domingo, 13 de maio de 2007

Reflexões do comandante-em-chefe


O capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo que está ao seu alcance. Os alimentos são convertidos em energéticos para viabilizar a irracionalidade de uma civilização que, para sustentar os privilégios de poucos, provoca um brutal ataque ao meio ambiente.

Atilio Borón, um prestigioso pensador de esquerda que até há pouco tempo chefiou o Conselho Latino-americano de Ciências Sociais (Clacso), escreveu um artigo para o VI Encontro Hemisférico de Luta contra os TLC e pela Integração dos Povos, recém concluído em Havana, que amavelmente me enviou acompanhado de uma carta.

A essência do que escreveu e que eu sintetizei a partir de parágrafos e frases textuais de seu próprio artigo foi o seguinte:

Sociedades pré-capitalistas já conheciam o petróleo que aflorava nos reservatórios superficiais e o utilizavam para fins não comerciais, como a impermeabilização dos cascos de madeira dos navios, ou como produtos têxteis ou para a iluminação mediante tochas. Daí o seu nome primitivo: "óleo de pedra".

No final do século XIX - depois das descobertas de grandes jazidas na Pennsylvania, nos Estados Unidos, e dos desenvolvimentos tecnológicos estimulados pela generalização do motor de combustão interna- o petróleo transformou-se no paradigma energético do século XX.

A energia é considerada como mais uma mercadoria. Tal como o advertiu Marx, isto não acontece devido à perversidade ou à insensibilidade deste ou daquele capitalista individual, senão que é o resultado da lógica do processo de acumulação, que conduz à incessante "mercantilização" de todos os componentes materiais e simbólicos, da vida social. O processo de mercantilização continuou nos humanos e, ao mesmo tempo, estendeu-se à natureza. A terra e os seus produtos, os rios e as montanhas, as florestas e as matas foram alvo de seu incontrolável saque. Os alimentos, evidentemente, não escaparam desta infernal dinâmica. O capitalismo transforma em mercadoria tudo aquilo que está ao seu alcance.

Os alimentos são convertidos em energéticos para viabilizar a irracionalidade de uma civilização que, para sustentar a riqueza e os privilégios de alguns poucos, provoca um brutal ataque ao meio ambiente e às condições ecológicas que possibilitaram o surgimento de vida na Terra.

A transformação dos alimentos em energéticos é um ato monstruoso.


O capitalismo está pronto para praticar uma maciça eutanásia dos pobres, especialmente dos pobres do Sul, pois é lá onde se encontram as maiores reservas da biomassa do planeta requeridas para a fabricação dos biocombustíveis. Por mais que os discursos oficiais garantam que não se trata de optar entre alimentos e combustíveis, a realidade demonstra que é essa e não outra a alternativa: ou a terra se dedica à produção de alimentos ou à fabricação de biocombustíveis.

Os principais ensinamentos que podem tirar-se dos dados fornecidos pela FAO sobre o tema da superfície agrícola e o consumo de fertilizantes são os seguintes:

- A superfície agrícola per capita no capitalismo desenvolvido é quase o dobro da que existe na periferia subdesenvolvida: 1,36 hectares por pessoa no Norte contra 0,67 no Sul, o que se explica pelo simples fato de que a periferia subdesenvolvida tem aproximadamente 80 por cento da população mundial.

- O Brasil tem uma superfície agrícola per capita que ultrapassa levemente à dos países desenvolvidos. É evidente que este país deverá dedicar ingentes extensões de sua enorme superfície para poder cumprir com as exigências do novo paradigma energético.

- A China e a Índia têm 0,44 e 0,18 hectares per capita, respectivamente.

- As pequenas nações caribenhas, tradicionalmente dedicadas à monocultura da cana-de-açúcar, mostram eloqüentemente os seus efeitos erosivos, exemplificados: no extraordinário consumo por hectare de fertilizantes requeridos para sustentar a produção. Se nos países da periferia a cifra média é de 109 quilogramas de fertilizantes por hectare (contra 84 nos capitalistas desenvolvidos), em Barbados é de 187,5, em Dominica, 600, em Guadalupe, 1,016, em Santa Lúcia, 1,325 e em Martinica, 1,609. Quem fala em fertilizantes fala em consumo intensivo de petróleo, de maneira que a tão falada vantagem dos agroenergéticos para reduzirem o consumo de hidrocarbonetos parece ser mais ilusória do que real.

Toda a superfície agrícola da União Européia apenas alcançaria para cobrir 30 por cento das necessidades atuais - não as futuras, previsivelmente maiores - de combustíveis. Nos Estados Unidos para satisfazer a demanda atual de combustíveis fósseis seria preciso destinar para a produção de agroenergéticos 121 por cento de toda a superfície agrícola desse país.

Como resultado disso, a oferta de agrocombustíveis terá que proceder do Sul, da periferia pobre e neocolonial do capitalismo. As matemáticas não mentem: nem os Estados Unidos nem a União Européia têm terras disponíveis para manter, ao mesmo tempo, um aumento da produção de alimentos e uma expansão na produção de agroenergéticos.

O desmatamento do planeta poderia alargar (ainda que fosse apenas por um tempo) a superfície apta para o cultivo. Mas, isso seria apenas durante algumas poucas décadas, quando muito. Essas terras depois sofreriam de desertificação e a situação ficaria ainda pior do que antes, incrementando ainda mais o dilema que opõe a produção de alimentos à produção de etanol ou biodiesel.

A luta contra a fome - e existem aproximadamente 2 bilhões de pessoas que sofrem de fome no mundo- seria prejudicada seriamente pela expansão da superfície semeada para a produção de agroenergéticos. Os países onde a fome é um flagelo universal sofrerão a rápida reconversão da agricultura visando o fornecimento da insaciável demanda de energéticos que reclama uma civilização baseada no seu uso irracional. O resultado não pode ser outro que o encarecimento dos alimentos e, portanto, o agravamento da situação social dos países do Sul.

Aliás, a população mundial cresce em 76 milhões de pessoas anualmente e como é evidente, demandarão alimentos, que serão cada vez mais caros e não poderão comprar.

Lester Brown, em The Globalist Perspective, vaticinava há menos de um ano que os automóveis absorveriam a maior parte do incremento na produção mundial de grãos no 2006. Dos 20 milhões de toneladas somadas às existentes em 2005, 14 milhões foram destinadas à produção de combustíveis, e apenas 6 milhões de toneladas para satisfazer às necessidades dos famintos. Este autor garante que o apetite mundial pelo combustível para os automóveis é insaciável. Prepara-se, concluía Brown, um cenário no qual necessariamente deverá produzir-se um choque frontal entre os 800 milhões de prósperos proprietários de autos e os consumidores de alimentos.

O demolidor impacto do encarecimento dos alimentos, que acontecerá irremediavelmente na medida em que a terra possa ser utilizada para produzi-los ou para produzir carburante, foi demonstrado na obra de C. Ford Runge e Benjamin Senauer, dois destacados acadêmicos da Universidade de Minnesota, em um artigo publicado na edição em língua inglesa da revista Foreign Affairs, cujo título fala por si só: "O modo em que os biocombustíveis poderiam matar por inanição aos pobres". Os autores afirmam que nos Estados Unidos o crescimento da indústria do agrocombustível provocou incrementos não apenas nos preços do milho, as sementes oleaginosas e outros grãos, mas também nos preços de culturas e produtos que não têm nenhuma relação. O uso da terra para cultivar milho que alimente as fauces do etanol está reduzindo a área destinada à outras culturas. Os processadores de alimentos que utilizam culturas como a ervilha e o milho tenro foram obrigados a pagar preços mais altos para manter os fornecimentos seguros, custo que afinal de contas passará aos consumidores. O aumento dos preços dos alimentos também está atingindo às indústrias ganadeiras e avícolas. Os custos mais altos provocaram a queda espetacular das receitas, especialmente nos setores avícola e de suíno. Se as receitas continuassem diminuindo, a produção também diminuirá e aumentarão os preços do frango, o peru, o porco, o leite e os ovos. Eles advertem que os efeitos mais devastadores da elevação do preço dos alimentos atingirão especialmente os países do Terceiro Mundo.

Um estudo do Escritório Belga de Assuntos Científicos demonstra que o biodiesel provoca mais problemas na saúde e no meio ambiente porque cria uma poluição mais pulverizada e libera mais contaminantes que destroem a camada de ozônio.

No que se refere ao argumento da suposta benignidade dos agrocombustíveis, Victor Bronstein, professor da Universidade de Buenos Aires demonstrou que:

- Não é verdade que os biocombustíveis sejam uma fonte de energia renovável e constante, dado que o fator essencial para o crescimento das plantas não é a luz solar senão a disponibilidade de água e as condições apropriadas do solo. Se não fosse assim, poderia produzir-se milho ou cana-de-açúcar no deserto de Saara. Os efeitos da produção a grande escala dos biocombustíveis serão devastadores.

- É falso que não contaminam. Apesar de que o etanol produz menos emissões de carbono, o processo de sua obtenção contamina a superfície e a água com nitratos, herbicidas, pesticidas e resíduos, e o ar, com aldeídos e álcoois que são cancerígenos. A idéia de um combustível "verde e limpo" é uma falácia.

A proposta dos agrocombustíveis é inviável e, além disso, inaceitável ética e politicamente. Mas, não basta com rejeitá-la. Estamos convocados a implementar uma nova revolução energética, mas ao serviço dos povos e não dos monopólios e do imperialismo. Esse é, talvez, o desafio mais importante da hora atual, conclui Atílio Borón.

Como podem apreciar, a síntese ocupou espaço. Faz falta espaço e tempo. Praticamente um livro. Afirma-se que a obra excelsa que tornou famoso ao escritor Gabriel García Márquez, Cem Anos de Solidão, exigiu dele cinqüenta laudas por cada lauda enviada à tipografia. Quanto tempo precisaria minha pobre caneta para refutar aos defensores da idéia sinistra por interesse material, por ignorância, por indiferença ou às vezes pelas três coisas ao mesmo tempo, e divulgar os sólidos e honestos argumentos dos que lutam pela vida da espécie?

Há opiniões e pontos de vista muito importantes que foram colocados na reunião de Havana. Teremos que falar dos que trouxeram a imagem real do corte manual da cana num documentário que parece refletir o inferno de Dante. Em número crescente, opiniões são colocadas todos os dias por toda a mídia em todo o mundo, desde instituições como Nações Unidas até as sociedades nacionais de cientistas. Vejo simplesmente que se intensifica o debate. O fato de que se discuta sobre o tema é já um importante avanço.


Fidel Castro Ruz é comandante-em-chefe de Cuba

Fonte:Carta Maior

Inter x Bota como há muito não se via


Após muito tempo, time carioca vive momento melhor que o Colorado



Até poucos anos, ao se pensar num confronto entre Internacional e Botafogo, em Porto Alegre, seria natural apontar o time gaúcho como franco favorito. Afinal, nas últimas temporadas, o Colorado se firmou como uma das principais potências do futebol brasileiro, ao brigar sempre na ponta de cima da tabela. Enquanto isso, o Glorioso, que caiu para a Série B em 2002 e voltou à elite em 2004, tem oscilado entre a luta contra o rebaixamento e as posições intermediárias da classificação.

As duas equipes medem forças na primeira rodada do Brasileirão, domingo, às 16h (horário de Brasília), no estádio Beira-Rio. A partida terá transmissão ao vivo da Rede Globo para o Rio de Janeiro e do Premiere Esportes para todo o Brasil. O internauta pode acompanhar o duelo em tempo real com vídeos exclusivos dos principais lances no GLOBOESPORTE.COM.

Muita coisa mudou neste primeiro semestre de 2007. O atual campeão mundial derrapou feio no Campeonato Gaúcho e foi eliminado ainda na primeira fase. Na Libertadores, a decepção foi idêntica e decretou o fim da era Abel Braga. Alexandre Gallo assumiu o comando de uma equipe muito desfigurada em relação àquela que fez bonito em 2006 .


No Botafogo, a perda do título carioca para o Flamengo não diminuiu a boa reputação do time que está na semifinal da Copa do Brasil e, para muitos especialistas, vem jogando o futebol mais vistoso do país.

Trio de respeito


O Inter, que costuma pressionar muito os adversários quando joga em casa, tem no trio ofensivo a sua maior qualidade. Após o treino desta sexta-feira, Gallo confirmou a escalação de Fernandão, Iarley e Alexandre Pato no ataque.

– Já vínhamos jogando com Iarley e Fernandão. O Pato é jogador muito técnico. Sempre se espera um lance genial dele. Ele não trabalhou entre os titulares antes porque não participou da intertemporada em Bento Gonçalves. Só por isso – afirma Gallo.

Na defesa, duas novidades. Renan assume a vaga de titular no lugar de Clemer. E o novato Sidnei, 17 anos, ganha uma oportunidade na equipe titular. Prata da casa, ele forma a dupla de zaga com o veterano Índio.

Preços dos ingressos para sócios

Setores Preços
Arquibancada inferior R$ 12,00
Arquibancada superior e social R$ 20,00
Social superior R$ 25,00
Cadeira R$ 30,00

Preços dos ingressos para não-sócios

Setores Preços
Arquibancada inferior R$ 25,00
Arquibancada superior R$ 40,00
Cadeira R$ 60,00

Ausências importantes

No time carioca, a ausência do trio Dodô, Zé Roberto e Lucio Flavio é o principal problema. O atacante ganhou folga no fim de semana para acompanhar o nascimento do seu segundo filho. André Lima joga em seu lugar.

- Falei com o Cuca, ele entendeu e mandou dar um recadinho para o meu filho. Estou jogando todos os jogos, tenho 33 anos, às vezes tem que dar uma poupadinha. Mas o André se saiu bem todas as vezes que entrou em campo. É bom que o substituto esteja jogando bem - diz Dodô.

Zé Roberto, com um problema no pé esquerdo, e Lucio Flavio, com uma contratura muscular, ficam de fora. Luciano Almeida, com uma lesão no pé, também não entra em campo. E os desfalques podem não parar por aí, já que o técnico Cuca pensa em poupar alguns jogadores visando ao jogo da próxima quarta-feira, contra o Figueirense, em Florianópolis, pelas semifinais da Copa do Brasil.

INTERNACIONAL BOTAFOGO
Renan
Ceará
Sidnei
Índio
Rubens Cardoso
Edinho
Wellington Monteiro
Vargas
Fernandão
Alexandre Pato
Iarley
T: Alexandre Gallo
Júlio César
Joílson
Alex
Juninho
Vágner
Leandro Guerreiro
Túlio
Diguinho
Adriano Felício
Jorge Henrique
André Lima
T: Cuca
Estádio: Beira-Rio, em Porto Alegre (RS)
Data: 13/05/2007
Horário: 16h (de Brasília)
Árbitro: Paulo César Oliveira (SP)
Auxiliares: Edmílson Corona e Marinaldo Silvério (SP)
Transmissão: Rede Globo e Prèmiere Esportes
Tempo Real: GLOBOESPORTE.COM

sábado, 12 de maio de 2007

Novo Protect XP 1.01 (Português)



Tem coisa pior do que descobrir que seu PC deu pau só porque algum pentelho mexeu onde não devia? Com o Protect XP você pode impedir a desconfiguração do Windows, proteger pastas e arquivos, esconder suas músicas, e-mails e fotos, bloquear vírus e muito mais. É proteção total contra usuários que detonam o Windows! Você passa a ter controle absoluto sobre o que os outros podem fazer no seu micro quando você não está vendo. Com alguns cliques do mouse você esconde suas pastas dos xeretas, impede o uso da Internet, evita a instalação de programas inúteis, garante sua privacidade e mantém todas as configurações intactas. Não importa o que os outros façam, seu micro vai estar sempre em ordem, pronto para uso, do jeitinho que você deixou.

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As razões de fundo da visita do Papa


Altamiro Borges

O cardeal Joseph Ratzinger já esteve no Brasil por duas vezes (em 1985, logo após ter punido o teólogo Leonardo Boff, e em 1990, para ministrar um curso na tradicional diocese do Rio de Janeiro), mas esta é a primeira visita que faz como Papa Bento XVI, Sumo Pontífice da Igreja Católica. Pela generosa e peculiar religiosidade do povo brasileiro, que torna este país a maior nação católica do mundo, a visita tem grande significado e merece todo o respeito - inclusive dos não-católicos. Mas é preciso ir além das aparências para entender as razões de fundo da viagem. Ela não se dá apenas pelo nobre objetivo de canonizar Frei Galvão ou para participar da quinta conferência episcopal latino-americana (Celam), em Aparecida (SP).

A visita tem motivos bem mais complexos e controversos. Expressa a preocupação da igreja com a perda de fiéis. Segundo pesquisa do Datafolha, nos últimos dez anos houve uma redução de 75% para 64% da população católica e hoje a maioria dos brasileiros, incluindo os católicos, não segue vários preceitos do Vaticano, como o da virgindade, da proibição do segundo casamento e do uso da camisinha. Tem ainda o nítido intento de enquadrar os setores progressistas da igreja brasileira, respeitados mundialmente por sua “opção pelos pobres” e pela inovadora “teologia da libertação”. Além disso, como o próprio papa revelou na sua primeira fala em solo nacional, ela visa ditar “normas morais” ao povo e ao governo brasileiros.

Temores diante do “êxodo católico”


Diante do chamado “êxodo católico” e do crescimento acelerado das seitas neopentecostais, o Vaticano prega hoje uma igreja mais confessional e voltada para os rígidos dogmas católicos e menos envolvida nas questões sociais. A própria canonização de Frei Galvão, o primeiro santo genuinamente brasileiro (contra 626 italianos, 576 franceses e 102 alemães), serviria a este intento. Mas para o teólogo Leonardo Boff, essa guinada conservadora não “sustará a sangria no corpo católico... A causa principal da saída dos católicos é a falta de inovação no seio da igreja, é a rigidez dogmática de seus ensinamentos, é a falta de bom senso nas questões da moral e da sexualidade, onde ela mostra um rosto cruel e sem piedade”.

Dom Demétrio Valentini, bispo de Jales (SP), reforça ainda mais as críticas. “A Igreja Católica está sendo posta à prova. Ela demorou muito a se dar conta dos problemas a sua volta, porque era o único referencial que existia no plano religioso no país. Agora o contexto mudou muito”. Para ele, a igreja padece de dois graves problemas, que explicam a perda de fiéis. “Ela é pesada, não tem agilidade para se sintonizar com os contextos novos, e continua com uma estrutura ultrapassada, como se o Brasil fosse um país rural. Ela precisa admitir a diversidade em um mundo plural... Mas a Igreja tem medo de admitir a diversidade”.

Cruzada contra a teologia da libertação


Essa opção explica o segundo motivo da viagem: o enquadramento dos setores progressistas. As posições ultraconservadoras de Joseph Ratzinger já são bem conhecidas. Antes de se tornar papa, como prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, o outrora temido Tribunal da Inquisição, ele comandou a cruzada contra a teologia da libertação na América Latina, que nasceu na conferência de Medelin (Colômbia), em 1968, e floresceu na conferência de Puebla (México), em 1979. Em setembro de 1984, o então chefe do Santo Ofício dirigiu o interrogatório que resultou na condenação de Leonardo Boff a um ano de “silêncio obsequioso”, sendo proibido de dar entrevistas, proferir aulas, publicar livros e dirigir a Editora Vozes.

Naquela ocasião, sentado na mesma cadeira em que Galileu Galilei foi punido 400 anos antes, o brasileiro ouviu do cardeal alemão a dura sentença: “Eu conheço o Brasil, aquilo que vocês fazem nas Comunidades Eclesiais de Base não é verdade, o Brasil não tem a pobreza que vocês imaginam, isso é a construção da leitura sociológica e ideológica que a vertente marxista faz. Vocês estão transformando as Comunidades Eclesiais de Base em células marxistas”. Com a sua conhecida coragem, Dom Paulo Evaristo Arns, que acompanhou Boff ao tribunal, retrucou as críticas de Ratzinger. Com mão-de-ferro, o Vaticano promoveu um baita retrocesso na igreja latino-americana, desmontando dioceses e isolando religiosos progressistas.

Gosto amargo às boas-vindas”


Pouco antes da viagem ao Brasil, o papa condenou outro teólogo ligado à teologia da libertação, Jon Sobrino, de El Salvador, num explícito recado à igreja progressista. O dominicano Frei Betto lamentou a decisão num incisivo texto, intitulado “Sombras da inquisição”. “Hoje é um dia triste para mim. Dói no fundo do meu coração, no âmago de minha fé cristã. O papa Bento XVI, às vésperas de sua primeira viagem à América Latina, faz um gesto que imprime um gosto amargo às boas-vindas: condena o jesuíta Jon Sobrino... Ele fica proibido de dar aulas de teologia e todos os seus escritos devem ser submetidos à censura vaticana”.

“Sobrino mora em San Salvador, na mesma casa na qual, em 1989, quatro padres jesuítas, mais uma cozinheira e sua filha de 15 anos foram assassinados pelo Esquadrão da Morte. O que está por trás da censura a Sobrino é a visão latino-americana de um Jesus que não é branco e nem tem olhos azuis. Um Jesus indígena, negro, moreno, migrante; Jesus mulher, marginalizado, excluído. Aquele Jesus descrito no capítulo 25 de Mateus: faminto, sedento, maltrapilho, enfermo, peregrino. Jesus que se identifica com os condenados da Terra e dirá a todos que, frente a tanta miséria, se portam como bom samaritano. ‘O que vocês fizeram a um dos menores de meus irmãos, a mim o fizeram’ (Mateus)”, escreveu Frei Betto.

“Normas morais” e as “concordatas”


Já no que se refere às “normas morais” que seriam ditadas ao governo brasileiro, é sabido que o Vaticano sempre propõe “acordos” aos países visitados, que são tecnicamente chamados de “concordatas”. Pela via diplomática, o Itamaraty soube que a “concordata” incluiria o compromisso de tornar obrigatório o ensino religioso nas escolas públicas - num desrespeito à Constituição, que define o Brasil como país laico - e a proibição do aborto, das pesquisas com células troncos provenientes de embriões, da descriminalização de drogas leves, da união civil homossexual, dos métodos contraceptivos, das campanhas contra a AIDS, do divórcio, do sexo antes e após o casamento que não seja para a reprodução, da eutanásia e outros dogmas.

A prática das “concordatas” é antiga e é utilizada com relativa freqüência. Vários países, como Portugal e a Espanha, já assinaram “acordos” deste tipo. A “Concordata de Latrão”, firmada com o ditador fascista Benito Mussolini em 1929, é a mais famosa e garantiu o status de Estado ao Vaticano. A concordata é uma convenção que fixa os compromissos entre o Estado e a Igreja Católica sobre assuntos religiosos. Ela serve ainda para preservar antigos “privilégios”, com as isenções concedidas às paróquias, seminários e a outras instituições católicas. Devido à delicadeza do tema, que inclusive despreza a existência de outras filiações religiosas, geralmente é negociada nos bastidores, sem transparência e à revelia da sociedade. Os seus eixos centrais, entretanto, são amplificados nos grandes eventos, entrevistas e sermões.

Estado laico e religiosidade popular


Durante sua viagem, ainda no avião, Bento XVI chegou a defender a excomunhão dos parlamentares que defendem o aborto, numa reprimenda aos deputados mexicanos que aprovaram a medida recentemente e numa tentativa de castrar a proposta do ministro da Saúde, José Gomes Temporão, da promoção de um amplo debate público sobre a interrupção da gravidez como mecanismo de defesa da saúde da mulher. Já durante o “encontro com a juventude”, que lotou o estádio do Pacaembu (SP), ele conclamou os jovens a “manterem a castidade, dentro e fora do matrimônio”, e voltou a defender o ensino religioso.

Apesar de toda a pressão, ao final da reunião com o Sumo Pontífice, o presidente Lula anunciou que não assinou qualquer “acordo” e que o Brasil continuará a “preservar e consolidar o Estado laico”. De forma diplomática, ele se comprometeu a visitar o Vaticano em breve. O papa foi recebido com toda a pompa e estrutura do Estado, a religiosidade popular teve seu momento de comoção espiritual, mas a soberania do país e as peculiaridades da fé dos brasileiros foram aparentemente preservadas.


Altamiro Borges é jornalista, membro do Comitê Central do PCdoB, editor da revista Debate Sindical e autor do livro “As encruzilhadas do sindicalismo” (Editora Anita Garibaldi, 2ª edição).

fonte:correio da cidadania

sexta-feira, 11 de maio de 2007

WINAVI 8.0

O WinAvi converte QUALQUER formato (RMVB, AVI, MPEG, etc...) para DVD, VCD ou VCD. Tem um gravador embutido. Você não precisa usar o Nero.

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Aproveite e baixe também o tutorial:

COMO CONVERTER DE RMVB PARA DVD EMBUTINDO A LEGENDA USANDO O WINAVI

Copiado de: acidez mental

Saiba como recarregar corretamente um cartucho de impressora





Sempre quis recarregar seus cartuchos de impressora? Existe uma apostila ensinando passo-a-passo como fazer para recarregar corretamente seus próprios cartuchos. É só seguir as orientações e aproveitar!


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Copiado do: Buteco da Net

A política de um decadente 'governo dos trabalhadores'


Não chores por Lula

James Petras,
Sociólogo da Universidade de Binghamton, em Nova York

"Não chore por Lula" – disse um banqueiro – "ele discursou para eles, mas trabalhou para nós."
"Ninguém têm a autoridade moral para discutir ética comigo."
(Lula, julho 2005)

A corrupção devastou o Governo Lula no Brasil. Cada setor do Partido dos Trabalhadores (PT), de Lula, viu–se implicado em subornos, fraudes, compra de votos, roubo de fundos públicos, fracasso em depor sobre o financiamento ilícito das campanhas e um amontoado de outras condutas delituosas, reveladas quase diariamente entre maio e julho de 2005. Os mais próximos e importantes conselheiros de Lula, líderes do congresso e chefes do partido, foram forçados a renunciar e estão sob investigação parlamentar por transferências ilegais de fundos em grande escala nas campanhas eleitorais, enriquecimento privado e financiamento de funcionários em tempo integral. Até agora os únicos funcionários não implicados em investigações delituosas são Lula e os milionários ministros que dirigem as políticas neoliberais do regime. Inclusive o presidente do Banco Central de Lula, Henrique Meirelles, está sob investigação por fraude e evasão de impostos durante o tempo em que foi diretor do Banco de Boston. Aparentemente os milionários membros de gabinete, ao contrário dos oportunistas do Partido dos Trabalhadores, não têm nenhuma necessidade de roubar o tesouro público; já ganham o bastante especulando no mercado financeiro ou explorando trabalhadores e camponeses.

O que seria a política de penetrante corrupção endêmica no PT? Por que teria um partido – que nasceu há um quarto de século como um movimento vibrante, democrático, participativo, baseado nas lutas e movimentos sociais – que se degenerar em mais um partido das elites corruptas, respaldado pelos especuladores financeiros e interesses agroindustriais, e dirigido por gananciosos arrivistas profissionais?

No início dos anos noventa o PT expulsou militantes, reconverteu o partido – que passou de ser um "partido– movimento" a ser um partido eleitoral – e transferiu o processo decisório das reuniões dos núcleos de base aos altos funcionários parlamentares e dos aparelhos estatais. O PT passou a ser dirigido por publicitários eleitorais–profissionais, marqueteiros políticos pagos a peso de ouro e aumentou progressivamente a dependência aos meios de comunicação de massas. O predomínio da política eleitoral e de campanhas realizadas nos meios de comunicação de massas interpostos pressupôs um maior financiamento, num momento em que menos militantes tinham vontade de contribuir com a máquina eleitoral. O partido e a elite parlamentar desenvolveram cada vez mais laços com 'concessionários' do setor privado para garantir contribuições em troca de contratos públicos. Com a ascensão de Lula à presidência, estas práticas multiplicaram–se, quando então milhares de funcionários do PT ocuparam cargos e começaram a desenvolver suas próprias fontes privadas de financiamento. A agenda neoliberal de Lula e a nomeação de grandes homens de negócios e banqueiros para as posições econômicas chaves do governo esteve baseada no pressuposto de garantir o apoio dos partidos de direita no Congresso, influindo negativamente, desta forma, nos movimentos sociais populares e sindicatos, sobretudo dos trabalhadores e estatais do setor público.

O problema político ao qual Lula enfrentou–se ao obter o apoio dos congressistas de direita teve duas vertentes: a maioria dos gabinetes políticos foram tomados por funcionários do PT, famintos por capitalizar sua vitória eleitoral, portanto, Lula não poderia compensar a direita oferecendo–lhe cargos. Em segundo lugar, enquanto a direita encontrava–se completamente de acordo com a política de Lula, ainda eram adversários políticos, competindo pelo apoio dos grandes negócios. Assim, para conquistar seus votos, os conselheiros mais íntimos de Lula apelaram ao suborno dos parlamentares de direita, com pagamentos que alcançavam 12 mil dólares ao mês por congressista, pagos através de uma empresa de relações públicas que trabalhava com o Governo Lula.

O PT já não era mais um partido com ideologia de esquerda, adotando um programa para promover o agronegócio (que recebe 90% de créditos agrícolas), servindo ao capital financeiro (com mais de 90 mil milhões de dólares), desembolsando pagamentos de dívida durante 30 meses (gastando mais em pagamento de dívida num mês do que em educação, saúde e reforma agrária num ano), e financiando minas e petróleo. O que manteve o PT inteiro e de pé foi o "patrocínio de gabinetes"; a corrupção, a cooptação, o enriquecimento e o clientelismo. O poder político e os valores do neoliberalismo, "o enriquecimento individual", converteram–se nas motivações determinantes para buscar posições influentes.

A oposição de direita, desde o Partido da Social–Democracia Brasileira (PSDB) ao Partido da Frente Liberal (PFL), não radica em diferenças programáticas. A oposição está tentando reafirmar a grande base de negócios, o apoio do FMI, do Banco Mundial e do capital financeiro internacional que Lula atraiu para a sua administração.

Os principais grupos que "choram por Lula" não são os trabalhadores urbanos ou os despossuídos rurais, mas sim os banqueiros, investidores estrangeiros, milionários e especuladores que ganharam milhares de milhões durante sua administração. Os jornais econômicos Financial Times (FT) e Wall Street Journal (WSJ) estão enormemente preocupados com a hipótese de que as investigações de corrupção impeçam Lula de levar a cabo o resto de sua reacionária agenda neoliberal. Como o FT (22/jul./2005, p. 11) afirma: "... o escândalo de corrupção parece postergar toda probabilidade de qualquer reforma importante da natureza das que robusteceram a reputação do Sr. Lula da Silva na Bolsa de Valores de Wall Street. Dia–a–dia o governo vai sendo paralisado pelo escândalo (...) as medidas que visam introduzir as Parcerias Público–Privadas (PPP) seguiram estacionadas, assim como uma proposta para conceder autonomia ao Banco Central".

Graças à investigação de corrupção e à "paralisia" do Congresso, Lula não poderá privatizar os serviços públicos e as infra–estruturas restantes, nem entregar o Banco Central ao capital financeiro (quanto mais autônomo em relação ao Congresso, maior será sua integração ao setor financeiro). Os trabalhadores reais do setor público, inventariados para a "privatização–pública", viram seus trabalhos, salários e aposentadorias preservados graças ao escândalo de corrupção do PT.

Enquanto Lula perdeu os aliados chaves para a transformação neoliberal do Brasil, deslocou–se mais à direita – substituindo os postos e ministérios pertencentes ao PT por membros do partido conservador, do PMDB – o Partido do Movimento Democrático Brasileiro – dentre outros.

Devido ao apoio a Lula em Wall Street, na Bolsa de Londres e no FMI, não há absolutamente qualquer possibilidade para um golpe de Estado. Como diz o refrão: os golpes militares nunca se dão contra o FMI.

O maior perdedor na decadência do Governo Lula foi o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem–Terra (MST), o qual continuou apoiando o governo apesar das cifras de ativistas camponeses assassinados, de que dezenas de milhares de ocupações de terras foram forçosamente evitadas e de que Lula descumpriu continuamente cada promessa de reforma agrária. Durante o auge do escândalo de corrupção, Lula fez mais explícita sua ampliada coalizão com os partidos de direita, dos latifundiários e especuladores, e o MST uniu–se aos burocratas cooptados das centrais sindicais na organização de uma manifestação pró–Lula e contra a "desestabilização" e a corrupção.

As políticas pró–Lula do MST não só debilitaram gravemente as lutas dos camponeses sem–terras como dividiram a oposição de esquerda, fortalecendo assim à "velha direita", o PSDB e o PFL.

Enquanto alguns especuladores reduziram sua exposição no mercado de valores brasileiro, as grandes firmas investidoras ainda se apressam em garantir benefícios dos mercados brasileiros de alto rendimento, pagando as taxas de juros mais altas do mundo, entre 18 e 25%. A bolha especulativa que estimulou o nível de 5% de crescimento em 2004 acabou. Espera–se que o Brasil cresça aproximadamente 2% em 2005, com o setor manufatureiro entrando em recessão, graças às políticas livre–cambistas que inundaram o mercado brasileiro de produtos industriais asiáticos baratos.

Enquanto os partidos da oposição e os meios de comunicação de massas seguem o escândalo da corrupção, afundando no círculo mais próximo do Governo Lula, os grandes negócios e os interesses bancários não estão a favor de substituir Lula antes das eleições de 2006. O FT (25/jul./2005), num editorial recente, continuava glorificando a política de livre–mercado de Lula, mas aconselhava–o a "assumir mais responsabilidade por ter permitido que ocorra (a corrupção)" e "reorganizar seu governo ao redor de um programa que garanta a estabilidade". Entretanto, com o esfriamento do boom das mercadorias e o câmbio brasileiro supervalorizado em quase 20%, os fabricantes estão esperando que Lula seja substituído pelo vice–presidente Alencar, do Partido Liberal (PL), um importante proprietário têxtil e defensor da política industrial impulsionada pelo Estado e de taxas de juros mais baixas.

Que Lula permaneça no cargo ou que seja obrigado finalmente a renunciar não depende tanto de quão intimamente esteja implicado nos escândalos de corrupção quanto do impacto que sua saída teria nos mercados financeiros. Em qualquer caso, se Lula renuncia (ou sofre impeachment) ou permanece, os principais consultores de investimentos esperam que a oposição continue com as políticas monetaristas neoliberais que Lula promoveu tão ardentemente, inclusive até o ponto de comprar votos no Congresso para reduzir aposentadorias, congelar o salário mínimo e subvencionar os exportadores do agronegócio. É a ironia suprema que o outrora independente e combativo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem–Terra una–se a Wall Street para defender um governo imerso na corrupção. Mas enquanto os banqueiros ao menos 'colheram' cem mil milhões de dólares em lucros e serviços, o MST tem mais de 40 mil ocupantes de terras desalojados, que se somam às 200 mil famílias que vivem em lonas de plástico à margem das rodovias. "Não chore por Lula", disse um banqueiro, "ele discursou para eles, mas trabalhou para nós"

Quando Lula já não for capaz de comprar, convencer, cooptar, subornar congressistas ou manipular o povo pobre, e já não for eficaz na implantação de reformas neoliberais, a elite governante não hesitará em descartá–lo.

Conclusão

O Governo Lula protagonizou vários fatos "inéditos" na história brasileira, durante os primeiros 30 meses de sua administração:

– Nenhum governo até agora foi tão longe e tão rápido à direita.

– Nenhum outro partido governista teve mais líderes partidários, altos quadros, parlamentares, ministros e funcionários sob investigação por fraude em semelhante e breve período.

– Nenhum governo pagou mais em lucros e serviços da dívida externa em prazo tão curto.

– Nenhum governo criou mais multimilionários em 30 meses.

– Nenhum governo desiludiu tanto os eleitores mais pobres em tão breve lapso de tempo.


'Banqueiro, sanguessuga da nação'





Léo Lince


“Que diferença existe entre fundar e assaltar um banco?”. Essa pergunta contundente abre um poema do dramaturgo alemão Bertolt Brecht. A resposta dada por ele é simples: “nenhuma”. Na essência, são iniciativas da mesma qualidade. Só se distinguem no quantitativo. Os assaltos são eventos isolados e, por mais que se repitam, amealham menos. A rapina legalizada e contínua dos bancos deixa no chinelo qualquer companhia de ladrões.


Se alguém duvida, basta ver os jornais da semana. Os dois maiores bancos privados do Brasil, o Bradesco e o Itaú, publicaram seus balancetes do primeiro trimestre deste ano. Cada qual lucrou perto de dois bilhões de reais no período: R$ 1,902 bilhão, Itaú; R$ 1,705 bilhão, Bradesco. Divida estas quantias por três, depois por trinta, dando de lambuja domingos e feriados, e depois pelo número de horas que as agências permanecem abertas para saber a quantia bestial de dinheiro embolsada por mês, dia e hora. E, preste atenção, isso é lucro líquido e declarado. Não contam, além do burlado, as reservas “conservadoras” para cobrir eventuais inadimplências.


Foi o melhor resultado dos últimos vinte anos para os dois bancos. Um gráfico, tipo escadinha, compara o desempenho dos primeiros trimestres dos últimos seis anos. Para o Itaú, em escala de bilhão: 0,503 em 2002; 0,714 em 2003; 0,876 em 2004; 1,141 em 2005; 1,460 em 2006; e 1,902 em 2007. Para o Bradesco, na mesma escala: 0,425 em 2002; 0,508 em 2003; 0,609 em 2004; 1,205 em 2005; 1,530 em 2006; e 1,705 em 2007. Desde que os fenícios inventaram o dinheiro nunca se viu uma seqüência tão absurda de recordes. Vale ressaltar que esta escalada acontece no período de queda continuada da renda do trabalho e de estagnação da economia.


As fontes dessa farra acintosa são as de sempre. Todas em linha direta com a política econômica do governo. Ganham com a política de juros altos, que inviabiliza a produção. Ganham com o endividamento público e com a destruição de direitos que achata salários. Ganham com a cobrança de tarifas, um absurdo onde só falta cobrar dos correntistas o ar que se respira nas agências. E ganham também porque não pagam os impostos devidos: é a atividade que mais ganha dinheiro e menos paga imposto.


Os banqueiros ganham sempre. Ganham na alta e na baixa. Operam no limpo e no sujo. Mandam e desmandam. Estão no vértice do poder econômico perverso que nos domina e, a partir deste ponto privilegiado, controlam tudo. Não por acaso, são os maiores financiadores de campanha eleitoral. Basta ver a prestação de contas na justiça eleitoral e o depoimento dos tesoureiros de campanha nos múltiplos escândalos das contribuições “não contabilizadas”. Um círculo vicioso infernal que precisa ser quebrado.


O poder emana dos banqueiros e em seu nome está sendo exercido. Não é o que está escrito na abertura da Constituição, mas é como funciona no real. Assim como na ditadura militar tudo passava pelos quartéis, no Brasil de hoje, um verdadeiro paraíso dos rentistas, tudo passa pela casta financeira. Por conta disto, não há exagero no bancário em greve que grita nas ruas: “banqueiro, sanguessuga da nação”.

Léo Lince é sociólogo.
Fonte: Correio da cidadania

quinta-feira, 10 de maio de 2007

O Caminho para Guantánamo (2006)





Citação:
Inúmeros filmes já retrataram os horrores vividos nos campos de concentração nazistas. As ditaduras militares na América do Sul, com suas histórias de tortura e desaparecimento de presos políticos, também renderam obras igualmente contundentes e tocantes. Há vários outros exemplos semelhantes. O cinema tem, entre suas funções primordiais, manter vivo o passado para que as atuais gerações não esqueçam de crimes bárbaros cometidos contra a humanidade.

O que torna Caminho para Guantanamo um filme especialmente assustador e chocante é sabermos que tudo o que está sendo visto na tela continua acontecendo. Nos indignarmos com o presente é muito mais doloroso, especialmente diante da sensação de que nada parece que vai mudar (curiosamente, no momento em que digito essas linhas, o secretário de Defesa americano, Donald Rumsfeld, que aparece no filme negando que os prisioneiros de Guantanamo sofram maus tratos, é afastado do governo Bush).

Como Michael Moore com seus filmes-tese anti-Bush, os diretores ingleses de Caminho para Guantanamo, Michael Winterbottom e Matt Whitecross, não escondem sua vontade de tomar partido e, assim, reforçar a denúncia. Não é muito convincente a explicação dos jovens britânicos de origem paquistanesa para, depois de viajarem ao Paquistão para o casamento de um deles, decidirem fazer uma visita ao Afeganistão logo após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001. Eles também dizem que pediram ao motorista para levá-los embora e o trajeto seguido foi o oposto, fazendo com que fossem confundidos com militantes da Al-Qaeda e presos por soldados das forças da Aliança do Norte. É possível acreditar na palavra deles, assim como também é possível não acreditar.

Isso parece importar pouco para os realizadores. Os acontecimentos se sucedem com tal velocidade, que a angústia que toma conta do espectador não permite que a sua reação no momento seja outra que não a de acreditar - e se revoltar. Como não reagir a cenas chocantes como a dos prisioneiros sendo transportados amontoados num caminhão em que as únicas saídas de ar são as marcas dos tiros desferidos a esmo pelos soldados na carroceria, e que ao chegar ao destino boa parte dos presos estão mortos?

Quando a ação se transfere para Guantanamo, a todos esses sentimentos se une o asco. Porque talvez não exista outra palavra senão asco para definir o sentimento despertado pelo comportamento das supostas “autoridades” americanas e britânicas encarregadas de interrogar, à base de tortura física e psicológica, aqueles prisioneiros contra os quais não havia uma evidência concreta qualquer.

Winterbottom e Whitecross têm um mérito grande, pela forma como estruturaram o filme, intercalando os depoimentos dos três sobreviventes com a narrativa dramatizada a partir do que eles relatam. Os acertos se estendem à fotografia, edição, escolha de elenco e direção, que capturam a atmosfera daquele pesadelo com precisão e realismo, sem escorregões melodramáticos ou panfletários.

Vencedor do Urso de Prata de Melhor Direção no Festival de Berlim, Caminho para Guantanamo chamou a atenção da imprensa para o drama dos três jovens britânicos e para as atrocidades contra os direitos humanos que ainda são cometidas em Guantanamo. Pena que os americanos mais ouviram falar do filme do que o assistiram – foi lançado com míseras 15 cópias -, e que o presidente Bush tenha dito que iria fechar aquela prisão, mas não tomou atitude alguma. Ainda há centenas de presos em Guantanamo e volta e meia se tem notícias de mortes por suicídio.

# CAMINHO PARA GUANTANAMO (ROAD TO GUANTANAMO)
Inglaterra, 2006
Direção: MICHAEL WINTERBOTTOM e MIKE WHITECROSS
Fotografia: MARCEL ZYSKIND
Edição: MICHAEL WINTERBOTTOM e MIKE WHITECROSS
Elenco: RIZ AHMED, FARHAD HARUN, WAQAR SIDDIQUI, AFRAN USMAN
Duração: 95 min.
site: http://www.roadtoguantanamomovie.com


Download:
http://media.worldofislam.info/Islam/Road%20To%20Guatanamo%202006%20[www.worldofislam.info].avi
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Humam al-Hamzah
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