Revoltas no Chile, em Israel e em Londres são uma resposta da juventude ao quadro de devastação social legado por décadas de neoliberalismo. Pela primeira vez em um século, na Europa, as novas gerações têm um nível de vida inferior ao de seus pais |
por Ignacio Ramonet no LEMONDE-BRASIL |
“O mundo só será salvo, caso tenha salvação, pelos insubmissos” André Gide (Protesto contra a austeridade econômica em frente ao Parlamento grego) Primeiro foram os árabes, depois os gregos, logo os espanhóis e os portugueses, seguidos pelos chilenos e israelenses. E, em agosto, com muito barulho e fúria, os britânicos. Jovens do mundo todo espalham uma epidemia de indignação, semelhante à que percorreu o planeta – da Califórnia a Tóquio, passando por Paris, Berlim, Madri e Praga – nos anos de 1967 e 1968 e mudou os costumes da sociedade ocidental. Naquela época, tempos prósperos, a juventude pedia para ocupar o próprio espaço com mais liberdade. Hoje é diferente. O mundo está pior e as esperanças esmoreceram. Pela primeira vez em um século, na Europa, as novas gerações têm um nível de vida inferior ao de seus pais. O processo globalizador neoliberal brutaliza os povos, humilha os cidadãos e despoja os jovens de futuro. E a crise financeira, com suas “soluções” de austeridade contra a classe média e os mais humildes, piora o mal-estar geral. Os Estados democráticos estão renegando os próprios valores. Em tais circunstâncias, a submissão e o acatamento da ordem são absurdos. Por outro lado, as explosões de indignação e protesto resultam normais em função da conjuntura, e vão multiplicar-se. A violência está crescendo, apesar dos levantes terem diferente formato em Tel Aviv, Santiago do Chile ou Londres. A impetuosa explosão inglesa se diferencia dos outros protestos juvenis – em geral pacíficos, embora com enfrentamentos pontuais em Atenas, Santiago e outras capitais – pelo grau de violência utilizado. Outra diferença essencial: os amotinados ingleses, talvez pelo pertencimento de classe, não verbalizaram seu descontentamento. Nem colocaram seu furor a serviço de uma causa política ou da denúncia da desigualdade concreta. Nessa guerrilha urbana, nem sequer saquearam os bancos com ira sistemática. Deram a (lamentável) impressão de que a raiva pela condição de despossuídos e frustrados tinha como único foco as vitrines repletas de maravilhas do mundo do consumo. De qualquer forma, como tantos outros “indignados”, esses esquecidos pelo sistema – que já não pode oferecer-lhes um lugar na sociedade, um futuro – expressavam o desespero. Um aspecto particular do neoliberalismo que incomoda muito, do Chile a Israel, é a privatização dos serviços públicos, pois significa um roubo manifesto do patrimônio da população. Para os que não possuem nada, deveria existir a escola pública, o hospital público, o transporte público, gratuitos ou subvencionados pela coletividade. Quando esses direitos básicos e inalienáveis são privatizados, não se configura apenas o roubo dos bens da cidadania (pois foram custeados com impostos), mas também a destituição do único patrimônio das camadas mais pobres. Trata-se de uma dupla injustiça, e uma das raízes da onda de ira atual. Com relação à fúria dos manifestantes, uma testemunha dos levantes de Tottenham declarou: “O sistema não cessa de favorecer os ricos e massacrar os pobres. Há cortes nos serviços públicos, as pessoas morrem nas salas de espera dos hospitais depois de terem esperado um médico horas a fio”.1 No Chile, há três meses, milhares de estudantes apoiados por uma parte importante da sociedade reivindicam a estatização da educação, privatizada durante a ditadura neoliberal do general Pinochet (1973-1990). Exigem, ademais, que o direito a uma educação pública de qualidade seja garantido pela Constituição. E explicam que, como está, “a educação já não é um mecanismo de mobilidade social. Ao contrário: é um sistema que reproduz as desigualdades sociais”.2 Para que os pobres continuem sendo pobres... Em Tel Aviv, no dia 6 de agosto, com o grito de ordem “O povo quer justiça social!”, cerca de 300 mil pessoas se manifestaram em apoio ao movimento dos jovens “indignados” que pedem mudanças nas políticas públicas do governo neoliberal de Benyamin Netanyahou.3 Um estudante declarou: “Quando o salário de alguém que trabalha não dá nem para cobrir os gastos com alimentação, é porque o sistema não funciona. E isso não é um problema individual, é um problema do governo, e coletivo”.4 O suicídio social Desde a década de 1980 e da influente economia de Ronald Reagan, o modelo adotado pelo governo desses países – em especial o dos Estados europeus hoje debilitados pela crise da dívida – é o mesmo: redução drástica dos gastos públicos, cortes particularmente brutais no orçamento social. Um dos resultados dessa política foi o crescimento vertiginoso do desemprego entre os jovens (na União Europeia, 21%, e na Espanha, 42,8%). Esses números indicam a impossibilidade de toda uma geração entrar na vida ativa. Trata-se de um suicídio social. Em vez de reagir, os governos, assustados pelas quedas recentes das bolsas de valores, insistem em satisfazer as necessidades dos mercados e dos bancos a qualquer custo, quando o que deveriam fazer, e de uma vez só, era desarmar os mercados,5 obrigá-los a uma regulamentação mais rígida. Até quando aceitaremos que a especulação financeira imponha seus critérios para as políticas públicas e a representação política? Que sentido tem essa democracia? Para que serve o voto dos cidadãos se, finalmente, quem manda são os mercados? No próprio seio do modelo capitalista existem alternativas realistas, defendidas e respaldadas por especialistas reconhecidos internacionalmente. É possível citar, de cara, dois exemplos concretos. Primeiro: o Banco Central Europeu (BCE) poderia se converter em Banco Central de verdade e emprestar dinheiro (com condições definidas) aos Estados da Zona do Euro para que estes financiem seus gastos. Hoje, essa atuação está proibida ao BCE, o que obriga os Estados a recorrer aos juros astronômicos dos mercados. Essa medida acabaria com a crise da dívida. Segundo: parar de prometer e exigir, de fato, a Taxa sobre Transações Financeiras (TTF). Com o módico imposto de 0,1% sobre o intercâmbio de ações e o mercado de capitais, a União Europeia poderia obter, por ano, entre 30 e 50 bilhões de euros, o suficiente para financiar com folga os serviços públicos, restaurar o Estado de Bem-Estar Social e oferecer um futuro mais esperançoso às novas gerações. Ou seja, as soluções técnicas existem. Mas onde está a vontade política? Ignacio Ramonet é jornalista, sociólogo e diretor da versão espanhola de Le Monde Diplomatique. Ilustração: Pascal Rossignol/ Reuters 1 Libération, Paris, 15 ago. 2011. 2 Le Monde, Paris, 12 ago. 2011. 3 De acordo com pesquisa de opinião, as reivindicações dos “indignados” israelenses contam com 88% de aprovação dos cidadãos (Libération, op. cit.). 4 Le Monde, Paris, 16 ago. 2011. 5 Ignacio Ramonet, “Desarmar a los mercados” [Desarmar os mercados], Le Monde diplomatiqueem espanhol. Dezembro de 1997. |
Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
segunda-feira, 26 de setembro de 2011
Geração sem futuro
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Palestina, Bahrein e a hipocrisia americana
Hipocrisia deslavada é algo que com frequência destrói a reputação, seja de uma pessoa ou de um país.
O presidente Barack Obama parece ter achado que poderia ir à ONU ostentar tanto a liberação da Líbia e mais um adiamento dos direitos palestinos, e que essas posturas o fariam popular no sul global. Na verdade, ele pareceu apenas inconsistente, hipócrita e pensando nos próprios interesses.
Os Estados Unidos não estiveram na vanguarda das mudanças que varreram o Oriente Médio nos últimos meses, e seu instinto enquanto Superpoder é apoiar o status quo. Assim, o governo Obama não encontrou nada para dizer sobre a Tunísia até que a população já tivesse conseguido expulsar seu presidente. O presidente Obama parece ter sentado no muro sobre o que fazer com o Egito após 25 de janeiro, mas seu instinto certamente não foi o de apoiar os revolucionários contra o governo. Apenas uma semana antes que tudo estivesse acabado é que Obama se juntou ao coro daqueles dizendo que Mubarak deveria sair.
Foram Arábia Saudita, França e Grã-Bretanha que decidiram que Muammar Qaddafi tinha que sair do poder. Obama relutantemente se uniu a eles.
No ínterim, os EUA têm feito pouco a não ser soltar uns resmungos a respeito do esmagamento do movimento popular por reforma no Bahrein. Ali, geopolítica triunfou sobre preocupações com direitos humanos. A monarquia sunita no Bahrein arrenda aos EUA a base naval que serve de quartel general para a Quinta Frota.
Agora, descobre-se que o governo Obama quer até mais ou menos recompensar o governo do Bahrein pela repressão, retomando as vendas de armas. É como uma viúva há uma semana que decide sair por aí dançando.
Mas a maior hipocrisia em Washington foi reservada para os palestinos, que labutam sob uma repressiva ocupação militar na Cisjordânia e estão cercados e bloqueados em Gaza. Se há alguma diferença, eles são mais despojados do que os povos de Egito e Tunísia eram há alguns meses.
Mas a resposta do governo Obama à proposta dos palestinos para tornarem-se membros das Nações Unidas tem sido trabalhar para preveni-la, lidar duramente com Mahmoud “Abu Mazen” Abbas e torcer os braços de países como Nigéria e Gabão para que votem contra a proposta.
O argumento de Obama, que simplesmente ecoa o do governo do Likud em Israel, é que, ao ir à ONU, a Autoridade Palestina está evitando o processo de paz. Mas essa é uma proposição ridícula. Não existe processo de paz. Obama fracassou em estabelecer um. Assim, os palestinos estão corretos ao pegarem um atalho para desviar dos EUA na região, já que a política americana em relação a seu povo tem sido, desde os tempos de Harry Truman, sacrificá-los no altar da política interna americana (Truman observou que ele tinha constituintes judeus, mas nenhum palestino). Os lobbies pró-Israel nos EUA são tão poderosos e bem sucedidos que 81 congressistas passaram parte de seu recesso de agosto em Israel!
Os palestinos estão sem estado. Não têm cidadania em nada. É por isso que Benjamin Netanyahu pôde dar curto-circuito no processo de Oslo, e é por isso que Israel pôde renegar à seu bel prazer todos os compromissos que havia firmado com os palestinos. É por isso que terras palestinas podem ser usurpadas à vontade por intrusos israelenses na Cisjordânia.
Obama fez discursos interessantes sobre a Primavera Árabe, sobre a vontade dos povos e o idealismo e ativismo dos jovens. Ele fez isso mesmo em relação a países como Egito, onde a ditadura de Mubarak serviu tão fielmente aos interesses americanos.
Mas aparentemente ele acha que os palestinos de Gaza, que não são permitidos pelos israelenses sequer a exportar os bens que produzem, merecem apenas ainda mais ocupação via bloqueio, até o dia em que o governo israelense de extrema-direita decidir unilateralmente revogar suas políticas punitivas contra os palestinos, que ficaram sem estado devido à campanha sionista de limpeza étnica de 1947-1948 (40% da população de Gaza, suas famílias expulsas de casa por israelenses, ainda vive em campos de refugiados).
Obama faz bons discursos e consegue invocar altos ideais, mas quando, no Bahrein e na Palestina, Washington adota massiva hipocrisia, mina completamente a boa vontade que poderia de outra forma ter ganho por pelo menos não ter ficado no caminho das mudanças na Tunísia e no Egito, e por ter intervindo para prevenir um massacre de Qaddafi na Líbia.
Vitórias em política externa são raras. Obama desperdiçou as suas ao se rebaixar às forças direitistas em Manama e Tel Aviv. Esse é o tipo de mudança em que a juventude árabe jamais será capaz de acreditar.
Juan Cole é professor de História na Universidade de Michigan, há mais de três décadas estuda as relações entre o Ocidente e o mundo muçulmano. Comentarista em diversos canais de tevê, é autor, entre outros, de Engaging the Muslim World (2009).
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domingo, 25 de setembro de 2011
A surpreendente arte de Joe Fenton
Prepare-se para ficar de queixo caído.
Joe Fenton é um artista contemporâneo formado pela Escola de Arte de Wimbledon, que trabalhou na indústria cinematográfica para empresas como Disney e Miramax, como designer e escultor. Mudou-se para Nova Iorque, onde recebeu seu primeiro contrato publicitário com a Simon & Schuster como ilustrador e escritor, escreveu dois livros e atualmente trabalha em um terceiro.
Os trabalhos dele são feitos à mão, utilizando apenas grafite e tinta acrílica para finalização. Na maioria das vezes são em preto e branco, com muitos elementos detalhados minuciosamente, e abusando de contrastes e jogos de sombra e luz.
O artista foi um dos vinte finalistas selecionados entre milhares de candidatos por todo EUA para se apresentar em 2010 no Miami Art Basel, na Flórida. A sua inspiração? Os primeiros surrealistas, Hieronymous Bosch e Pieter Bruegel. Ele também se inspira em ilustradores infantis como Arthur Rackham e Wayne Anderson, e aprecia a excelência gráfica de M.C. Escher.
O resultado é um trabalho impressionante de tão impecável. Abaixo, você pode ver fotos do processo de trabalho na obra Solitude, que começou no ano passado e só terminou recentemente, todo trabalhado a lápis, guache e tinta acrílica.
Ainda dá para conferir o vídeo de The Lullaby, outra obra de Fenton:
Curtiu? Você pode ver mais sobre o trabalho de Joe Fenton (e até comprar obras) pelo site dele.
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A íntegra do discurso de Mahmoud Abbas na ONU
"O objetivo do povo palestino é o reconhecimento de seus direitos nacionais inalienáveis em seu Estado independente da Palestina, com Jerusalém oriental como capital, em todas as terras da Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental e Faixa de Gaza – que Israel ocupou na guerra de junho de 1967 –, em conformidade com as resoluções de legislação internacional e com o reconhecimento de uma solução justa e acordada para a questão dos refugiados da Palestina".
Mahmoud Abbas no CARTA MAIOR
Texto integral oficial do discurso do presidente Mahmoud Abbas na ONU em 23/9/2011
Sr. Presidente da Assembleia Geral das Nações Unidas,
Sr. Secretário-Geral das Nações Unidas,
Excelências, senhoras e senhores,
Antes de mais nada, eu gostaria de dar meus parabéns para o Sr. Nassir Abdulaziz Al-Nasser por ter aceitado a presidência da Assembleia para esta sessão, e lhe desejo todo sucesso.
Reafirmo hoje meus sinceros parabéns, em nome da Organização para a Libertação da Palestina e do povo palestino, para o governo e o povo do Sudão do Sul por sua merecida admissão como membro pleno das Nações Unidas, desejando-lhes progresso e prosperidade.
Felicito também o Secretário-Geral, Sr. Ban Ki-moon, por sua eleição para um novo mandato à frente da Organização das Nações Unidas. Essa renovação da confiança reflete o reconhecimento do mundo por seus esforços, o que fortaleceu o papel das Nações Unidas.
Excelências, senhoras e senhores,
A Questão Palestina está intrinsecamente relacionada com as Nações Unidas, por meio das resoluções aprovadas por seus diversos órgãos e agências e pelo papel essencial e elogiável da United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East [Agência das Nações Unidas de Ajuda Humanitária e Emprego para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio] - UNRWA - que representa a responsabilidade internacional em relação à situação dos refugiados palestinos, vítimas da Al-Nakba (catástrofe) de 1948. Aspiramos e buscamos um papel maior e mais eficaz para as Nações Unidas no que diz respeito ao trabalho para alcançar uma paz justa e abrangente em nossa região, que assegure os inalienáveis, legítimos direitos nacionais do povo palestino, tal como definido pelas resoluções de legislação internacional das Nações Unidas.
Excelências, senhoras e senhores,
Um ano atrás, nesta mesma época, líderes eminentes, neste salão, dirigiram os esforços de paz, estagnados em nossa região. Todos tinham grandes esperanças para uma nova rodada de negociações sobre o estatuto final, que começara no início de setembro em Washington, sob os auspícios diretos do presidente Barack Obama e com a participação do Quarteto, e com a participação do Egito e da Jordânia, para chegar a um acordo de paz em um ano. Entramos nessas negociações com corações abertos, ouvidos atentos e intenções sinceras, e estávamos prontos, com nossos documentos, artigos e propostas. Mas as negociações fracassaram apenas algumas semanas após seu lançamento.
Depois disso, não desistimos e mantivemos nossos esforços em relação a iniciativas e contatos. Ao longo do ano passado deixamos não deixamos de bater em nenhuma porta, tentamos todos os canais, tomamos todos os caminhos e abordamos todos os aspectos formais ou informais de influência e estatura. Consideramos, positivamente, as várias idéias e propostas e iniciativas apresentadas por muitos países e partidos. Mas todos esses esforços sinceros empreendidos pelas partes internacionais foram repetidamente destruídos pelas posições do governo israelense, que rapidamente acabou com as esperanças suscitadas pelo lançamento das negociações em setembro passado.
A questão central aqui é a recusa do governo israelense em comprometer-se com os termos de referência para as negociações, que se baseiam no direito internacional e nas resoluções das Nações Unidas, [governo] que freneticamente continua a intensificar a construção de colônias no território do Estado da Palestina.
As atividades relacionadas às colônias representam o núcleo da política de ocupação militar colonial das terras do povo palestino e toda a brutalidade da agressão e da discriminação racial contra o nosso povo que essa política acarreta. Essa política, que constitui uma violação do direito humanitário internacional e das resoluções das Nações Unidas, é a principal causa para o fracasso do processo de paz, o colapso de dezenas de oportunidades, e o enterro das grandes esperanças que surgiram quando da assinatura da Declaração de Princípios, em 1993, entre a Organização para a Libertação da Palestina e Israel, no sentido de alcançar uma paz justa que daria início a uma nova era em nossa região.
Os relatórios das missões das Nações Unidas, bem como de várias instituições israelenses e das sociedades civis, transmitem uma imagem terrível sobre o tamanho da campanha de colonização, da qual o governo israelense não hesita em se gabar e que continua a executar por meio do confisco sistemático de terras palestinas e da construção de milhares de unidades de novas colônias em diversas áreas da Cisjordânia, especialmente em Jerusalém oriental, e da construção acelerada do Muro de anexação, que consome grandes extensões da nossa terra, dividindo-a em ilhas separadas e isoladas e cantões, destruindo a vida familiar, as comunidades e os meios de subsistência de dezenas de milhares de famílias. A potência ocupante também continua a recusar licenças para nosso povo construir na Jerusalém oriental ocupada, ao mesmo tempo que intensifica sua campanha de décadas de demolição e confisco de casas, desalojando os proprietários e residentes palestinos no âmbito de uma política multifacetada de limpeza étnica destinada a empurrá-los para longe de sua pátria ancestral. Além disso, foram emitidas ordens para a expulsão de representantes eleitos da cidade de Jerusalém. A potência ocupante também continua a realizar escavações que ameaçam nossos lugares santos, e seus postos de controle militar [checkpoints, no original] impedem nossos cidadãos de ter acesso a suas mesquitas e igrejas, e continua a cercar a Cidade Santa com um círculo de colônias destinadas a separar a Cidade Santa do resto das cidades palestinas.
A ocupação corre contra o tempo para redesenhar as fronteiras de nossa terra, de acordo com o que quer, e para impor um fato consumado que muda a realidade e que está minando a possibilidade real da existência do Estado da Palestina.
Ao mesmo tempo, a potência ocupante continua a impor o seu bloqueio à Faixa de Gaza e a atingir alvo civis palestinos em assassinatos, ataques aéreos e bombardeios de artilharia, persistindo com a sua guerra de agressão de três anos atrás, em Gaza, que resultou na destruição maciça de casas, escolas, hospitais e mesquitas, e em milhares de mártires e feridos.
A potência ocupante também continua suas incursões em áreas da Autoridade Nacional Palestina por meio de ataques, prisões e assassinatos nos checkpoints. Nos últimos anos, as ações criminosas das milícias de colonos armados, que gozam da proteção especial do exército de ocupação, intensificou-se com a perpetração de ataques freqüentes contra nosso povo, tendo como alvo casas, escolas, universidades, mesquitas, campos, plantações e árvores. Apesar de nossas repetidas advertências, a potência ocupante não agiu para conter esses ataques, e nós a consideramos totalmente responsável pelos crimes dos colonos.
Estes são apenas alguns exemplos da política de ocupação colonial israelense, e essa política é responsável pelo fracasso continuado das sucessivas tentativas internacionais para salvar o processo de paz.
Essa política destruirá as chances de alcançar a solução de dois Estados, sobre a qual há consenso internacional, e aqui eu faço uma advertência em voz alta: a política de colonização ameaça também minar a estrutura da Autoridade Nacional Palestina e até mesmo acabar com sua existência.
Além disso, enfrentamos atualmente a imposição de novas condições, não apresentadas previamente, condições que vão transformar o conflito que grassa na nossa inflamada região num conflito religioso e numa ameaça para o futuro de um milhão e meio de palestinos cristãos e muçulmanos, cidadãos de Israel, tópico que rejeitamos; é-nos impossível aceitar ser arrastados [para esse conflito].
Todas essas ações, tomadas por Israel em nosso país, são unilaterais e não têm base em nenhum dos acordos anteriores. Na verdade, o que testemunhamos é uma aplicação seletiva dos acordos, destinada a perpetuar a ocupação. Israel reocupou as cidades da Cisjordânia por meio de uma ação unilateral, e restabeleceu a ocupação civil e militar por meio de uma ação unilateral, e é Israel que determina se um cidadão palestino tem ou não o direito de residir em qualquer parte do território palestino. E está confiscando nossa terra e nossa água e obstruindo nosso movimento, bem como a circulação de mercadorias. E é Israel que obstrui nosso destino. Tudo isso é unilateral.
Excelências, senhoras e senhores,
Em 1974, nosso falecido líder Yasser Arafat veio a esta sala e garantiu aos membros da Assembleia Geral a nossa busca afirmativa pela paz, pedindo que as Nações Unidas reconhecessem os direitos nacionais inalienáveis do povo palestino, afirmando: "Não deixe o ramo de oliveira cair de minha mão ".
Em 1988, o presidente Arafat novamente se dirigiu à Assembléia Geral, reunida em Genebra para ouvi-lo, e apresentou o programa de paz aprovado pelo Conselho Nacional Palestino na sessão realizada naquele ano na Argélia.
Quando adotamos esse programa, estávamos dando um passo doloroso e muito difícil para todos nós, especialmente para aqueles que, como eu, foram forçados a deixar suas casas e suas cidades e aldeias, levando apenas alguns dos nossos pertences, nossa dor, nossas lembranças e as chaves de nossas casas para os campos de exílio e para a diáspora da Nakba de 1948, uma das piores operações de desenraizamento, de destruição e de remoção de uma sociedade vibrante e coesa, que vinha contribuindo de modo pioneiro e protagonista no renascimento cultural, educacional e econômico do Oriente Médio árabe.
No entanto, porque acreditamos na paz e por causa de nossa convicção na legislação internacional, e porque tivemos a coragem de tomar decisões difíceis para o nosso povo, e na ausência absoluta de justiça, decidimos adotar o caminho da justiça relativa - justiça que é possível e que poderia corrigir parte da grave injustiça histórica cometida contra nosso povo. Assim, concordamos em estabelecer o Estado da Palestina em apenas 22% do território da Palestina histórica - em todo o território palestino ocupado por Israel em 1967.
Ao dar esse passo histórico, bem acolhido pelos Estados do mundo, fizemos uma enorme concessão a fim de alcançar um compromisso histórico que permitisse que a paz fosse feita na terra da paz.
Nos anos que se seguiram – a partir da Conferência de Madri e nas negociações de Washington que levaram ao acordo de Oslo, assinado há 18 anos no jardim da Casa Branca e relacionado com as cartas de reconhecimento mútuo entre a OLP e Israel –, perseveramos e tratamos de maneira positiva e responsável todos os esforços para a realização de um acordo de paz duradouro. No entanto, como dissemos antes, todas as iniciativas e conferências, cada nova rodada de negociações e cada movimento, foram destruídos na rocha do projeto israelense de expansão da colonização.
Excelências, senhoras e senhores,
Confirmo, em nome da Organização para a Libertação da Palestina, o único representante legítimo do povo palestino, que permanecerão assim até o fim do conflito, em todos os seus aspectos e até a resolução de todas as questões do estatuto final, os pontos seguintes:
1. O objetivo do povo palestino é o reconhecimento de seus direitos nacionais inalienáveis em seu Estado independente da Palestina, com Jerusalém oriental como capital, em todas as terras da Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental e Faixa de Gaza – que Israel ocupou na guerra de junho de 1967 –, em conformidade com as resoluções de legislação internacional e com o reconhecimento de uma solução justa e acordada para a questão dos refugiados da Palestina, em conformidade com a Resolução 194, de acordo com o estipulado na Iniciativa Árabe de Paz, que apresentou a solução do consenso árabe para resolver o núcleo do conflito árabe-israelense e alcançar uma paz justa e abrangente. A isso aderimos e é isso que trabalhamos para alcançar. Alcançar a paz desejada também exige a libertação de prisioneiros políticos e detidos em prisões israelenses sem demora.
2. A OLP e o povo palestino aderiram à renúncia da violência e rejeitam e condenam o terrorismo em todas suas formas, especialmente o terrorismo de Estado, e aderiram a todos os acordos assinados entre a Organização de Libertação da Palestina e Israel.
3. Aderimos à opção de negociar uma solução duradoura para o conflito, de acordo com as resoluções da legislação internacional. Aqui, eu declaro que a Organização para a Libertação da Palestina está pronta para retornar imediatamente à mesa de negociações, baseada nos termos de referência adotados com base na legislação internacional e da cessação completa das atividades de colonização.
4. Nosso povo continuará sua resistência popular pacífica à ocupação israelense, bem como à colonização, às políticas de apartheid e à construção do muro de anexação racista, e recebem apoio por sua resistência, o que é compatível com o direito humanitário internacional e com as convenções internacionais, e contam com a ajuda de pacifistas de Israel e de todo o mundo, refletindo um exemplo impressionante, inspirador e corajoso da força desse povo indefeso, armado apenas com seus sonhos, coragem, esperança e palavras de ordem diante de balas, tanques, gás lacrimogêneo e buldôzeres.
5. Ao trazer nossa situação e nosso caso a este pódio internacional, confirmamos a nossa confiança na opção política e diplomática, confirmamos que não tomaremos medidas unilaterais.Nossos esforços não são destinados a isolar ou deslegitimar Israel; queremos ganhar legitimidade para a causa do povo da Palestina. Apenas visamos deslegitimar as atividades da colonização, da ocupação, do apartheid e a lógica da força implacável, e acreditamos que todos os países do mundo estão conosco a esse respeito.
Estou aqui para dizer, em nome do povo palestino e da Organização para a Libertação da Palestina: estendemos nossas mãos ao governo e ao povo israelense para construir a paz. Digo-lhes: vamos com urgência construir juntos um futuro para nossas crianças, em que elas possam desfrutar de liberdade, segurança e prosperidade. Vamos construir as pontes do diálogo em vez de checkpoints e muros de separação, e construir relações de cooperação com base na paridade e na equidade entre dois Estados vizinhos – Palestina e Israel – em vez de políticas de ocupação, colônias, guerra e eliminação do outro.
Excelências, senhoras e senhores,
Apesar do direito inquestionável de nosso povo à autodeterminação e à independência de nosso Estado, conforme estipulado nas resoluções internacionais, aceitamos, nos últimos anos, o engajamento no que parecia ser um teste da nossa dignidade, direito e elegibilidade. Nos dois últimos anos, nossa autoridade nacional implementou um programa de construção das instituições de nosso Estado. Apesar da situação extraordinária e dos obstáculos impostos pelos israelenses, lançamos um projeto sério e extenso, que incluiu a implementação de planos para aprimorar e fazer avançar o judiciário e o aparato para a manutenção da ordem e da segurança, para desenvolver os sistemas administrativo, financeiro e de supervisão, para atualizar o desempenho das instituições e aumentar a autossuficiência, para reduzir a necessidade de ajuda externa. Com o grato apoio dos países árabes e as doações de países amigos, uma série de grandes projetos de infraestrutura têm sido executados, com foco em vários aspectos do serviço, e com especial atenção às zonas rurais e marginalizadas.
Em meio a esse grande projeto nacional, temos reforçado o que, buscamos, sejam as características do nosso Estado: a preservação da segurança do cidadão e da ordem pública, para a promoção da autoridade judicial e do estado de direito; o fortalecimento do papel das mulheres por intermédio de legislação, leis e participação; a garantia à proteção das liberdades públicas e o fortalecimento do papel das instituições da sociedade civil; a institucionalização de regras e regulamentos para assegurar a responsabilidade e a transparência no trabalho de nossos ministérios e departamentos; o enraizamento dos pilares da democracia como base para a vida política palestina.
Quando a divisão atingiu a unidade, as pessoas e as instituições de nossa pátria, estávamos determinados a adotar o diálogo para a restauração da nossa unidade. Conseguimos, meses atrás, alcançar a reconciliação nacional e esperamos acelerar sua implementação nas próximas semanas. O pilar central dessa reconciliação foi que ela voltasse para o povo por intermédio de eleições legislativas e presidenciais em um ano, porque o Estado que queremos será um Estado caracterizado pelo império da lei, pelo exercício democrático e a proteção das liberdades e da igualdade de todos os cidadãos, sem discriminação, e a transferência de poder por meio das urnas.
Os relatórios emitidos recentemente pela Organização das Nações Unidas, pelo Banco Mundial, pelo Ad Hoc Liaison Committee (AHLC) e pelo Fundo Monetário Internacional confirmam e elogiam o que foi realizado, considerando-o um modelo notável e sem precedentes. A conclusão de consenso da AHLC, há poucos dias, descreveu o que foi realizado como uma "notável história de sucesso internacional" e confirmou a disposição do povo palestino e suas instituições para a independência imediata do Estado da Palestina.
Excelências, senhoras e senhores,
Não é mais possível corrigir o problema do bloqueio do horizonte das negociações de paz com os mesmos meios e métodos de insucesso repetidamente testados e comprovados nos últimos anos. A crise é muito profunda para ser negligenciada, e o mais perigoso são as tentativas de simplesmente contorná-la ou adiar sua explosão.
Não é nem possível, nem prático, nem aceitável retornar à negociação, como de costume, como se tudo estivesse bem. É inútil entrar em negociações sem parâmetros claros e na ausência de credibilidade e de um calendário específico. As negociações serão insignificantes enquanto o exército de ocupação continuar a consolidar a ocupação em vez de encerrá-la, e continuar a mudar a demografia de nosso país a fim de criar uma nova base sobre a qual alterar as fronteiras.
Excelências, senhoras e senhores,
Este é o momento da verdade e meu povo está esperando para ouvir a resposta do mundo. Ele permitirá que Israel continue com a ocupação, a única ocupação do planeta? Permitirá a Israel manter-se como um Estado acima da lei e da responsabilidade? Permitirá a Israel continuar rejeitando as resoluções do Conselho de Segurança, da Assembléia Geral das Nações Unidas, da Corte Internacional de Justiça e as posições da esmagadora maioria dos países do mundo?
Excelências, senhoras e senhores,
Estou diante de vocês hoje, [vindo] da Terra Santa, a terra da Palestina, a terra de mensagens divinas, da ascensão do Profeta Muhammad (que a paz esteja com Ele), o local de nascimento de Jesus Cristo (a paz esteja com Ele), para falar em nome do povo palestino, em sua pátria e na diáspora, para dizer, depois de 63 anos de sofrimento da Nakba em curso: basta. É tempo de o povo palestino ganhar sua liberdade e independência.
Chegou a hora de acabar com o sofrimento e a situação difícil de milhões de refugiados palestinos na pátria e na diáspora, alguns deles forçados a refugiar-se mais de uma vez em diferentes lugares do mundo, de acabar com seu deslocamento e de reconhecer os seus direitos.
Num tempo em que os povos árabes afirmam sua busca pela democracia – a Primavera Árabe –, a hora é agora para a Primavera Palestina, o tempo da independência.
Chegou a hora de nossos homens, de nossas mulheres e crianças terem uma vida normal, para que sejam capazes de dormir sem esperar pelo pior que o dia seguinte trará; para que as mães tenham certeza de que seus filhos voltarão para casa, sem medo de sofrer prisão, morte ou humilhação; para que os estudantes sejam capazes de ir para suas escolas e universidades sem checkpoints. Chegou o momento de as pessoas doentes serem capazes de chegar aos hospitais normalmente, e de nossos agricultores serem capazes de cuidar de sua boa terra sem medo de que a ocupação confisque seu terreno e sua água, aos quais o muro impede o acesso, ou o medo dos colonos, para os quais as colônias vêm sendo construídas em nosso território, e que arrancam e queimam oliveiras centenárias. O tempo chegou para os milhares de prisioneiros serem libertados das prisões, a fim de voltar a suas famílias e a seus filhos, para tomar parte na construção de sua pátria e da liberdade que sacrificaram.
Meu povo deseja exercer seu direito de desfrutar de uma vida normal, como o resto da humanidade. Eles acreditam naquilo que o grande poeta Mahmoud Darwish disse: Estar aqui, ficar aqui, permanente aqui, eterno aqui, e temos um objetivo, um, um: ser.
Excelências, senhoras e senhores,
Nós apreciamos e valorizamos profundamente as posições de todos os Estados que apoiaram a nossa luta e nossos direitos, e que reconheceram o Estado da Palestina na sequência da Declaração de Independência, em 1988, bem como os países que recentemente reconheceram o Estado da Palestina e aqueles que elevaram o nível de representação da Palestina nas suas capitais. Também saúdo o Secretário-Geral, que disse há poucos dias que o Estado palestino deveria ter sido estabelecido anos atrás.
Tenham a certeza de que esse apoio, para nosso povo, é mais valioso do que vocês possam imaginar, pois isso os faz sentir que alguém ouve suas narrativas e que sua tragédia, os horrores da Nakba e da ocupação, pelas quais tem sofrido tanto, não estão sendo ignorados. Isso reforça sua esperança, que deriva da crença de que a justiça é possível neste mundo.A perda de esperança é o inimigo mais feroz da paz e o desespero é o mais forte aliado do extremismo.
Digo: o tempo chegou para o meu povo corajoso e orgulhoso, depois de décadas de deslocamento, de ocupação colonial e de sofrimento incessante, viver como outros povos da terra, livre em uma pátria soberana e independente.
Excelências, senhoras e senhores,
Gostaria de informar que, antes de entregar esta declaração, submeti, na qualidade de Presidente do Estado da Palestina e Presidente do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, para o Sr. Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, o pedido de admissão da Palestina, com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Al-Quds Al-Sharif [Jerusalém oriental] como sua capital, como membro pleno das Nações Unidas.
Peço ao Sr. Secretário-Geral para agilizar a transmissão de nosso pedido ao Conselho de Segurança, e apelo aos ilustres membros do Conselho de Segurança a votar a favor da nossa adesão plena. Apelo também aos Estados que ainda não reconheceram o Estado da Palestina a fazê-lo.
Excelências, senhoras e senhores,
O apoio dos países do mundo a nosso esforço é uma vitória da verdade, da liberdade, da justiça, da lei e da legislação internacional, oferece um grande apoio para a opção de paz e aumenta as chances de sucesso das negociações.
Excelências, senhoras e senhores,
Seu apoio para o estabelecimento do Estado da Palestina e para sua admissão nas Nações Unidas como membro pleno é a maior contribuição para a paz na Terra Santa.
Agradeço a todos.
Tradução: Baby Siqueira Abrão
Sr. Secretário-Geral das Nações Unidas,
Excelências, senhoras e senhores,
Antes de mais nada, eu gostaria de dar meus parabéns para o Sr. Nassir Abdulaziz Al-Nasser por ter aceitado a presidência da Assembleia para esta sessão, e lhe desejo todo sucesso.
Reafirmo hoje meus sinceros parabéns, em nome da Organização para a Libertação da Palestina e do povo palestino, para o governo e o povo do Sudão do Sul por sua merecida admissão como membro pleno das Nações Unidas, desejando-lhes progresso e prosperidade.
Felicito também o Secretário-Geral, Sr. Ban Ki-moon, por sua eleição para um novo mandato à frente da Organização das Nações Unidas. Essa renovação da confiança reflete o reconhecimento do mundo por seus esforços, o que fortaleceu o papel das Nações Unidas.
Excelências, senhoras e senhores,
A Questão Palestina está intrinsecamente relacionada com as Nações Unidas, por meio das resoluções aprovadas por seus diversos órgãos e agências e pelo papel essencial e elogiável da United Nations Relief and Works Agency for Palestine Refugees in the Near East [Agência das Nações Unidas de Ajuda Humanitária e Emprego para os Refugiados Palestinos no Oriente Médio] - UNRWA - que representa a responsabilidade internacional em relação à situação dos refugiados palestinos, vítimas da Al-Nakba (catástrofe) de 1948. Aspiramos e buscamos um papel maior e mais eficaz para as Nações Unidas no que diz respeito ao trabalho para alcançar uma paz justa e abrangente em nossa região, que assegure os inalienáveis, legítimos direitos nacionais do povo palestino, tal como definido pelas resoluções de legislação internacional das Nações Unidas.
Excelências, senhoras e senhores,
Um ano atrás, nesta mesma época, líderes eminentes, neste salão, dirigiram os esforços de paz, estagnados em nossa região. Todos tinham grandes esperanças para uma nova rodada de negociações sobre o estatuto final, que começara no início de setembro em Washington, sob os auspícios diretos do presidente Barack Obama e com a participação do Quarteto, e com a participação do Egito e da Jordânia, para chegar a um acordo de paz em um ano. Entramos nessas negociações com corações abertos, ouvidos atentos e intenções sinceras, e estávamos prontos, com nossos documentos, artigos e propostas. Mas as negociações fracassaram apenas algumas semanas após seu lançamento.
Depois disso, não desistimos e mantivemos nossos esforços em relação a iniciativas e contatos. Ao longo do ano passado deixamos não deixamos de bater em nenhuma porta, tentamos todos os canais, tomamos todos os caminhos e abordamos todos os aspectos formais ou informais de influência e estatura. Consideramos, positivamente, as várias idéias e propostas e iniciativas apresentadas por muitos países e partidos. Mas todos esses esforços sinceros empreendidos pelas partes internacionais foram repetidamente destruídos pelas posições do governo israelense, que rapidamente acabou com as esperanças suscitadas pelo lançamento das negociações em setembro passado.
A questão central aqui é a recusa do governo israelense em comprometer-se com os termos de referência para as negociações, que se baseiam no direito internacional e nas resoluções das Nações Unidas, [governo] que freneticamente continua a intensificar a construção de colônias no território do Estado da Palestina.
As atividades relacionadas às colônias representam o núcleo da política de ocupação militar colonial das terras do povo palestino e toda a brutalidade da agressão e da discriminação racial contra o nosso povo que essa política acarreta. Essa política, que constitui uma violação do direito humanitário internacional e das resoluções das Nações Unidas, é a principal causa para o fracasso do processo de paz, o colapso de dezenas de oportunidades, e o enterro das grandes esperanças que surgiram quando da assinatura da Declaração de Princípios, em 1993, entre a Organização para a Libertação da Palestina e Israel, no sentido de alcançar uma paz justa que daria início a uma nova era em nossa região.
Os relatórios das missões das Nações Unidas, bem como de várias instituições israelenses e das sociedades civis, transmitem uma imagem terrível sobre o tamanho da campanha de colonização, da qual o governo israelense não hesita em se gabar e que continua a executar por meio do confisco sistemático de terras palestinas e da construção de milhares de unidades de novas colônias em diversas áreas da Cisjordânia, especialmente em Jerusalém oriental, e da construção acelerada do Muro de anexação, que consome grandes extensões da nossa terra, dividindo-a em ilhas separadas e isoladas e cantões, destruindo a vida familiar, as comunidades e os meios de subsistência de dezenas de milhares de famílias. A potência ocupante também continua a recusar licenças para nosso povo construir na Jerusalém oriental ocupada, ao mesmo tempo que intensifica sua campanha de décadas de demolição e confisco de casas, desalojando os proprietários e residentes palestinos no âmbito de uma política multifacetada de limpeza étnica destinada a empurrá-los para longe de sua pátria ancestral. Além disso, foram emitidas ordens para a expulsão de representantes eleitos da cidade de Jerusalém. A potência ocupante também continua a realizar escavações que ameaçam nossos lugares santos, e seus postos de controle militar [checkpoints, no original] impedem nossos cidadãos de ter acesso a suas mesquitas e igrejas, e continua a cercar a Cidade Santa com um círculo de colônias destinadas a separar a Cidade Santa do resto das cidades palestinas.
A ocupação corre contra o tempo para redesenhar as fronteiras de nossa terra, de acordo com o que quer, e para impor um fato consumado que muda a realidade e que está minando a possibilidade real da existência do Estado da Palestina.
Ao mesmo tempo, a potência ocupante continua a impor o seu bloqueio à Faixa de Gaza e a atingir alvo civis palestinos em assassinatos, ataques aéreos e bombardeios de artilharia, persistindo com a sua guerra de agressão de três anos atrás, em Gaza, que resultou na destruição maciça de casas, escolas, hospitais e mesquitas, e em milhares de mártires e feridos.
A potência ocupante também continua suas incursões em áreas da Autoridade Nacional Palestina por meio de ataques, prisões e assassinatos nos checkpoints. Nos últimos anos, as ações criminosas das milícias de colonos armados, que gozam da proteção especial do exército de ocupação, intensificou-se com a perpetração de ataques freqüentes contra nosso povo, tendo como alvo casas, escolas, universidades, mesquitas, campos, plantações e árvores. Apesar de nossas repetidas advertências, a potência ocupante não agiu para conter esses ataques, e nós a consideramos totalmente responsável pelos crimes dos colonos.
Estes são apenas alguns exemplos da política de ocupação colonial israelense, e essa política é responsável pelo fracasso continuado das sucessivas tentativas internacionais para salvar o processo de paz.
Essa política destruirá as chances de alcançar a solução de dois Estados, sobre a qual há consenso internacional, e aqui eu faço uma advertência em voz alta: a política de colonização ameaça também minar a estrutura da Autoridade Nacional Palestina e até mesmo acabar com sua existência.
Além disso, enfrentamos atualmente a imposição de novas condições, não apresentadas previamente, condições que vão transformar o conflito que grassa na nossa inflamada região num conflito religioso e numa ameaça para o futuro de um milhão e meio de palestinos cristãos e muçulmanos, cidadãos de Israel, tópico que rejeitamos; é-nos impossível aceitar ser arrastados [para esse conflito].
Todas essas ações, tomadas por Israel em nosso país, são unilaterais e não têm base em nenhum dos acordos anteriores. Na verdade, o que testemunhamos é uma aplicação seletiva dos acordos, destinada a perpetuar a ocupação. Israel reocupou as cidades da Cisjordânia por meio de uma ação unilateral, e restabeleceu a ocupação civil e militar por meio de uma ação unilateral, e é Israel que determina se um cidadão palestino tem ou não o direito de residir em qualquer parte do território palestino. E está confiscando nossa terra e nossa água e obstruindo nosso movimento, bem como a circulação de mercadorias. E é Israel que obstrui nosso destino. Tudo isso é unilateral.
Excelências, senhoras e senhores,
Em 1974, nosso falecido líder Yasser Arafat veio a esta sala e garantiu aos membros da Assembleia Geral a nossa busca afirmativa pela paz, pedindo que as Nações Unidas reconhecessem os direitos nacionais inalienáveis do povo palestino, afirmando: "Não deixe o ramo de oliveira cair de minha mão ".
Em 1988, o presidente Arafat novamente se dirigiu à Assembléia Geral, reunida em Genebra para ouvi-lo, e apresentou o programa de paz aprovado pelo Conselho Nacional Palestino na sessão realizada naquele ano na Argélia.
Quando adotamos esse programa, estávamos dando um passo doloroso e muito difícil para todos nós, especialmente para aqueles que, como eu, foram forçados a deixar suas casas e suas cidades e aldeias, levando apenas alguns dos nossos pertences, nossa dor, nossas lembranças e as chaves de nossas casas para os campos de exílio e para a diáspora da Nakba de 1948, uma das piores operações de desenraizamento, de destruição e de remoção de uma sociedade vibrante e coesa, que vinha contribuindo de modo pioneiro e protagonista no renascimento cultural, educacional e econômico do Oriente Médio árabe.
No entanto, porque acreditamos na paz e por causa de nossa convicção na legislação internacional, e porque tivemos a coragem de tomar decisões difíceis para o nosso povo, e na ausência absoluta de justiça, decidimos adotar o caminho da justiça relativa - justiça que é possível e que poderia corrigir parte da grave injustiça histórica cometida contra nosso povo. Assim, concordamos em estabelecer o Estado da Palestina em apenas 22% do território da Palestina histórica - em todo o território palestino ocupado por Israel em 1967.
Ao dar esse passo histórico, bem acolhido pelos Estados do mundo, fizemos uma enorme concessão a fim de alcançar um compromisso histórico que permitisse que a paz fosse feita na terra da paz.
Nos anos que se seguiram – a partir da Conferência de Madri e nas negociações de Washington que levaram ao acordo de Oslo, assinado há 18 anos no jardim da Casa Branca e relacionado com as cartas de reconhecimento mútuo entre a OLP e Israel –, perseveramos e tratamos de maneira positiva e responsável todos os esforços para a realização de um acordo de paz duradouro. No entanto, como dissemos antes, todas as iniciativas e conferências, cada nova rodada de negociações e cada movimento, foram destruídos na rocha do projeto israelense de expansão da colonização.
Excelências, senhoras e senhores,
Confirmo, em nome da Organização para a Libertação da Palestina, o único representante legítimo do povo palestino, que permanecerão assim até o fim do conflito, em todos os seus aspectos e até a resolução de todas as questões do estatuto final, os pontos seguintes:
1. O objetivo do povo palestino é o reconhecimento de seus direitos nacionais inalienáveis em seu Estado independente da Palestina, com Jerusalém oriental como capital, em todas as terras da Cisjordânia, incluindo Jerusalém oriental e Faixa de Gaza – que Israel ocupou na guerra de junho de 1967 –, em conformidade com as resoluções de legislação internacional e com o reconhecimento de uma solução justa e acordada para a questão dos refugiados da Palestina, em conformidade com a Resolução 194, de acordo com o estipulado na Iniciativa Árabe de Paz, que apresentou a solução do consenso árabe para resolver o núcleo do conflito árabe-israelense e alcançar uma paz justa e abrangente. A isso aderimos e é isso que trabalhamos para alcançar. Alcançar a paz desejada também exige a libertação de prisioneiros políticos e detidos em prisões israelenses sem demora.
2. A OLP e o povo palestino aderiram à renúncia da violência e rejeitam e condenam o terrorismo em todas suas formas, especialmente o terrorismo de Estado, e aderiram a todos os acordos assinados entre a Organização de Libertação da Palestina e Israel.
3. Aderimos à opção de negociar uma solução duradoura para o conflito, de acordo com as resoluções da legislação internacional. Aqui, eu declaro que a Organização para a Libertação da Palestina está pronta para retornar imediatamente à mesa de negociações, baseada nos termos de referência adotados com base na legislação internacional e da cessação completa das atividades de colonização.
4. Nosso povo continuará sua resistência popular pacífica à ocupação israelense, bem como à colonização, às políticas de apartheid e à construção do muro de anexação racista, e recebem apoio por sua resistência, o que é compatível com o direito humanitário internacional e com as convenções internacionais, e contam com a ajuda de pacifistas de Israel e de todo o mundo, refletindo um exemplo impressionante, inspirador e corajoso da força desse povo indefeso, armado apenas com seus sonhos, coragem, esperança e palavras de ordem diante de balas, tanques, gás lacrimogêneo e buldôzeres.
5. Ao trazer nossa situação e nosso caso a este pódio internacional, confirmamos a nossa confiança na opção política e diplomática, confirmamos que não tomaremos medidas unilaterais.Nossos esforços não são destinados a isolar ou deslegitimar Israel; queremos ganhar legitimidade para a causa do povo da Palestina. Apenas visamos deslegitimar as atividades da colonização, da ocupação, do apartheid e a lógica da força implacável, e acreditamos que todos os países do mundo estão conosco a esse respeito.
Estou aqui para dizer, em nome do povo palestino e da Organização para a Libertação da Palestina: estendemos nossas mãos ao governo e ao povo israelense para construir a paz. Digo-lhes: vamos com urgência construir juntos um futuro para nossas crianças, em que elas possam desfrutar de liberdade, segurança e prosperidade. Vamos construir as pontes do diálogo em vez de checkpoints e muros de separação, e construir relações de cooperação com base na paridade e na equidade entre dois Estados vizinhos – Palestina e Israel – em vez de políticas de ocupação, colônias, guerra e eliminação do outro.
Excelências, senhoras e senhores,
Apesar do direito inquestionável de nosso povo à autodeterminação e à independência de nosso Estado, conforme estipulado nas resoluções internacionais, aceitamos, nos últimos anos, o engajamento no que parecia ser um teste da nossa dignidade, direito e elegibilidade. Nos dois últimos anos, nossa autoridade nacional implementou um programa de construção das instituições de nosso Estado. Apesar da situação extraordinária e dos obstáculos impostos pelos israelenses, lançamos um projeto sério e extenso, que incluiu a implementação de planos para aprimorar e fazer avançar o judiciário e o aparato para a manutenção da ordem e da segurança, para desenvolver os sistemas administrativo, financeiro e de supervisão, para atualizar o desempenho das instituições e aumentar a autossuficiência, para reduzir a necessidade de ajuda externa. Com o grato apoio dos países árabes e as doações de países amigos, uma série de grandes projetos de infraestrutura têm sido executados, com foco em vários aspectos do serviço, e com especial atenção às zonas rurais e marginalizadas.
Em meio a esse grande projeto nacional, temos reforçado o que, buscamos, sejam as características do nosso Estado: a preservação da segurança do cidadão e da ordem pública, para a promoção da autoridade judicial e do estado de direito; o fortalecimento do papel das mulheres por intermédio de legislação, leis e participação; a garantia à proteção das liberdades públicas e o fortalecimento do papel das instituições da sociedade civil; a institucionalização de regras e regulamentos para assegurar a responsabilidade e a transparência no trabalho de nossos ministérios e departamentos; o enraizamento dos pilares da democracia como base para a vida política palestina.
Quando a divisão atingiu a unidade, as pessoas e as instituições de nossa pátria, estávamos determinados a adotar o diálogo para a restauração da nossa unidade. Conseguimos, meses atrás, alcançar a reconciliação nacional e esperamos acelerar sua implementação nas próximas semanas. O pilar central dessa reconciliação foi que ela voltasse para o povo por intermédio de eleições legislativas e presidenciais em um ano, porque o Estado que queremos será um Estado caracterizado pelo império da lei, pelo exercício democrático e a proteção das liberdades e da igualdade de todos os cidadãos, sem discriminação, e a transferência de poder por meio das urnas.
Os relatórios emitidos recentemente pela Organização das Nações Unidas, pelo Banco Mundial, pelo Ad Hoc Liaison Committee (AHLC) e pelo Fundo Monetário Internacional confirmam e elogiam o que foi realizado, considerando-o um modelo notável e sem precedentes. A conclusão de consenso da AHLC, há poucos dias, descreveu o que foi realizado como uma "notável história de sucesso internacional" e confirmou a disposição do povo palestino e suas instituições para a independência imediata do Estado da Palestina.
Excelências, senhoras e senhores,
Não é mais possível corrigir o problema do bloqueio do horizonte das negociações de paz com os mesmos meios e métodos de insucesso repetidamente testados e comprovados nos últimos anos. A crise é muito profunda para ser negligenciada, e o mais perigoso são as tentativas de simplesmente contorná-la ou adiar sua explosão.
Não é nem possível, nem prático, nem aceitável retornar à negociação, como de costume, como se tudo estivesse bem. É inútil entrar em negociações sem parâmetros claros e na ausência de credibilidade e de um calendário específico. As negociações serão insignificantes enquanto o exército de ocupação continuar a consolidar a ocupação em vez de encerrá-la, e continuar a mudar a demografia de nosso país a fim de criar uma nova base sobre a qual alterar as fronteiras.
Excelências, senhoras e senhores,
Este é o momento da verdade e meu povo está esperando para ouvir a resposta do mundo. Ele permitirá que Israel continue com a ocupação, a única ocupação do planeta? Permitirá a Israel manter-se como um Estado acima da lei e da responsabilidade? Permitirá a Israel continuar rejeitando as resoluções do Conselho de Segurança, da Assembléia Geral das Nações Unidas, da Corte Internacional de Justiça e as posições da esmagadora maioria dos países do mundo?
Excelências, senhoras e senhores,
Estou diante de vocês hoje, [vindo] da Terra Santa, a terra da Palestina, a terra de mensagens divinas, da ascensão do Profeta Muhammad (que a paz esteja com Ele), o local de nascimento de Jesus Cristo (a paz esteja com Ele), para falar em nome do povo palestino, em sua pátria e na diáspora, para dizer, depois de 63 anos de sofrimento da Nakba em curso: basta. É tempo de o povo palestino ganhar sua liberdade e independência.
Chegou a hora de acabar com o sofrimento e a situação difícil de milhões de refugiados palestinos na pátria e na diáspora, alguns deles forçados a refugiar-se mais de uma vez em diferentes lugares do mundo, de acabar com seu deslocamento e de reconhecer os seus direitos.
Num tempo em que os povos árabes afirmam sua busca pela democracia – a Primavera Árabe –, a hora é agora para a Primavera Palestina, o tempo da independência.
Chegou a hora de nossos homens, de nossas mulheres e crianças terem uma vida normal, para que sejam capazes de dormir sem esperar pelo pior que o dia seguinte trará; para que as mães tenham certeza de que seus filhos voltarão para casa, sem medo de sofrer prisão, morte ou humilhação; para que os estudantes sejam capazes de ir para suas escolas e universidades sem checkpoints. Chegou o momento de as pessoas doentes serem capazes de chegar aos hospitais normalmente, e de nossos agricultores serem capazes de cuidar de sua boa terra sem medo de que a ocupação confisque seu terreno e sua água, aos quais o muro impede o acesso, ou o medo dos colonos, para os quais as colônias vêm sendo construídas em nosso território, e que arrancam e queimam oliveiras centenárias. O tempo chegou para os milhares de prisioneiros serem libertados das prisões, a fim de voltar a suas famílias e a seus filhos, para tomar parte na construção de sua pátria e da liberdade que sacrificaram.
Meu povo deseja exercer seu direito de desfrutar de uma vida normal, como o resto da humanidade. Eles acreditam naquilo que o grande poeta Mahmoud Darwish disse: Estar aqui, ficar aqui, permanente aqui, eterno aqui, e temos um objetivo, um, um: ser.
Excelências, senhoras e senhores,
Nós apreciamos e valorizamos profundamente as posições de todos os Estados que apoiaram a nossa luta e nossos direitos, e que reconheceram o Estado da Palestina na sequência da Declaração de Independência, em 1988, bem como os países que recentemente reconheceram o Estado da Palestina e aqueles que elevaram o nível de representação da Palestina nas suas capitais. Também saúdo o Secretário-Geral, que disse há poucos dias que o Estado palestino deveria ter sido estabelecido anos atrás.
Tenham a certeza de que esse apoio, para nosso povo, é mais valioso do que vocês possam imaginar, pois isso os faz sentir que alguém ouve suas narrativas e que sua tragédia, os horrores da Nakba e da ocupação, pelas quais tem sofrido tanto, não estão sendo ignorados. Isso reforça sua esperança, que deriva da crença de que a justiça é possível neste mundo.A perda de esperança é o inimigo mais feroz da paz e o desespero é o mais forte aliado do extremismo.
Digo: o tempo chegou para o meu povo corajoso e orgulhoso, depois de décadas de deslocamento, de ocupação colonial e de sofrimento incessante, viver como outros povos da terra, livre em uma pátria soberana e independente.
Excelências, senhoras e senhores,
Gostaria de informar que, antes de entregar esta declaração, submeti, na qualidade de Presidente do Estado da Palestina e Presidente do Comitê Executivo da Organização para a Libertação da Palestina, para o Sr. Ban Ki-moon, Secretário-Geral das Nações Unidas, o pedido de admissão da Palestina, com base nas fronteiras de 4 de junho de 1967, com Al-Quds Al-Sharif [Jerusalém oriental] como sua capital, como membro pleno das Nações Unidas.
Peço ao Sr. Secretário-Geral para agilizar a transmissão de nosso pedido ao Conselho de Segurança, e apelo aos ilustres membros do Conselho de Segurança a votar a favor da nossa adesão plena. Apelo também aos Estados que ainda não reconheceram o Estado da Palestina a fazê-lo.
Excelências, senhoras e senhores,
O apoio dos países do mundo a nosso esforço é uma vitória da verdade, da liberdade, da justiça, da lei e da legislação internacional, oferece um grande apoio para a opção de paz e aumenta as chances de sucesso das negociações.
Excelências, senhoras e senhores,
Seu apoio para o estabelecimento do Estado da Palestina e para sua admissão nas Nações Unidas como membro pleno é a maior contribuição para a paz na Terra Santa.
Agradeço a todos.
Tradução: Baby Siqueira Abrão
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"A Autoridade Palestina colocou Israel em apuros"
Em entrevista à Carta Maior, o historiador israelense Meir Margalit analisa a iniciativa palestina em busca do reconhecimento de seu Estado na ONU e as consequências sobre a política israelense. Pacifista e militante do Meretz, pequeno partido da esquerda israelense, Margalit destaca que o presidente da Autoridade Palestina pôs Israel em apuros e fala sobre as contradições da sociedade israelense e a crise da esquerda em seu país.
Eduardo Febbro - Direto de Jerusalem no CARTA MAIOR
Restam muito poucos. É preciso buscá-los com insistência, mas eles estão ali, presentes, solidários, fiéis a si mesmos, dignos, ativos, militantes, apoiados no humanismo que sustenta sua tradição política e comprometidos com a ação: são os homens e mulheres que representam a esquerda israelense, aqueles que, em um momento em que a esquerda de Israel era tragada no redemoinho eleitoral, ganharam um mandato nas urnas. Meir Margalit é um deles. Legislador da Municipalidade de Jerusalém, secretário geral do movimento israelense contra a demolição de casas (palestinas), ICAHD, Margalit é um pacifista em um país armado, cuja calma e determinação força muros inacessíveis.
Historiador e homem político, nesta entrevista à Carta Maior, Margalit assegura que o presidente da Autoridade Palestina pôs Israel em apuros e destaca as contradições nas quais está mergulhada a sociedade israelense, reconhecendo a crise pela qual passa a esquerda de seu país.
Como você analisa o pedido de reconhecimento do Estado palestino que Mahmud Abbas formaliza ante a ONU. É um erro estratégico, um gesto desesperado ou apenas um mero gesto simbólico que não acrescenta nada?
Não, não, de modo algum é um fracasso de Abbas. Muito antes de o pedido de Mahmud Abbas chegar às Nações Unidas, os palestinos já tinham vencido. E ganharam porque é a primeira vez, desde muito tempo, que eles dão o rumo geopolítico da agenda e da região. É também a primeira vez que conseguem pôr Israel em apuros. Faz muito tempo que Israel não conhece uma situação semelhante. Os palestinos encurralaram Israel, obrigaram-no a explicar ao mundo por que se negam a reconhecer um país.
Os palestinos colocaram Israel em uma situação grotesca. Eu creio que, desde essa perspectiva, os palestinos ganharam. Israel está se desgastando progressivamente. Apesar do veto dos Estados Unidos ao reconhecimento do Estado palestino, quando há mais de 130 países que votam a favor da Palestina isso equivale a uma mensagem muito clara dirigida a Israel.
Está se dizendo ao país: senhores, se vocês seguirem esse caminho, deixarão de fazer parte da grande família de países civilizados. Trata-se, então, de um grande êxito dos palestinos. É preciso mirar o impossível para obter algo possível. O que hoje parece impossível será possível cedo ou tarde. Mahmud Abbas teve muita coragem. Dizer não aos EUA como fez Abbas é um ato de saúde mental. Não conheço muitos líderes no mundo que sejam capazes de dizer aos Estados Unidos: “lamento amigo, mas não estou de acordo com o que vocês fazem”. Estou convencido de uma coisa: se Israel seguir neste caminho vai colapsar. Não sei se em 20 ou 30 anos, mas esse caminho nos leva a um precipício. Se alguém não nos detiver, e digo alguém porque nós não temos nem a motivação nem o incentivo para parar, terminaremos nos destroçando em um precipício.
Quem parece ter cometido um erro estratégico é o primeiro ministro Benjamin Netanyahu. Ao invés de aceitar a possibilidade de um Estado Palestino e acompanhar a decisão impondo condições básicas para Israel, o Executivo se fechou na ameaça e na cegueira.
Por ser um estúpido, Netanyahu caiu na armadilha. Mas essa é a estupidez típica de todos os nacionalistas. Quando, em algum momento, o nacionalismo assume o controle, perde-se um pouco a sensatez. Netanyahu e o governo israelense a perderam. Sob a influência de grupos extremamente direitistas, Netanyahu errou o cálculo: em vez de fazer um cálculo nacional, fez um cálculo eleitoral.
A sociedade israelense parece ter um olhar duplo que, por curioso que pareça, revela uma mudança: por um lado tem medo de que Israel perca iniciativa e legitimidade, e, por outro, observa os fenômenos que se produzem com uma posição menos intransigente que antes.
É certo que existem mudanças substanciais na sociedade israelense. A mais fundamental é que hoje, no discurso nacional, estão se dizendo coisas que, há dez anos, não se podiam dizer. Por exemplo, há uma década a postura israelense consistia em dizer: não se devolvem territórios. Hoje, em troca, a questão mudou para converter-se em uma pergunta: que porcentagem de territórios é preciso devolver? Esta pergunta é muito transcendente e se a observamos sob um olhar de longo prazo vemos em seguida que se produziu uma mudança substancial. Se antes as pessoas se negavam a contemplar a possibilidade de devolver territórios, hoje compreende que é preciso devolver esses territórios e a discussão se concentra em saber em que porcentagem. Aqui, porém, ocorrem coisas contraditórias.
Por um lado, a sociedade israelense está disposta a considerar a possibilidade de terminar com a ocupação. As pessoas estão muito agoniadas com isso. Por outro lado, e isso é o paradoxal, segue votando nos partidos de direita enquanto que a extrema direita é cada vez mais forte e cada vez mais fundamentalista. Devo admitir que, aqui em Israel, os processos não são pretos ou brancos, há situações paradoxais, contraditórias. Estamos, então, diante de processos que apontam para direções distintas. É importante destacar uma coisa: nunca a esquerda israelense esteve tão mal no Parlamento e, no entanto, nota-se que o discurso nacional aceita ou repete o que a esquerda vem dizendo há muitos anos. E o que diz a esquerda israelense? Diz que é preciso acabar com a ocupação. Hoje, a maioria das pessoas, incluindo o primeiro ministro Benjamin Netanyahu, diz que essa ocupação terá que acabar em algum momento. Encontramos então outro paradoxo: a esquerda nunca esteve pior e também nunca esteve melhor.
Por acaso o surgimento dessa frente interna que nasceu com os jovens israelenses, os indignados, pode modificar o peso da balança política ou esse foi somente um fenômeno passageiro?
Creio que isso será absolutamente insignificante, não transcendental e em nada mudará o panorama político porque as eleições são dentro de dois anos e a memória do israelense médio é demasiado curta. Essas pessoas foram demasiadamente pacíficas para que o governo as levasse a sério. Aqui não houve piqueteros e não se queimou sequer um pneu ao longo de dois meses. Diante de manifestações dessa índole, fica muito fácil para o governo manipulá-las e deixá-las passar. Rapidamente ocorre algum arranjo cosmético, mas em regra geral não vejo que os indignados deixem uma marca na sociedade israelense.
Como se pode explicar o abismo no qual caiu a esquerda israelense? Ela praticamente despareceu como ator político, carece de credibilidade e de capacidade de mobilização, é uma voz ausente no jogo político nacional. Desapareceu como discurso, como peso político, como mensagem e como sentido.
Se falamos do trabalhismo isso é certo. Mais do que uma mudança, o trabalhismo sofreu uma degeneração, Hoje sabemos que o trabalhismo nunca foi de esquerda, usavam slogans esquerdistas, mas levavam na prática uma política capitalista e nacionalista. Não se pode ser socialista e também tão sionista como é o trabalhismo. Que resta então da esquerda aqui? Em última instância, sobramos nós, o Meretz. Meu pequeno partido tem hoje três membros no Parlamento, que conta com 120 acentos.
Estamos no limite de desaparecer porque fomos leais a nossas consignas. Era muito mais fácil tomar um caminho mais direitista e nacionalista e, dessa forma, ganhar alguns votos mais. Nós fomos consequentes e pagamos o preço. A partir do ano 2000 este país foi para a direita. Ficou mais de direita, mais fundamentalista, mais religioso. A presença de um personagem tétrico como o ministro de Relações Exteriores, Lieberman, me diz que nos convertemos em um país fascista. Essa é a melhor prova de que Israel se degradou muito. Por quê? Alguns dirão que é uma reação lógica aos atentados palestinos doa anos 2000, outros dirão que isso tem a ver com complexos que vem da época do Holocausto, outros dirão que persistem questões que estão nas próprias raízes do movimento sionista. Seja como for, está claro que a esquerda israelense está em crise.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
Historiador e homem político, nesta entrevista à Carta Maior, Margalit assegura que o presidente da Autoridade Palestina pôs Israel em apuros e destaca as contradições nas quais está mergulhada a sociedade israelense, reconhecendo a crise pela qual passa a esquerda de seu país.
Como você analisa o pedido de reconhecimento do Estado palestino que Mahmud Abbas formaliza ante a ONU. É um erro estratégico, um gesto desesperado ou apenas um mero gesto simbólico que não acrescenta nada?
Não, não, de modo algum é um fracasso de Abbas. Muito antes de o pedido de Mahmud Abbas chegar às Nações Unidas, os palestinos já tinham vencido. E ganharam porque é a primeira vez, desde muito tempo, que eles dão o rumo geopolítico da agenda e da região. É também a primeira vez que conseguem pôr Israel em apuros. Faz muito tempo que Israel não conhece uma situação semelhante. Os palestinos encurralaram Israel, obrigaram-no a explicar ao mundo por que se negam a reconhecer um país.
Os palestinos colocaram Israel em uma situação grotesca. Eu creio que, desde essa perspectiva, os palestinos ganharam. Israel está se desgastando progressivamente. Apesar do veto dos Estados Unidos ao reconhecimento do Estado palestino, quando há mais de 130 países que votam a favor da Palestina isso equivale a uma mensagem muito clara dirigida a Israel.
Está se dizendo ao país: senhores, se vocês seguirem esse caminho, deixarão de fazer parte da grande família de países civilizados. Trata-se, então, de um grande êxito dos palestinos. É preciso mirar o impossível para obter algo possível. O que hoje parece impossível será possível cedo ou tarde. Mahmud Abbas teve muita coragem. Dizer não aos EUA como fez Abbas é um ato de saúde mental. Não conheço muitos líderes no mundo que sejam capazes de dizer aos Estados Unidos: “lamento amigo, mas não estou de acordo com o que vocês fazem”. Estou convencido de uma coisa: se Israel seguir neste caminho vai colapsar. Não sei se em 20 ou 30 anos, mas esse caminho nos leva a um precipício. Se alguém não nos detiver, e digo alguém porque nós não temos nem a motivação nem o incentivo para parar, terminaremos nos destroçando em um precipício.
Quem parece ter cometido um erro estratégico é o primeiro ministro Benjamin Netanyahu. Ao invés de aceitar a possibilidade de um Estado Palestino e acompanhar a decisão impondo condições básicas para Israel, o Executivo se fechou na ameaça e na cegueira.
Por ser um estúpido, Netanyahu caiu na armadilha. Mas essa é a estupidez típica de todos os nacionalistas. Quando, em algum momento, o nacionalismo assume o controle, perde-se um pouco a sensatez. Netanyahu e o governo israelense a perderam. Sob a influência de grupos extremamente direitistas, Netanyahu errou o cálculo: em vez de fazer um cálculo nacional, fez um cálculo eleitoral.
A sociedade israelense parece ter um olhar duplo que, por curioso que pareça, revela uma mudança: por um lado tem medo de que Israel perca iniciativa e legitimidade, e, por outro, observa os fenômenos que se produzem com uma posição menos intransigente que antes.
É certo que existem mudanças substanciais na sociedade israelense. A mais fundamental é que hoje, no discurso nacional, estão se dizendo coisas que, há dez anos, não se podiam dizer. Por exemplo, há uma década a postura israelense consistia em dizer: não se devolvem territórios. Hoje, em troca, a questão mudou para converter-se em uma pergunta: que porcentagem de territórios é preciso devolver? Esta pergunta é muito transcendente e se a observamos sob um olhar de longo prazo vemos em seguida que se produziu uma mudança substancial. Se antes as pessoas se negavam a contemplar a possibilidade de devolver territórios, hoje compreende que é preciso devolver esses territórios e a discussão se concentra em saber em que porcentagem. Aqui, porém, ocorrem coisas contraditórias.
Por um lado, a sociedade israelense está disposta a considerar a possibilidade de terminar com a ocupação. As pessoas estão muito agoniadas com isso. Por outro lado, e isso é o paradoxal, segue votando nos partidos de direita enquanto que a extrema direita é cada vez mais forte e cada vez mais fundamentalista. Devo admitir que, aqui em Israel, os processos não são pretos ou brancos, há situações paradoxais, contraditórias. Estamos, então, diante de processos que apontam para direções distintas. É importante destacar uma coisa: nunca a esquerda israelense esteve tão mal no Parlamento e, no entanto, nota-se que o discurso nacional aceita ou repete o que a esquerda vem dizendo há muitos anos. E o que diz a esquerda israelense? Diz que é preciso acabar com a ocupação. Hoje, a maioria das pessoas, incluindo o primeiro ministro Benjamin Netanyahu, diz que essa ocupação terá que acabar em algum momento. Encontramos então outro paradoxo: a esquerda nunca esteve pior e também nunca esteve melhor.
Por acaso o surgimento dessa frente interna que nasceu com os jovens israelenses, os indignados, pode modificar o peso da balança política ou esse foi somente um fenômeno passageiro?
Creio que isso será absolutamente insignificante, não transcendental e em nada mudará o panorama político porque as eleições são dentro de dois anos e a memória do israelense médio é demasiado curta. Essas pessoas foram demasiadamente pacíficas para que o governo as levasse a sério. Aqui não houve piqueteros e não se queimou sequer um pneu ao longo de dois meses. Diante de manifestações dessa índole, fica muito fácil para o governo manipulá-las e deixá-las passar. Rapidamente ocorre algum arranjo cosmético, mas em regra geral não vejo que os indignados deixem uma marca na sociedade israelense.
Como se pode explicar o abismo no qual caiu a esquerda israelense? Ela praticamente despareceu como ator político, carece de credibilidade e de capacidade de mobilização, é uma voz ausente no jogo político nacional. Desapareceu como discurso, como peso político, como mensagem e como sentido.
Se falamos do trabalhismo isso é certo. Mais do que uma mudança, o trabalhismo sofreu uma degeneração, Hoje sabemos que o trabalhismo nunca foi de esquerda, usavam slogans esquerdistas, mas levavam na prática uma política capitalista e nacionalista. Não se pode ser socialista e também tão sionista como é o trabalhismo. Que resta então da esquerda aqui? Em última instância, sobramos nós, o Meretz. Meu pequeno partido tem hoje três membros no Parlamento, que conta com 120 acentos.
Estamos no limite de desaparecer porque fomos leais a nossas consignas. Era muito mais fácil tomar um caminho mais direitista e nacionalista e, dessa forma, ganhar alguns votos mais. Nós fomos consequentes e pagamos o preço. A partir do ano 2000 este país foi para a direita. Ficou mais de direita, mais fundamentalista, mais religioso. A presença de um personagem tétrico como o ministro de Relações Exteriores, Lieberman, me diz que nos convertemos em um país fascista. Essa é a melhor prova de que Israel se degradou muito. Por quê? Alguns dirão que é uma reação lógica aos atentados palestinos doa anos 2000, outros dirão que isso tem a ver com complexos que vem da época do Holocausto, outros dirão que persistem questões que estão nas próprias raízes do movimento sionista. Seja como for, está claro que a esquerda israelense está em crise.
Tradução: Marco Aurélio Weissheimer
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sábado, 24 de setembro de 2011
Filme africano...
A Viagem da Hiena (Touki Bouki) Touki Bouki.avi | |||||||||||
Poster | Sinopse | ||||||||||
Este primeiro filme do aclamado diretor senegalês Djibril Diop Mambety é considerado um dos melhores filmes africanos, com certeza um dos mais experimentais. Concebido ccm exatidão e magistralmente realizado, o filme narra as cômicas desaventuras de Mory, um vaqueiro que monta uma motocicleta com um crânio bovino. e Anta, uma estudante universitária. Alienados e descontentes com o Senegal e a África, decidem ir para Paris, buscando para tanto, arrumar dinheiro-fácil através de diferentes formas. LEGENDA EXCLUSIVA. Créditos: CERONTE - MAKINGOFF
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Elenco | Informações sobre o filme | Informações sobre o release |
Magaye Niang - Mareme Niang - Aminata Fall - Ousseynou Diop - Josephine Baker - Christoph Colomb - Ndou Labia - Mustapha Ture | Gênero: Drama Diretor: Djibril Diop Mambéty Duração: 85 minutos Ano de Lançamento: 1973 País de Origem: Senegal Idioma do Áudio: Wolof | Árabe IMDB: http://www.imdb.com/title/tt0070820/ | Qualidade de Vídeo: DVD Rip Vídeo Codec: XviD ISO MPEG-4 Vídeo Bitrate: 1838 Kbps Áudio Codec: 0x0055 MPEG-1 Layer 3 Áudio Bitrate: 192 Kbps Resolução: 640x480 Formato de Tela: Tela Cheia (4x3) Frame Rate: 23.976 FPS Tamanho: 1.3 Gb Legendas: No torrent |
Premiações | ||
Venceu: 1973 - Moscow International Film Festival (Diploma, FIPRESCI Prize). Touki Bouki ficou na 52ª posição no ranking da revista Empire, "The 100 Best Films Of World Cinema", em 2010. | ||
Curiosidades | ||
Considerado, juntamente com Soleil O, o primeiro filme avant-garde africano. | ||
Crítica | ||
"(...) e entre as coisas que fazem este filme ser tão interessante estéticamente, estão as sequencias fantasiosas envolvendo as imagens projetadas do casal em Paris e em outros locais." Jonathan Rosenbaum, Chicago Reader Considerado por muitos como seu filme mais ousado e importante, estréia de Mambéty em um longa-metragem, Touki Bouki (Jornada da Hiena) é o mais plenamente desenvolvido de seus temas anteriores sobre o hibridismo e a individualismo da marginalidade e do isolamento. Baseado em sua própria história, Djibril Diop Mambéty fez Touki Bouki com um orçamento de US$30.000,00 obtidos, em parte, do governo senegalês. Embora influenciada pela Novelle Vague francesa, Touki Bouki exibe um estilo todo próprio. Sua trilha sonora e jogo de câmera têm um ritmo frenético não-característico da maioria dos filmes Africanos -- conhecido muitas vezes por suas narrativas evolutivas lineares, em passos vagarosos. Através de cortes saltados, colisões na montagem, acompanhamento sonoro dissonante, e a justaposição de sons e elementos visuais pastorais, pré-modernos e modernos, Touki Bouki transmite e lida bem com a hibridização do Senegal. Um par de amantes, Mory e Anta, fantasiam em fugir de Dakar para uma França mítica e romantizada. O filme acompanha-os enquanto eles tentam desencavar e descolar os fundos para sua fuga. Ambos chegam ao vapor que transportaría-os para Paris, mas antes que eles desembarquem, Mory é atraído de volta ao Dakar e não pode sucumbir à sedução do Ocidente. Touki Bouki ganhou o Prêmio Especial do Júri no Festival de Moscou e o Prêmio da Crítica Internacional no Festival de Cannes. - Wikipedia. | ||
Coopere, deixe semeando ao menos duas vezes o tamanho do arquivo que baixar. |
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Spoiler
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Arquivo(s) anexo(s)
Enquanto isso no RS os projetos educacionais avançam...
Rede estadual inicia reestruturação do currículo do Ensino Médio
A Secretaria de Estado da Educação (Seduc) prepara para o primeiro semestre de 2012 a reestruturação do currículo do Ensino Médio. A proposta contempla qualificação, articulação com o mundo do trabalho e práticas produtivas. A ideia se constitui em um ensino médio politécnico, com articulação das áreas de conhecimento e suas tecnologias com os eixos da cultura, ciência, tecnologia e trabalho como princípio educativo (nível presente em 793 escolas).
Ensino Médio Politécnico
De acordo com dados do Censo Escolar da Educação Básica de 2010, o 1º ano do Ensino Médio de 793 escolas da rede estadual recebeu matrícula de 161 mil alunos. Nos três anos do nível, o número de matrículas em 2010 foi superior a 354 mil. De acordo com o secretário de Estado da Educação, Prof. Dr. Jose Clovis de Azevedo, as mudanças buscam superar a situação atual que apresenta defasagem idade-série de 30%, índice de abandono de 13%, principalmente no 1º ano, e de 21,7% de reprovação. Outro desafio é trazer para a escola 84 mil jovens, em idade de cursar o Ensino Médio, mas que estão fora da sala de aula.
Currículo
O Currículo do Curso de Ensino Médio Politécnico será desenvolvido em três anos, com 2.400 horas, com a possibilidade de um acréscimo de 600 horas na carga horária, totalizando 3.000 horas. Este acréscimo, dividido nos três anos, deverá ser constituído por estágios ou aproveitamento de atividades em situações de emprego formal ou informal. O conteúdo compõe projetos desenvolvidos nos seminários integrados como parte do currículo do curso. Ao longo dos três anos, a proporção da formação geral e diversificada é a seguinte: no 1º ano, 75%-25%; no 2º, 50%-50%; e, no 3º, 25%-75%.
Formação Geral
Inclui as quatro áreas de conhecimento: Linguagens e suas Tecnologias (conhecimentos expressivos/de comunicação; Língua Portuguesa, Literatura, Artes, Língua Estrangeira Moderna, Educação Física); Matemática e suas Tecnologias (conhecimentos lógico-matemáticos); Ciências da Natureza e suas Tecnologias (conhecimentos físicos, químicos e biológicos); e Ciências Humanas e suas Tecnologias (conhecimentos filosóficos, geográficos e sócio-históricos).
Formação Diversificada (humana – tecnológica – politécnica)
Constitui a articulação das áreas do conhecimento, a partir de experiências e vivências, com o mundo do trabalho. Enfoques ou temáticas: Educação e Conhecimento: base filosófica, psicopedagógica e sócio-antropológica (Psicologia da Educação e da Aprendizagem, Sociologia da Educação, Filosofia da Educação, História da Educação, Desenvolvimento Cognitivo, Desenvolvimento Neuromotor, Antropologia, Educação Especial); Conhecimento específico da Educação Infantil e do Ensino Fundamental: Literatura Infantil, Arte-Educação – Cênicas, Plásticas e Música, Expressão Dramática, Recreação e Jogos, Música, Nutrição, Puericultura, Enfermagem, Conhecimento Lógico Matemático, Psicogênese da Leitura e da Escrita, Fundamentos da Psicomotricidade, Desenvolvimento da Linguagem, Planejamento – Organização do Ensino, Legislação, Estrutura e Funcionamento do Ensino, Didáticas e Pesquisa.
No âmbito da Educação Profissional a reformulação do currículo busca articular os cursos técnicos com os arranjos produtivos locais e as necessidades de desenvolvimento do Estado, bem como com a modernização tecnológica.
As mudanças na Educação Profissional (156 escolas) e Escolas Normais (104 estabelecimentos) serão encaminhadas ao Conselho Estadual da Educação para análise e homologação, antes de entrar em vigência.
A reestruturação do Ensino Médio atende a diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) contidas na Resolução 04/2010, que estão em processo de homologação no Ministério da Educação.
A reestruturação do Ensino Médio atende a diretrizes do Conselho Nacional de Educação (CNE) contidas na Resolução 04/2010, que estão em processo de homologação no Ministério da Educação.
Conferência
A proposta da Seduc está contida em um documento-base que entra em debate em todo o Estado, no processo de Conferência Estadual. A primeira etapa, que constitui o debate nas escolas, começa ainda em setembro. Os 22 mil professores do Ensino Médio do RS estão convidados a participar desse processo. A Conferência se estrutura em cinco etapas, sendo encerrada em dezembro, em Porto Alegre. A expectativa é reunir na Capital 400 delegados, com proporcionalidade dos segmentos escolares: 300 professores (75%), 60 alunos (15%), 20 funcionários de escolas (5%) e 20 pais ou responsáveis (5%).
Fonte: portal da SEDUC
Fonte: portal da SEDUC
Embaixador Ibrahim Alzeben: Israel quer uma terra sem palestinos
Ibrahim Alzeben, embaixador palestino no Brasil, falou com a reportagem do Portal Vermelho sobre o pedido de reconhecimento do Estado da Palestina na ONU, feito nesta sexta-feira (23) por Mahmud Abbas, presidente da Autoridade Nacional Palestina.
Operamundi
O embaixador palestino Ibrahim Alzeben, durante ato em São Paulo
Alzeben renovou as críticas à administração Obama, que prometeu vetar o reconhecimento do Estado da Palestina no Conselho de Segurança das Nações Unidas, afirmando que Obama deixou muito a desejar e praticamente lavou as mãos, renovando a autorização não escrita à Israel para que fizesse o que quiser com os palestinos.
Portal Vermelho: Por que a Palestina pediu o reconhecimento do Estado neste momento?
Ibrahim Alzeben: Porque o processo de negociações, ao longo de 18 anos, só teve resultados negativos. Tivemos mais ocupação, mais Muro da Vergonha, mais colônias, o bloqueio contra Gaza. Tivemos a ocupação de Jerusalém, a destruição de casas. Israel armou os colonos. Esse processo, que deveria terminar em um estado independente da Palestina, cada vez torna menos possível e viável a criação do Estado palestino.
Hoje temos a Primavera Árabe, os povos se lançam às ruas exigindo justiça, independência, democracia. Por sua vez, o povo palestino exige o fim da ocupação. E nós estamos em sintonia com os desejos do povo.
Portal Vermelho: O que achou dos discursos de Dilma e de Obama?
Ibrahim: Foram duas coisas diferentes. A presidente Dilma expressou a alma solidária, consciente do povo brasileiro. Quanto ao presidente Obama, realmente deixou muito a desejar, porque não agiu como deve agir uma superpotência, o resultado é deixar as mãos livres a Israel: "Façam o que quiserem que nós apoiamos vocês".
Isto não estimula a paz, pelo contrário, estimula a linha dura da política de Israel, contra o direito internacional. Foi uma atitude desafortunada.
Portal Vermelho: Os Estados Unidos já anteciparam que vão vetar a aspiração palestina...
Ibrahim: Cada vez mais os EUA e Israel estão sozinhos, cada vez mais existe o isolamento, por que não estão em sintonia com o sentimento popular internacional, por não sentir o decoro político.
Portal Vermelho: E o que significaria um Estado não-membro da ONU para a Palestina?
Ibrahim: É simples: temos direito à voz, mas não temos direito a voto dentro da organização.
Portal Vermelho: O que o embaixador acha que acontecerá depois?
Ibrahim: Vamos seguir construindo a infraestrutura do nosso Estado, sob condições mais difíceis ainda, vamos seguir batendo às portas da ONU e de seus organismos correspondentes e não vamos claudicar. Continuaremos lutando, até conseguir nosso direito legítimo, consagrado pelo direito internacional e pela Carta Magna da ONU, que é o direito sagrado à autodeterminação dos povos.
Portal Vermelho: A iniciativa palestina pode gerar violência e retaliação por parte dos EUA e de Israel?
Ibrahim: Sem dúvida a atitude que esses dois Estados têm já é de agressão. O fato dos Estados Unidos "lavarem as mãos" e dizerem "negociem", sabendo que as tais negociações nunca deram certo, é obviamente manter as portas abertas para maiores agressões e maiores repressões por parte de Israel. Isso já vem acontecendo, os sinais já estão visíveis, por exemplo, a partir do momento que Israel arma os colonos, que passaram a agredir diariamente os palestinos.
Israel pretende, com isso, que os palestinos tomem alguma reação em retaliação aos ataques, para que possam dizer que somos os "agressores" e que não é possível conviver com os palestinos. Eles estão nos empurrando para o confronto, algo que temos evitado. Nossa decisão soberana é não cair na provocação deles. Mas não sei até quando, obviamente.
Portal Vermelho: Qual é o grande obstáculo nas negociações com Israel?
Ibrahim: Posso dizer em duas palavras? A política de Israel. Israel quer paz, mas com as terras palestinas vazias. Quer uma Palestina sem palestinos e, no melhor dos casos, quer moradores, que serão mão de obra barata, praticamente escrava de Israel, isolados e rodeados por colonos judeus.
Isto é, querem uma Palestina sem palestinos ou, no melhor dos casos, para eles, palestinos subjugados. Isso Israel jamais vai conseguir.
De São Paulo,
por Humberto Alencar e Joana Rozowykwiat
Portal Vermelho: Por que a Palestina pediu o reconhecimento do Estado neste momento?
Ibrahim Alzeben: Porque o processo de negociações, ao longo de 18 anos, só teve resultados negativos. Tivemos mais ocupação, mais Muro da Vergonha, mais colônias, o bloqueio contra Gaza. Tivemos a ocupação de Jerusalém, a destruição de casas. Israel armou os colonos. Esse processo, que deveria terminar em um estado independente da Palestina, cada vez torna menos possível e viável a criação do Estado palestino.
Hoje temos a Primavera Árabe, os povos se lançam às ruas exigindo justiça, independência, democracia. Por sua vez, o povo palestino exige o fim da ocupação. E nós estamos em sintonia com os desejos do povo.
Portal Vermelho: O que achou dos discursos de Dilma e de Obama?
Ibrahim: Foram duas coisas diferentes. A presidente Dilma expressou a alma solidária, consciente do povo brasileiro. Quanto ao presidente Obama, realmente deixou muito a desejar, porque não agiu como deve agir uma superpotência, o resultado é deixar as mãos livres a Israel: "Façam o que quiserem que nós apoiamos vocês".
Isto não estimula a paz, pelo contrário, estimula a linha dura da política de Israel, contra o direito internacional. Foi uma atitude desafortunada.
Portal Vermelho: Os Estados Unidos já anteciparam que vão vetar a aspiração palestina...
Ibrahim: Cada vez mais os EUA e Israel estão sozinhos, cada vez mais existe o isolamento, por que não estão em sintonia com o sentimento popular internacional, por não sentir o decoro político.
Portal Vermelho: E o que significaria um Estado não-membro da ONU para a Palestina?
Ibrahim: É simples: temos direito à voz, mas não temos direito a voto dentro da organização.
Portal Vermelho: O que o embaixador acha que acontecerá depois?
Ibrahim: Vamos seguir construindo a infraestrutura do nosso Estado, sob condições mais difíceis ainda, vamos seguir batendo às portas da ONU e de seus organismos correspondentes e não vamos claudicar. Continuaremos lutando, até conseguir nosso direito legítimo, consagrado pelo direito internacional e pela Carta Magna da ONU, que é o direito sagrado à autodeterminação dos povos.
Portal Vermelho: A iniciativa palestina pode gerar violência e retaliação por parte dos EUA e de Israel?
Ibrahim: Sem dúvida a atitude que esses dois Estados têm já é de agressão. O fato dos Estados Unidos "lavarem as mãos" e dizerem "negociem", sabendo que as tais negociações nunca deram certo, é obviamente manter as portas abertas para maiores agressões e maiores repressões por parte de Israel. Isso já vem acontecendo, os sinais já estão visíveis, por exemplo, a partir do momento que Israel arma os colonos, que passaram a agredir diariamente os palestinos.
Israel pretende, com isso, que os palestinos tomem alguma reação em retaliação aos ataques, para que possam dizer que somos os "agressores" e que não é possível conviver com os palestinos. Eles estão nos empurrando para o confronto, algo que temos evitado. Nossa decisão soberana é não cair na provocação deles. Mas não sei até quando, obviamente.
Portal Vermelho: Qual é o grande obstáculo nas negociações com Israel?
Ibrahim: Posso dizer em duas palavras? A política de Israel. Israel quer paz, mas com as terras palestinas vazias. Quer uma Palestina sem palestinos e, no melhor dos casos, quer moradores, que serão mão de obra barata, praticamente escrava de Israel, isolados e rodeados por colonos judeus.
Isto é, querem uma Palestina sem palestinos ou, no melhor dos casos, para eles, palestinos subjugados. Isso Israel jamais vai conseguir.
De São Paulo,
por Humberto Alencar e Joana Rozowykwiat
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Segurança: governo cobra que oposição condene ameaças
Felipe Prestes no SUL21
O governo do Rio Grande do Sul está convicto de que há interesses não trabalhistas por trás de supostos protestos, atribuídos a policiais militares, e que chegam a níveis cada vez mais graves. Depois de falsas bombas, um explosivo verdadeiro foi encontrado na manhã desta sexta-feira (23) em frente à sede do 9º Batalhão da Brigada Militar, no centro de Porto Alegre. Segundo a BM, o material era um explosivo semelhante ao utilizado em pedreiras, mas não continha detonador, por isso não havia risco de explosão. Para o governo, foi a gota d’água.
O caso motivou uma entrevista coletiva com a participação do assesssor superior do governador, Flavio Koutzii, do secretário de Segurança Pública, Airton Michels, e do comandante-geral da BM, Sérgio Abreu. Para os três, os atos visam desestabilizar o governo e a Brigada Militar. Koutzii cobrou que os partidos de oposição se manifestem. “Esperamos que todas as forças políticas se manifestem, para sabermos se eles condenam ou não os acontecimentos. Estão um pouco atrasadinhos os partidos de oposição em se manifestar”, afirmou o assessor superior.
Koutzii disse ainda que não é possível que os ânimos dos brigadianos tenham se exaltado a ponto de uma ameaça com um explosivo um dia após os soldados e cabos terem aceitado a proposta de reajuste salarial do governo. “O governo respondeu a todas as provocações com propostas salariais. É porque está dando certo que o desespero de alguns se expressa”, disse.
Para o líder do PMDB na Assembleia, Giovani Feltes, o governo tem feito insinuações que colocam todos como suspeitos. “Desde a queima de pneus, integrantes do governo têm declarado que sabem quem está por trás dos protestos e que seria uma tentativa de desestabilizaro governo. Se o governo sabe quem são, que mostre e puna. Se não sabe, porque diz que sabe? Fica todo mundo como suspeito, como se a oposição fosse responsável”, disse.
Sobre a cobrança de Koutzii, Feltes afirmou ser óbvio que a oposição não gosta do tipo de manifestação que vem sendo feita supostamente por brigadianos. Mas não concorda que caiba à oposição o dever de se manifestar. “O que podem fazer os partidos de oposição? A oposição não tem mecanismos, é algo que cabe ao governo”, disse. O deputado afirmou ainda que não levanta suspeições “temerárias”, como têm feito integrantes do governo.
Brigada Militar realiza 26 inquéritos
O comandante-geral da BM informou que a corporação já realiza 26 inquéritos policiais militares (IPMs), um para cada ocorrência. Cada queima de pneu em estradas, além dos fatos mais graves, tem tido sua própria investigação. Sérgio Abreu disse que já foram feitas 40 oitivas. Até agora, o único identificado, por meio de câmeras de segurança, foi João Carlos dos Santos, sargento da reserva da BM, que participou de protesto em Alvorada. Quanto aos demais, embora Abreu diga que haja suspeitos, diz que não é possível dizer se são brigadianos ou não.
Ele levantou a hipótese de que o crime organizado pode estar por trás de protestos. “Os atos visam desprestigiar a Brigada. Nós estamos agindo muito fortemente contra o crime organizado”, disse. Entretanto, nem a BM, nem o governo apresentam evidências mais claras do interesse político ou da participação do crime organizado.
Há também dúvidas se os atos são todos realizados por um mesmo grupo, ou por vários. Para Koutzii, protestos de brigadianos podem ter sido vistos como uma oportunidade para grupos contrários ao governo, dentro ou fora da BM, se aproveitarem. “Pode haver um núcleo duro contra o governo”, disse.
Mesmo sem a certeza de que os fatos estejam todos interligados, o secretário Airton Michels enfatizou que quem for pego em um ato isolado pode sim ser imputado por formação de quadrilha, por estar colaborando com o conjunto de ações. “Quem acha que está fazendo um ato isolado, vai entrar em crimes bem mais graves do que pensa, mas tudo indica que estão todos conectados”, disse. Michels também corroborou com a tese política. “Não tem correlação com os movimentos reivindicatórios, que têm sentado para negociar com o governo. Há uma articulação de forças políticas que visam desestabilizar nossas ações de segurança pública. Uma reação aos resultados que o governo está apresentando nas negociações salariais”.
O secretário ressaltou que a maioria dos crimes foi praticada na “calada da noite”, por isto é muito difícil que haja um flagrante, mas que artefatos como o encontrado nesta sexta “deixam vestígios” que estão levando até os responsáveis. O comandante-geral da BM, por sua vez, disse que os inquéritos ainda vão demorar. “Vai demorar muito ainda a investigação. As provas vão demandar muita pesquisa, muito cruzamento de dados”, explicou. Abreu informou que a Brigada Militar reforçou o policiamento à noite em locais que considera que pode haver atentados e tem monitorado suspeitos.
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