Paísos Cataláns - Diário Liberdade - CUP critica os tempos e metodologias do acordo mas está recetiva a apoiá-lo. Continua avançando o plano do Principado da Catalunha face à sua independência do regime espanhol.
Foto do Diário Liberdade - Manifestaçom pola independência em Barcelona, em 2011.
Nesta semana, o governistaConvergència Democràtica de Catalunya (CDC), partido forte do casal direitista com Unió Democràtica de Catalunya que governa naquela parte dos Países Cataláns, atingiu um acordo com o principal partido da oposiçom, a social-democrata Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), para os resultados das eleiçons autónomas que se celebrarám em 27 de setembro se converterem em mandado para iniciar a secessom ou, em sentido contrário, continuar dentro do decadente Reino da Espanha.Embora institucionalmente assinado por esses dous partidos, ninguém ignora o forte peso que as duas organizaçons sociais também assinantes do acordo, a Assembleia Nacional Catalana (ANC) e Òmnium Cultural, tenhem na assinatura do mesmo. Quer nas ruas, quer nos gabinetes, desde que o independentismo atingiu suficiente força, em inícios desta decada, é a sociedade civil catalá, principamente através dessas duas organizaçons, que marca os tempos do processo e leva a reboque o governo autónomo.
O novo acordo, negociado em exclusivo por CDC e ERC, chega após meses em que segundo a imprensa de Madrid o processo estaria estagnado e sem avançar. Mas essa tese fica desmontada com o anúncio desta semana, no ámbito institucional, junto do facto de a preferência pola independência aparecer nos inquéritos de opiniom mais recentes quase empatada com a opçom contra - quando nom à frente dela, dependendo da fonte.
Chega após um processo de meses em que as tentativas de sabotagem de Madrid, esvaziando de conteúdo legal a histórica e massiva consulta popular de 9N e recorrendo diretamente à ameaça - mesmo militar - através de várias das suas instituiçons, só tenhem conseguido demorar o processo e, claro,desesperar e afundir no patetismo as e os próprios unionistas.
De continuarem assim as cousas, a posiçom que a democrata-cristá Unió tomar até o dia das eleiçons plebiscitárias - mais ambigua do que CDC sobre as suas aspiraçons para dotar a Naçom Catalá de statusjurídico - será chave, tal como o peso que a espanholista Podemos poda atingir nas mesmas.
A posiçom da esquerda independentista
O acordo de ámbito institucional atingido por CDC e ERC será agora avaliado pola Candidatura d'Unitat Popular (CUP), a candidatura unitária que abrange as posiçons da esquerda independentista nos Países Catalans. É umha mudança fundamental a respeito de fai apenas dous meses, quando a falta de um roteiro claro face à independência deixava fora à formaçom, que se declarava a caminho da ruptura e do processo constituínte.
Aliás, através do deputado Quim Arrufat a CUP criticou que se desenhe um roteiro face a independência incluindo apenas dous partidos e três entidades sociais. No entanto, anunciou que o texto parece suficientemente aberto para poder negociar os termos em que a esquerda independentista apoiará o novo roteiro.
A CUP criticou a finalidade eleitoralista do roteiro face a independência mas celebrou, no entanto, que se tenham aberto os termos do acordo que permitirám, se houver um método de trabalho destinado a construir um "discurso comum", a incorporaçom desse partido.
A independência em 18 meses
Assim, para desgosto de Madrid, na Catalunha está em andamento um plano que permitirá declarar a independência em 18 meses após a realizaçom de eleiçons autónomas em 27 de setembro deste ano.
Segundo o acordo assinado em Barcelona, o ponto primeiro do programa eleitoral das forças a favor da independência será um pronunciamento favorável à independência da Catalunha. Caso as forças com esse ponto no seu programa atingirem maioria nas eleiçons de 27 de setembro, imediatamente começará o processo para conseguir a independência no prazo de 18 meses.
O primeiro passo seria umha declaraçom de soberania do Parlamento da Catalunha e, desta vez, nom caberiam denúncias ou manobras jurídicas de Madrid, que seriam ignoradas por Barcelona, nos termos expressados no acordo.
Até o final do prazo, seria redigida e submetida a referendo umha constituiçom para o novo Estado, e porfim, seriam realizadas novas eleiçons para o primeiro parlamento da Catalunha independente.
Podemos e a marca catalá de Izquierda Unida rejeitam abertamente o acordo...
Entretanto, as posiçons acerca da prática do direito de autodeterminaçom para além da pura teoria vam-se clarificando.
Assim, já confirmou a previsível queda do comboio democrático a sucursal de Izquierda Unida no Principado da Catalunha, a ICV-EUiA. A formaçom social - democrata espanhola caiu no último momento após, no entanto, participar nas reunions preparatórias. O pretexto de ICV é que as eleiçons plebiscitárias "nom podem substituir o mandado democrático de um referendo". Um argumento que, no entanto, é de difícil consistência tendo em conta que Espanha já expressou repetidamente a sua negativa a permitir tal cousa enquanto a Catalunha estiver sob a sua jurisdiçom.
A também espanhola Podemos - que embora nom tenha representaçom no Parlamento da Catalunha, previsivelmente terá um papel de primeira ordem nas vindouras eleiçons - afastou-se em termos similares do acordo, exigindo um referendo que, hoje por hoje, é impossível graças a Madrid. Deixou, no entanto, um pouco de tintura esotérica, ao assegurar que na sua formaçom som "radicamente democratas" e que pensam que "nom há substitutivo da democracia direta". Podemos, que está próximo de atingir um acordo que permita o governo do dinástico, corrupto e neoliberal PSOE da Andaluzia, nega, no entanto, qualquer possibilidade de acordo com o (também neoliberal) Artur Mas já que, segundo os de Pablo Iglesias, com ele "é impossível derrotar as políticas de austeridade e garantir o direito a decidir dos cataláns".
... e PSOE e PP ameaçam diretamente
PSOE e PP,em queda livre no cenário político catalám, optárom, como é tradiçom, pola ameaça maiscastiza, pura furia española. Assim, o vozeiro "socialista" Miquel Iceta dixo, por CDC e ERC, que "eu vejo-os a caminho do precipício, da prisom nom sei". Entretanto, o PP através do seu líder em Espanha, o extremista Mariano Rajói, avisou que usará as instituiçons judiciais do regime espanhol para travar os anseios democráticos na Catalunha.