referência ao famoso local de debate no Hyde Park de
Londres. “Estamos fartos que os pobres paguem a crise dos ricos, a
corrupção aqui é um escândalo. Há muita vontade que algo mude, esta é
uma centelha de esperança”.
Enquanto fala, não deixa nem por um segundo de atender os cidadãos que chegam carregados com bolsas de plástico repletas de comida e utensílios de cozinha para apoiar o protesto. Algumas pessoas perguntam como podem contribuir com dinheiro e depositam 5, 10, 15 euros, em um pote de plástico que está sobre a mesa.
Enquanto fala, não deixa nem por um segundo de atender os cidadãos que chegam carregados com bolsas de plástico repletas de comida e utensílios de cozinha para apoiar o protesto. Algumas pessoas perguntam como podem contribuir com dinheiro e depositam 5, 10, 15 euros, em um pote de plástico que está sobre a mesa.
Efe
Cabanas foram erguidas na Praça Porta do Sol, onde os milhares de manifestantes pretedem apresentar reivindicações.
No outro extremo da praça, atravessando acalorados corredores de
cidadãos e fileiras de mensagens de reivindicações de todo o tipo
penduradas em cordas, é possível alcançar o local onde se encontra a
comissão de comunicação. Lá, Enric Martín, funcionário de 43 anos e um
dos porta-vozes do movimento, comenta que, no princípio, o coletivo era
formado sobretudo por estudantes que se organizaram através das redes
sociais como #spanishrevolution no Twitter.
Entretanto, desde terça-feira (17/05), os mais velhos também se
somaram ao protesto após interarem-se pela rádio e televisão. Ele mesmo
chegou havia alguns dias perguntando-se o que poderia fazer, equipado
com um computador com conexão via satélite. “Há pouco cortaram a conexão
wi-fi na praça, para que não possamos expandir nossa mensagem”,
protesta.
Martín comentou que o movimento, chamado “Democracia Real Ya”, não conta com um líder, é sobretudo pacífico, e destacou que as decisões são adotadas pelo maioria na assembleia popular que é realizada no final do dia. A noite de quinta-feira (19/05) anterior reuniu sete mil pessoas, precedida por um sonoro panelaço. Até agora seu objetivo foi identificar o movimento e organizar-se, ainda que já trabalham na apresentação de um manifesto com exigências mínimas que deverão ser aprovadas em assembleia.
Em Madri, onde o movimento nasceu após uma concentração realizada no último domingo, os manifestantes apresentaram algumas propostas entre as quais figura a reforma eleitoral. Entre elas que a iniciativa privada não possa financiar os partidos e que não haja acusados por corrupção nas listas eleitorais. Tudo isso ainda está para ser decidido. Os protestos serão estendidos para além das eleições de domingo?, pergunto a Martín antes de me despedir. “Veremos, em breve veremos”, afirma.
Martín comentou que o movimento, chamado “Democracia Real Ya”, não conta com um líder, é sobretudo pacífico, e destacou que as decisões são adotadas pelo maioria na assembleia popular que é realizada no final do dia. A noite de quinta-feira (19/05) anterior reuniu sete mil pessoas, precedida por um sonoro panelaço. Até agora seu objetivo foi identificar o movimento e organizar-se, ainda que já trabalham na apresentação de um manifesto com exigências mínimas que deverão ser aprovadas em assembleia.
Em Madri, onde o movimento nasceu após uma concentração realizada no último domingo, os manifestantes apresentaram algumas propostas entre as quais figura a reforma eleitoral. Entre elas que a iniciativa privada não possa financiar os partidos e que não haja acusados por corrupção nas listas eleitorais. Tudo isso ainda está para ser decidido. Os protestos serão estendidos para além das eleições de domingo?, pergunto a Martín antes de me despedir. “Veremos, em breve veremos”, afirma.
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