Ahdaf Soueif, The Guardian, UK-PATRIALATINA
Israel é uma democracia cujos políticos
podem ordenar o assassinato de crianças, como ‘ferramenta’ de campanha
eleitoral. Sempre, claro, crianças palestinas.
Mas as multidões, em todo o mundo árabe, não são racistas. Protestos em Londres e em mais de 100 cidades em todo o mundo exigem o fim do ataque de Israel contra Gaza e o fim do cerco.http://stopwar.org.uk/index. Martírio em Gaza: Vídeo de um cineasta e ativista britânico, filmado na cidade de Gaza http://www.youtube.com/watch? Gaza Sob Ataque: Emergência! Proteste! Sábado, 17/11, das 14h às 16h Embaixada de Israel em Londres (2 Palace Green) London W8 4QB http://stopwar.org.uk/index. SE VOCÊ CLICAR emhttp://audioboo.fm/users/ Ouvem-se as explosões, o zunido dosdrones, a sirene das ambulâncias. É a trilha sonora da vida dos palestinos nesse exato momento. Os sons estão sendo gravados e retransmitidos e ouvidos em todo mundo. Todo o mundo árabe está ouvindo. Todos os amigos de Gaza, em todo o planeta, tremem de indignação. Gaza não está só. Todos passamos a noite lendo e repassando tuítes e distribuindo matérias de blogs de jovens palestinos, em Gaza e em todo o mundo, e todos estamos vendo as imagens que eles distribuem. Naquele mesmo hospital Shifa em Gaza (http://www.guardian.co.uk/ Pela primeira vez em 42 anos, um representante do governo egípcio não mentiu ao falar primeiro ao povo egípcio, antes até de se dirigir ao presidente do Egito. Antes disso, Mursi falara de“coordenar a segurança” com Israel no Sinai; começou por fechar os túneis, que são o único canal de sobrevivência para os que vivem sitiados em Gaza; rejeitou a propostas de uma área de livre comércio na fronteira entre Egito e Gaza; e enviou um embaixador a Telavive com uma carta a Shimon Peres (http://www.thejc.com/news/ O pessoal da Fraternidade Muçulmana e seu partido Liberdade e Justiça muito se empenharam em justificar as ações de seu representante no palácio presidencial, ante o resto do país. Progressistas e todo o campo da esquerda no Egito zombaram do muito que eles falavam e do nada que faziam para defender os palestinos ao longo dos anos em que viveram na oposição, tanto quanto do espantoso silêncio que sobreveio, depois que chegaram ao poder. Os muros e paredes do Cairo cobriram-se de grafitis que zombavam da “carta de amor” que Morsi enviara a Peres. A zombaria que começou nos muros da cidade alastrou-se online e na blogosfera. Agora, afinal, os próprios israelenses decidiram por Morsi. Agora, afinal, o presidente do Egito poderá dar melhor sentido à sua presidência, mais sintonizada com o desejo do povo egípcio. Grandes caravanas de jovens egípcios já marcham em direção a Gaza. Com eles vai também minha sobrinha mais jovem. Toda a sociedade civil em todo o planeta está mobilizada; já partiram vários barcos em direção a Gaza, civis egípcios, de todo o país, estão em viagem para Gaza. No plano mais ‘oficial’, o governo egípcio já enviou médicos, enfermeiros e remédios, que já chegaram a Gaza. Abdel Moneim Aboul-Fotouh, que é médico e foi candidato a presidência do Egito já partiu para Gaza (http://www.guardian.co.uk/ Israel sempre tentou vender-se à opinião pública ocidental como se fosse a única democracia, num mar de fanáticos. A Primavera Árabe desmentiu e destruiu essa narrativa, talvez para sempre. Então os políticos israelenses passaram a trabalhar a favor de uma guerra contra o Irã. E, enquanto esperam, entraram num frenesi de assassinatos em massa em Gaza. Se Israel queria instigar violência crescente contra o próprio governo, não poderia ter encontrado meio mais garantido do que assassinar Ahmed al-Jaabari, comandante do Hamás que, pelos últimos cinco anos, trabalhou para impedir ataques contra Israel. Assassinado o comandante Jaabari, imediatamente recomeçaram os ataques, exatamente o que se vê agora. Assim, Israel supõe que possa sequestrar a narrativa da Primavera Árabe e fazer andar para trás o relógio da história. Israel quer voltar ao tempo em que ainda havia quem acreditasse em “terroristas islamistas versus israelenses civilizados”. Simultaneamente, desviam o foco do morticínio na Síria e, claro, ganham pontos para a política de linha duríssima de Binyamin Netanyahu e Ehud Barak, em período de campanha eleitoral, em população anestesiada pela propaganda. De fato, a única coisa que conseguiram foi expor ao mundo a prova definitiva de que Israel é uma democracia em que os políticos podem ordenar o assassinato de crianças, para vencer eleições. Sempre crianças palestinas, é claro. Os cidadãos do mundo já não se deixam enganar. Na 5ª-feira começaram protestos em todo o mundo em defesa de Gaza. Continuam na 6ª-feira e no sábado. E isso é apenas o começo. Em todos os países árabes nos quais a população levantou-se para exigir respeito aos seus direitos, as multidões voltam às ruas para exigir respeito também aos direitos dos palestinos. A Tunísia já informou que seu ministro de Relações Exteriores já está em Gaza. Na Jordânia, hoje, centenas de milhares estão nas ruas e, ali também, ao mesmo tempo em que exigem o fim da monarquia jordaniana, exigem justiça para o povo palestino. Há protestos na Líbia. Do Egito já partiram várias caravanas e outras preparam-se para partir para Rafah e, dali, para Gaza. Essas multidões em movimento carregam a verdadeira representação popular e manifestam o desejo dos povos da região. Daqui em diante, os governos terão de trilhar o caminho que está sendo aberto, hoje, pelos homens e mulheres que caminham rumo a Gaza, para defender Gaza.
Tradução Vila Vudu
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Um blog de informações culturais, políticas e sociais, fazendo o contra ponto à mídia de esgoto.
sexta-feira, 23 de novembro de 2012
GAZA NÃO ESTÁ SÓ. ESTAMOS EM GAZA! TODO MUNDO CONTRA O FRENESI ASSASSINO DE ISRAEL
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quinta-feira, 22 de novembro de 2012
A democracia e o Estado Judeu
Israel é a quarta maior potência militar
do planeta. Os palestinos são provavelmente o povo mais desarmado do
planeta. Ainda assim, não dá para aceitar a opinião de Francisco Carlos
Teixeira (http://www.viomundo.com.br/ politica/francisco-carlos- teixeira.html)
de que Israel é uma realidade política (e militar) intocável. Isto está
totalmente contrário à lógica da realidade. Todo sionista sabe que este
Israel que eles construíram, com o apoio e cumplicidade de todas as
potências europeias (incluindo a ex-URSS) e os Estados Unidos, não
poderá subsistir por muito tempo a partir da introdução da democracia.
Sim, é a democracia o verdadeiro fator que vai levar ao fim de Israel
como o Estado judeu que os sionistas delinearam.
Segundo o historiador israelense
Ilan Pappe, Israel é o único país racista do Oriente Médio. Por ali, o
que menos existe são países onde prime a democracia. Os principais
aliados dos EUA e da Europa capitalista (Arábia Saudita, Jordânia,
Qatar, Emirados,…) são países governados pelas mais ferrenhas
oligarquias, por monarquias absolutistas que não estão submetidas a
nenhum controle democrático. Mas, nenhum deles se caracteriza por ser
racista. O único país claramente racista que existe na região é Israel.
Como todos sabem (ou deveriam
saber), a democracia moderna não pode admitir uma sociedade onde haja
discriminação de raças, uma sociedade onde os direitos são atribuídos em
ordem preferencial segundo à etnia (ou religião) de seus habitantes.
Então, este Israel como Estado judeu deixará de existir a partir do
momento em que todos seus cidadãos passarem a ter os mesmos direitos e
as mesmas obrigações. A partir do momento em que um cidadão israelense
de qualquer etnia (por exemplo, um palestino) puder usufruir dos mesmos
direitos que goza um cidadão israelense de religião judaica, podendo
inclusive postular-se ao governo do país e ser eleito (se a maioria dos
votantes assim o decidir), a partir de então, o Estado judeu como tal
deixará de existir.
Todos os sionistas sabem disto. E é
exatamente por esta razão que eles (especialmente os autodenominados
sionistas de “esquerda”) têm pavor a qualquer alteração que transforme
Israel num Estado de todos os seus cidadãos e não o mantenha como um
Estado exclusivamente dos judeus. Ou seja, eles sabem que a introdução
de uma democracia de verdade, que seja válida para todos seus cidadãos
(não a democracia só para os judeus) significará a morte do Estado
racista e exclusivista que eles construíram.
Embora eu entenda que o mais
lógico seria a existência de um só Estado na região que engloba
Palestina e Israel, não vejo como um entrave ao avanço a criação de dois
estados. Há muitos lugares do mundo onde dois ou mais estados foram
formados para atender às peculiaridades políticas do momento, apesar de
que seus habitantes não se constituíam em povos com diferenças
significativas. Basta observar o caso do Uruguai. Que diferenças
significativas de caráter étnico existem entre os uruguaios e os
argentinos? No entanto, como forma de evitar o confronto entre duas
outras potências maiores (Brasil e Argentina), o Uruguai foi
transformado em um país independente. E continua assim até hoje. Israel e
Palestina também podem seguir a mesma trilha.
O fundamental, em meu entender, é
defender o direito dos palestinos estabelecerem livremente seu Estado e,
ao mesmo tempo, exigir que o Estado de Israel passe a ser um Estado
democrático para todos os seus cidadãos. Ou será que a democracia só
serve como motivação de campanhas internacionais quando é para derrubar
governos enfrentados com as grandes potências capitalistas do ocidente?
Foto: Blog Democracia Ya
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quarta-feira, 21 de novembro de 2012
O que acontece na Faixa de Gaza?
Foto: AP/Ashraf Amra |
A atual investida de Israel contra a Faixa de Gaza, denominada de “Pilar
Defensivo”, tem como suposto objetivo defender o povo israelense dos
mísseis lançados por combatentes do Hamas que atingem o sul do país. Mas
será que é apropriado chamar de guerra ou de defesa quando um dos lados
é uma superpotência militar e o outro, um grupo político armado sem a
organização e a estrutura de Forças Armadas?
É verdade que a organização palestina dispara
foguetes contra o território de Israel, mas é preciso analisar a sua
verdadeira capacidade militar. Desde que o conflito teve início, na
quarta-feira (14/11), três israelenses foram mortos pelos mísseis,
enquanto pelo menos 95 palestinos perderam suas vidas e centenas ficaram
feridos. Ao longo deste ano, nenhum israelense foi vítima dos projéteis
e apenas alguns ficaram feridos em comparação a dezenas de palestinos
mortos que, em sua vasta maioria, eram civis.
Os projéteis lançados pelos palestinos procedem de diferentes locais e
estão longe de integrar o moderno mercado de armas. Enquanto muitos são
produtos domésticos, outros são equipamentos da década de 1990. Com
alcance de 6 a 25 milhas, esses mísseis não possuem a tecnologia
necessária para mirar alvos no território israelense e acabam por
atingir, muitas vezes, terrenos inabitados. Além disso, na maior parte
dos casos, os militares israelenses conseguem interceptar os foguetes
pelo seu avançado sistema de defesa, mantendo uma taxa de 90% de sucesso
nos casos. Nos últimos seis dias, cerca de 740 misseis foram lançados e
apenas 30 atingiram Israel.
Além de possuir poucos recursos financeiros, o Hamas encontra grande
dificuldade em comprar armas por conta do bloqueio israelense nas
fronteiras da Faixa de Gaza. Tudo o que consegue provém de túneis
ilegais. O grupo palestino tão pouco possui uma estrutura militar comum
às Forças Armadas, com treinamento regular e corpo de oficiais. Seus
combatentes não atuam em batalhas, mas sim em ações de guerrilha.
É este o corpo organizacional que uma das Forças Armadas mais potentes
do mundo enfrenta hoje. Com orçamento militar anual ao redor dos US$ 12
bilhões, Israel recebe ajuda de US$ 3 bilhões dos Estados Unidos para
investir em equipamentos. Jatos de tecnologia militar de última geração
bombardeiam a Faixa de Gaza e sistemas de defesa aprimorados derrubam os
projeteis.
Há uma imensa assimetria na capacidade de cada um dos lados de infligir
danos e sofrimento devido ao domínio militar total de Israel na região.
Esse fato transparece no número desproporcional de mortos e destruição
afligida. Até agora, mais de um terço das vítimas palestinas são civis, incluindo crianças e idosos, e o número parece estar apenas aumentando.
Se Israel é tão superior militarmente ao Hamas e em poucos dias já
conseguiu destruir grande parte do território palestino, por que
realizar uma operação? Se o objetivo das autoridades era atingir o
grupo, por que não optar apenas por ações de seu desenvolvido serviço de
inteligência contra seus líderes?
Essas perguntas parecem ingênuas, mas, com certeza, foram consideradas
pelo governo e pelos chefes de segurança do país, que escolheram
deliberadamente a opção militar. Não podemos nos esquecer da afirmação
de Eli Yishai, vice-premiê de Israel, de que o objetivo da operação "é mandar Gaza de volta para a Idade Média".
Longe de ser uma ruptura com a política israelense para a Faixa de Gaza,
a nova investida integra as iniciativas de ocupar e sitiar o território
palestino que vão desde o bloqueio econômico e militar à expansão de assentamentos israelenses.
E, para aqueles que não se lembram, essa não é a primeira vez que as
Forças Armadas atacam a Faixa de Gaza em uma suposta luta contra o
Hamas. Em 2009, as autoridades realizaram a operação “Chumbo Fundido”,
que, em apenas 22 dias, deixou 1.434 palestinos mortos, incluindo 1.259
civis.
Até os dias atuais, os palestinos não conseguiram se recuperar desses
ataques pela falta de materiais de construção disponíveis, que
permanecem bloqueados por oficiais israelenses nas fronteiras. De acordo
com relatório das Nações Unidas de setembro deste ano, apenas 25% dos
edifícios danificados na investida foram reconstruídos.
Analisando os dados da operação, o professor norte-americano Norman
Filkenstein conclui que não houve uma guerra, mas sim um massacre contra
o povo palestino. Será que o que estamos assistindo nesses últimos dias
na Faixa de Gaza não deve receber essa conotação, em vez de “guerra” ou
“ação defensiva”?
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terça-feira, 20 de novembro de 2012
Zumbi Vive!
Mario Maestri no CORREIO DA CIDADANIA |
Em 20 de novembro de 1695, Nzumbi dos Palmares caía lutando
em mata perdida do sul da capitania de Pernambuco. Seu esconderijo fora
revelado por lugar-tenente preso e barbaramente torturado. Mutilaram seu
corpo. Enfiaram seu sexo na boca. Expuseram a cabeça do palmarino na
ponta de uma lança em Recife. Os trabalhadores escravizados e todos os
oprimidos deviam saber a sorte dos que se levantavam contra os senhores
das riquezas e do poder.
***
Em 1654, com a expulsão dos holandeses do Nordeste, os lusitanos
lançaram expedições para repovoar os engenhos com os cativos fugidos ou
nascidos nos quilombos da capitania. Para defenderem-se, as aldeias
quilombolas confederaram-se sob a chefia política do Ngola e militar do Nzumbi. A dificuldade dos portugueses de pronunciar o encontro consonantal abastardou os étimos angolanos nzumbi em zumbi, nganga nzumba, em ganga zumba. A confederação teria uns seis mil habitantes, população significativa para a época.
Em novembro de 1578, em Recife, Nganga Nzumba rompeu a
unidade quilombola e aceitou a anistia oferecida apenas aos nascidos nos
quilombos, em troca do abandono dos Palmares e da vil entrega dos
cativos ali refugiados ou que se refugiassem nas suas novas aldeias.
Acreditando nos escravizadores, Ganga Zumba deu as costas aos irmãos
de opressão e aceitou as miseráveis facilidades para alguns poucos.
Abandonou as alturas dos Palmares pelos baixios de Cucuá, a 32
quilômetros de Serinhaém. Foi seduzido por lugar ao sol no mundo dos
opressores, pelas migalhas das mesas dos algozes.
Então, Nzumbi assumiu o comando político-militar da confederação.
Para ele, não havia cotas para a liberdade ou privilegiados no seio
da opressão! Exigia e lutava altaneiro pelo direito para todos!
Não temos certeza sobre o nome próprio do último nzumbi que chefiou a confederação após a defecção de Nganga Nzumba. Documentos e a tradição oral registram-no como Nzumbi Sweca.
***
Nos derradeiros ataques aos Palmares, as armas de fogo e a capacidade
dos escravistas de deslocar e abastecer rapidamente os soldados
registravam o maior nível de desenvolvimento das forças produtivas
materiais do escravismo, apoiadas na superexploração dos trabalhadores
feitorizados. As tropas luso-brasileiras eram a ponta de lança nas matas
palmarinas da divisão mundial do trabalho de então.
Não havia possibilidade de coexistência pacífica entre escravidão e
liberdade. Palmares era república de produtores livres, nascida no seio
de despótica sociedade escravista, que surge hoje nas obras da
historiografia apologética como um quase paraíso perdido, onde a paz, a transigência e a negociação habitavam as senzalas. Palmares era exemplo e atração permanentes aos oprimidos que corroíam o câncer da escravidão.
Como já lembraram, nos anos 1950, o historiador
marxista-revolucionário francês Benjamin Pérret e o piauiense comunista
Clóvis Moura, a confederação dos Palmares venceria apenas se espraiasse a
rebelião aos escravizados dos engenhos, roças e aglomeração do
Nordeste, o que era então materialmente impossível.
Palmares não foi, porém, luta utópica e inconsequente. Por longas
décadas, pela força das armas e a velocidade dos pés, assegurou para
milhares de homens e mulheres a materialização do sonho de viver em
liberdade de seu próprio trabalho. Indígenas, homens livres pobres,
refugiados políticos eram aceitos nos Palmares. Eram braços para o
trabalho e para a resistência.
A proposta da retomada da escravidão colonial em Palmares, com Zumbi
com um “séquito de escravos para uso próprio”, é lixo historiográfico
sem qualquer base documental, impugnado pela própria necessidade de
consenso dos palmarinos contra os escravizadores. Trata-se de esforço
ideológico de sicofantas historiográficos para naturalizar a opressão do
homem pelo homem, propondo-a como própria a todas e quaisquer situações
históricas.
Palmares garantiu que milhares de homens e mulheres nascessem,
vivessem e morressem livres. Ao contrário, em poucos anos, os seguidores
de Ganga Zumba foram reprimidos, reescravizados ou retornaram fugidos
aos Palmares, encerrando-se rápida e tristemente a traição que dividiu e
fragilizou a resistência quilombola.
A paliçada do quilombo do Macaco foi a derradeira tentativa de
resistência estática palmarina, quando a resistência esmorecia. Ela foi
devassada em fevereiro de 1694, por poderoso exército, formado por
brancos, mamelucos, nativos e negros, entre eles, o célebre Terço dos
Enriques, formado por soldados e oficiais africanos e afro-descendentes.
Não havia e não há consenso racial e étnico entre oprimidos e
opressores.
O último reduto palmarino, defendido por fossos, trincheiras e paliçada, encontrava-se nos cimos de uma altaneira serra.
***
A serra da Barriga e regiões próximas, na Zona da Mata alagoana, com
densa vegetação, são paragens de beleza única. Quem se aproxima da
serra, chegado do litoral, maravilha-se com o espetáculo natural.
O maciço montanhoso rompe abruptamente, diante dos olhos, no
horizonte, como fortaleza natural expugnável, dominando as terras
baixas, cobertas pelo mar verde dos canaviais flutuando ao lufar do
vento.
Se apurarmos o ouvido, escutaremos os atabaques chamando às armas,
anunciando a chegada dos negreiros malditos. Sentiremos a reverberação
dos tam-tans lançados do fundo da história, lembrando às
multidões que labutam, hoje, longuíssimas horas ao dia, não raro até a
morte por exaustão, por alguns punhados de reais, nos verdes canaviais
dessas terras que já foram livres, que a luta continua, apesar da já
longínqua morte do general negro de homens livres.
Mario Maestri é professor do programa de pós-graduação em História da UPF.
E-mail: maestri(0)via-rs.net
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segunda-feira, 19 de novembro de 2012
Gaza: “Guerra” é inadequado. Terrorismo de Estado soa melhor
Leonardo Sakamoto
Desde o início da operação “Pilar Defensivo”, teriam sido mais
de 90 palestinos mortos e 700 feridos na faixa de Gaza. Segundo a
administração do território, 70% dos feridos e metade dos mortos eram
civis. Pelo menos três civis israelenses tombaram no mesmo período,
vítimas de mais de 80 foguetes que atingiram seu território dentre
centenas lançados a partir de Gaza.
Por enquanto, dá 30 para 1, mas a tendência é aumentar. Número de
mortes não deveriam ser comparadas, pois a dor não é algo mensurável.
Mas isso serve para ranquear nossa ignorância e estupidez. Se fosse uma
ação violenta da polícia carioca junto a favelas, mesmo as classes mais
abastadas – muitas vezes lenientes com a morte dos mais pobres – já
teria chamado a situação de chacina ou massacre. Nesse caso, relutamos
em falar em banho de sangue. O próprio recém-eleito Barack Obama saiu em
defesa de seu aliado no Oriente Médio: “nenhum país do mundo toleraria
una chuva de mísseis sobre seus cidadãos”. Refere-se a Israel, mas
poderia se aplicar à Palestina se os Estados Unidos a reconhecem como
país.
Podemos chamar de guerra quando um dos lados é tão superior
militarmente ao outro, fato que se traduz na contagem de corpos, como no
caso dos ataques israelenses? Considerar normal uma taxa de 50% de
“danos colaterais”, ou seja, de morte de civis em confronto? Por que não
montamos um placar eletrônico de vez? Ou, melhor ainda, que tal uma
tela de LCD gigante, diante da sede das ONU em Nova Iorque, mostrando –
em tempo real – quantos anos o Exército israelense está roubando do
futuro dos palestinos, tornando real a promessa de seu ministro do
Interior, Eli Yishai, de que o país pretende “mandar Gaza de volta à
Idade Média”?
Concordo quando dizem que não há crise humanitária em Gaza, aquela
pequena faixa de terra entre Israel e o Egito ocupada por palestinos.
Crise humanitária existia antes do bloqueio decretado por Israel devido à
eleição do Hamas e ao lançamento de foguetes contra seu território anos
atrás. Hoje, o que há é algo próximo ao que ficou conhecido como campo
de concentração.
Em 2010, uma pequena frota de barcos com ativistas tentava amenizar,
levando produtos de primeira necessidade, quando foi atacada pelas
forças armadas israelenses, resultando em, ao menos, dez mortos e mais
de 30 feridos. Ah, é claro, os barcos também levavam armas de destruição
em massa, como estilingues e bastões, com os quais os pobres soldados,
armados de simples metralhadoras, foram atacados ao abordá-los. As
forças israelenses quase não resistiram às terríveis rajadas de bolas de
gude, mais letais que as terríveis pedras lançadas manualmente por
palestinos nos protestos em terra.
Presenciamos um massacre unilateral e não uma guerra – dezenas de
civis, inclusive mulheres e crianças, morreram desde o início da última
operação miliar contra Gaza. E tendo em vista a intensidade e a forma
desse cerceamento, o que estamos presenciando soa mais como (mais uma
etapa de) genocídio do que crise. Guerra é inadequado, terrorismo de
Estado seria melhor.
Se de um lado, estúpidos extremistas palestinos não aceitam a
existência de Israel, do outro estúpidos extremistas israelenses
reivindicam Gaza e Cisjordânia como parte de seu território histórico.
Para estes, árabes em geral são bem aceitos no seu território, desde que
sirvam para mão de obra barata. A diferença entre esses dois grupos é
que Israel tem poder de fogo para levar esse intento adiante, enquanto o
outro lado não.
O certo é que o islamismo radical vai ficando mais forte do que
antes. E o Hamas não é o verdadeiro problema nessa equação, há outros
grupos mais radicais que não obedecem a sua autoridade. Mesmo que a
maioria dos seus líderes morram, surgirão outros, lembrando que as
condições de vida em Gaza são uma tragédia, com crianças revoltadas
diante de tanta violência social e física, prontas para serem cooptadas
por grupos fundamentalistas.
Os dois lados devem parar, mas é estúpido dizer que há um conflito
com partes iguais e responsabilidades iguais. Israel acha que vai
conseguir controlar os ataques contra seu território com mais porrada?
Aliás, será que o governo considera que não foi ele mesmo quem,
historicamente, criou essa situação? Portanto, caos queira seguir a
política que adotou até agora, não é à Idade Média que Israel terá que
mandar Gaza para se sentir segura e sim extirpar um povo do mapa. O
tempo passa, os papeis se invertem.
Quais as chances de jovens que vêem seus pais, irmãs, namoradas serem mortos hoje não tentarem vingar suas mortes amanhã?
Nenhuma.
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domingo, 18 de novembro de 2012
10 fatos chocantes sobre os USA...
Estados Unidos - Diário Liberdade
- [António Santos] Maior população prisional do mundo, pobreza infantil
acima dos 22%, nenhum subsídio de maternidade, graves carências no
acesso à saúde... bem-vindos ao "paraíso americano".
Artigo muito elucidativo de António Santos, colaborador do Diário Liberdade nos Estados Unidos.
10 Fatos Chocantes Sobre os EUA
-
Os Estados Unidos têm a maior população prisional do mundo,
compondo menos de 5% da humanidade e mais de 25% da humanidade presa. Em
cada 100 americanos 1 está preso1.
A subir em flecha desde os os anos 80, a surreal
taxa de encarceramento dos EUA é um negócio e um instrumento de controlo
social: À medida que o negócio das prisões privadas alastra como
gangrena, uma nova categoria de milionários consolida o seu poder
político. Os donos destes cárceres são também na prática donos de
escravos, que trabalham nas fábricas no interior prisão por salários
inferiores a 50 cêntimos por hora. Este trabalho escravo é tão
competitivo, que muitos municípios hoje sobrevivem financeiramente
graças às suas próprias prisões camarárias, aprovando simultaneamente
leis que vulgarizam sentenças de até 15 anos de prisão por crimes
menores como roubar pastilha elástica. O alvo destas leis draconianas
são os mais pobres mas sobretudo os negros, que representando apenas 13%
da população americana, compõem 40% da população prisional do país.
Calcula-se que cerca de 16 milhões de crianças americanas vivam
sem “segurança alimentar”, ou seja, em famílias sem capacidade económica
de satisfazer os requisitos nutricionais mínimos de uma dieta saudável.
As estatísticas provam que estas crianças têm piores resultados
escolares, aceitam piores empregos, não vão à universidade e têm uma
maior probabilidade de, quando adultos, serem presos.São mais os países do mundo em que os EUA intervieram militarmente do que aqueles em que ainda não o fizeram. Números conservadores apontam para mais de 8 milhões de mortes causadas pelos EUA só no século XX. E por detrás desta lista escondem-se centenas de outras operações secretas, golpes de Estado e patrocínio de ditadores e grupos terroristas. Segundo Obama, recipiente do Nobel da Paz, os EUA têm neste momento a decorrer mais de 70 operações militares secretas em vários países do mundo. O mesmo presidente, criou o maior orçamento militar norte-americano desde a Segunda Guerra Mundial, batendo de longe George W. Bush.
Embora estes números variem de acordo com o Estado e dependam dos contratos redigidos pela empresa, é prática corrente que as mulheres americanas não tenham direito a nenhum dia pago antes nem depois de dar à luz. Em muitos casos, não existe sequer a possibilidade de tirar baixa sem vencimento. Quase todos os países do mundo oferecem entre 12 e 50 semanas pagas em licença de maternidade. Neste aspecto, os Estados Unidos fazem companhia à Papua Nova Guiné e à Suazilândia com 0 semanas.
Se não tiver seguro de saúde (como 50 milhões de americanos não têm), então, tem boas razões para recear mais a ambulância e os cuidados de saúde que lhe vão prestar, que esse inocente ataquezinho cardíaco. Com as viagens de ambulância a custarem em média 500€, a estadia num hospital público mais de 200€ por noite, e a maioria das operações cirúrgicas situadas nas dezenas de milhar, é bom que possa pagar um seguro de saúde privado. Caso contrário, a América é a terra das oportunidades e como o nome indicam, terá a oportunidade de se endividar até às orelhas e também a oportunidade de ficar em casa, fazer figas e esperar não morrer desta.
-
Os EUA foram fundados sobre o genocídio de 10 milhões de
nativos. Só entre 1940 e 1980, 40% de todas as mulheres em reservas
índias, foram esterilizadas contra sua vontade pelo governo americano6.
Esqueçam a história do Dia de Acção de Graças,
com índios e colonos a partilhar placidamente o mesmo peru à volta da
mesma mesa. A História dos Estados Unidos começa no programa de
erradicação dos índios. Tendo em conta as restrições actuais à imigração
ilegal, ninguém diria que os fundadores deste país foram eles mesmo
imigrantes ilegais, que vieram sem o consentimento dos que já viviam na
América. Durante dois séculos, os índios foram perseguidos e
assassinados, despojados de tudo e empurrados para minúsculas reservas
de terras inférteis, em lixeiras nucleares e sobre solos contaminados.
Em pleno século XX, os EUA puseram em marcha um plano de esterilização
forçada de mulheres índias, pedindo-lhes para colocar uma cruz num
formulário escrito num língua que não compreendiam, ameaçando-as com o
corte de subsídios caso não consentissem ou, simplesmente,
recusando-lhes acesso a maternidades e hospitais. Mas que ninguém se
espante, os EUA foram o primeiro país do mundo a levar a cabo
esterilizações forçadas ao abrigo de um programa de eugenia,
inicialmente contra pessoas portadoras de deficiência e mais tarde
contra negros e índios.
Para além de ter que jurar que não é um agente secreto nem um
criminoso de guerra nazi, vão-lhe perguntar se é, ou alguma vez foi
membro do “Partido Comunista”, se tem simpatias anarquista ou se defende
intelectualmente alguma organização considerada “terrorista”. Se
responder que sim a qualquer destas perguntas, ser-lhe-á automaticamente
negado o direito de viver e trabalhar nos EUA por “prova de fraco
carácter moral”.O ensino superior é uma autêntica mina de ouro para os banqueiros. Virtualmente todos os estudantes têm dívidas astronómicas, que acrescidas de juros, levarão em média 15 anos a pagar. Durante esse período os alunos tornam-se servos dos bancos e das suas dívidas, sendo muitas vezes forçados a contrair novos empréstimos para pagar os antigos e ainda assim sobreviver. O sistema de servidão completa-se com a liberdade dos bancos de vender e comprar as dívidas dos alunos a seu bel-prazer, sem o consentimento ou sequer a informação do devedor. Num dia deve-se dinheiro a um banco com uma taxa de juro e no dia seguinte, pode-se dever dinheiro a um banco diferente com nova e mais elevada taxa de juro. Entre 1999 e 2012, a dívida total dos estudantes americanos ascendeu a 1.5 triliões de dólares, subindo uns assustadores 500%.
Não é de espantar que os EUA levem o primeiro lugar na lista dos países com a maior colecção de armas. O que surpreende é a comparação com o resto do mundo: No resto do planeta, há 1 arma para cada 10 pessoas. Nos Estados Unidos, 9 para cada 10. Nos EUA podemos encontrar 5% de todas as pessoas do mundo e 30% de todas as armas, qualquer coisa como 275 milhões. E esta estatística tende a se extremar, já que os americanos compram mais de metade de todas as armas fabricadas no mundo.
A maioria dos americanos são cépticos; pelo menos no que toca à teoria da evolução, em que apenas 40% dos norte-americanos acredita. Já a existência de Satanás e do inferno, soa perfeitamente plausível a mais de 60% dos americanos. Esta radicalidade religiosa explica as “conversas diárias” do ex-presidente Bush com Deus e mesmo os comentários do ex-candidato Rick Santorum, que acusou os académicos americanos de serem controlados por Satã.
Suíça é segundo destino do tráfico de pessoas no Brasil
Maurício Thuswohl no CORREIO DO BRASIL
Um estudo inédito sobre o tráfico internacional de pessoas
divulgado em outubro pelo Ministério da Justiça revela que a Suíça é o
segundo destino preferencial para onde são levadas as vítimas desse tipo
de crime no Brasil.
No período analisado, entre 2005 e 2011, foram registrados 127
casos de cidadãos brasileiros levados à Suíça, em sua maioria mulheres,
para fins de exploração sexual ou trabalho análogo à escravidão.
Ao todo, dentro do período analisado, foram registrados 475 casos de
tráfico internacional de pessoas oriundas do Brasil. Entre as vítimas,
337 sofreram algum tipo de exploração sexual, 135 foram submetidas a
algum tipo de trabalho forçado e 3 foram casos indefinidos. À frente da
Suíça como destino preferencial aparece o Suriname, país que serve como
rota de passagem para a Holanda, com 133 casos. Em terceiro lugar está a
Espanha, com 104 casos, seguida pela própria Holanda, com 71 casos
registrados pelas autoridades brasileiras.
A publicação do estudo foi possível graças a uma parceria entre a
Secretaria Nacional de Justiça (SNJ) brasileira e o Escritório das
Nações Unidas sobre Drogas e Crimes (UNODC). Para sua elaboração, foram
coletados dados e estatísticas criminais em outros órgãos da
administração pública no país, como a Polícia Federal, a Secretaria
Nacional de Segurança Pública e a Assistência Consular do Ministério das
Relações Exteriores. A maior parte das vítimas, segundo o que foi
levantado, é recrutada nos estados de Pernambuco, Bahia e Mato Grosso do
Sul.
O perfil das vítimas, de acordo com a SNJ, obedece a um padrão, já
que a maioria é constituída por mulheres entre 10 e 29 anos, solteiras e
com baixos níveis de renda e escolaridade. Já o padrão dos criminosos é
duplo. Na fase de aliciamento e tráfico, o crime é praticado em geral
por mulheres. Já aos homens cabe atuar em uma “segunda fase” do crime,
com o controle da prática a qual a vítima é submetida (geralmente
prostituição), sempre obtido através de coerção e violência.
Apesar da divulgação do inédito diagnóstico, o governo brasileiro
ressalta que os números certamente estão aquém da realidade dos fatos:
“Esses números mostram somente aquilo que desaguou nos órgãos de
segurança ou de atendimento às vítimas. Ainda temos um cenário de muitos
dados ocultos”, afirma Fernanda dos Anjos, diretora do Departamento de
Justiça da SNJ. O secretário nacional de Justiça, Paulo Abrão, concorda:
“Uma das características do tráfico de pessoas é a invisibilidade das
vítimas e a negação delas em se reconhecerem como tais”.
Ajuda suíça
Ciente do problema relativo ao tráfico de pessoas oriundas do
Brasil, o governo da Suíça, por intermédio do Ministério das Relações
Exteriores, apoiou material e financeiramente os trabalhos do UNODC no
país entre 2008 e 2011. Nesses três anos, ao lado dos governos da Suécia
e da Noruega, a Suíça aportou 50 mil euros anuais para aumentar a
capacidade brasileira de combater esse tipo de crime. A ajuda suíça se
inseriu no Plano Nacional de Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas,
lançado no Brasil pelo Ministério da Justiça em 2008 e que terá uma
segunda edição em 2013.
“O controle e a prevenção ao tráfico de pessoas são compromissos do
governo da Suíça, que acredita na construção de redes ativas entre
setores públicos e privados da sociedade civil e em organizações
internacionais como o UNODC para desenvolver mecanismos de cooperação e
enfrentar o problema com eficiência”, afirmou o governo suíço em nota
divulgada sobre a parceria firmada no Brasil.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores da Suíça, a
maioria das vítimas do tráfico internacional de pessoas que chegam ao
país é composta por mulheres forçadas a cumprir serviços domésticos ou
se submeter à prostituição e outras formas de exploração sexual. Segundo
o UNODC, a Tailândia e os países do Leste Europeu formam ao lado do
Brasil o principal polo do tráfico internacional de pessoas tendo a
Suíça como destino.
“Bom trabalho”
Para o coordenador da Unidade de Governança e Justiça do UNODC,
Rodrigo Vitória, a ajuda vinda da Suíça e de outros países europeus tem
sido fundamental para que o Brasil dê um salto de qualidade no combate
ao tráfico de pessoas. Com essa ajuda, o UNODC realizou nos últimos três
anos eventos em diversas cidades do país _ um deles, em São Paulo,
contou com a participação da Rainha Silvia, da Suécia _ e participou
ativamente do encontro para avaliação do primeiro Plano Nacional de
Enfrentamento ao Tráfico de Pessoas, realizado em Belo Horizonte.
“O Brasil tem desenvolvido um bom trabalho em termos do enfrentamento
ao tráfico de pessoas. O país está revisando sua legislação, e núcleos e
postos foram criados aqui, o que é uma experiência muito interessante. A
forma como o Brasil criou o seu segundo Plano Nacional de Enfrentamento
ao Tráfico de Pessoas se deu a partir de um processo amplamente
participativo. O país está no caminho certo, atuando muito na área de
prevenção e tentando também, na medida do possível, reforçar as forças
policiais para melhorar a parte de investigação”, avalia o coordenador
do UNODC.
Maurício Thuswohl, swissinfo.ch
Rio de Janeiro
Rio de Janeiro
sábado, 17 de novembro de 2012
“A guerra contra o Antissemitismo Global” na Era da Islamofobia
“A guerra contra o Antissemitismo Global” na Era da Islamofobia
Julie Lévesque
(Traduzido ao português por Jair de Souza-http://www.youtube.com/user/josespa1)
Esqueçam
a desenfreada islamofobia a nível mundial e a demonização dos árabes. O
jornal Haaretz informa que a Agência para Democracia, Direitos Humanos e
Trabalho, do Departamento de Estado dos EUA, “institucionalizou a luta
contra o antissemitismo global”, muito embora os Estados Unidos e seus
aliados estejam há mais de uma década destruindo países habitados
principalmente por muçulmanos. Ou, não seria, talvez, precisamente para
apoiar a guerra contra o Islã e o mundo árabe – isto é, “a guerra contra
o terrorismo” – que esta “guerra contra o antissemitismo global” tenha
sido lançada? (Leaving post, U.S. official reflects on a new definition of anti-Semitism, Haaretz, October 17, 2012.)
A
Agência de Democracia, Direitos Humanos e Trabalho, que se apresenta
como líder dos “esforços dos EUA para promover a democracia, proteger os
direitos humanos e a liberdade religiosa internacional e para impulsar
globalmente os direitos trabalhistas”, exige agora que os funcionários
do Departamento de Estado frequentem um “curso de 90 minutos sobre
antissemitismo no Instituto de Relações Exteriores (Foreign Service
Institute), a escola de preparação de diplomatas.” (Ibid.)
Por
conveniência, “uma definição de antissemitismo de 341 palavras” foi
redigida, a qual “incluía não apenas as formas tradicionais – injúrias
de origem racial, estereótipos – mas também novas formas, como a negação
do Holocausto e a relativização do Holocausto”, explicou Hannah Rosenthal, ex-monitora de antissemitismo no Departamento de Estado. (Ibid.)
Rosenthal,
que comandou por duas vezes o Conselho Judaico para Questões Públicas e
é agora presidenta e diretora executiva da Federação Judaica de
Milwaukee, também indicou que sua equipe “conseguiu incluir (na
definição) situações nas quais a crítica legítima a Israel se torna
antissemitismo”. (Ibid.)
Esta
iniciativa é mais uma demonstração do “monopólio judaico da
vitimização”. No mundo pós 11/9, no qual muçulmanos e árabes são vítimas
de discriminação racial e religiosa nos países ocidentais, uma decisão
deste tipo é logicamente injustificável. A caça aos “radicais
islamistas”, retratados pelo Departamento de Estados dos EUA como a
máxima ameaça, independentemente de qual partido esteja no governo,
transformou todos os muçulmanos e árabes em suspeitos e inimigos
potenciais. A “guerra contra o antissemitismo global” não é nada mais do
que um outro instrumento de engano da “guerra contra o terror” dos EUA,
a qual indubitavelmente favorece a Israel.
Este
novo curso sobre antissemitismo para funcionários estadunidenses é
também um peixe pequeno no oceano da “Indústria do Holocausto”. Os
lobbies pró-israelenses/judaicos estão decididos em sua missão de
erradicar quaisquer críticas legítimas ao Estado de Israel. No entanto,
Rosenthal tentou mostrar-se tolerante ao dizer que “as críticas a Israel
similares àquelas niveladas contra quaisquer outros países não poderão
ser consideradas como antissemitas.”
Embora
esta declaração possa parecer justa e equilibrada, não o é, e também
não é lógica. Resulta ser não somente impossível equilibrar as críticas
entre países, senão que Israel e os EUA são os campeões de crítica
não-equilibrada. O melhor exemplo disto é sua crítica ao Irã, que,
diferentemente dos EUA e Israel, não ocupa nenhum outro país no momento,
não está empregando suas forças armadas contra nenhuma outra nação e
não possui nenhum armamento nuclear comprovado. Apesar destes fatos, vem
sendo apresentado como a mais perigosa ameaça do planeta.
Nivelando a crítica e normalizando a islamofobia
Tenha ou não sido usada de propósito, a expressão “niveladas contra outros países”, em
lugar de “dirigidas” ou “destinadas”, traduz o desejo de minimizar a
crítica contra Israel. A “nivelação da crítica” serve a um propósito de
primeira linha relacionado a sua ocupação da Palestina: justificar o
injustificável; dar a impressão de que está se protegendo de um inimigo
que combate com meios equiparados aos seus e que está colocando sua
sobrevivência em grande perigo. Serve para justificar a ocupação de
várias décadas, a punição coletiva dos palestinos, o que é um crime de
guerra com base nos Princípios de Nuremberg, os quais foram elaborados
na onda dos julgamentos aos nazistas. Quando se trata de Israel e
Palestina, não é logicamente possível criticar igualmente aos dois
países: como pode um país ocupado, sem forças armadas, ao qual são
negados o direito de autodeterminação e os direitos humanos básicos, ser
criticado tanto quanto seu brutal e super armado ocupante?
Há
uma frase superficial estereotipada que os chamados “comentaristas
neutros” costumam usar muito para “nivelar sua crítica”: “O conflito
Israel-Palestina é complicado”. Primeira e principalmente, não se trata
de um conflito. É uma guerra. Uma guerra travada com meios
desproporcionais, na qual toda uma população está sendo punida e o
agressor é vitimizado. Em segundo lugar, não é complicado. É muito
simples. Israel ocupa um território e comete crimes de guerra de forma
regular, enquanto que a “comunidade internacional” permanece sentada sem
fazer nada, já seja porque Israel é seu aliado ou simplesmente porque
seus interesses não estão em risco.
Esta
“nivelação de críticas” faz parte do legendário processo de legitimação
da injustiça e dos crimes de guerra. Na passada década de 1990, os
Acordos de Oslo trivializaram a ocupação israelense da Palestina.
Recentemente, o futebolista palestino Mahmoud Sarsak se tornou um ícone
da luta contra a normalização. Ele foi preso numa passagem fronteiriça,
encarcerado em Israel e libertado somente depois de uma greve de fome de
96 dias. Adie Mormech escreve:
O
Dr. Haidar Eid denominou a luta pela libertação da Palestina em
oposição à normalização com Israel de “A des-Osloização da mente dos
palestinos”. Ele descreveu o posicionamento de Mahmoud Sarsak (o
futebolista palestino) ao recusar ser recepcionado pelo F.C. Barcelona
juntamente com o soldado israelense Gilad Shalit de a luta contra o
“Vírus de Oslo”.
O
“Vírus de Oslo” se refere ao que estava por trás da série de
iniciativas de normalização que começaram de forma séria em 1993, no
auge dos Acordos de Oslo, e o acordo feito entre a Organização para a
Libertação da Palestina (OLP) e o governo trabalhista de Israel de
então.
Edward
Said, que vira de imediato os perigos da normalização sem justiça,
escreveu em 1995 sobre a decisão da liderança palestina de aprovar o
acordo de Oslo. “Pela primeira vez no século XX, um movimento de
libertação anticolonialista não somente descartou suas consideráveis
conquistas, senão que fez um acordo de cooperar com uma ocupação militar
antes de a ocupação ter terminado” (Adie Mormech, De-Osloization and the fight against Normalisation, Scoop, October 25, 2012.)
Sarsak explicou sua decisão da seguinte maneira:
“Há
uma diferença entre uma pessoa aprisionada com sua arma, com uniforme
militar, de dentro de seu tanque... e a prisão numa passagem fronteiriça
de um atleta que estava a caminho de seu clube esportivo profissional
na Cisjordânia. Eu anuncio minha disposição de me reunir com o Barcelona
ou qualquer outro clube espanhol fora do contexto de um convite
conjunto a Gilad Shalit, se me convidarem como um atleta palestino que
experimentou... o sofrimento de uma greve de fome pela liberdade e pela
dignidade.” (Adie Mormech, Mahmoud Sarsak and the end of Oslo-era normalization, Mondoweiss, October 26, 2012)
A
narrativa segundo a qual o “conflito” entre a Palestina e Israel é
complicado é parte da trivialização da brutal e ilegal ocupação da
Palestina por Israel. Por uma distorção absurda e macabra da realidade,
somos levados a crer que os israelenses são as únicas vítimas de racismo
e discriminação.
A
injustiça foi vulgarizada e minimizada a tal ponto que, segundo um
levantamento recente, a maioria dos israelenses aceitam e admitem que há
uma forma de apartheid em seu próprio país, e cerca de 50% da população
apoia a segregação e a discriminação contra os árabes.
Uma nova enquete revelou que a maioria dos israelenses judeus acreditam que o Estado Judaico pratica “apartheid” contra os palestinos, com muitos apoiando abertamente as políticas discriminatórias contra seus cidadãos árabes.
Um terço dos que responderam creem que os cidadãos árabes de Israel não deveriam ter direito a voto, ao passo que quase a metade – 47 por cento – gostaria que lhes fossem retirados seus direitos de cidadania e que fossem postos sob o controle da Autoridade Palestina (...)
A enquete, conduzida pelo grupo de pesquisa israelense Dialog, concluiu que 59% de 503 pessoas consultadas gostaria de ver os judeus receberem preferência para os empregos no setor público, ao passo que a metade gostaria de ver os judeus melhor tratados do que os árabes.
Um pouco mais de 40% gostaria de ver moradias e salas-de-aulas separadas para judeus e árabes. (Catrina
Stewart, The new Israeli apartheid: Poll reveals widespread Jewish
support for policy of discrimination against Arab minority, The
Independent October 23, 2012)
Noam
Sheizaf, um jornalista israelense, escreveu que as “descobertas
refletem a noção generalizada de que Israel, como um Estado Judaico,
deveria ser um Estado que favorecesse os judeus. Elas são também o
resultado da ocupação... Após quase meio século de dominação sobre outro
povo, não é nenhuma surpresa que a maioria dos israelenses não pense
que os árabes mereçam os mesmos direitos.” (Ibid.)
Esta
dominação dos palestinos pelos israelenses vem sendo estimulada e
mantida por países que alegam defender a liberdade, os direitos humanos e
a democracia.
A Autoridade Palestina foi criada com os Acordos de Oslo em 1994 como um organismo de governo provisório com poderes limitados e com independência geográfica ainda mais limitada
de Israel, cuja duração deveria ter sido de apenas cinco anos, de
acordo com a linha de tempo estipulada pela qual os “acordos de status
final” deveriam ter sido alcançados.
Dezenas
de milhões de dólares jorraram sobre a Autoridade Palestina (AP) vindos
de ardentes partidários de Israel, tais como os Estados Unidos e a
União Europeia, e investimentos similares prosseguiram em projetos conjuntos Israel-Palestina que, uma vez mais, não fizeram nenhum esforço para mudar o status quo político e econômico da vida palestina concreta.
O
discurso proeminente em relação a grupos recentemente formados, tais
como One Voice (Uma Voz) e outras colaborações, era que o “conflito”
Israel-Palestina era um problema de ignorância e preconceito em oposição
a uma questão de injustiça e do continuado despojo e subjugação de um
povo por outro. (http://www.maan-ctr.org/pdfs/ Boycott.pdf)
A onda de colaborações que veio após Oslo aumentaram a legitimidade global de Israel de tal modo que os acordos bilaterais com a União Europeia e outros países se multiplicaram, assim como outros acordos que incluíam laços mais próximos com a OTAN e a OCDE. Entre 1994 e 2000, houve um acréscimo de seis vezes no investimento estrangeiro direto em Israel, de US$ 686 milhões para aproximadamente US$ 3,6 bilhões. (De-Osloization and the fight against Normalisation, op. cit.)
De
certo modo, o “Vírus de Oslo” normalizou o ostracismo de todos os
árabes e muçulmanos, e o maltrato aos palestinos era um prelúdio para a
aceitação da atual e patente islamofobia e arabofobia (E como os árabes
também são semitas, a arabofobia também é antissemitismo, mas é
virtualmente impossível usar essa expressão em relação com os
sentimentos anti-árabe em razão de sua forte conotação judaica.)
O
mundo ocidental aceita as ocupações dos EUA e Israel sobre terras
árabes e muçulmanas para proteger interesses estratégicos e financeiros,
e a “guerra global contra o antissemitismo” assim como a “guerra global
ao terror” são os pretextos escolhidos para a invasão militar, onde
quer que a “intervenção humanitária” se mostre inadequada. Aqueles que
resistem a ocupação estadunidense no Afeganistão ou a ocupação
israelense da Palestina são retratados como terroristas. Aqueles que
matam civis e funcionários governamentais eleitos na Síria são
apresentados como combatentes da liberdade. Se você resiste a ocupação,
você será bombardeado. Se você combater por ela, você será armado.
O antissemitismo e a islamofobia como instrumentos da guerra de propaganda dos EUA
Alguns
argumentam que Israel não passa de posto avançado do imperialismo
estadunidense: “Os Estados Unidos estão alinhados com Israel
fundamentalmente porque usam Israel para projetar sua influência
imperial na região rica em recursos.” (Michael Fiorentino Israel: An outpost of empire, SocialistWorker.org, April 16, 2010.). Com
isto em mente, a “guerra global contra o antissemitismo” pode ser vista
como um instrumento da guerra de propaganda imperial dos Estados
Unidos.
Em
A Indústria do Holocausto, Norman Finkelstein escreve: “Assim como as
organizações judeo-estadunidenses dominantes negligenciaram o holocausto
nazista nos anos subsequentes à Segunda Guerra Mundial para ajustar-se
às prioridades do governo dos EUA na Guerra Fria, também sua atitude
quanto a Israel manteve-se em linha com a política estadunidense nos
EUA.” Com a guerra árabe-israelense de 1967, “O Holocausto se tornou uma
fixação na vida do judeu estadunidense”. (Finkelstein, Norman. The Holocaust Industry. New York: Verso, 2003, p. 16-17.)
Não
é segredo para ninguém que os EUA querem expandir e manter sua
hegemonia, e o infame Projeto para um Novo Século Estadunidense (Project
for a New American Century) expôs claramente o que deve ser feito para
tal efeito.
O
papel das forças militares durante a Guerra Fria era dissuadir o
expansionismo soviético. Hoje sua tarefa é garantir e expandir as “zonas
de paz democrática”, dissuadir o surgimento de uma nova grande potência
competidora, defender regiões chave da Europa, Ásia Oriental e Oriente
Médio, e preservar a proeminência dos Estados Unidos mediante a próxima
transformação da guerra viabilizada por novas tecnologias (...)
A
liderança global dos Estados Unidos (...) baseia-se na segurança da
pátria estadunidense, a preservação de um equilíbrio de forças favorável
na Europa, no Oriente Médio e nas circundantes regiões produtoras de
energia, assim como na Ásia Oriental. (Rebuilding America’s Defenses, Project for a New American Century, September 2000.)
Chama
muito a atenção de que expandir as “zonas de paz democrática” seja o
único objetivo entre parênteses, posto que estes em geral denotam
sarcasmo e ironia. Afora de “paz democrática”, os objetivos hegemônicos
estão muito claros e a nova “guerra contra o antissemitismo global” só
pode contribuir ainda mais para o projeto imperial dos Estados Unidos,
do qual Israel é tanto uma ferramenta de uso como um beneficiário.
Fortemente
armados pelos Estados Unidos, a política exterior de Israel é uma
extensão da política exterior dos Estados Unidos. Desde a criação de
Israel fomos acostumados ao maltrato dos palestinos: isto foi
“normalizado”. A punição coletiva infligida aos palestinos por Israel,
um crime que os judeus sofreram sob o regime nazista, é aceito e
perpetuado pelos Estados Unidos. Sem a ajuda e a permissão dos Estados
Unidos e a aceitação da chamada “comunidade internacional”, os
palestinos não seriam perseguidos.
Da
mesma forma que Israel usa o Holocausto para justificar a punição
coletiva dos palestinos e a agressão a seus vizinhos, os Estados Unidos
usam o 11/9 para justificar a punição coletiva dos muçulmanos no mundo
inteiro e várias invasões militares. Muito antes dos Memorandos da
Tortura da administração Bush que avalizam a tortura, Israel já tinha
oficialmente autorizado a tortura através do Relatório Landau, em 1987. A
islamofobia é sem dúvida a forma mais aceita de discriminação na
atualidade e, neste contexto, a institucionalização da “guerra global
contra o antissemitismo” é claramente uma outra expressão distorcida da
mesma.
Em The Islamophobia Industry: How the Right Manufactures Fear of Muslims (A indústria da islamofobia:
Como a Direita Fabrica o Medo aos Muçulmanos), Nathan Lean “traça o
arco do sentimento islamofóbico que aflorou no ocidente”, o qual está
fortemente ligado à “Indústria do Holocausto”.
“Ele
expõe a multimilionária indústria dos traficantes do medo e a rede de
financiadores e organizações que bancam e perpetuam o fanatismo, a
xenofobia e o racismo, e criam um clima de medo que sustenta um
ameaçador câncer social” (...)
“Trata-se
de uma relação de benefícios mútuos, na qual ideologias e afinidades
políticas convergem para levar adiante a mesma agenda.” (...)
Elas
provêm principalmente do sionismo direitista e do cristianismo
evangélico, que se unem para formar uma frente judeo-cristã em suas
batalhas contra o Islã. Seus financiadores também provêm desses mundos –
embora o mundo sionista de direita tenha gerado a maioria dos ativistas
anti-muçulmanos (...)
É
este sionismo cristão que liga estreitamente direitistas evangélicos
com fortes partidários do Estado Judeu. Os sionistas que espalham o
fanatismo anti-islâmico podem ser alocados em três campos, segundo Lean:
o sionismo religioso (judeu), o sionismo cristão e o sionismo político.
“Para os sionistas religiosos, a profecia é o principal instigador de
seu fervor islamofóbico. Para eles, os palestinos não são apenas
habitantes indesejados; não são apenas árabes em terras judaicas. Não
são sequer apenas muçulmanos. Eles são forasteiros não-judeus feitos de
tecido diferente – e as ordens de Deus em relação a eles são bem
claras”, ele escreve. E há o sionismo político, que se
abstém da linguagem religiosa, mas continua sendo hostil para com os
muçulmanos. Como Max Blumenthal escreveu, estes personagens, alguns dos
quais são neoconservadores, creem que “o Estado Judeu (é) um Forte
Apache do Oriente Médio nas linhas de frente da Guerra Global ao
Terror.” (Alex Kane, Islamophobia: How Anti-Muslim bigotry was brought into the American mainstream, Mondoweiss, October 29, 2012.)
Os
Estados Unidos estão usando Israel para suas guerras sujas e, por sua
vez, Israel está usando os Estados Unidos para combater seus vizinhos.
Eles são aliados inseparáveis, cada qual acumula poder e expande seu
controle sobre territórios estrangeiros e suas populações, e seus
aliados se beneficiam disso. Qualquer que seja o pretexto usado, a razão
para deflagrar guerras permanece a mesma: poder e dinheiro. E isto
sempre se consegue com a demonização de quem estiver no caminho.
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